sexta-feira, janeiro 29, 2010

PROF SEBAH



Imagem: Silhueta, de Insuhyoon.com

OS CÂNTICOS ENTRELAÇADOS DO AVERSO DAS MIRAGENS E NERVOS TÍSICOS DE SEBASTIÃO COSTA ANDRADE, O PROFESSOR SEBAH

DECOTES

Decote farejando olhos,
exaure um cheiro de tempero
rústico,uma fervura de torrar
os nervos.

Minhas mãos resvalando
olham
esses teus seios
de confeitos e musgos.

Faíscas emanam
dessas
curvas mistas:
maracatús
frevos esvoaçantes.

Fandangos,alpiste
armadilhas e tangos;

morango vestido de creme
de leite,
íscas de peixe
prá pegar relâmpagos...


BEIJO

Teu beijo é cálido e reconfortante
um tufão gratinado de serpente
gosto de nuvens de aguardente
um riacho de cores espumantes;

revoada de aço ,penugem de vinho
ostras assadas,caldo de diamante
recheio de vírgulas esfuziantes
salada de mitos,atritos e redemoinho!

Fico desejando almoçar desse beijo:
a fúria da dor,com pedaços de queijo
retalhos de medo,leite,alfinim e melão

Ah,se eu pudesse nestes lábios,pousar!
Eu seria uma cacimba no osso do mar,
fazendo estripulias no teu coração.

FORNALHA
Entre olhos fustigantes,trafegas,
parece uma garça de veludo e silêncio;
tens olhos de vagalumes
um riso de lavas hercúleas
e um jeito levemente aceso
de domar o mundo com frescor ,ternura
e abraços de hortelã;

Entre metáforas e verbos ardentes
fico imaginando teu corpo
numa taça de vinho e arrebol,
desejando tomá-la
num gole ecumênico!

Quando passas saborosa
e saliente
exalas um cheiro de lençóis
fadigados:
fazendo cócegas líricas
com essas coxas de espelhos
nos lábios ofegantes do meu poema.

APOGEU DAS HORAS

Esculpido em argila
e nuvens
recheadas, teu corpo;
de sonoridade reluzente
pergaminho de silêncio
musgos;
gritos e suspiros úmidos
cactos de relâmpagos
roucos;

Meu verso mergulha
num delìrio de manhãs
de sêdas;
surfa nas trilhas
dessas
coxas estéticas
nas curvas
deste abismo morno;

recital de devaneios
ilhados;
sonata de gemidos
oníricos,teu corpo
navalha de segredos
incandescentes
taça de abissais sussurros.

E quando à noite tua vulva
salta dentro da minha língua
e deita;

meu poema dança , derrama
nécta
veleja calmo
nos lençóis de brisas
rasgando tempo ,debulhando
dias,
se deleitando no apogeu
das horas ,bebendo seiva
flutuando tácito
adormecendo num (des)lumbramento
ardente.

BANQUETE (SILÊNSIOS SÍSMICOS)

Desnudas tua alma e deitas
nesta cama de cremosos labirintos
míticos,
tecida pelas mãos destes
olhos métricos;

temperarei teu corpo
com molho de tempestades
lívidas
caldo com nuvens acesas e melodias
cítricas;

pedaços de gemidos aveludados e
cálidos;

algumas fatias de mansos abraços,
pitadas de cheiro verde
e brócolis
com lábios achocolatados
e céticos.

E quando o sol abrir suas pálpebras
mágicas,
saciar-te-ei numa bandeja
de sussurros
rítmicos,
num forno de suspiros
atávicos;

esculpindo minha língua
nas linhas deste templo
tântrico;
farei do meu café da manhã
escultura de espumas
líricas
banquete de harpas adormecidas
e beijos de silêncios
sísmicos.

BRENA

Mãos postas,olhar ácido
circunscrito;levito
Brena insana se insi(nua)
de joelhos;

arrepios excomungados
sacrossantos esparramados
Brena intensa permanece
de joelhos;

Raios círculos cicuta
vinhos líricos,na gruta
extremunção cataclisma
Brena extrema conti(nua)
de joelhos;

esbaforidos espasmos
redemoinhos ocasos
arrebatamentos inexatos;

língua palmilhando
br(asas)
arcanjos ofegantes garças
Brena amena se exte(nua)
de joelhos.

FORNALHA

Entre olhos fustigantes
trafegas,
pareces uma garça de veludo
e silêncio;

escondes o sol entre os cabelos
tens olhos de vagalumes
e um jeito levemente aceso

de domar o mundo com frescor ,
ternura
e abraços de hortelã;

entre metáforas e verbos
ardentes
fico imaginando teu corpo
numa taça de vinho
e arrebol,
desejando tomá-la
num gole ecumênico!

