sexta-feira, julho 31, 2009

VERS&PROSA DE AMOR PARA A MENINA AZUL



Imagem: foto de Derinha Rocha.

SUFOCO

Luiz Alberto Machado


A alcova dela é o meu regaço, um universo mágico, imprevisível.

É onde tudo é estonteantemente aconchegante.

Na ciranda do tempo ela vai e vem, cabelo ao vento, faíscas nos olhos.

Ela se parece mais uma filha de rei inatingível, daquelas princesas do outro mundo. Mas não, eis que como uma ave alada capturada pelo fogo da minha volúpia, a namorada do tempo levita e vai pousando como uma ninfa liquefeita com sua face de lua e seus olhos de estrelas iluminadas ofuscando minha alma.

Aterrissa firme até que aos puxavanques, na marra, trago-a arremessada pro meus beijos, tronco colado um no outro, pra minha chibata – a sua vergasta.

Aí, ela com seu riso de heroína chegando, rangendo os dentes com seu dorso de égua mordendo a vida e o meu desejo com seus beijos tumultuosos e que me pertence inteira entre as minhas mãos alheias e eu nascendo na sua boca voluptuosa, valendo-me do seu soluço, da sua inquietação, de sua terra morena em êxtase na nossa dança de todos os ritmos.

Eu, o dono da situação, minhas mãos buliçosas arrancando seus grilhões e minha língua ambulante mambembe saboreando todos os seus bagos, gomos, sua seiva, seus peitos maduros, seu ventre em brasa com sua flor deliciosa com olor enfeitiçante, sua rosa cobiçada ardendo nas suas entranhas mornas e siderais onde cavouco todo canteiro de jasmins, avencas, lírios e gerânios muitos, até ficar molhada de gozo para em estado de choque, estado de graça, me agasalhar incansável, persistente, devorando o seu império agoniado, festejando estocadas aos 45 minutos do segundo tempo, com marcação cerrada na cara do gol, pressão total, até que poemas intermináveis e o ribombar de sinos ensurdecedores venham celebrar nossa entrega abissal.

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RADIO DIFUSORA



CRÔNICA DE AMOR POR ELA NA RÁDIO DIFUSORA

Gentamiga,
A partir do dia 08 de agosto, todos os sábados, às 9:30hs, o Crônica de amor por ela estará no Tataritaritatá que, a partir de então, integrará a programação da Radio Difusora, de Maceió.

É que o Tataritaritatá fará parte do Programa Alagoas Frente & Verso, espaço aberto e comandado pelo jornalista João Marcos de Carvalho. E dentro do Tataritaritatá haverá a seção “Guia de Poesia” que levará o “Crônica de amor por ela” todas as semanas para o programa.

A partir de então, todos os sábados, o programa Tataritaritatá terá 1 hora de duração, sempre a partir de 9:30hs até às 10:30hs da manhã, e apresentará músicas, noticias, informações, humor, causos, poemas, teatro, dicas de trabalhos acadêmicos, eventos & muito bate-papo na emissora.

Ouça o programa on line clicando aqui.

SERVIÇO: LUIZ ALBERTO MACHADO COM O TATARITARITATÁ NA RÁDIO DIFUSORA
Quando: Todos os sábados, a partir de 08 de agosto.
Horário: 9:30 às 10:30
Contatos: 82.8845.4611 ou pelo mail lualma@terra.com.br ou HomeLAM.



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terça-feira, julho 28, 2009

Arthur Rimbaud



Imagem: Sitzender Akt auf Kissen, 1911 do pintor do Expressionismo alemão, August Macke (1887-1914)

A POESIA ERÓTICA DE ARTHUR RIMBAUD


TERCEIRO SONETO DE "LES STUPRA"
Franzida e obscura como um ilhós
Violeta,
Ela respira, humilde,entre a relva
Rociada
Ainda do amor que desce a branda
Rampa das
Brancas nádegas até o coração da
Greta.
Filamentos iguais a lágrimas de leite
Choraram sob o vento atroz que os
Arrecada
E os impele através de marnas
Arruivadas
Até perderem-se na fenda dos
Deleites.

Beijando-lhe a ventosa, o meu sonho o fequentam
A minha alma, do coito natural ciumenta
Qual lacrimal e ninho de soluços usa-a.

É a oliva esvaída e é a flauta agreste
O tubo pelo qual desce a amêndoa celeste
Feminal Canaã em seios rocios reclusa.
(trad. José Paulo Paes)

PRIMEIRA TARDE

Era bem leve a roupa dela
E um grande ramo muito esperto
Lançava as folhas na janela
Maldosamente, perto, perto.

Quase desnuda, na cadeira,
Cruzavas as mãos, e os pequeninos
Pés esfregava na madeira
Do chão, libertos finos, finos.

— Eu via pálido, indeciso,
Um raiozinho em seu gazeio
Borboletear em seu sorriso
— Mosca na rosa — e no seu seio.

