sexta-feira, agosto 31, 2007



Foto: arte de Derinha Rocha

SONSA

Luiz Alberto Machado

Toda sexta-feira, meio-dia em ponto, ela agarra no tronco e me diz: toda sua. E se esfrega já nua, anjo e demônio. Maior pandemônio, maior ventania. Faço pontaria nela oferecida a me dá por guarida suas cercanias. Vou pra montaria e nela me atrepar e sem blá, blá, blá, no seu alvo alado. Apruma o rebolado com manha de sonsa, a me dá por responsa seus segredos guardados. E todo malcriado e perito artesão, predador e pagão, batizo os pecados. Nesse campo minado me faz candelabro esfregando o escalavro do seu poço imenso. E já me convenço de sua alma mundana que a safada sacana deixa descoberta. E mais inquieta me dá suas minas que queima a retina e cobiça o capacho. Se atreve o meu cacho, minha flecha na maçã, nem até amanhã não apaga o meu facho. O céu vai abaixo e não há nada igual. Nesse manancial o prazer não tem preço. Ela vira do avesso, o dedo na tomada, que atrevida e aprumada sobe todas as alturas. E cai na fundura me faz seu arrimo, me cobrindo de mimo e toda afogueada. Mais afeiçoada no nosso escambo, ela geme ao meu mando, toda ruidosa. E mais que gulosa arreia atiçada, toda engatilhada dos desejos maiores. E com garras piores, e doido varrido vou impor-lhe o castigo das ousadas vontades. E vou com alarde e com toda ganância vasculhar as instâncias ignotas do corpo. E vou com escopo na entrega gostosa a roubar seu cheiro de rosa e toda a sua essência. Vai fazer diferença pegá-la escrava, como enxada que cava seu lombo e costado. Eu puxo e puxado, arranco ferrolho, e descasco o repolho, do seu dorso o penhor. Eu me faço senhor a fincar as bandeiras nas entradas fagueiras do seu território. Sou dono meritório dessa graça opulenta, mais de oito ou oitenta, sou explorador. E ela só: sim, senhor! Rendida fremindo com tudo tinindo, maior saculejo. E me enche de beijo a quedar minguada, lambida e chupada até o último gole. E seu jeito me bole como bem a merece, me faz sua prece, seu altar e pastor. E do seu alcandor no fogo da paixão, me aperta um tempão a suspirar de amor.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quinta-feira, agosto 30, 2007



Imagem: Adam and Eve, 1932, de Tamara de Lempicka (Pintora Polonesa/Americana, 1898-1980 - Art Déco)

"(...) a beijou no rosto, na boca, as mãos já dadas e somadas. Foram logo às vias de ardor, de fogo e fogueira. Num quarto de hotel lapidaram o tempo nos corpos: que os corpos se afeiçoam, cheiram, reagem de langor e as almas ficam no impedimento, as culpas. (...) Um no outro, sem margem. Embebedavam-se. (...) O corpo é pátio sagrado". (Carlos Nejar, O poço dos milagres).

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quarta-feira, agosto 29, 2007



Imagem: Ninfa Dormiente, 1822, de Antonio Canova (Escultor Italiano, 1757-1822 - Neo-classicismo)

“(...) Ela está recostada e deixando-se amar, do alto do seu divã, ela sorri sem medo, ao meu amor profundo e doce como o mar que procura alcançá-la assim como um rochedo. (...) Sua coxa e seus rins, seu braço e sua perna, óleo lustroso e cisne a ondular sua linha, passam por meu olhar de luz aguda e terna; ventre e seios do amor, cachos de minha vida...” (Charles Baudelaire - 1821-1867, As jóias).