GEMIDOS ILÍCITOS

Gemidos ilícitos?

Corpo infinito efêmero
exala
hálito de manhãs
suadas
dilúvios de saladas
cítricas
recheios de versos
temporal de musgos

tece sussurros
movediços súbitos

adormeço untado de salivas
mântricas;
espumas roucas regogizos
múltiplos

corpo infinitivo efêmero
éden de chocolate rítmico
doces de ninfas no apogeu
dos silvos;
me atravessa feito flecha
insana;
banha meus olhos
de vinhos tintos
brandos
como serpente de inusitado
assombro
me faz de sopa com gemidos
ilícitos
desvirtuando minha
alma cândida.

SEXO VIRTUAL

No teclado dos teus seios
orgasmo por e-mail,digital,
vislumbro layout do teu site
tuas coxas reluzem um abismo:
suco de gemidos,sumo de laranjas.

Entre clics,arquivos,mega bites
dança e rumina tua alma explorer,
salivando links,espumando telas,
debulhando lírios.

Lábios de vírus,fike,spam,batom
boca molhada,cintilante,
beijos itálicos,ne(gritos) errantes,
arrob@ de carícias
e abraços hotmail,ponto com.

Me aconchego na plumagem
do teu gozo
na tez desta nudez incandescente,
embebido nas postagens de afeto
me deleto nesta cama virtual
no caps lock deste êxtase cibernético.

PROF SEBAH - Sebastião Costa Andrade é professor universitário e poeta,titular das disciplinas de Antropologia Cultural e Sociologia da Comunicação. Mestre em Ciências Sociais e Doutor em Sociologia. Publicou diversos artigos em revistas dentro de sua formação acadêmica . Autor do livro 'O HOMEM E A MULHER NO CANCIONEIRO POPULAR: Um Olhar Antropológio' - Ed. Manufatura, 2002 e do livro de poemas: 'CÂNTICOS ERÓTICOS E ENTRELAÇADOS' - Ed. Usinas de Letras, Rio de Janeiro, 2008. Possui ainda mais dois livros[POEMAS] inéditos: 'O AVESSO DAS MIRAGENS' e 'NERVOS TÍSICOS'. Confira mais Sebastião Costa Andrade e o blog Laboratório Poético.

Confira mais:
clipes da Crônica de amor por ela, Nitolino & a arte de Luiz Alberto Machado no YouTube ,
Big Shit Bôbras , O sol nasce para todos, e As previsões do Doro para 2010

E mais:
NITOLINO NO REINO ENCANTADO DE TODAS AS COISAS
EVENTOS COM PARTICIPAÇÕES DE LUIZ ALBERTO MACHADO
BRINCARTE KIT LIVROS-CDS e BRINCARTE KIT FESTA
FREVO PELA CIDADANIA NA ESCOLA
PALESTRA: CIDADANIA & MEIO AMBIENTE
CURSO: FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
ARTIGOS & PESQUISA
e
Luiz Alberto Machado no DOMINGÃO DO FAUSTÃO.
PS: já está disponível para download de todas as edições do Tataritaritatá na Rádio Difusora de Alagoas no seu computador

Visit TATARITARITATÁ

sexta-feira, janeiro 22, 2010

ANA TERRA



Imagem: The Fisherman and the Siren, c.1856-58, do pintor e escultor do Romantismo Vitoriano inglês, Lord Frederic Leighton (1830-1896]

TÍMIDOS

ANA TERRA


Gosto dos homens tímidos. Aqueles que se atrapalham e aceleram quando deviam freiar. Que se surpreendem falando mais do que deviam quando queriam calar. A voz sobe na tentativa de abafar o coração, batendo mais alto que devia. Aqueles que temem uma mulher porque sabem do que ela é capaz quando ela o deseja porque ele a deseja. Assim de rabo de olho, basta um faiscar.

Gosto desse jogo tímido onde os dois roubam e se fazem de desentendidos. Homens introvertidos que mandam bombom e poesia numa aparente cortesia. De amizade, de cavalheirismo, para não se comprometer. E desistem porque seria muito complicado e também nem tem tanta certeza assim de que é correspondido, ou quem sabe assustou a moça quando acelerou em vez de frear.

Gosto desses homens que tecem o tempo e aguardam o momento propício para jogar a isca outra vez. E dizem que te acham o máximo, especial, única. E dizem isso desviando os olhos, inventando metáforas, engolindo as sílabas. E eu preciso ser delicada, respeitar seu tempo, gerar confiança. Para que ele saiba que não sou uma louca, uma destruidora de lares, que não vou dar bandeira, atrapalhar sua vida.

E eu fico pensando como fazer isso sem parecer desinteresse. A alquimia certa, a hora certa. Enquanto espero meu corpo estremece pensando nele. Sei que um homem tímido custa a se entregar porque teme que eu seja um rio ou um mar traiçoeiro, com correntezas que o arrastem para longe da terra firme.