— Beijei-lhe então os tornozelos.
Deu ela um riso inatural
Que se esfolhou em ritornelos,
Um belo riso de cristal.

Depressa, os pés na camisola
Logo escondeu: "Queres parar!"
Primeira audácia que se implora
E o riso finge castigar!

Sinto-lhe os olhos palpitantes
Sob os meus lábios. Sem demora,
Num de seus gestos petulantes,
Volta a cabeça: "Ora, esta agora!..."

"Escuta aqui que vou dizer-te..."
Mas eu lhe aplico junto ao seio
Um beijo enorme, que a diverte
Fazendo-a rir agora em cheio...

— Era bem leve a roupa dela
E um grande ramo muito esperto
Lançava as folhas na janela
Maldosamente, perto, perto.
(Tradução: Ivo Barroso_

ADORMECIDO NO VALE

É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.

Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,
Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.

Com os pés entre os lírios, sorri mansamente
Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.

E já não sente o odor das flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do lado direito.
(Trad.: Ferreira Gullar)

SENSAÇÃO

Pelas noites azuis de verão, irei nos caminhos,
Picoté pelos trigos, pisar a erva pequena:
Rêveur, sentirei o frescor tenho os meus pés.
Deixarei o vento banhar a minha cabeça nua.

Não falarei, não pensarei nada:
Mas o amor infinito montar-me -á na alma,
E irei adiante, bem distante, como um bohémien,
Pela natureza, felizes como uma mulher.

PRIMEIRA NOITE

Extremamente era despida
E grandes árvores indiscretas
Às vidraças lançavam eles feuillée
Malinement, muito perto, muito perto.

Sentado sobre a minha grande cadeira,
Seminua, juntava-se às mãos.
Sobre o pavimento frissonnaient de vontade
Os seus pequenos pés tão finos, tão finos.

Olhei, cor de cera,
Um pequeno raio buissonnier
Cintilar no seu sorriso
E sobre o seu seio, mosca rosier.

Beijei as suas finas cavilhas.
Teve suave rire brutal
Quem cortava-se cachos em claros trilles,
Bonito rire de cristal.

Os pequenos pés sob a camisa
Salvaram-se: <>>
A primeira audácia autorizada,
Rire fingia ao punir!

Pauvrets palpitante sob o meu lábio,
Beijei devagar os seus olhos:
Lançou a sua cabeça mièvre
De trás: <>
O Sr., tenho duas palavras a dizer-lhe… >>
Lancei-lhe o resto ao seio
Num beijo, que fez-o rir
Bom rire que bem queria…

Extremamente era despida
E grandes árvores indiscretas
Às vidraças lançavam eles feuillée
Malinement, muito perto, muito perto.

VÉNUS ANADYOMÈNE

Como um caixão verde estanhar, uma cabeça
De mulher à cabelos morenos fortemente pommadés
De uma velha banheira emerge, lento e bête,
Com défices bastante mal emendados;

Seguidamente o colo gordo e cinzento, as largas omoplatas
Quem sobressaem; a costas correm que retorna e que surge;
Seguidamente as redondezas dos rins parecem tomar I' desenvolvimento
A gordura sob a pele parece em folhas planos;

A espinha dorsal é ligeiramente vermelha, e o todo sente um gosto
Horrível étrangement; observa-se sobretudo
Singularités que é necessário ver! a lupa…

Os rins levam duas palavras gravadas: Clara Vir;
- E qualquer este corpo remue e estica seu largo croupe
Bonito hediondamente de um úlcera ao ânus.

O BARCO ÉBRIO

Como descesse ao léu nos Rios impassíveis,
Não me sentia mais atado aos sirgadores;
Tomaram-nos por alvo os Índios irascíveis,
Depois de atá-los nus em postes multicores.

Estava indiferente às minhas equipagens,
Fossem trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando morreu com a gente a grita dos selvagens,
Pelos Rios segui, liberto desta vez.

...................................

Mais doce que ao menino os frutos não maduros,
A água verde entranhou-se em meu madeiro, e então
De azuis manchas de vinho e vômitos escuros
Lavou-me, dispersando a fateixa e o timão.

Eis que a partir daí eu me banhei no Poema
Do Mar que, latescente e infuso de astros, traga
O verde-azul, por onde, aparição extrema
E lívida, um cadáver pensativo vaga;

...................................

Se há na Europa uma água a que eu aspire, é a mansa,
Fria e escura poça, ao crepúsculo em desmaio,
A que um menino chega e tristemente lança
Um barco frágil como a borboleta em maio.

Não posso mais, banhado em teu langor, ó vagas,
A esteira perseguir dos barcos de algodões,
Nem fender a altivez das flâmulas pressagas,
Nem vogar sob a vista horrível dos pontões."

