terça-feira, julho 08, 2008

DELICIA DO DESEJO



Imagem: Bathing Woman, 1888, do pintor impressionista francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919]

POMAR

Luiz Alberto Machado

Seu corpo é o pomar de todas as delícias. É onde me esbaldo de não mais querer sair, desistindo do mundo e de tudo. Cubro todo seu terreiro, feito menino matreiro fugindo pelo quintal. Demais de legal, me atrepo por todos os galhos do seu desejo, busco seu talho, seu beijo, feito peralta carente. É no seu corpo que me faço que nem gente: vivo, sonho e realizo. E sem aviso aperto seu jeito como se espremesse carinhosamente a fruta no pé. Ah, que bom que é, chega sinto o sumo descer embaixo, eita, acendeu o facho, como é bom demais! Muito demais. Ah, é um bom caju, melhor embu. Dulcíssima graviola, suco de carambola, acerola na mão. Do seu bago sou chupão. E na sua pele de cajá, sabor de maracujá. Ah, me dá teu ingá que eu te dou meu araçá! Quero comer sua goiaba e toda mangaba. Chupar sua manga, ah, lamber seus peitinhos com sabor de pitanga, nada melhor, seja o que o for. Prazer de abacaxi, feito um sapoti! E faz a banana ser sua cana-caiana, ave, deus, avali. Água na boca, uma vida muito louca, foi tudo que eu pedi.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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