quinta-feira, julho 31, 2008

CRÔNICA DE AMOR



Imagem: Derinha Rocha

SERENAR

SERENAR


Música & letra de Luiz Alberto Machado

Ah, o amor brotou de mim como se fora a flor de lis
Seguiu no triz e nem se revelou
logrou a dor em certos sonhos infantis
Ah, o amor predestinado a ser eterno aprendiz
Fiz e refiz e nem se serenou
E arrumou o que de breve não se quis
Chegou de dentro como chama de vulcão
Queimou com força e fez a vez do coração
E nem sequer sabia onde encontrar você
Amor, fez a loucura dominar a solidão
Me diz que não que a ilusão não vai mandar
E vai me dar um sim até não ter mais fim
Chegou de dentro como chama de vulcão
Queimou com força e fez a vez do coração
E nem sequer sabia onde encontrar você
Pra me iluminar até que o mar
Seja comigo agora
Não vejo a hora de poder tocar na sua mão
Toda emoção pra se valer
Precisa ter o dom da vida
Vida vivida pelo coração.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Letra & música de Luiz Alberto Machado. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR
GUIA DE POESIA
BRINCARTE
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
LAM & AMIGOS: UM CD
LAM: EXPOSIÇÃO 26 ANOS DE POESIA
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

quarta-feira, julho 30, 2008

LAM & AMIGOS: UM CD



Foto: Marijôse Albuquerque Costa/Cêça Marques.

LAM & AMIGOS: UM CD - Uma das coisas mais importantes na vida da gente, indubitavelmente, é a amizade. Há quem diga que melhor que dinheiro no banco é ter amigo na praça. O rei Salomão dizia que quem encontra um amigo, encontra um tesouro. O Milton Nascimento e o Fernando Brant dizem que “Amigo é coisa pra se guardar embaixo de sete chaves dentro do coração”. A poeta Cecilia Meirelles nos ensina que “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos; há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam; mas, há pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e nos marcam para sempre”. E o dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht diz: “Há homens que lutam um dia e são bons; há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. E é com este espírito que faço homenagem aos meus parceiramigos por meio de muitos ritmos como frevos, baladas, xotes, boleros, sertanejo, forró e outras canções. Melhor ainda: tudo isso na companhia de Santanna, o cantador, Ozi dos Palmares, Mazinho, Sonekka, Cickó Macedo e muitos outros e outras pessoas e artitas que moram no meu coração.
Por isso reuni um cd com minhas canções, frevos e baladas, com interpretação dos parceiramigos mencionados, também da cantora Sônia Mello e, enfim, trazendo uma homenagem à memória de Felix Porfírio e Auri Viola.
Neste cd, por exemplo, você encontrará a canção “Estigma”, a minha parceria com Ozi dos Palmares. Veja.

ESTIGMA

Ozi dos Palmares & Luiz Alberto Machado



Toda vez que penso em ti vejo ouro
pois tu és a minha jóia rara
céu de azul e furta-cor
promessa de flor, prisioneira da vida
dúvida do ser para amar
porque já se amou

pois já que tu és a promessa
de um sonho por se realizar
pra viver e ser feliz e jamais
será fuga de um beijo
ou desejo fugaz

enquanto não se chora uma dor
a gente poderá ser feliz muito mais.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados dos autores.


PS: Este cd LAM & AMIGOS está disponível para venda e custa apenas R$ 4,99. Fale comigo pelo fone 82.8845.4611, pelo mail lualma@terra.com.br ou na minha home page. Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
GUIA DE POESIA
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
LAM & AMIGOS: UM CD
LAM: EXPOSIÇÃO 26 ANOS DE POESIA
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

segunda-feira, julho 28, 2008

RECADO



Olá, gentamiga,
Tô na correria do lançamento do meu cordel Tataritaritatá, do livrinho da Turma do Brincarte, da exposição dos meus livros, da palestra “Cidadania & meio ambiente”, do meu cd "LAM & amigos" e da doação de livros nas escolas. Volto dia 31, quinta-feira, viu?
Enquanto isso, curta os posts abaixo.
Beijabrações
Luiz Alberto Machado

sexta-feira, julho 25, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: José Cláudio.

MAÇÃ

(...) Nudez total! Todo prazer provém de um corpo (como a alma sem corpo) sem vestes(...). Como encadernação vistosa, feita para iletrados, a mulher se enfeita; mas ela é um livro místico e somente a alguns (a que tal graça se consente) É dado lê-la. Eu sou um que sabe. (John Donne, 1572/1631, Elegia: indo para o leito).