SONETO DO OLHO DO CU

De Artur Rimbaud & Paul Verlaine

Obscuro e franzido como um cravo roxo,
Humilde ele respira escondido na espuma,
Úmido ainda do amor que pelas curvas suaves
Dos glúteos brancos desce à orla de sua auréola.
Uns filamentos como lágrimas de leite,
Choraram ao vento inclemente que os expulsa,
Passando por calhaus de uma argila vermelha,
Para escorrer por fim ao longo das encostas.
Muita vez minha boca uniu-se a esta ventosa,
Sem poder ter o coito material, minha alma
Fez dele um lacrimário, um ninho de soluços.
Ele é a tonta azeitona, a flauta carinhosa,
Tubo por onde desce a divina pralina,
Canaã feminino que eclode na umidade.
(Trad. José Miguel Wisnik)

ARTHUR RIMBAUD – Jean-Nicolas Arthur Rimbaud nasceu em 20 de outubro de 1854, em Charleville, nas Ardenas. Sua precocidade revelou-se no Colégio de Charleville, onde surpreendeu mestres e colegas com sua inteligência excepcional que o levava a traduzir poesias latinas. Com 15 anos publicou seu primeiro poema. Com o fim da guerra cresce seu desejo de viver em Paris para onde vai em setembro de 1871. Às vésperas de sua partida escreve Le bateau Ivre, uma de suas obras-primas. Na capital francesa conhece Paul Verlaine com quem teria uma conturbada relação. A agressividade em seus contatos com os meios literários, a vida boêmia e o uso de drogas caracterizam sua conduta em Paris. Lá viveu menos de seis meses, voltando em fevereiro de 1872 para Charleville. Retorna a Paris a pedido de Verlaine e seguem juntos para a Bélgica, permanecendo algumas semanas em Bruxelas. Depois de sucessivas brigas separam-se. No final de 1872 Rimbaud termina Un saison en enfer e dois anos depois Illuminations, encerrando, aos 20 anos, sua carreira literária. Começa a viver uma nova existência, entre mistérios sucessivos. Nos anos seguintes percorre toda a Europa. Em 1880 vai para a Abissínia trabalhar no comércio de marfim, café e peles. No início de 1891 nasce um tumor em seu joelho direito que provoca dores terríveis. Volta a França para se operar e é diagnosticado que ele está com câncer. Sua perna é amputada. Internado pela segunda vez morre em novembro de 1891, aos 37 anos.

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sábado, julho 25, 2009

VERS&PROSA DE AMOR PELA MENINA AZUL



Imagem: foto de Derinha Rocha

DESPREVENIDA

Luiz Alberto Machado

Desprevenida. Assim, desavisada, sem vigilância ou espantalho, descuidada, cantarolando seu solitário afazer.

Imperceptível eu conferia todos os seus gestos indefesos remexendo concentrada no seu labor.

Assim, por instantes, logo e sem alarde, fui silentemente acompanhando cada detalhe dos seus movimentos, ao mesmo tempo que imaginava sua defesa pegando borboleta, seus flancos desguarnecidos de qualquer resistência, sua expressão desligada do mundo.

Eu, senhor absoluto, dos pés à cabeça, pronto para invadir seu parque de diversão e me esbaldar faturando alto, quebrando recorde, furtivo, ladinho, suingue de camisa 10 fazendo estrago na sua arrumação e polidez, candidato ao título de maior craque do seu coração, domando seus movimentos, desejos, beijos, abraços, intenções, verdadeiramente encurralada pela minha vil possessão.

Bão demais!!!!!

Não é diferente e submissa entrega o reino dos céus de mão beijada para a minha completa posse misturando lábios, gozo, braços e pernas, até nos perder de nós mesmos e nos encontrarmos um no outro realizado.

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quinta-feira, julho 23, 2009

PAUL VERLAINE



Imagem: The Noble Woman (Te arii vahine), 1896, do pintor do Pós-Impressionismo francês Paul Gauguin (1848-1903)

OS ERÓTICOS POEMAS DE PAUL VERLAINE (1844-1896)

HOMENAGEM DEVIDA

Deito-me de comprido no seu leito morno.
A claridade do dia está mais de acordo.
Com a ânsia obscena de prolongar, à luz crua,
O noturno festim, pois a luz acentua
O afinco, a fúria do nabo, e vai nisso tudo
Uma estranha vontade de fazer-se galhudo.
Nua em pelo, ela se agacha sobre o meu rosto
Para ser lambida: ontem me portei a gosto
E esta será (boa, ela, alem do que pensa)
A minha paga, a minha real recompensa.
Eu disse real, devia dizer divina:
Nádegas de carne sublime e pele fina,
Branco, puro perfil de azuladas nervuras,
Sulco de intenso perfume, a rosa sombria,
Lenta, gorda, e o poço do amor, as iguarias!
Fim do festim, de sobremesa a cona, a lira
Em cujas pregas, cordas, a língua delira!
E essas nádegas ainda, lua de dois
Quartos, alegre e misteriosa, em que depois
Irei alojar os meus sonhos de poeta,
Meu terno coração e meus sonhos de esteta!
E amante, ou melhor, amo em silêncio obedecido,
Reina ela sobre mim, o seu servo rendido.
(trad. José Paulo Paes)

