quinta-feira, janeiro 31, 2008
Imagem: Rubens Gerchman (1942-2008).
POEMAS & CANÇÕES DE AMOR POR ELA
CILADA
Música de Mazinho & letra de Luiz Alberto Machado
Você sequer fitou meus olhos
Pra saber da cilada que o amor pregou em mim
Desatinou
Nem reparou o dano
E o meu coração profano
Duvidou do que era assim.
Enfim
À mercê dos seus açoites
Pelas emoções da noite
Na batalha de se amar
No teor de sua façanha
Abissal paixão tamanha
Fez o fogo me queimar.
E as garras hábeis de tocaia
Fez de mim sua cobaia
No contágio do calor
Era a luz da maravilha
E sob os trilhos da armadilha
A partilhar do seu amor.
Amor de fera mansa
No bailado dessa dança
Fez a guerra e o desertor
Sequer o meu olhar fitou
Não sabia da cilada
Qual picada envenenou.
Mesmo fera indulgente
Seus desejos diligentes
Faz o canto do cantor
Rosnou no ar felicidade
Fez soar cumplicidade
No afã do caçador.
E as garras hábeis de tocaia
Fez de mim sua cobaia
No contágio do calor
Era a luz da maravilha
E sob os trilhos da armadilha
A partilhar do seu amor.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
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quarta-feira, janeiro 30, 2008
Foto: Derinha Rocha
GINOFAGIA: PÁLIN!
Luiz Alberto Machado
Mais uma vez ela ferve. E de vez bem me serve com agonia e gula. Cangula, o rubor da sua língua arreia a mingua do meu falo galante. E vem ofegante com seus doces lábios. E com fúria tão hábil ela dá na roxura com toda quentura dos seus seios de serva. E cai sem reserva nem mede desvario, deságua o rio do seu sexo lascivo. E me faz cativo do seu regaço quando então arregaço na sua vinha. É quando se aninha com suas pernas ágeis mais irresponsáveis que me desacata. E me desataca, puxa e se espreme e me empurra que urra e geme bastante possessa como uma ré confessa pra lá de vadia. Mais me contagia, nunca vi coisa dessa, meu falo é a peça inquebrantável. Ah, malvada amável que mais me apetece porque com ela acontece de me fazer o seu dono, a me dar por abono tudo que me apraz. E cada vez mais sua carnadura animal é-me dado em ternura que me faz imortal.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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terça-feira, janeiro 29, 2008
Imagem do artista plástico argentino Carlos Gorriarena.
A SÍNDICA DOS SEIOS ONÍRICOS
Luiz Alberto Machado
Geruza enviuvara, ficando triste aquele rostinho lindo de Fernanda Abreu. Fora trágica para quem soubera sempre amante, duvidando, se fora, possivelmente amada no mesmo tanto.
Dava para imaginar a sua dor naqueles seios com cheiro de mar no decote pronunciado que sempre exibia. Parece uma dor sem fim, seis anos de ininterrupta e enclausurada viuvez. Não dava nem as caras pro mundo, só recebendo, quando muito, familiares com advogado para resolver-lhe questões do falecido. Dava, também, para notar seu encabulamento ao tratar de apólices de seguro, pensão e bens inventariados a partilhar. Por certo, não era do seu feitio essas coisas de justiça, porque sempre fora das lides domésticas, quando muito acompanhava o marido nas compras, reduzindo-se, apenas, a cuidar da casa, estudar, embelezar-se e fortuitamente participar de alguma comemoração com casais amigos.
Não tivera filhos nos dois anos de vigência do matrimônio. Resultara viúva e só. Uma misantropia flagrante, o que, misteriosamente, ainda mais realçava na sua beleza. E a cada dia mais exuberante ficava no apetite dos meus olhos. Ah, se me fosse dado o privilégio de provar de sua reclusa. Não, ela não dava espaço. Leseira minha de sonhar acordado. Raramente via-lhe sair para algum lugar. Até que certa noite, uma reunião ruidosa e cheia de querelantes, destituiu-se o síndico e abriram um pleito eleitoral para a escolha de um outro representante para tomar conta do nosso prédio.
Geruza nem se dera conta do que sucedia, chegara ali para saber apenas das providências tomadas quanto a algo do seu apartamento, quando de sopetão seu nome entrou na roda. Vi-lhe ruborizada, intrigando-se com o assédio para que se colocasse seu nome em votação.
Aí, eu que sempre me fizera alheio a tudo em reunião de condomínio, pois que até então só ouvira baixaria, pendenga mesquinha, interesses escusos, agora, encontrava um motivo para melhor participar daquela chateação, avalizando o nome dela naquela votação. Eu fora o primeiro a votar e percebi-lhe os olhos aboticados em minha direção e, depois disso, não desgrudou mais.
A unanimidade fez-lhe síndica sem mais delongas. Tudo ventava a seu favor: dedicada aos afazeres domésticos, tempo integral no ambiente, disponibilidade para se ocupar com alguma coisa além do cotidiano.
Satisfeito com tudo, eu exultava com a solidariedade de todos enquanto ela não conseguia ver-me menos imantada, atraída com intriga no olhar.
A noite para mim seguia em polvorosa sem que ela ao menos insinuasse um mínimo sorriso, como que ainda não entendendo tudo aquilo acontecer à sua revelia. Era cada vez mais lindo aquele jeito desprotegido de ver o mundo se transformando na sua frente sem poder sequer sugerir nada. Estava realmente surpresa com aquilo.
Foi aí que me aproximei em seu auxílio, tentando-lhe explicar e, ao mesmo tempo, oferecendo meu irrestrito apoio. Ela, assustada, nada entendia.
A votação correra tranqüila e fim de papo. Dei-lhe meus parabéns afetuosos, seguido de todos os cumprimentos dispensados pelos presentes. Eu que falei por ela, aceitando a empreitada e já marcando a retomada dos trabalhos normais para o dia seguinte. Nisso ela nem balbuciara nada e me olhava com um ar ainda mais de esquisitice, interrogativa com o meu procedimento.