Luiz Alberto Machado

No primeiro dia, o impacto e ela, raios de sol bailando primavera na manhã do meu fascínio. E era o caos e do profundo sono de minha alma de atum azul, ela surge macieira mágica – Eva que é Lilith, a minha Neve Campbell bailando no palco do meu coração Altman, nua e linda na chuva dos desejos.
Eu nem sabia do mundo antes dela.
Ao relento, deu-me o sopro de vida: o sabor e o aroma delicado do seu corpo rodopiando nos meus braços, certezas de menos, desejos a mais: o segundo dia e o amor.
E com o amor fui do caos ao fascínio: ela nua na retina. Deu-me a maçã mordida e linda transgredindo tudo, maldita e bela, bendita e nua: pernas de livro aberto e o paraíso das delícias, o terceiro dia.
E nela exultei vigoroso, lambuzei fervendo e cônscio de céu e mar, bem e mal, inebriado de sabedoria: desfeitas costelas, serpentes e crenças até se consumir o quarto dia.
E não mais havia trevas, abismos e solidão de mim, nem remoia entre o ridículo e o anonimato, a meio caminho da loucura na oblação e indômito andarilho, comparsa do dia e da noite, pelo que nasce e o que agoniza: o amor e o quinto dia.
E no sexto dia só o êxtase sublevado à mercê de sua relva fêmea deslumbrante onde saqueei tudo e todos os feitiços do seu veneno por nossas tempestades, clarões e ventos e assim se fez e foi bom e será, o sétimo dia.
E ela vem do amanhecer de todos os dias: o meu fetiche. Rasteira pela noite, água, céu e mar: nus na terra-firme, sitiados nas acrobacias do prazer e de mais um dia por amor.
De nós dois: o amor, ossos e carne, músculo na terra. Do pó ao fôlego, estopim de libações onde me refugio (e bem que mereça) prostrada no meu júbilo: ela, luzeiro de todos os meus dias.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

quarta-feira, julho 23, 2008

GINOFAGIA




Imagem: arte de Derinha Rocha

TEU NOME

Luiz Alberto Machado

Se me quiseres, tudo será como o céu na plenitude da minha vida. Por isso, tudo o que me deres será como um passeio por Belvedere onde serei o seu garboso alferes pronto para servir tudo que não tiveres. E tudo o que puderes será verdadeiro halteres nos meus quereres mais ávidos de ti. E se souberes o quanto vou te venerar e tudo o que me houveres dar será lautamente servido além das colheres, com todos os talheres da minha cobiça. E se me disseres que me queres na lua de abril ou no sol do dia e me puseres entre os teus seios até que teu corpo me seja como um poema de Cecília Meirelles, eu juro que farei com que sejas a mais que premiada entre todas as mulheres.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
GINOFAGIA
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

terça-feira, julho 22, 2008

DELÍCIAS DO DESEJO



Imagem: Angelica and the Hermit, c.1630, do pintor barroco flamengo Peter Paul Rubens [1577-1640]

ERRÂNCIAS

Luiz Alberto Machado

Seguia eu pelo mundo medonho com suas feras rangentes, gente da mais lapa traiçoeira, morrendo de sede, desenganado da vida, comendo fogo, brigando com bestas e enfermidades no alçapão. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada.
Seguia eu pelo mundo medonho matando todas as crenças para ter felicidade e matando todas as lembranças e efígies dos bandidos valentes que desencantavam a vida das ruindades, quando eu mesmo vivia de abismos em dédalos, dando o sangue pelas esquinas com toda a minha riqueza menor que um gesto perdido no olhar. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada.
Seguia eu pelo mundo medonho de suor, sangue, lágrimas, arrastando os ferros da decepção contra os moinhos de vento, açoitando o tempo, arreliando a vida, enfrentando lobos malsinados, leões irados, mordidas e males arribando nas doedeiras dos portões fechados, das portas cerradas, todas as léguas escondidas no sofrimento de quem perdido nas lapadas da vida, sem vintém no bolso e só peregrino com esperança no coração já hóspede do hades. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada.
Seguia eu pelo mundo medonho como um estrangeiro na minha própria nação, amaldiçoado de todos e sem arrimo sequer, quando certa vez do inopinado topei com ela, ponto de parada das minhas errâncias. Topei com seus olhos vivos do reinado das limeiras de Tupar, sua boca linda das laranjas de Babel, toda flor da beleza do seu corpo delgado de princesa do Reino da Pedra Fina. Era a promessa da remissão e não poupei da lida e fui devassando seu roçado, vasculhando seus segredos de rainha que eram entregues mansa e dadivosamente a ponto de premiar com o brilhante do seu ventre a dar-me a luz do dia e a razão da vida. Eu não dizia o seu nome, ela não sabia de nada.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
DELÍCIAS DO DESEJO
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

segunda-feira, julho 21, 2008

OVIDIO



Imagem: Salomé, 1906 do pintor e escultor do Simbolismo/Expressionismo alemão Franz von Stuck [1863-1928].