PER AMICA SILENTIA

O alvo cortinado de musselina
Que o reflexo fraco da luminária
Faz parecer uma vaga opalina
Na sombra lassa e misteriosa,
Os longos cortinados de Adelina
Ouviram, Clara, a tua voz risonha
Tua voz suave, meiga e cristalina
Que uma outra voz enlaça, furiosa.
“Amar, Amar!” diziam essas vozes,
Clara, Adelina, presas adoráveis
Do nobre voto das almas sublimes.
Amai! Amai! Ó caras eremitas,
Pois nesses dias malditos, pelo menos
O glorioso Estigma vos distingue.
(Tradução de Heloisa Jahn)

ARIETA

Chora o meu coração
Como chove na rua;
Que lânguida emoção
Me invade o coração?
Ó frio murmúrio
Nas telhas e no chão!
Para um coração vazio,
Ó aquele murmúrio
Chora não sei que mal
Meu coração cansado.
Um desengano? – Qual!
É sem causa este mal
É a maior dor – dói tanto -
Não se saber por que,
Sem ódio ou amor, no entando,
O coração dói tanto.
(tradução de Guilherme de Almeida)

MORAL ABREVIADA

Uma nuca de loura e de graça inclinada,
Um colo que arrulha, belos, lascivos seios,
Com medalhões escuros na mama afogueada,
Esse busto se assenta em baixas almofadas
Enquanto entre duas pernas para o ar, vibrantes,
Uma mulher se ajoelha - ocupada com quê?
Amor o sabe - expondo aos deuses a epopéia
Singela de seu cu magnífico, um espelho
Límpido da beleza, que ali quer se ver
Pra crer. Cu feminino, que vence o viril
Serenamente - o de efebo e o infantil.
Ao cu feminino, supremo, culto e glória!
(Tradução de José Paulo Paes).

BILHETE PARA LILY

Minha jovem compatriota,
Eu gostaria que viesses
Esta noite, me visitar.
Quero uma farra escandalosa,
Com beijos grandes e pequenos
Para os meus grandes apetites!
E os teus, será que são menores?
Primeiro vou beijar teus lábios,
Todos! É o prato que prefiro
E o jeito como faço a coisa
(E as outras todas de que gosto)
É guloso e compenetrado.
Hás de passar os teus dedinhos
Na minha barba de profeta
Enquanto acaricio a tua.
Depois, em teu colo de lírio
Que meu ardor cobre de rosas,
Hei de pousar a boca ardente;
Meus braços vão entrar no jogo
Tontos, em volta das delícias
Que estão abaixo da cintura.
As mãos, depois de derrotarem
A ira fingida de suas mãos,
Darão palmadas carinhosas
No teu traseiro, onde haverá
Novo embate, depois porei
A gravidade no teu centro…
Sou eu quem bate. Ai, grita: Entra!
(traduzido por Heloisa Jahn)

GOSTOS IMPERIAIS

Assim como Luís XV, não gosto de perfumes.
Só posso suportá-los no justo limite.
Na cama, por favor, nem frascos nem sachês!
Mas ah, que um ar singelo e picante flutue
Ao derredor de um corpo, desde que me excite;
E meu desejo preza e minha ciência aprova
No corpo apetecido, quando se desnuda,
O odor da picardia, o odor da puberdade
E o hálito excelente das belas maduras.
Mais: me fascinam (cala, moral, essa arenga)
Como dizer? Essas exalações secretas
Do sexo e arredores, antes e depois
Do abraço celestial e durante as carícias,
Sejam elas quais forem, devam ou pareçam.
Mais tarde, sonolento, com o olfato lasso,
Saciado de prazer, como os outros sentidos,
Quando meus olhos vão morrendo noutro rosto,
Quase extinto também, lembrança e previsão
Do entrelaçamento das pernas e braços,
Da união dos pés nos lençóis úmidos, vermelhos,
Sobe desse langor de agradável volúpia
Tanta humanidade que dá um certo embaraço
Mas tão bom, tão bom, que dá ganas de comer!
Como é possível desejar, por cima disso,
Uma fragrância estranha, de planta, de besta,
Mudando a percepção, confundindo os sentidos,
Quando disponho, para aumentar a volúpia,
Da quintessência, exatamente, da beleza!