Um a um dos presentes se despedindo, restando, ao final, apenas nós dois. Ela muda fisgada em mim, eu dissimulado acenando para a despedida de todos que se evadiam para seu regaço.
Chamei o porteiro, entreguei os livros de ocorrências e anunciei que daquele momento em diante, Geruza era a síndica, esperando que ele passasse a colaborar de forma com maior afinco a partir de então, ao que ele positivamente acenou com a cabeça.
Retornei ao seu encontro e desejei-lhe uma boa noite e até amanhã. Percebi que ela seguiu rumo ao elevador ainda tocada pelos acontecimentos.
Ao cabo de dias não pude disfarçar a constatação do condomínio mais limpo, mais florido, mais cheio de vida, parece que ela resolvera dar o seu toque em tudo ali.
Certa ocasião eu avexava para jantar fora e ao deixar algumas recomendações ao porteiro, vi Gerusa descer magnificamente linda, num vestido bege, decotado, discretamente maqueada, fantasticamente linda, de me abestalhar e não conseguir desgrudar-lhe o olhar, ao que, notando, dirigiu-me um cumprimento de boa noite afetado de mexer com as minhas entranhas e deixar-me abobadado. Meu deus, meus olhos vira a manifestação perfeita do milagre vital. Esqueci da fome, perdi a hora de jantar, acompanhei-lhe abrir a porta, sentar-se comodamente, acionar o motor e sutilmente sair em seu veículo. Acompanhei o seu trajeto até perdê-la de vista.
- Dona Geruza botou para abafar, num foi? -, era o porteiro roubando a minha imaginação.
- Pelo amor de deus! -, respondi com a maior cara de babaca.
Ora, se ela já se encontrava no centro da minha cobiça, agora conseguia enlouquecer-me de vez. E enquanto pensava nela, não conseguia sair dali para lugar algum. Dei-me a vaguear pelo canteiro, pelo estacionamento, abestalhado e consumido pela sua beleza. Não sei por quanto tempo fiquei assim, sei que só me dei conta quando ela estacionava de volta o seu veículo. Disfarcei e, meio atabalhoado, rumei direção para o elevador. E ao aguardá-lo eis que ela se aproxima com seu perfume – ah, senti-lhe a fragrância viçosa de sua vagina acendendo meus sentidos - e, ao que parece, ela notando a minha embriaguês com todo o seu espetáculo.
- Tudo bem? -, disse-me ela altiva e desleixadamente.
- Tudo bem.
Nossa, não conseguia dizer mais nada, estava embasbacado e boquiaberto com o seu reluzente decote abissal.
A porta do elevador abriu-se, despejou fora dois vizinhos e esperei que ela entrasse para que a seguisse.
Assim fez, adentrou-se, recostando-se no canto do elevador, desprotegida, pronta para a minha fúria de ataque.
Apertei o indicador do sexto, o andar dela, e esqueci de acionar o meu andar.
Nem bem quando o elevador deu partida, deu-se a escuridão. Ficamos presos, assustados, acompanhando o zoadeiro que se ouvia vindo do lado de fora.
- Que foi isso? -, perguntou-me.
- Sei lá. Não consigo entender nada.
Senti-lhe um nervosismo e uma leve aproximação nervosa. Não sabia se me esforçava por sair dali ou se mantinha uma posição de ali ficar em sua companhia, esperando melhor momento.
- Vamos aguardar –, disse-lhe tentando acalmá-la já que não se continha em si.
Nada dizia, sentia-lhe a respiração, o nervosismo, o perfume, tudo embaralhando minha cabeça que nessa hora não conseguia conciliar as idéias. Senti sua mão no meu braço, tímida e trêmula. Foi aí que minha incoerência buscou-lhe a presença, alcançando a sua cintura perfeita.
- O fornecimento de energia normaliza já, viu? -, repeti-lhe mais uma vez, tentando tranqüilizá-la.
Enquanto eu tentava oferecer-lhe segurança tateava suas formas curvilíneas, o seu corpo palpitando, os seus seios arfantes, sua alma trêmula, eu frente a frente, a mesma altura, o mesmo tope, aproximando-me mansamente, nenhuma resistência. Busquei-lhe o pescoço com uma das mãos e ao encontrá-lo, trouxe seu rosto na direção do meu e beijei-lhe os lábios carnudos, acordando uma fera furiosa que me agarrou com sofreguidão. Fui intensamente invadindo sua viuvez, remexendo-lhe as intimidades, até que alcancei sua saia, puxando-a para cima até chegar-lhe na calcinha e notar-lhe fuviando úmida e desejosa. Removi-lhe para o lado alcançando-lhe o corte íntimo e enfiando-lhe o dedo devagar até sentir-lhe abrindo-se mais, escancarando para a melhor ser penetrada, levantando uma de suas pernas até ao lado da minha cintura, matando minha sede com o arriar do zíper, até alcançar-lhe as mais profundas águas saborosas.
Acompanhei o seu gemido louco, investi irresponsavelmente por sua intimidade gostosa, enfiei-lhe toda minha loucura apressadamente até alcançarmos o ápice do orgasmo. Aaaaaaaaah!
Depois de um longo tempo desligado do mundo e de todos, notamos o silêncio que circundava, ouvindo-se apenas a nossa respiração. Foi aí que tentamos aos poucos nos recompormos satisfeitos, quando o fornecimento de energia fora restaurado, dando para ver-lhe o modo saciado de carente secular com que me fitava.
Ouvimos o porteiro instando por nós, ficamos escondidos. E em pouco tempo, tudo normalizado, e nos despedíamos daquela louca e adorável situação.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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segunda-feira, janeiro 28, 2008
Imagem: Sara, téc: mista - 100X100 – 2000, de Catia Garcia.