OS AMORES DE OVÍDIO

Todos os sonhos meus.
E ela, triste mulher, ela tão bela,
Dos seus anos na flor,
Porque havia de sangrar pelos meus sonhos
Um suspiro de amor?
Um beijo – Um beijo só! eu não podia
Senão um beijo seu
E nas horas do amor e do silêncio
Juntá-la ao meu peito!
(...) Ela conhece as artes mágicas e os feitiços de Ea
e habilmente faz recuar as águas à sua fonte;
sabe bem que erva, que fitas reunidas com seu torto fuso,
que esperma das éguas no cio é eficaz.
(...)
Eis, o que este teu poeta dá além de novos versos?
Receberás muitos mil do amante.
O próprio deus dos poetas, belo em seu manto áureo,
toca o sonoro fio da lira dourada.
Que aquele que te presenteia seja para ti maior do que o grande Homero;
acredita em mim, presentear é coisa espirituosa.
Não desdenhes se houver alguém salvando sua cabeça com um preço;
o crime do pé engessado é sem valor.
E que nem as velhas imagens de cera ao redor dos átrios te iludam:
carrega contigo os teus avôs, ó pobre amante.
Como, porque é belo pedirá uma noite sem presente?
Porque dá, te exigirá antes do seu amante!
Exige um preço mais baixo, enquanto estendes tuas redes,
para que não fujam; capturados, atormenta-os com as tuas leis.
E um amor dissimulado não prejudica; deixa que ele acredite ser amado,
mas toma cuidado para que este amor não saia de graça para ti.
Nega umas noites com freqüência, ora finge uma dor de cabeça,
ora Ísis será aquela que oferecerá as causas.
Recebe-o logo depois, para que não produza o hábito de sofrer
e para que um amor tantas vezes repelido não diminua.
Que tua porta seja surda ao que pede e aberta ao que traz;
que o amante recebido ouça as palavras do excluído;
e, como ferida, algumas vezes torna-te furiosa em primeiro lugar com o
ferido;
a tua culpa cessa com a culpa compensada.
Mas nunca apresentes um longo tempo em fúria;
muitas vezes uma ira demorada causa rancores.
Que teus olhos ainda não aprendam a chorar forçado
e ora este ora aquele façam suas faces umedecidas;
e, se enganas alguém, não temas perjurá-lo;
Vênus torna os deuses surdos a este jogo.
Que estejam presentes um escravo e uma escrava hábil para as duas partes,
que ensinem convenientemente o que possa comprar para ti,
e para si peçam pouco; se pedirem pouco de muitos,
logo haverá um grande monte de cereais.
Que a tua irmã, mãe e ama também arranquem de teu amante,
rapidamente uma presa torna-se visada por muitas mãos.
Quando te faltarem motivos para pedir presentes,
farei uma libação para declarar teu aniversário.
Cida para que ele ame inseguro pelo rival desconhecido;
o amor não dura muito, se suprimes os combates.
Que ele veja por todo leito os vestígios de (outro) homem
e o pescoço feito lívido pelas lascivas conhecidas;
especialmente que veja os presentes que o outro tenha enviado;
se ninguém der, deve-se pedir na Via Sacra.
Quando tiveres tirado muitas coisas, sem que, contudo, (o outro) dê todos
(os presentes),
pede tu mesma aquilo que ele empreste, mas que nunca restituirás.
Que a tua língua ajude e esconda teu pensamento; acaricia-o e prejudica-o;
os ímpios venenos se escondem sob o doce mel.
Se cumprires estas coisas, conhecidas a mim pela longa experiência,
e se o vento e a brisa não levarem minhas palavras,
viva, muitas vezes dirás bem de mim, outras vezes pedirás que,
morta, meus ossos descansem tranqüilamente.”
A voz continuava, quando a minha sombra me traiu,
e com custo minhas mãos se contiveram
para que não destroçassem a sua alva e pouco espessa cabeleira,
os lacrimosos olhos pelo vinho e as faces rugosas.
Que os deuses não te dêem nenhum Lar, mas uma velhice desgraçada
e longos invernos e uma sede perpétua.
(...)
Era intenso o calor, passava do meio dia;
Estava eu em minha cama repousando.