OS DESCUIDOS DA VIDA

Nádegas, alma, mãos, meu ser todo em roldão,
Dorso, memória, pés, peito, nariz, orelha
E a fressura, tudo entoa uma canção
E uma roda viva em mim se destrambelha.
Canção, dança de roda, ambas uma demência
Mais qu'infernal, divina, ou vice-versa, enfim,
Onde voo e mergulho, e numa turbulência,
No bafo e suor seus já me perco em mim.
Meus dois Charles, um, jovem, tigre, olhar de gata,
Rosto quase infantil e corpanzil de hussardo;
O outro, um mocetão, só descarado acata
O meu rego a correr, bem fundo, pró seu dardo.

PAUL VERLAINE – O poeta francês Paulo Marie Verlaine (1844-1896), viveu uma intensa e turbulenta relação com poeta Arthur Rimbaud que resultou numa aventura de muitas viagens e tentativa de homicídio. É quando o poeta vira alcoólatra, se hospitalizando com freqüência até falecer.

FONTE:
PAES, José Paulo. Poesia erótica em tradução. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
SILVA, Karla Noronha. A poesia erótica verlainiana. Curutiba: UFP, 2007.

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terça-feira, julho 21, 2009

JADE DANTAS



Imagem: A beleza das águas, de Pedro de Sá.

OS SENSUAIS VERSOS PELO AVESSO DE JADE DANTAS

LEMBRANÇAS

Lembras? Da minha face, da alegria,
Na primeira noite de nós dois?
Há tanto te esperava.
Há tanto te queria.
Havia o sol, naquela noite,
Nascia em nosso peito
Iluminando tudo.
Havia um mundo a nos esperar
No lago dos teus olhos
A sussurrar em pequenos gestos.
Poderias sentir as caricias
Da minha mão
A tocar tua pele. Lembras?

MADRUGADA

A chuva acende palavras
De ontem no sono.
A madrugada em teus olhos de distâncias.
O corpo e todos os signos do desejo
À tua espera.
O ontem aquece (ainda) o meu agora,
No tempo sem tempo insinuado.

REFÚGIO

Sei dos carinhos que guardo, seu do pranto
E das palavras jamais pronunciadas.
Quero te dar todo o código desta minha loucura.
Dá sentido aos absurdos
Bem ser o meu refúgio.
Não em deixa mais dormir com estas mãos vazias.
Toma o vinho do meu beijo,
Come o pão do meu corpo
Fala-me de amor e de uma entrega sem retorno.

INUSITADOS REINOS

Em noites de levitação,
Dissolves teu rosto
Em minhas mãos.
Sargaços e luas
Reinado de fogo e sementes
No sangue.
Ramificaram-se nas artérias
E aquecem-se de segredos
Mesmo sem tempo nem canções.

CANTO DA MADRUGADA

Adormeci teus gestos no azul.
Não te amei
Pelo corpo de fogo e ardências
Rendi-me ao que tens
De invisível.

PRIMAVERA

Surgiste de repente – sinfonia –
A mim que só sabia de silencio
De noites e dias onde a vida passava –
Apenas passava –
Em vão.
Até encontrar-te
E me tocares.
Sinfonia
A mim que só sabia de silêncio.
Teus olhos me escalaram
E senti que o tempo é breve
E poderia
Jamais tornar minha a primavera.

VORAGEM

Meu vôo de palavras tem sempre o destino
Dos teus olhos mesmo desviadas.
Guarda a certeza
De porto de chegada.
Se acontecer, toma-as de leve
Ao encontro dos teus dedos.
Recolherão as asas e sossegarão
Encantadas,
Levando ainda em si
Um pouco desta voragem.

EXILIO

A ânsia do corpo
A deslizar em minhas coxas
E eu, fingindo magistralmente,
Ser tua a mão que me acaricia
E fingindo que é poesia
A voz que sussurra ao meu ouvido.

PRESENÇAS

Recusas-te a ser poente
E continuas manhã
Olhos de nuvens
Questiono ao vento
Que me desmancha os cabelos:
Onde deslizará, nesta manhã de sou,
A caricia da tua mão?

INSANIDADE

Vem feito sorvete de morango,
Feito mel de engenho.
Acaricia meu corpo
Com a insanidade dos teus beijos.

ELA É ASSIM

Ela gosta
De atropelar o enredo.
Elas diz que vive a vida intensamente
E qualquer dia vai morrer
Como uma bala no baixo ventre.

BLUES

Durante os dias éramos risos, danças
E brincadeiras. Tontos de felicidade,
Cantando a mesma canção.
Nas noites, descobríamos os casminhos
Dos toques, das sedas e ardores.
Mãos de carinhos, flutuávamos
Perdidos de nós.
Teus olhos a me fitar, embriagados
De prazer, cantavam silenciosos blues
Nas madrugadas.

FASCÍNIO

No mar bravio,
Diluo-me
Mansa enseada nos teus braços.
Deslizas em meu corpo,
Sem rumo.
Sou remoinho,
Sem inicio e sem final.