OS VERSOS AMORÁVEIS DE SIMONE NOGUEIRA ATHAYDE
"Na minha boca a ânsia do desejo desperta os instintos instiga fantasias provoca secreções ...Na minha boca gemidos incontidos sussurros e silêncios pedidos obscenos ...Na minha boca tua língua intrusa me faz desfalecer entregue aos sentidos olhar de perdição ...Na minha boca cada milímetro da tua pele revisitada e reconhecida banhada de luxúria ...Na minha boca teu falo agasalhado cresce o teu desejo pulsa poderoso inundando de prazer ...a minha boca". (Na minha boca).
"Beijo, gosto molhado, suado. essência do amor, prelúdio de prazer intenso... intimidade que arde de paixão. Beijo profundo, alcance da alma...lânguida. largada em seus braços, me deixo... em desejos dormentes que ascendem a fogueira do meu corpo, o pulsar do meu coração. Beijos... Alimento da paixão. Beijos, beijos e mais beijos". (Beijo).
"Por um tempo os desejos estiveram adormecidos Na minha boca eles voltam a pulsar...” (Os desejos ainda pulsam)
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sexta-feira, janeiro 25, 2008
Imagem: Ariadne Asleep on the Island of Naxos, 1809-1814 (Private Collection), do pintor neoclássico norte-americano John Vanderlym (1775-1852).
SENDO
Luiz Alberto Machado
Quando beijo teus lábios
dou-me marujo de todos os teus rios e mares
quando toco teu seio
sou fundura pra te desaguar
quando alcanço teu sexo
sou manhã que se ilumina em ti
quando possuo teu corpo
sou o gigante serviçal adorando a tua deificação
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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quinta-feira, janeiro 24, 2008
Imagem: Simone Aver
CANÇÕES DE AMOR POR ELA
ÊXTASE
Santanna, o cantador & Luiz Alberto Machado
Singrei a vida e o mar
No verde do seu olhar
sua imagem a me seduzir
Tentando lhe encontrar por aí
Onde insisto em não sonhar
Fazendo a flor do meu amor pagão
Meu coração absorto deu de te amar
Com possessão
Obsessão de se entregar
Tudo é tão difícil sem você aqui
Ainda resta indícios do amor em mim
Está tudo fora eu quero o seu calor
Não vá embora ainda não chegou
A hora exata de querer partir
Eu dou de mim ainda o que puder
Fazer da tarde o amor de uma mulher
Que se depara à noite a me seguir
Enfim quero o fascínio que invadiu
Quero o domínio que bramiu da sua paixão
Que chega em mim
Caçoa do fim
E já não faz questão
Que o vento anuncie presságios
Dos naufrágios da minha solidão
E me dê a sua mão
Que o mar recolha os olhos
E refaça a fantasia da minha ilusão
Quero ver-lhe então na canção
Na sombra azul de um eterno blues.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
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quarta-feira, janeiro 23, 2008
Foto: Derinha Rocha.
CANGULA
Luiz Alberto Machado
Cangula fêmea
Sua gula é um cinema
Tão extrema
Minha veia estrangula!
No seu poema
O meu verso ejacula!
Ginofagia (Poemiudinhos). In: Crônica de amor por ela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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terça-feira, janeiro 22, 2008
Imagem: da artista plástica pernambucana Cléa Barros.
AO REDOR DA PIRA ONDE QUEIMA O AMOR
III
O pacto do casulo na metamorfose mútua
Luiz Alberto Machado
Era devaneio demais na grande nuvem de Magalhães: abraço terno de paixão indomável.
Nossos corpos ardiam: faíscas na tempestade de nossos desejos. E mais as labaredas de nossas vontades inextinguíveis, de nossos frêmitos mais açodados, de nossas ardências na temperatura de ignição.
Era o enleio dos nossos sussurros mais selvagens por todo cardápio de nossas juras de amor mais exaltadas.
Era a terra prometida: seu ventre desejado.
Havia de fincar-lhe o estandarte rijo tomando posse definitiva de todo o seu território: domar aquela maravilha toda estirada perseguida pelo meu faro, acossada pelas minhas carícias no bote certeiro aprisionando seu corpo à minha sanha, sem se permitir rejeição ou o menor esboço da mínima reação contrária, até deixá-la completamente rendida.
Era chegada a hora: o prólogo de tudo ao toque da mão no pescoço, pele fina, jeito grácil, face linda, mandíbula, orelhas, cabelos, rosto, tudo um espetáculo! E em riste.
Um beijo ardorosamente apaixonado no seu ombro. Célere lambida no aclive da nuca. Lambuzada de ouvidos sob o aranzel insano do amor maior que todas as coisas existentes entre o firmamento e a terra. Até os lábios de céu apropriados, boca carnuda, língua fresca e solícita, todo despudor e provocação.
Eu crescia no beijo e me danava a crescer exaustivamente.
A iniciação buliçosa: copular. E mais atiçava provando da fúria insaciável.
Ah, como enlouquecia de prazer nos mínimos detalhes: o olhar, os seios cheios e admiráveis, o plexo solar, as entranhas pela alma, tudo na esporrada do privilégio de tê-la domada. A entrega, o oxigênio, as mesmas emoções, verdades e arrebatados gozos: órgãos, veias, nervos e músculos, tudo um só. E nossos corpos, um só na paixão desenfreada, lançados ao fogo de nossas vontades. Tão unos sem extremos nem limites. E ao mesmo tempo, no extremo de todos os limites, pois éramos os extremos dos extremos, o limite dos limites.
Amava e essa era a minha recompensa de escravo. E mais mergulhos na sua areia movediça, seus fulgores deslumbrantes, seu incêndio corporal que se propagava nas minhas loucuras e vísceras, dando azo à minha fantasia e disso tirando o máximo de proveito.
Ah, o seu cheiro do mais puro perfume búlgaro de rosas! Como eu me lançava na tocha acesa do seu olhar inebriante que ardia com o prazer de sua carne saborosa e fervia com a sede do seu comprazimento.
Ah, como eu delirava com o fogaréu envolvente de suas carências a levar-me cego e louco de tesão ao epicentro do seu terremoto corporal, e dando-me a possibilidade de explorar todas as formas do nosso concúbito incoercível. E mais desengançava. E mais zampava o seu insaciável talante, onde sei que repousa perspícua a nossa felicidade.