(...) Eis que vem corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semiramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a sua traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante de meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi não louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos.
(...)
sob meu pescoço ela pôs os braços ebúrneos,
mais alvos do que a neve da Sitônia;
colocou, entre beijos de línguas cobiçando-se,
suas coxas lascivas sob a minha,
e me chamou seu dono e me disse coisas ternas,
com as banais palavras de costume:
qual se tocado por cicuta glacial, meu membro
frouxo abandonou seu intento.
Tronco inerte ali fiquei, fantasma, peso inútil,
Sem saber se era corpo ou se era sombra.
Na velhice, que futuro me espera, se a própria
Juventude malogra em seus deveres?
(...)
que mudas alegrias eu não forjei na mente!
E que posturas não imaginei!
Porem, qual morto antecipado, o meu membro jazia
Mais murcho, vergonha, que uma rosa de ontem;
E eis que ora se enrija inoportuno, cheio de ânimo,
E exige trabalho e reclama combate.
Por que de pejo não te aquietas, pior parte minha?
Já fui vitima antes das tuas promessas.
Teu amo enganas; pego inerme por tua causa,
Sofri dano imenso e desonra maior.
Não desdenhou, todavia, a minha companheira
Solicitá-lo com mão provocadora.
Mas vendo que de maneira alguma ele se erguia
E incênscio de si continuava tombado,
“Por que zombas de mim?” disse. “Quem, insensato,
contra meu querer, te mandou ao meu leito?
Ou trespassando imagem tia, a bruxa de Enéria
Te encantou, ou vens cansado de outro amor”.
E sem mais saltou do leito, envolta em sua túnica.
Convinha que se afastasse de pés nus;
Para que suas servas não a vissem intacta,
A desonra escondeu molhando-se com água.
(...)
Ser de Homero rival lembrou-me um dia;
Cantar guerras, heróis; e em nobres voôs
Á grandeza do assunto alçar meus versos.
Já na destra o clarim, na fronte os louros,
Na mente a glória, me ensaiva aos cantos.
Riu-se Cupido...e rindo-se furtou-me
O laurel, o instrumento;
De rosas e de murtas
Croou-me num momento;
Pôs-me nas mãos a lira
Tão cara à mãe de Amor.
Quem te deu esse jus em poesia,
Vão menino, cruel invasor?
Tem as musas em nós sob'rania
Não são vates vassalos de Amor.
Que seria se Vênus tomasse
Suas armas à Deusa guerreira?
Se Minerva co' o sesto se ornasse?
Loura Ceres nos bosques reinasse?
E esquecida da caça ligeira
Fosse às messes Diana imperar?
Deve intonso pacífico Apolo
Adornar-se co' a lança da morte?
Saberia na mão do Mavorte
branda lira seus sons espalhar?
Vasto como o universo é teu domínio,
Sobejo o teu poder. Para que aspiras,
Menino ambicioso, a mais impérios?
Por tudo o mais ser teu, há-de ser tua
A Castália? o Parnaso? e Cirra? e Tempe?
No grêmio ao Deus da lira, a própria lira
não ficará segura?
Apenas tenho escrito uma só linha
em majestoso estilo
Ei-lo acode a afrouxar-me e a destrui-lo!
"Amor, Amor!" - lhe disse - "É vã tua fadiga.
Não tenho que pintar nos curtos versos teus.
Não tenho Adônis lindo, ou linda rapariga,
A quem tribute o canto, e que remonte aos céus."
Ouvindo o meu queixume, abre em silêncio a aljava;
Dentre mil setas de ouro a mais aguda extrai;
No arco a imbebe; e enquanto ao peito ma apontava
"Se assunto queres" - diz - "na frecha assunto vai"
Céus! Que mudança
N'alma liberta!
Que mão tão certa!
Que íntimo golpe!
Que acerba dor!
Deliro em turbidos,
Novos afectos!
Queimo-me, abraso-me!
Adeus projetos;
No peito indômito
Já reina amor.
Pois que é fado, e o quis um nume,
o nume que excede aos mais,
iremos soltar na lira
Verso brando ao som dos ais.
Adeus glória, adeus combates!
Adeus vós e o metro vosso!
Eu, queria; amor opôs-se...
Amor se opôe, já não posso.
Nas tranças Idália murta,
Inglório plectro na mão,
Vem pois, Musa, e em verso humilde
Cantemos a escravidão!