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terça-feira, agosto 28, 2007



Imagem: Evening Mood, 1882, de William-Adolphe Bouguereau (Pintor Francês, 1825-1905 - Classicismo Academico)

"(...) É ela quem, por toda parte busco. E isso torna-me, muitas vezes, pouco imparcial, perturba-me a vista, enerva o meu prazer. (...) Na rua ela sente-se à vontade, e eis por que tudo produz um efeito mais forte, tudo é como que mais enigmático. (...) esta jovem ocupa demasiado o meu espírito". (Soren Aabye Kierkegaard, Diário de um sedutor).

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segunda-feira, agosto 27, 2007


Imagem: A Sculptor's Model, 1877, de Sir Lawrence Alma-Tadema - Pintor Holandês/Inglês, 1836-1912 - Neo-classicismo Victoriano.


"Ah, seus pés e pernas, as coxas por que morro e com razão, suas nádegas e espáduas, seu pentelho,
ah, os seus seios, os seus ombros, a esbeltez do seu pesço,
ah, seus braços, seus olhos que me endoidecem,
ah, seu andar estudado, e os beijos de língua incomparáveis,
ah, seus gritos de bacante a me chamar
".
(Filodemo, Livro V, epigrama 132 - recolhido por José Paulo Paes).

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sexta-feira, agosto 24, 2007


Foto, poema & arte: Derinha Rocha

AH, ESSES LÁBIOS...

Luiz Alberto Machado

Ah esses lábios que me fazem morango orvalhado na gula dos seus desejos incendiários e se torna alvo perfeito pelo deleite de fruta madura na sede do meu corpo.

Ah esses lábios são parcelas alquímicas no tesão que inflama a promessa de todas as delícias recônditas dos que desejam demais.

Que molhados de gozo me carregam volúpia adentro dos sabores maciços mais apetitosos no mormaço de todas minhas lascívias de verão.

São lábios bons de beijar pela reserva de mel que prova que não sou nada além da cobiça de ser sugado pela avareza dessas fatias de prazer na felação de todas as translúcidas luzes de se ser.

São bons de chupar por serem salientes amálgamas que guardam a língua profana na festa dos meus bacos ressurgidos com sua porção mágica de me fazer homem de devaneios e subverte a banda lunar do meu vulcão ardente na orgíaca saliva que me lambuza todo na folia do sêmen que brota e renasce entre o batom da carne que beija o falo e sou sol mais que no meio-dia.

Ah esses lábios querentes e requerentes de mim onde sou inteira nau adusta do dar-se em si até finar as horas na erupção de nossas vertigens em transe.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quinta-feira, agosto 23, 2007


Foto: Herb Rits

"Gozar, até cansar
ai como é bom viver
e como pai Adão pecar
pecar, pecar
gozar, gozar, gozar,
até cansar
"
(Eduardo Souto, Pai Adão, marchinha de carnaval da década de 20).

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quarta-feira, agosto 22, 2007



Todas elas juntas num só ser (Lenine & Carlos Rennó).

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terça-feira, agosto 21, 2007


Foto: Marta Gonçalves

"(...) Não te chegues assim, para mim.... ó Maria! Ai! Não te chegues não... há forças nas águas, há força nos ventos e forças que em nós ocultas estão...
A lua cheia tem força muita, maria!
- E o luar sempre foi a nossa perdi
ção"
(Ascenso Ferreira, A força da lua).

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segunda-feira, agosto 20, 2007


Foto: José Gama

"(...) Que amor implorem, peçam recompença,
mais do que a voz que muito mais tem feito.
Saibas ler o que o mudo amor escreve,
que o fino amor ouvir com os olhos deve
".
(William Shakespeare, Soneto).

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domingo, agosto 19, 2007



Foto: Fabio Oliveira

"(...) quando se dispõe a bombear o sangue de seu coração e derramá-lo no papel, saturar a amada com seu desejo e sua ânsia, assediá-la sem cessar, ela não tem a possibilidade de recusá-lo. (...) Mulher alguma é capaz de resistir à dadiva do amor absoluto". (Henry Miller, Sexus)

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sábado, agosto 18, 2007


© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Crônica de amor por ela. Arte: Derinha Rocha. Veja mais no VIDEOLOG.