VERTIGENS

A visão do teu corpo
Os músculos exatos
E a indiscreta libido
Me incendeia, inteira.
Vertigens, precipitando
Minha resistência
(já tão esquecida)
Totalmente vencida
E devassa em teus braços.

CÃNTICO

Tocaste-me
Com a pureza
E a ardência da espera.
Levei-te comigo
Como um crente,
Celebrando o milagre da vida.
Eternamente.

TRANSPARENTE

A poesia me desnuda,
Arranca mascaras.
A poesia me coloca,
Transparente,
Nua, nua,
No olho da rua.

LANGUIDEZ

As luzes (que acendeste)
Perderam-se, enevoadas
Estrelas em noites de trovoada.
Sinto-as retornando
Em noites de levitação e sonho.
Meu corpo volta a flutuar
Na beleza da musica doce,
Inesquecível, do corpo teu.
Sempre retornas, poesia,
Olhos, voz,
E percorro o contorno inteiro
Ardente como na ultima vez.
O mesmo olhar incendiado.
As noites trazem o delírio dessa presença
De nós dois, desatinados.

DIMENSÃO

Hoje,
Só queria bailar na tua pele,
Absorver o tempo e a tua dimensão
Bailar, apenas
Teus olhos nos meus,
Os lábios leves para tua sede.

QUERO TUA VOZ

Quero a voz tua. Mesmo distante
da minha. A boca que enlouquece,
abismo desejado. Não o silêncio,
fonte seca onde agoniza o sonho.

Mudos. Palavras desfeitas em ausência.
Provoco então, com um soneto atrapalhado,
pedra jogada no lago. Te quero aroma,
perfume de ternura, branda espuma,

quero tua voz. Um dia te aceitarei silêncio.
E me recolherei nesse silêncio. Vibrando
em noites de embriaguez. Sem passado,

sem palavras. Mudos lábios, quietos ventos.
Apenas murmúrios. Inúteis palavras. Um dia
bastarão os sentidos, querido. Bastaremos.

SUBLIMAÇÃO

Encontra-me no beijo
que te envio.

Toca a espera do meu corpo
a sonhar o teu.

Flutua, amado,
entre mim e o que és.

JADE DANTAS – a poeta paraibana radicada em Recife, Jadiceli Dantas, é arquiteta, bailarina clássica, pára-quedista e adora tocar violão. Ela é autora do livro “Pelo Avesso”, publicado em 2008 e editora do blog Arasbesque de sonhos.

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sexta-feira, julho 17, 2009

VERS&PROSA DE AMOR POR ELA



Imagem: foto de Derinha Rocha.

BIZIGA


Luiz Alberto Machado


Insatisfeita ela sempre está.

Pudera, não há nada mais que o amor no seu mundo. E parece querer sempre mais do que posso lhe dar. Insaciável, uma fonte inesgotável, sempre recheada e explodindo de prazer.

É claro que não me farto de estar o tempo inteiro enfiado nos seus colossais guardados, sempre tirando proveito e me esgueirando sempre mais que meu próprio privilégio, sempre mais que meu merecimento.

Confesso, ela é sempre demais. Além da conta. E mais quer, mais exige, mais pede, mais chega com manha, aumentando o dengo, se derretendo carinhosamente para cada vez mais me aprisionar nas suas garras amorosas.

Não há como resistir, mesmo quando ela se mostra irritada com a minha inadimplente presença, embora eu sempre esteja à disposição de satisfazê-la, fogo queimando, explosões siderais. Mas, tem sempre um porém: ela quer mais e eu tome, sua danada! Tome, tome! E lascando tudo, quebrando todos os limites, batendo todos os recordes.

Quer mais? Besteira perguntar e tome mais! Isso é um poço sem fundo? Inesgotável, reitero.

Por isso sempre insatisfeita e resmungona vai ficando. E quanto mais contrariada, mais nua. A cada insatisfação mais cai uma alça da blusa, mais seus passos largos sobem um centímetro a mais na saia acima das coxas, mais o decote vai inflamando minha gula, mais o seu olhar vai ficando aceso de luxuria, mais a sua boca se torna sedenta, mais seus seios incham prazerosos, mais seu ventre se avoluma na minha predileção, tudo mais e muito mais até que eu me enfio e a submeto a todos os meus caprichos que só conduzem ao prazer mútuo e a salvação de nós dois.

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quinta-feira, julho 16, 2009

CHARLES BAUDELAIRE



Imagem: Estudo de mulher, de Rodolfo Amoedo (1857—1941)

ALGUMAS POESIAS ERÓTICAS DE CHARLES BAUDELAIRE ((1821 - 1867)

AS PROMESSAS DE UM ROSTO

Amo, ó pálida beleza, os teus cenhos curvados
Que dão às trevas todo o império;
Teus olhos, embora negros, me inspiram cuidados
Que não têm nada de funéreos.