PÚBLIO OVÍDIO NASO – Nascido numa família rica de Sulmona, a leste de Roma, Público Ovídio Naso (43 a.C. – 18 d.C) fez seus estudos na capital do império, onde viveu durante o reinado de Augusto. Foi amigo de Horácio e Propércio, pois preferiu dedicar-se à poesia em vez de praticar o direito que estudara e que seu pai queria vê-lo seguir. Seus versos lhe deram grande popularidade na chamada boa sociedade romana. Teve a carreira interrompida, todavia, no ano 8 d.C., quando foi banido de Roma pelo imperador e teve de exilar-se em Tômi, na costa do mar Negro (Romênia), onde morreu. A causa do exílio parece ter sido, ao menos em parte, a obscenidade de sua famosa Arte de Amar.

FONTE:
COSTA, Elisabete da Silva. A magia nos amores de Ovídio: propaganda política ou paródia divertida? Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.
LOPES, Eliana da Cunha. Amor et dolor: Ovídio, o poeta elegíaco na Urbs. Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos. Faculdade Gama e Souza./Universidade Severino Sombra, s/d.
NATIVIDADE, Everton da Silva. Um Amor de Ovidio: uma leitura estilistico-semiotica. Alfa: Revista de Lingüística, 01-JUL-04
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

sexta-feira, julho 18, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Kiss, de Auguste Rodin (1840-1917).

NA ALCOVA DA MUSA

Luiz Alberto Machado

Os meus lábios requerentes e apaixonados se encaminham para os seus, minha Ishtar nua e descoberta, enquanto meu coração se descabela a quatro mil rpm numa rajada barulhenta da bateria das nossas escolas de samba juntas em plena terça-feira de carnaval do nosso lúbrico amor que incendeia nossas almas e vicia nosso querer constante e obsessivo.

E quando os meus e os seus lábios se encontram faíscam relâmpagos violentos de festa em zis fogos de artifícios, acompanhando a tremedeira energizada de todo meu corpo que se apronta para ser eletrocutado pelo prazer da sua obsessão lasciva até nos entregarmos dependentes um do outro na explosão do nosso coito para serenar nossas vidas.

E minhas mãos segurarão seu rosto para que os beijos estalem certeiros e, com isso, elas possam explorar sua vitalidade contornando carinhosamente sua beleza anatômica sensual e inquieta, alisando seus braços, seios, quadris, ventre.

E podendo sentir seu corpo abrasado no meu com a nudez de nossas almas incendiárias de hipererosia.

E você enlouquecendo a se esfregar no meu corpo, saracoteando, dando voltas em si para que eu possa tomar ciência de toda proporção da sua maravilha, para que eu possa morder sua carne e encare suas costas enquanto seu glúteo saboroso rebola no meu membro em riste e eu possa lambuzar com a minha excitação máxima toda a pele sedosa de suas ancas, de sua púbis e do seu prazer.

Ah! deusa única e exclusiva do meu panteão, minha nau do prazer, deixa que eu me atire na façanha de tê-la égua da melhor montaria, que eu seja rendido como Enkidu pelo feitiço de seus encantos luxuriosos, que eu me realize no nosso intercurso e me derrame em profusão como um príapo enlouquecido e nessa loucura eu seja o sorvete de morango no seu paladar, e você a calda de ameixa saborosíssima no meu gozar.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
PALESTRAS
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

quinta-feira, julho 17, 2008

CRÔNICA DE AMOR



Imagem: arte de Derinha Rocha.



ARMADILHAS

Letra & música de Luiz Alberto Machado

Eu te amei
Apesar das armadilhas
Que perseguem todo amor
Eu me dei
Fui deriva tão somente
No teu jeito iridescente
Me pegou em pleno vôo
Me joguei
Respirei com tua vida
De maneira descabida
Que ninguém jamais ousou
Quando em vez
Permaneço em ti oculto
É aí que vem teu vulto
No poema que pintou
Hoje sou o delírio e a vertigem
Das lembranças que me afligem
Em pleno corredor
Já vingou e fez da dor o vício
Me jogou no precipício
E me salvou com teu amor
Eu bem sei quem sabe chega o dia
O destino dê valia
E me entregue a tua flor

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR
PALESTRAS
BRINCARTE
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

segunda-feira, julho 14, 2008

MARCIAL



Imagem: Discovery, 1928, do pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967)

OS EPIGRAMAS ERÓTICOS DE MARCIAL (40 a.C – 104 d.c)

A CLOÉ

Eu bem que podia passar sem o teu rosto,
Sem teu pescoço, tuas pernas, tuas mãos,
Sem tuas nádegas, teus seios, tuas ancas,
E, para não me fatigar enumerando,
Bem podia passar sem ti, Cloé, inteira.