Ah, eu jamais poderia largar sua boca bem desenhada e seu corpo perfumado e provocante onde eu depositava a experiência de experimentar todas as maneiras de apego e afeto para usufruir intensamente da minha linga a jogar a larva tórrida derretida no seu yoni que abarcava o auge da atração dos nossos corpos rejuvenescidos prodigiosamente.
Ah, cada vez mais o gosto de sua intimidade na minha boca e, só de lembrar, a saliva abundante querendo matar a vontade de comer lautamente o alimento mais aprazível de degustação.
Ah, quanto prazer imenso privilegiando um mortal! A unificação prazenteira, sem se dar conta do futuro incerto, das possibilidades de existir e da maneira mais livre de amar.
Nossas cabeças nos ombros, um do outro, no centro da nossa felicidade perpétua: nós somos um, o pacto do casulo na metamorfose mútua do amor.
© Luiz Alberto Machado. Direitos Reservados.
CLEA BARROS é uma premiada artista plástica pernambucana, bacharelada em Pintura e Desenho pela Escola de Belas Artes – UFPE. Ela participou de diversas exposições individuais e coletivas, da Mostra Brasil-Portugal, na Europa.
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segunda-feira, janeiro 21, 2008
Arte do poeta e artista visual argentino Norberto José Martinez.
UMA ODE AO TEU CARALHO, DE MARIA EUGÊNIA
“Ai quando eu olho o teu caralho tão liso lindo e brilhante este caralho fulgurante me dá até água na boca. Teu cacete é magnífico! Ai que membro mais bonito... E mesmo ele tendo abatido umas vinte e cinco mil mulheres não dá mostras de cansaço. Pois se eu fosse uma virgem se eu ainda tivesse um cabaço queria vê-lo ruir ante a força e a destreza deste teu irresistível caralho. Deviam fazer do teu pau uma bela e imponente estátua que ficasse exposta na praça à pública apreciação. (...) Ai que estes meus versos escondem um ciúme mortal pois não admito que outras bocas exaltem esse teu pau Quero mesmo é Vê-lo metido até a altura do umbigo este cacete tão lindo primor da criação. Ah querido meu bem amado que essas sirigaitas todas se desdobrem em centenas de versos de amor que se declarem seja da maneira que for. Por mim, que elas contem sempre com o teu prolixo amparo mas que não contribuam para o meu tormento e que me deixem o teu adorado caralho”.
Maria Eugênia é paulistana e, segundo ela própria, o seu trabalho não tem nenhuma ligação com a literatura, escreve porque gosta mesmo: "Escrevo porque é preciso..."
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sexta-feira, janeiro 18, 2008
Foto: Derinha Rocha.
TUA LÍNGUA
Luiz Alberto Machado
Tua língua toca minha alma
és o poço das galáxias longínquas
e vejo a lua linda, cheia, radiante no céu da tua boca
eu já era a Torre Eiffel
e em meu coração mais batia a vida
Eu te entumesço o rosto
lambuzo teus lábios rubros
enterro-te minha lâmina no mormaço da tua língua faminta
cresço-me, enrijeço-me, teso
pau madeira-de-lei
acossado pela tua carícia
ah! a tua gula pulsa minha veia
nos meneios de veludo do teu toque
com todos os truques para me capturar
eu e meu míssil dominado
Rara e feita, me engole debruçada sobre o meu cajado
como se fosse a melhor comida
o pico do Aconcágua em transe
buscando a ejaculação constante do meu Etna
com teu faro que desembaínha meus grunhidos
e levita
só assim desfalecido
me devolves a vitalidade.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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quinta-feira, janeiro 17, 2008
Imagem: Alessandra Levtchenko
CANÇÕES DE AMOR POR ELA
“O amor não busca o seu próprio bem nem cuida um instante de si mesmo (...) Cantava um torrão de barro no meio do caminho, pisado. Enquanto um seixo entoava, na beira do rio, sua canção. O amos só busca o seu próprio bem, pra acorrentar o outro em seu gozo...” (Wiliam Blake, O torrão de barro e o seixo).
DESEJO
Letra & música de Luiz Alberto Machado
Quero ficar no seu coração
E assim poder sonhar
Toda aventura que pintar da emoção
Todo fervura que brotar da sua mão
Para iluminar a reticência que aprumou a minha vida
E um dia ser feliz e nada mais
Quero ficar no seu coração
E assim me agasalhar
Do frio impune que semeia a solidão
E feito imune repetir a sensação
Que vai para lua na volúpia mais fervida
E um dia ser feliz e nada mais
E quando o jeito de você virar absoluta adoração
Será o véu perfeito e a ternura abraçará minha ilusão
Quero o meu destino a confundir-se com o seu
E sermos um, o que a sina prometeu
E o que sobrar de nós será um ninho verdadeiro
E um dia ser feliz e nada mais
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
PS: Veja o clipe de Desejo e baixe esta e outras canções gratuitamente em mp3 na Trama.
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MÚSICA
ALESSANDRA LEVTCHENKO
PRIMEIRA REUNIÃO
FOLIA TATARITARITATÁ
quarta-feira, janeiro 16, 2008
Foto: Derinha Rocha.
GINOFAGIA
Luiz Alberto Machado
Água na boca,
Falo molhado.
Ficou louca? Ah, coito arretado!
Ginofagia (Poemiudinhos). In: Crônica de amor por ela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais Ginofagia. E participe do carnaval FOLIA TATARITARITATÁ!!
terça-feira, janeiro 15, 2008
Imagem: Susanna Bathing, 1904, do pintor e escultor simbolista/expressionista alemão Franz Von Stuck (1863-1928).