Uma mulher pode destruir um homem. Sei do que são capazes. Querem transformá-lo no que ele não é. Cobram do tímido que não o seja. Que seja atirado, falante, ousado. Estão presas ao senso comum. Não suportam seus silêncios e quietude. Seus avanços e recuos. Sua vasta e intensa vida interior. Sua vontade de ficar em casa viajando pra dentro.

Mas aos poucos ele mergulha, bóia, mergulha outra vez. E sente que eu o acolho, refresco, o faço mais leve. Que sou a água que deve ser uma mulher. Para matar sua sede, lavar suas feridas, limpar as sujeiras do mundo. Água de mar para temperar. Água de rio para adoçar.

E um dia ele se entrega sem resistência: sou todo seu. Com a coragem e a confiança que só os tímidos tem. Deus me faça capaz de merecê-lo. Porque é o melhor amor do mundo.

Sábado, dia das águas, 09 de janeiro de 2010. Ana Terra

ANA TERRA - A poeta, escritora, compositora e produtora musical e audiovisual carioca, Ana Terra, é autora de livros, espetáculos, composições musicais e espetáculos. Confira a entrevista dela no Guia de Poesia.


Confira mais:
clipes da Crônica de amor por ela, Nitolino & a arte de Luiz Alberto Machado no YouTube ,
Big Shit Bôbras , O sol nasce para todos, e As previsões do Doro para 2010

E mais:
NITOLINO NO REINO ENCANTADO DE TODAS AS COISAS
EVENTOS COM PARTICIPAÇÕES DE LUIZ ALBERTO MACHADO
BRINCARTE KIT LIVROS-CDS e BRINCARTE KIT FESTA
FREVO PELA CIDADANIA NA ESCOLA
PALESTRA: CIDADANIA & MEIO AMBIENTE
CURSO: FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
ARTIGOS & PESQUISA
e
Luiz Alberto Machado no DOMINGÃO DO FAUSTÃO.
PS: já está disponível para download de todas as edições do Tataritaritatá na Rádio Difusora de Alagoas no seu computador

Visit TATARITARITATÁ

sexta-feira, janeiro 01, 2010

OUTRA CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Toilette de Venus, do pintor do Classicismo Acadêmico francês, Paul Baudry (1828-1886)

OUTRA CRÔNICA DE AMOR POR ELA


Luiz Alberto Machado


Foi ela quem me deu a vida quando eu não sabia de nada.

Foi ela quem me deu o sorriso quando eu tomava pé do mundo e das coisas, olhos grandes sobre tudo.

Dela aprendi a lição do amor quando tudo era novo e eu dependente do seu jeito, agarrado ao cós da saia sem saber para onde ir. E me fiz menino atado ao seu estímulo, crescendo como dádiva dos que precisam. E virei garoto atento embaixo das saias com o meu fascínio a 40 graus de curiosidade e perseguição.

A nudez dela me levou pelas frestas, fechaduras, brechas, combongós, cumeeiras, basculantes, escondido por cima do muro no quintal da vizinha, até saber-me pronto para o deleite.

Ela sempre foi a minha festa com seus cabelos sedosos de ventos.
Com seus olhos de manha cheios de ternura.
Com suas feições dóceis de pele macia.
Com seus lábios salientes dos beijos mais expostos.

Ela sempre o meu refúgio nos seus ombros aconchegantes.
Com seus seios angelicais de todas as frutas do pomar.
Com seu ventre de sol alumiando meu destino.

Foi dela que recolhi todas as estrelas brilhantes que me encantavam os sonhos e a esperança, quando eu cantava Fonte como se não tivesse mais saída.

Foi dela que aprendi a acolhida na cilada das horas, quando eu andava perdido saindo pra outra depois de um chega pra lá.

Pra mim ela se fez meu tudo e eu grato dei meu coração e toda minha vida.


Confira mais:
Feliz Ano Novo, Nitollino e a arte de Luiz Alberto Macfhado no YouTube e As previsões do Doro para 2010

E mais:
NITOLINO NO REINO ENCANTADO DE TODAS AS COISAS
EVENTOS COM PARTICIPAÇÕES DE LUIZ ALBERTO MACHADO
BRINCARTE KIT LIVROS-CDS e BRINCARTE KIT FESTA
FREVO PELA CIDADANIA NA ESCOLA
PALESTRA: CIDADANIA & MEIO AMBIENTE
CURSO: FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
ARTIGOS & PESQUISA
e
Luiz Alberto Machado no DOMINGÃO DO FAUSTÃO.
PS: já está disponível para download de todas as edições do Tataritaritatá na Rádio Difusora de Alagoas no seu computador

Visit TATARITARITATÁ