A FAIXA PEITORAL

Comprime, de minha amante, os dois seios em botão
Para que caibam sempre no oco de minha mão.

Corre o rumor, Quione: nunca foste fodida,
e nada mais puro existe que tua cona.
Nessa parte (por vestes velada) nem te lavas.
Se é pudor, desnuda a cona e vela a face.

Líris quer saber o que fazer. O quê? Ela chupa, quando sóbria.

Bem fodida, cantava mal, Neném agora, sem um beijo, canta bem.

MARCO VALERIO MARCIAL – Marcial (40 a.C – 104 d.c) nasceu em Bibilis, hoje Bambola, Espanha, que retratou com seus epigramas, com ironia e mesmo obscenidade, o cotidiano e as fraquezas da sociedade romana da época dos Flávios. Suas primeiras obras de sucesso foram o Liber spectaculorum, com mais de trinta poemas em exaltação aos jogos e as coletânea de poemas comemorativos para as festas em honra ao deus Saturno, Xenia e Apophoreta. Começou, então a publicar a genial série de 12 livros de Epigramas (85-100), onde escreveu com desenvoltura textos mordazes, retratos satíricos, anedotas, quadros, trocadilhos e poemas de ocasião, uma verdadeira crônica de seu tempo e ao mesmo tempo um diário do poeta, considerado o mais original da literatura latina.

FONTE:
AGNOLON, Alexandre. Uns epigramas, certas mulheres: a misoginia nos Epigrammata de Marcial (40 d.C – 104 d.C). São Paulo: USP, 2007.
LEITE, Leni Ribeiro. O patronato em Marcial. Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
PALESTRAS
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

sexta-feira, julho 11, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA

MERGULHO


MERGULHO

Luiz Alberto Machado

Lá vou eu submerso nas profundas águas do seu corpo saboreando o sal de sua carne atlântica para a redenção de quem queima a febre de todos os quereres.

Lá vou eu revolvendo as entranhas de suas funduras mais densas para tê-la vadia proclamada no mormaço da nossa paixão equatorial

Lá vou eu imune percorrendo as rotas oceânicas de sua abissal completude até ver-me envolvido pelo tsunami dos seus prazeres mais agudos.

Lá vou eu nessa aventura esplêndida conquistando os labirínticos meandros de sua gostosura,
Usurpando seus trópicos,
Rebentando seus pólos,
Percorrendo suas correntes,
Todos os seus hemisférios,
Oásis, golfos, enseadas e ventos,
Até invadir o seu pré-cambriano por completo
Avançando nos salões de sua gruta multicor, onde introduzo meu cabo-guia para ancorar mitigando a sua loucura vulcânica a me fazer possuído pelo prazer inenarrável de possuí-la ao sabor do mais espetacular maremoto de nossos gozos infindos.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
PALESTRAS
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PREVISÕES DO DORO PARA 2008 (Vem aí as previsões para 2009, aguarde)
FECAMEPA
PROESAS DO BIRITOALDO
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!



quinta-feira, julho 10, 2008

CRÔNICA DE AMOR



Imagem: arte de Derinha Rocha.

CANTILENA

Santanna, o Catandor & Luiz Alberto Machado

Ao prever o amor afinal
Em meu peito desabrochou
Toda gula da sedução
Toda opção na avidez do querer.

Quando o truque do amor dominou
Foi capaz de ter emoção
Assustando o meu coração
Sem ter razão
Pra se defender.

Sacudiu a vida em mim
Coloriu como a jardim
Foi depressa, foi sem pena
Rebuscou na cantilena
Toda fúria do que quis
Não previu todo embaraço
Veio com estardalhaço
Pra me fazer feliz.

Tão aguda, tão insana
Percebi que essa fulana
Era a deusa do meu sim.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR
PALESTRAS
BRINCARTE
PREVISÕES DO DORO PARA 2008 (Vem aí as previsões para 2009, aguarde)
FECAMEPA
PROESAS DO BIRITOALDO
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

quarta-feira, julho 09, 2008

GINOFAGIA



Imagem: arte de Derinha Rocha.