AO REDOR DA PIRA ONDE QUEIMA O AMOR
II
O amor comungando o misterioso encanto da paixão
Luiz Alberto Machado
Após a iniciação de seu beijo eu me sentia confirmado na minha sina de menino que gosta de sonhar. Foi quando pude rever todas as instâncias de minha formação pelo amor, desde a professora da infância, das paqueras tímidas juvenis, da figura da mãe sempre presente, das paixões idealizadas e não correspondidas, de todas as redes sentimentais que me vira envolvido por toda minha existência. Como soubera? Poderes de deusa. Nossa! Como era firme e como deixava claro que tudo que eu pensava, ela percebia. E como sempre fora tímido, era difícil fitar seus olhos firmes e acesos mostrando-me as coisas dos sonhos e da vida. Era de arrepiar. E quando dei por mim, ela fitava cada milímetro de mim no enleio do "Sonho de amor" de Liszt. Quanta manifestação interagindo entre o meu e o seu desejo.
Foi assim, percebendo o meu ar indefeso, que ela alisou meus cabelos, beijou meus olhos, tateou meu rosto e os detalhes da minha fisionomia, até encostar seus lábios nos meus, passando sua língua faceira a se esfregar na entrega de todos os seus segredos mais remotos desde a longínqua infância, da passageira adolescência e dos amores que vertera por noites sangradas de infinitas solidões.
Se ela sabia de mim, queria que soubesse dela. E naquele beijo contara-me como tudo se passara com ela. Eu chorei, choramos juntos, recolhi suas lágrimas e nos dissemos de amor eterno enquanto a minha carne se via doendo com a sua sofrência.
Por um instante temi perdê-la depois desse encontro. Como me apavorei com esta idéia. Ela percebeu e jurou-me, com um simples olhar candente, um amor eterno. E beijou minhas faces como quem mostra o vôo dos pássaros, a fundura oceânica, a semente da vida, o rumo dos ventos em todas as direções.
Remexera minhas idéias, demovendo o temor que infligira de sua partida depois daquele encontro, restituindo uma esperança nunca tida e possível mais adiante.
Mas insistia no meu temor e ela beijou-me os ouvidos como quem semeia a raiz de dulcamara para o elixir do amor de nossa paixão endovenosa. Foi quando se apossou do meu dedo anular direito, mordiscou, no começo, levemente, depois insistiu até brotar meu sangue vivo. Fez o mesmo no dela e depois emendou, um ao outro, como se consumasse uma união, o anel de nossas vidas. E com sua mão rojadora foi puindo a carícia de sua táctil habilidade pela minha nuca, pelo pescoço, tórax, muque, braços, pulsos, mãos, dedos, coxas, pernas e pés como quem se apropria de todos os meus músculos relaxados, todos os meus nervos em polvorosa, toda a minha carne incendiada, acedendo uma vitalidade rediviva nunca dantes possuída.
Com isso, ela reiterava que estaria nua ao meu lado em qualquer circunstância. E eu jamais acreditaria nisso, saberia sempre que seria mais um desses momentos perfunctórios pela recompensa da entrega efêmera a que nos submetíamos naquele momento. Ela parecia jurar com seu olhar fixo em mim. Percebia a minha descrença, por isso beijou-me novamente a boca com o desejo no enroscamento do réptil no afã de escalar uma árvore, à mistura de arroz com a semente de sésamo - os manjares do amor -, com a mescla de leite e água e a ciência das sessenta e quatro artes do Kama Sutra.
Nesse beijo pude ter ciência do ácido, do amargo, do doce, do salgado, do que nasce e do que agoniza. Ela queria que eu soubesse que o nosso amor de agora não seria apenas de hoje, mas de todo o sempre. E para melhor persuadir-me dessa loucura, mostrou-me do fogo de Minarã e do Urubu-rei na lareira dos caingangues, se dizendo Iaravi pelas cintilantes labaredas da magnifíca luz de sua aura vestal ameríndia, os seus fulgores deslumbrantes que propagava o incêndio na minha pirexia, incitando-me a ser Fiietô, um Caiucucrê capaz de roubar o fogo de todas as coisas, me fazendo acreditar ser o único homem do universo.
Quanto privilégio me fora dado naquele momento com a sua nudez radiante, a ponto de me bestificar com sua figura longílinea, incendiária, ah, minha la Belle! Ela surpreendia a pequena área do meu coração, deixando-me as defesas orgânicas desguarnecidas, escamoteando minhas certezas e deixando-me babando por um contato de quarto ou quintos graus exagerados na sua beleza ostensiva e me levando desmiolado à custa de seus truques sobre a mendicância dos meus quereres.
Por mais que soubesse de mim, eu estava rendido, permitindo que me levasse onde quisesse com a sua astúcia adorável.
Nesse instante me olhou terna, adernando os olhos, ih! Algo aconteceria. E ao levantá-los lentamente com seu olhar voraz, aproximou a mão direita ao meu peito e sentindo o circuito que descarregava em meu corpo, cravou os dedos, rasgou-me a carne apossando-se do meu coração rendido. Arrancou-me do tronco, bruscamente, levando o pulsante motor da minha vida até a boca para beijá-lo imensamente, venerando minha vida. E enquanto eu desfalecia, ela ritualizava uma paixão sórdida sobre a minha dor iniciada.
Quando então, fitando-me ainda mais severa, com a outra mão sobre o seu próprio peito, cravou os dedos, rasgou as carnes e arrancou com a mesma voracidade o seu coração e trouxe até a minha boca, exigindo-me beijá-lo, ao que, obediente, depositei toda minha terna veneração.
Logo após, colocou seu coração no meu peito e cerziu minha carne com um carinho de deusa mágica, e colocou o meu no seu peito, mostrando-me, unidos por sentimentos e destinos. E devolveu-me a vida e a esperança e pude enternecer com seu gesto de amor.
A partir de então, meu coração passou a ser seu; e o seu, meu, ambos, mutuamente, na capacidade total de amar.
© Luiz Alberto Machado. Direitos Reservados.