Teus olhos, que imitam a negrura dos cabelos,
Da tua longa crina elástica,
Teus olhos langues me dizem: “Amante, se os apelo
Queres seguir da musa plástica

Que infundimos no te seu, ou tudo que contigo
Em matéria de gosto trazes,
Poderás ver, desde as nádegas até o umbigo,
Que nós te fomos bem verazes;

Encontrarás, sobre dois belos seios pontudos,
Dois grandes medalhões de bronze,
E sob o ventre liso, macio como veludo,
Amorenado como bronze,

Um rico tosão que à tua enorme cabeleira
Copia no negrume e na espessura;
De tão sedoso e encrespado, ele te iguala inteira,
Noite sem astros, noite escura!”
(Tradução José Paulo Paes)

FLORES DO MAIL - XXVII

Porias o universo em teu bordel,
mulher impura! O tédio que te faz cruel.
Para treinares os dentes neste jogo singular,
Terás a cada dia um coração a devorar,
Teus olhos a girar assim como farândolas,
De festas de fulgor a imitar as girândolas,
Exibem com insolência uma vã nobreza,
Sem conhecer jamais a lei de sua beleza!
Máquina cega e surda e de um cruel fecundo!
Instrumento a beber todo o sangue do mundo,
Já perdeste o pudor e ao espelho não viste
Tua beleza cada vez mais murcha e triste?
A grandeza de um mal que crês saber tanto
Nunca pôde fazer-te retroceder de espanto,
Na hora em que a natureza em desígnios velados,
De ti se serve, mulher, ó deusa dos pecados,
- A ti, vil animal – para um gênio formar?
Ó grandeza da lama! Ó ignomínia exemplar!
Charles Baudelaire
(Tradução de Pietro Nassetti)

ELEVAÇÃO

Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
Por sobre o éter e o mar, por sobre o bosque e o monte,
E muito além do sol, muito além do horizonte,
Para além dos confins dos tetos estrelados,
Meu espírito, vais, com toda agilidade,
Como um bom nadador deleitado na onda,
Sulcas alegremente a imensidão redonda,
Levado por indizível voluptuosidade.
Bem longe deves voar destes miasmas tão baços;
Vai te puruficar por um ar superior,
E bebe, como um puro e divino licor,
O claro fogo que enche os límpidos espaços.
E por trás do pesar e dos tédios terrenos
Que gravam de seu peso a existência dolorosa,
Feliz este que pode de asa vigorosa
Lançar-se para os céus lúcidos e serenos!
Aquele cujo pensar, como a andorinha veloz
Rumo ao céu da manhã em vôo ascensional,
Que plana sobre a vida a entender afinal
A linguagem da flor e da matéria sem voz!
Charles Baudelaire
(Tradução de Pietro Nassetti)

A UMA DAMA CRIOULA

No país perfumado, a um sol de fogo e pena,
Conheci sob dossel de árvores purpurado,
E de palmas de onde o ócio ao nosso olhar acena,

Uma dama crioula e de encanto ignorado.
De tez pálida e quente, a mágica morena
Tem no seu colo um ar, sempre o mais requintado;
Vai como a caçadora e é imponente e serena,
Seu sorriso é tranqüilo e seu olhar confiado.

AS METAMORFOSES DO VAMPIRO

E no entanto a mulher, com lábios de framboesa
Coleando qual serpente ao pé da lenha acesa,
E o seio a comprimir sob o aço do espartilho,
Dizia, a voz imersa em bálsamo e tomilho:
- "A boca úmida eu tenho e trago em mim a ciência
De no fundo de um leito afogar a consciência.
As lágrimas eu seco em meios seios triunfantes,
E os velhos faço rir com o riso dos infantes.
Sou como, a quem me vê sem véus a imagem nua,
As estrelas, o sol, o firmamento e a lua!
Tão douta na volúpia eu sou, queridos sábios,
Quando um homem sufoco à borda de meus lábios,
Ou quando os seio oferto ao dente que o mordisca,
Ingênua ou libertina, apática ou arisca,
Que sobre tais coxins macios e envolventes
Perder-se-iam por mim os anjos impotentes!"

Quando após me sugar dos ossos a medula,
Para ela me voltei já lânguido e sem gula
À procura de um beijo, uma outra eu vi então
Em cujo ventre o pus se unia à podridão!

Os dois olhos fechei em trêmula agonia,
E ao reabri-los depois, à plena luz do dia,
Ao meu lado, em lugar do manequim altivo,
No qual julguei ter visto a cor do sangue vivo,
Pendiam do esqueleto uns farrapos poeirentos,
Cujo grito lembrava a voz dos cata-ventos
Ou de uma tabuleta à ponta de uma lança,
Que nas noites de inverno ao vento se balança.