NA TABA DA VENTA

Luiz Alberto Machado

Quando fisga o olho no olhar, ela faz um reclamo: será que a amo? É sua indagação. Fecho questão e solto pilhéria. Aí, fica séria e levo na esportiva. Não me dá alternativa e me beija demais, demonstrando ser capaz de ir além do que diz: remexe em mim, revolve o confim de toda dimensão. Vai além da tesão, dilatando o poder, engole meu querer e tudo o mais. E muito sagaz manha uma arenga, ameaça pendenga e só me depena. Ela muito bem encena com todo talento pelo meu tegumento a invadir. Me dá um banho de chantili e encontra todas as respostas ocultas e dispostas no meu olhar. É quando devagar, na taba da venta, pra lá de 8 a 80, além do radar e mais pra cá que pra lá ela flagra o que sinto pra mais de infinito, muito mais que amar.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
GINOFAGIA
PALESTRAS
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PREVISÕES DO DORO PARA 2008 (Vem aí as previsões para 2009, aguarde)
FECAMEPA
PROESAS DO BIRITOALDO
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

terça-feira, julho 08, 2008

DELICIA DO DESEJO



Imagem: Bathing Woman, 1888, do pintor impressionista francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919]

POMAR

Luiz Alberto Machado

Seu corpo é o pomar de todas as delícias. É onde me esbaldo de não mais querer sair, desistindo do mundo e de tudo. Cubro todo seu terreiro, feito menino matreiro fugindo pelo quintal. Demais de legal, me atrepo por todos os galhos do seu desejo, busco seu talho, seu beijo, feito peralta carente. É no seu corpo que me faço que nem gente: vivo, sonho e realizo. E sem aviso aperto seu jeito como se espremesse carinhosamente a fruta no pé. Ah, que bom que é, chega sinto o sumo descer embaixo, eita, acendeu o facho, como é bom demais! Muito demais. Ah, é um bom caju, melhor embu. Dulcíssima graviola, suco de carambola, acerola na mão. Do seu bago sou chupão. E na sua pele de cajá, sabor de maracujá. Ah, me dá teu ingá que eu te dou meu araçá! Quero comer sua goiaba e toda mangaba. Chupar sua manga, ah, lamber seus peitinhos com sabor de pitanga, nada melhor, seja o que o for. Prazer de abacaxi, feito um sapoti! E faz a banana ser sua cana-caiana, ave, deus, avali. Água na boca, uma vida muito louca, foi tudo que eu pedi.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
DELICIA DA PAIXÃO
PALESTRAS
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PREVISÕES DO DORO PARA 2008 (Vem aí as previsões para 2009, aguarde)
FECAMEPA
PROESAS DO BIRITOALDO
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

segunda-feira, julho 07, 2008

CATULO



Imagem: Susanna and the Elders , do pintor do maneirismo italiano de Jacopo Tintoretto (ca. 1518-1594)

CATULO

CARMEM - 32

Eu te peço, minha doce Ipistila,
Delicia e encanto deste meu viver:
Convida-me a passar contigo a sesta.
Caso me convidares, cuida bem
De que não ponham tranca em tua porta
E não te dê vontade de sair.
Fica em casa, tranqüila, preparando-te
Para nove trepadas sucessivas.
Se preferires, vou agora mesmo:
Almocei bem e ora farto, ressupino,
Furo, de impaciência, túnica e toga.

DEDUÇÃO

Lesbia em tudo me circunda
Em difamar-me sempre abunda.
Mas me mantém, na vil ilusão
De que angariei seu coração.
Mais sofro então, ao perceber
Que tal e qual é meu sofrer...
Pois a maldigo, é bem verdade
Por nutrir minha vaidade.

CARMEM – 56

Mas que coisa mais ridícula e jocosa,
Digna, Catão, do teu riso e teus ouvidos.
Ri, pois, tanto quanto amas, Catão, Catulo,
Que a coisa é assaz ridícula e josoca.
Há pouco vi um menino e uma menina
Engatados: e então nela, praza a Vênus,
De pronto engatei a minha vara rija.

PARA LESBIA

O rival que aos deuses imposto
Ainda altivo, altivez conserva
O qual, Lesbia, a teus pés posto
Assentado te escuta e observa
Sorri plácido. Tal bem-estar
Turba os sentidos, e a mente
Enquanto extático, a observar
Miserável arfa, penosamente.
A fala falha. Calores escondidos
Percorrem os membros. A audição
Fremindo indesejáveis ruídos
Nuvens negras toldando a visão.
Confortável pena, que te esvazia
Catulo, nas horas de vadiagem
E lascívia; prazer que destruiria
Toda realeza como homenagem.