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segunda-feira, janeiro 14, 2008
A EROPOÉTICA DE LÚCIA NOBRE
“Em L chama cúmplice cama duros tentáculos boca carnívora pele sobre ele tesão por tesão danço-te vertigem sentir taça de vinho minhas sedes jogo de botões aflito aflita assim semidespida tua mão guia rígida braguilha minha língua gata ariscos pelos fazemos do sofá a nossa lama” (No sofá).
“aqua benedicta unctione cabelos olhos narinas boca dorso mamilos ventre umbigo clitóris vagina abençoa me orgasmos in extremis” (Captus est libidine)
“Eu faço poemas como quem fode” (Parafraseando Bandeira)
“Loucas lambidas fremem narinas inspiram vida” (Virilhas)
LUCIA NOBRE é escritora e poeta que milita na literatura erótica, participa dos movimentos de poesia desde 1980. é autora de Folhetos Eróticos – poemas, Paris; Floresta dos Leões – textos e poemas, RJ; O Bom Trepador, com desenhos do Apicius, RJ; Série de cartões Papai Noel Erótico – RJ. Seus poemas constam de diversas antologias. Faz performances de seus poemas nos espaços culturais da cidade e é intitulada de Libertina Libertária, Beat Pós-Moderna e Bukowiski de Saias. Ela edita o blog Erotopoemas. Veja mais EROPOEMAS.
VEJA MAIS:
FOLIA TATARITARITATÁ
AS PREVISÕES DO DORO PARA 2008
sexta-feira, janeiro 11, 2008
Imagem: Overflow, 1978, do pintor realista norte-americano Andrew Wyeth.
A DELÍCIA DO BEIJO RELUZENTE
Luiz Alberto Machado
A tua reluzência de indelével pajuçara te faz dominante na alcova serena de nossa entrega, onde eu juro querer-te a mais da conta sob a sedução de um espectador da tua dança gambeta que torna a nossa fogueira nefanda mais queimante no galardão da oferenda a nos premiar um gozo próximo da overdose real.
Ah, quanta majestade nua saltatriz para a minha sentinela indômita que no desespero procura alcançar tua freguesia inteira e fazer-te minha, capaz de invadir tripetrepe todos os teus esconderijos de Ménade lépida, de Tiade acessível à palma da minha mão pedinte.
Ah, vem, Iara minha, vem com o teu beijo alucinado litigar nossos vadios desejos com a chama que faísca de teus lábios de cocksucker gulosa, de gulp-girl mais que desejada, para que eu possa enlouquecido blow-job ofertar-te minha satisfação de sorvete de morango lambido e chupado.
Ah, vem, Iara minha, Iara nua, vem tépida como a quintessência de tua manifestação que eu quero à mão-tenente explorar teu rendengue com minha língua a apoderar-se do teu chanisco com tucuras providentes até que nossa perversão possa explodir tua compleição robusta ingênita e possuir-te inteira com teu sabor agridoce de freguesia desejada.
Ah, vem, Iara minha, Iara nua, quero possuir-te toda de popa à proa, minha enlouquecida, minha transbordante que remexe, que se vira, se arrepia a dar-me o dorso nu, os ombros de santantonio para que eu possa probo mais diligente ocupar-me de tuas ancas, que pai-joão delicioso, que pódice saboroso, que capitel de sonhos desejados!
Ah! Iara minha, como sou feliz em fazer-te mais que lua possuída a me saciar nos teus queixumes de fogosa insone, nos teus dotes de gostosa imune, na tua alma de maravilha realizada.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais Crônica de amor por ela. Vem aí o Carnaval Folia Tataritaritatá!
quinta-feira, janeiro 10, 2008
Imagem: Nude, 1934, do fotógrafo norte-americano Edward Weston (1886-1958).
POEMAS & CANÇÕES DE AMOR POR ELA
QUANDO TE VI
Música & letra de Luiz Alberto Machado
Quando eu te vi assim de vez
perdi o que havia em mim
e no olhar fervia a lei
de não predestinar o fim
enquanto o sim
fosse o teu talvez
talvez sonhar
talvez sofrer
talvez a vida fosse assim
talvez
Quando eu te vi assim de vez
a timidez se socorreu em mim
e pela luz de tua tez
pensei haver nascido enfim
o mundo novo que eu sempre quis
talvez sonhar
talvez sofrer
talvez a vida fosse assim
talvez
mas a profundeza que esse amor chegou
se fez em flor
refloreceu em si
foi muito
o sonho
a dor o riso
a tua cor
ficou em mim.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
PS: Veja o clipe de Quando te vi e baixe esta e outras canções gratuitamente em mp3 na Trama. E veja outras canções de amor por ela.
VEJA MAIS: CARNAVAL FOLIA TATARITARITATÁ
quarta-feira, janeiro 09, 2008
Foto: Derinha Rocha.
OS SEIOS DELA
“(...) Oh! Felizardo quem te encher de leite para te fazer, de ti que és teta de donzela, teta de mulher plena e bela”. (Clément Marot, À bela teta).
Luiz Alberto Machado
Provo o mel do seu seio.
A lamber o anel do seu meneio
E a vida gira em carrossel.
Ginofagia (Poemiudinhos). In: Crônica de amor por ela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais Ginofagia. E PARTICIPE DO CARNAVAL FOLIA TATARITARITATÁ!!!
terça-feira, janeiro 08, 2008
Imagem: Love and Psyche, 1589 (Galleria Borghese, Rome, Italy) obra do pintor do maneirismo italiano Jocopo Zucchi (1540-1596).
AO REDOR DA PIRA ONDE QUEIMA O AMOR
I
O assédio de Succubus
Luiz Alberto Machado
A noite, a solidão e os devaneios. Eu lá na Montreux de Hermeto.
Do nada que sou ela surge com sua feição de mar bravio noturno, seu rosto agradável de lua cheia, seus olhos altivos de corça com as pupilas dilatadas, brilhando de excitação.
Nunca vira nada igual. Verdade, nunca!
Tinha eu a certeza de que não era um ser humano: era qualquer outra coisa próxima de um espetáculo escandaloso da natureza.
Era qualquer outra feito a mágica expressão de sensualidade e beleza: inacessível e deificada.