CAIO VALÉRIO CATULO (84ª.C – 54 a.C). Nascido em Verona, fixou-se em Roma e ali passou a frequentar os círculos elegantes. Era amigo de Cícero, cujo partido tomou contra César, objeto de algumas de suas sátiras desabusadas. Foi um dos amantes temporárias de Clódia, esposa do do cônsul Metelo, uma aristocrata bela, culta e de vida libre que reunia à sua volta escritores, políticos e oportunistas. Clódia é a Lésbia dos seus poemas. Catulo também escreveu epigramas alexandrino. Segundo José Paulo Paes, ao grupo desses poemas desbocados, que numa época tão liberal em matéria de costumes o próprio poeta considerava obscenos e muito pouco pudicos. Sua obra se perpetuou através dos séculos que se seguiram, foi exemplo para grandes nomes que vieram depois como Propércio e Tibulo. De sua obra foram conservadas uma coleção de 114 poemas. Os textos mais bonitos foram as experiências pessoais, como a morte do irmão, que o fez escrever versos de profunda dor, e 25 poemas dirigidos a uma mulher, em que retrata excepcionais declamações de ternura e sentimento, uma paixão amorosa, desde os graus de maior êxtase até o ódio e o desespero.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CATULO, Caio Valério – O Cancioneiro de Lésbia. São Paulo: Hucitec, 1991.
________. O Livro de Catulo São Paulo: Edusp, 1996.
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001.
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Schwarcz, 2006.
VEYNE, Paul. A elegia erótica romana. São Paulo: Brasiliense, 1985.

Veja mais Catulo.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
PALESTRAS
CRÔNICA DE AMOR
BRINCARTE
PREVISÕES DO DORO PARA 2008 (Vem aí as previsões para 2009, aguarde)
FECAMEPA
PROESAS DO BIRITOALDO
RADIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM E VAMOS CURTIR!!

sábado, julho 05, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Andromeda, 1929, da pintora Art Déco polnesa/americana Tamara De Lempicka (1898-1980)

CAPÉI

Luiz Alberto Machado

Ela nua é linda porque possui todas as águas de todas as cachoeiras
Todos os sabores de todos os pomares
Todo o brilho de todas as pedras preciosas
Toda claridade de todos os dias
Toda luz que ilumina a escuridão de todas as noites
Todo o gozo de todos os prazeres.
E é nela nua e linda que vou mergulhar nas grandes nuvens do seu corpo de céu.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CRÔNICA DE AMOR
CRÔNICA

terça-feira, julho 01, 2008

DELÍCIAS DA PAIXÃO



Imagem: Female Nude, 1914, do pintor expressionista austríaco, Egon Schiele (1890-1918)

A PONTE

Luiz Alberto Machado

Entre o meu coração e a imensidão cosmogônica, ela se estira nua pro meu deleite na liberdade verdadeira – a sensação etérea em mim e ao meu redor.
Não fosse ela a ponte entre o amor e eu, cego eu erraria por anos e farsas.
Não fosse ela a ponte entre o factível e o inatingível, eu não saberia do nirvana, nem dos registros acásicos, nem da verdadeira arte de viver.
Não fosse ela a ponte entre a minha heterodoxia e meus paradoxos, eu não descobriria jamais a vida em sua plenitude.
A ponte, ela: entre o universo e minha existência. Eis que ela nua e linda, ora estatelada com quem adormece à espera da minha entrega, ora de bruços como que indefesa dos meus ataques e desvarios, mais maravilhosa que sempre, mais minha que nunca, a me oferecer sua carne e começo por tomar posse dos seus pés – ah, podólogo atrevido seria eu a sacralizar toda sua emanação -, e eu como um fiel fanático, ajoelho-me e acaricio toda extensão do seu solado, calcanhar, pernas, joelhos, coxas, até folgar-me no encontro do ventre e lá provar com toda gulodice de toda sua proveitosa delícia – o manjar da vida, o elixir da alma.
No meio caminho da vida real, ouso atravessar essa ponte que quero morar embaixo, viver passeando por cima, vencê-la sempre, superá-la a todo instante, sabê-la minha e só minha em todo e mais completo momento.
A ponte que me ensina além de mim e de tudo e não me canso de usurpá-la lambendo seu umbigo, sugando seus seios, acariciando o pescoço, beijando apaixonadamente seus lábios e flagrando seus olhos incendiados de prazer a me queimar na combustão dos desejos. E esse contato anímico com sua carne, lábios e sexo, apossado da volúpia de todos os desejos, mergulho no céu da sua boca e entre as estrelas do prazer, me faço inteiro a cobrir seu ser - a ponte que me faz macho e homem realizado.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
DELICIAS DA PAIXÃO
RÁDIO TATARITARITATÁ – LIGUE O SOM & CURTA!
GUIA DE POESIA
BRINCARTE
PALESTRAS/PESQUISA & CIA
VAREJO SORTIDO
MÚSICA, TEATRO & CIA
CRÔNICA DE AMOR
ENTREVISTAS