Cheia de graça acendeu toda minha cupidez. Quanto mistério naquela hora!
Tentei me certificar daquilo tudo: o seu jeito de quem não tarda amanhecer gozos de altruísmo, a sua memorável candura, a sua herança na aura magistral com carga de sofrimentos. Quanta majestade, elegância e realeza ao meu alcance.
Incrédulo, não conseguia desgrudar acompanhando todo seu trajeto.
Ah, quanta maravilha e satisfação essa mulher exalava para meu ser ínfimo e inútil.
Não acreditei mesmo e nem podia acreditar naquilo tudo. Só podia ser a minha sina de amar demais, de querer demais, de enlouquecer demais por amor e sempre pregando mais uma peça comigo. Não podia ser outra coisa, não podia ser. Impossível.
Eis que a cada passo ela cadenciava emanações afetuosas prometendo requebros recônditos capazes de me aprisionar na sua lascívia que saltava aos olhos.
A cada gesto havia sempre um fervor que escapava a me prometer orgasmos demolidores e loucuras estonteantes.
A cada olhar afogueado me incendiava as imediações e eu cada vez mais vítima na procela dos seus encantos.
Será possível? Não, não podia ser. Mas era.
O inacreditável é que ela me goderava circunvagando crestada com a graça do cisne e mais pronunciava o realce inesgotável de todo seu aprumo na névoa do devaneio.
O inexplicável é que ela irradiava deslizando a língua de camaleoa sobre o batom cálido dos seus lábios rubros e carnudos, oh! boca sedutora de Padmini linda e graciosa.
O inenarrável é que ela contornava o campo gravitacional para cravar nosso fuso-horário no meridiano de Greenwich.
Tudo isso para mim, eu cobaia de sua feitiçaria!
Não podia ser... não podia ser.
Não acredito em milagres, mas aquilo era algo parecido com o imensurável além da compreensão, não podia ser outra coisa. E quanto mais eu me embebedava com o seu flerte mais ela circulava no meu deslumbramento, slow motion, impune e desejada. E quanto mais eu ensandecia mais ela me provocava insinuando avançar rente ao meu sexo. E quanto mais eu entorpecia mais ela preparava o bote traçando uma circunferência com diâmetro entre perto e longe, ao meu redor. E quando seu feitiço cingiu meu peito, ela aproximou-se esquiva com o hálito perfumado das deusas incorpóreas, com o suspiro dos graus de sua paixão, com o suor das querências no verdadeiro eflúvio do corpo de mulher.
Tudo névoa de devaneio.
Manteve-se, então ela, eqüidistante entre o meu e o seu latente desejo, imantando a minha gula.
O seu olhar tácito ateava-me na provocação por incursões estratégicas por invadir-lhe completamente o corpo e a alma.
No sétimo movimento, a quarta esfera da criação cabalística fez-se luz na pira do amor ardente e insólito, surgida entre os nossos corpos perpétuos e mútuos de paixões avassaladoras.
As chamas do amor vinham como que aflogístico imorredouro.
A minha cabeça rodava. Ela inteira, linda e maravilhosa. Na minha frente! E no meio dessa labareda fitamo-nos um ao outro. Ela encostando-se no nada, por onde se elevou gradualmente uma pedra, deitando-se para que eu pudesse ficar a par de tudo, girando espalmada em decúbito dorsal. E girando mais para maior embriagues com suas vestes se esfacelando para a nudez integral. Enfim, num átimo estaciona toda loucura com seus pés ao meu alcance e todo corpo à minha frente.
Tomei a rédea sobre o seu corpo dúctil, plantei-me no fogo invisível de sua carne e comecei a me apossar daquilo tudo acariciando seus pés, tornozelo, tateando o seu tendão de Aquiles, tocando a sinuosidade de suas pernas longas da maturidade, depilada, refinada, impetuosa, estouvada.
Havia todo tipo de provocação na sua pele fina e íntegra de lótus, no corpo aveludado da flor de mostarda que mais se fazia uma fonte plena de prazer.
Não me contive e com os nervos excitados mordi sua coxa. Depois rondei a vertigem das suas pernas, beijei-lhe os joelhos, lambi suas reentrâncias no anseio de explorar o aclive do seu triângulo da luxúria. Eu, limítrofe do prazer naquele rolho; ela, buliçosa e súplice no ustório da paixão.
Ah, como eu me deleitava com seus movimentos espasmódicos, seus agudos gemidos, seu estrebuchamento incontido, enquanto eu passava meus lábios e minha língua pela cobertura de suas entrepernas, pela sacada do seu yoni, do seu botão de lótus entreaberto perfumado como o lírio recém-desabrochado, aquele odor gostoso, o conteúdo atrativo para o meu apetite insaciável por seu colo rijo, cheio e ereto.
Ah, como eu saboreava o ventre achatado dos amantes, na linda anatomia de sua região pélvica-abdominal, o seu monte de Vênus desejado. E seguia insaciável para remexer nas suas entranhas, pelas suas ninfas, pelo capuz do clitóris, seu freio, o púbio, as carúnculas himenais, o períneo, o orifício, o intróito, a cavidade uterina, toda a sua plataforma orgásmica.
Ali estava enteu, a fruta boa de chupar, a sua drupa. A minha língua era o seu manzape; suas entranhas, as encubas; e o seu prazer, o bilbode.
Ah, minha cinegética ambição ali nesse repasto regalado e sobejando o fluído de sua fonte no platô do seu prazer, deflagrando o limiar na maior ebulição pelas veredas interestelares, curando seu talho com a minha prece de amor. Era doce o seu gemido, era glorioso o seu entregar: arfante e alvoroçada até explodir violentamente e a se jogar por inteiro no meu prazer abissal. O gozo, nossa festa.
Fez-se quieta de repente e fitou-me com uma carinha de anjo. Presenteou-me um riso libertino de hetaira gratificada. Aí, beijou-me a boca com a sede eterna dos mortais.
© Luiz Alberto Machado. Direitos Reservados.
Veja mais Rol da Paixão.
segunda-feira, janeiro 07, 2008
Imagem: Nude, da fotógrafa alemã Karin Szekessy.
POETRIX DE MARIA JOSÉ LIMEIRA: AMAR, AMAR, AMAR!
“Vestida, sou dengosa. Nua, sou gostosa. Como você prefere?” (Gostosa)
“Tiro saia, calcinha, blusa e sutiã. E você é meu fã” (Strip-tease)
“Língua que sobe e desce. Quem te esquece?” (Desce)
“Eu quero você dentro de mim. Para sempre” (Sempre)
“Você rasga minha blusa e suga meu seio. Eu me parto ao meio” (Meio)
“Teu sexo quente enche minhas mãos e me escorre pelos vãos” (Teu sexo)
“O cheiro do teu sexo retesado vagueia em torno do meu rosto” (Sexo)
“Suas mãos descem e descem mais. Roubam uis e ais” (Uis e ais)
“O beijo que me jogas sobre a roupa desliza em cascata no meu ventre” (Cascata)
“O corpo que toca em mim deixa-me sempre assim. Bem molhadinha...” (Toques)
“Mastigo toda gosma do teu doce corpo e vomito esperma” (Doce Corpo)
Maria José Limeira (Ferreira) nasceu em João Pessoa-PB, Brasil, fez curso (incompleto) de Filosofia Pura na UFPB. Presa, em 1964, pelas forças da repressão, no Quartel do 15RI, abandonou seus estudos superiores,auto-exilando-se nas cidades do Rio e São Paulo, onde conviveu com os escritores Aguinaldo Silva, Vinicius de Moraes, Assis Brasil, José Edson Gomes. Conheceu, no Rio, o poeta português e crítico literário Arnaldo Saraiva, da cidade do Porto, que dedicou a ela seu livro ""Encontros/Des-encontros, amizade que perdura até hoje. Retornou à Paraíba nos anos 70, quando ingressou no Jornalismo, começando como repórter até chegar a ocupar cargos de Direção em diversos jornais, inclusive no semanário "O Momento", que ajudou a fundar. Livros publicados: "Margem", "Aldeia virgem além", "As portas da cidade ameaçada", "O lado escuro do espelho" (contos); "Olho no vidro"(novelas) e "Luva no grito" (romance). Escreveu também peças teatrais, como "Os maloqueiros", "O transplante" e "O alcoólatra". A peça "Os maloqueiros" recebeu Menção Honrosa em concurso de âmbito nacional promovido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte-MG. Atualmente, escreve um livro de "Memórias". Os poetrixs aqui publicados foram recolhidos do livro Amar Amar Amar, publicado em 2001.
Veja mais Maria José Limeira, a sua Oficina Literária e outros poetas.
sexta-feira, janeiro 04, 2008
Foto: Derinha Rocha
AH, ESSES LÁBIOS...
Luiz Alberto Machado
Ah esses lábios que me fazem morango orvalhado na gula dos seus desejos incendiários e se torna alvo perfeito pelo deleite de fruta madura na sede do meu corpo.
Ah esses lábios são parcelas alquímicas no tesão que inflama a promessa de todas as delícias recônditas dos que desejam demais.
Que molhados de gozo me carregam volúpia adentro dos sabores maciços mais apetitosos no mormaço de todas minhas lascívias de verão.
São lábios bons de beijar pela reserva de mel que prova que não sou nada além da cobiça de ser sugado pela avareza dessas fatias de prazer na felação de todas as translúcidas luzes de se ser.
São bons de chupar por serem salientes amálgamas que guardam a língua profana na festa dos meus bacos ressurgidos com sua porção mágica de me fazer homem de devaneios e subverte a banda lunar do meu vulcão ardente na orgíaca saliva que me lambuza todo na folia do sêmen que brota e renasce entre o batom da carne que beija o falo e sou sol mais que no meio-dia.
Ah esses lábios querentes e requerentes de mim onde sou inteira nau adusta do dar-se em si até finar as horas na erupção de nossas vertigens em transe.
Veja mais Crônica de amor por ela. Vem aí o Carnaval Folia Tataritaritatá! E não deixe de ver as previsões do Doro para 2008. Feliz Ano Novo!
Beijabrações!
quinta-feira, janeiro 03, 2008
Imagem: Luna Enganosa de Flora Cavalcanti.
CANÇÕES DE AMOR POR ELA
SEDE
Música & Letra de Cikó Macedo & Luiz Alberto Machado
Vem pra mim
meu coração requer você
urgente sim
Minha paixão
será você meu confim
Minha canção
será feita toda bis
pra florir o que vem de você
pra mim
E quando o beijo for seu mar em mim
vou mergulhar e me esquecer de vir
ficar bem dentro do seu coração
curtindo a paixão e ser feliz
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Letra: Luiz Alberto Machado. Música: Cikó Macedo/Luiz Alberto Machado. Gravada no álbum: Edição extraordinária de Linaldo Martins & Cikó Macedo LP 000.104 Caruaru - PE, 1994. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.
PS: baixe esta e outras canções gratuitamente em mp3 na Trama. E veja outras canções de amor por ela.
quarta-feira, janeiro 02, 2008
Foto: Derinha Rocha.
“(...) Dá-me pois mil beijos, e mais cem, e mil, e cem, e mil, e mil e cem. Quando somarmos muitas vezes mil misturaremos tudo até perder a conta: que a inveja não ponha o olho de agouro no assombro de uma tal soma de beijos”. Caio Valério Catulo (84c. - 54ª.C), Vivamos, Mea Lésbia, Atque Amenus.
LÁ
Luiz Alberto Machado
Na sua boca, o que me dera, me dará.
Vem dela na minha vela o embalo, larali, laralá.
Meu falo espera tudo nela, revela a vida, saravá.
Atravesso à vera, mendigo dela, meu beijo verá.
Ginofagia (Poemiudinhos). In: Crônica de amor por ela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais Ginofagia.
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