CHARLES BAUDELAIRE (1821 - 1867) – o escritor, tradutor, critico de arte e poeta francês, Charles Baudelaire, teve seus poemas execrados por seus professores, por se tratar de textos que era exemplo da devassidão precoce. Solitário, ele recheou sua obra de melancolia, um dândi que se inspirou na Jeanne Duval, a paixão de sua poesia “La Chevelure”. Extravagante, foi presa fácil para agiotas e bandidos. Manteve-se com seu temperamento isolacionista e desesperador, fruto de sua adolescência conturbada e que ele apelidou de "spleen" retornou e se tornou cada vez mais freqüente. Em outubro de 1845, compilou "As Lésbicas" e em 1848, "Limbo", obras que representam a agitação e a melancolia da juventude moderna. Inspirado pelo exemplo do pintor Eugène Delacroix, ele elaborou uma teoria da pintura moderna, convocando os pintores a celebrarem e expressarem o "heroísmo da vida moderna". Em 1847, ele descobriu um escritor norte-americano obscuro: Edgar Allan Poe. Impressionado pelo que leu e pelas similaridades entre os escritos de Poe com seu próprio pensamento e temperamento, Baudelaire decidiu levar a cabo a tradução completa das obras do norte-americano, trabalho este que lhe tomou boa parte do resto de sua vida. Entre 1852 e 1854, ele dedicou vários poemas à Apollonie Sabatier, sua musa e amante apesar da reputação de cortesã da alta-classe. Em 1854, Baudelaire manteve um caso com a atriz Marie Daubrun. Ao mesmo tempo, sua fama como o tradutor de Poe aumentava. Como toda polêmica sempre é benéfica, "As Flores do Mal" se tornou um marco por sua obscenidade, morbidez e devassidão. A lenda de Baudelaire como um poeta maldito, dissidente e pornográfico nasceu. Em 1861, Baudelaire tentou se eleger à Academia Francesa mas foi fragorosamente derrotado. Em abril de 1864, ele deixou Paris para se instalar em Bruxelas, onde tentaria persuadir um editor belga a publicar suas obras completas. Lá ficou, amargurado e empobrecido até 1866, quando após um ataque epilético na Igreja de Saint-Loup at Namur, sua vida mudou. Baudelaire teve uma lesão cerebral que lhe ocasionou afasia (perda da capacidade de compreensão e de expressão pela palavra escrita ou pela sinalização, assim como pela fala) e paralisia. O dândi nunca mais se recuperou. Retornou a Paris no dia 2 de julho, onde ficou em uma enfermaria até sua morte. Em 31 de agosto de 1867, aos 46 anos, Charles Baudelaire morreu nos braços de sua mãe. Quando a morte o visitou, Baudelaire ainda mantinha vários de seus trabalhos não publicados e os que já haviam saído estavam fora de circulação. Mas isto rapidamente mudou. Os líderes do movimento Simbolista compareceram ao seu funeral e já se designavam como seus fiéis seguidores. Menos de 50 anos após a sua morte, Baudelaire ganhou a fama que nunca teve em vida: havia se tornado o maior nome da poesia francesa do século 19. Conhecido por sua controvérsia e seus textos obscuros, Baudelaire foi o poeta da civilização moderna, onde suas obras parecem clamar pelo século 20 ao invés de seus contemporâneos. Em sua poesia introspectivaele se revelou como um lutador a procura de deus, sem crenças religiosas, procurando em cada manifestação da vida os elementos da verdade, de uma folha de uma árvore ou até mesmo no franzir das sobrancelhas de uma prostituta. Sua recusa em admitir restrições de escolha de temas em sua poesia o coloca num patamar de desbravador de novos caminhos para os rumos da literatura mundial. Fontes: - Enciclopédia Britannica - Site da Universidade de Londres.

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segunda-feira, julho 13, 2009

ANNE VALENTINE



Imagem: Beautiful legs, de Pedro Nossol.

A ESPANHA DE ANNE VALENTINE

(dedicado à todas as mulheres que nunca desistem de si e se permitem sonhar sem medo)

CAPÍTULO I - O Casamento

É noite de festa Venícia está reluzente, o coração palpitante, e já está atrasada mais de 1H para entrar na igreja que está lotada e um comentário geral toma conta do lugar. Todos falam do bom casamento que a família de Venícia está fazendo se unindo a família do noivo.
Ela com 25 anos formada em Direito e com uma bela carreira prestes à começar, largou tudo para se casar com Carlos, 28 anos empresário de uma rede de hotéis.
Carlos é um bom homem, gentil, educado, charmoso, mas trabalha demais, é distante e não permite que a esposa trabalhe.
Venícia se casou consciente disso e aceitava bem, estava encantada com aquele homem e com a boa vida que teria ao seu lado. Tinha certeza de que ele era o homem da sua vida, e que 1 ano de relacionamento mostrava bem isso, mostrava que seriam muito felizes.
Tudo foi deixado para trás; amigos, passeios em grupo, família. Foram morar em Nova Iorque, cidade dos negócios.
Os anos foram se passando e o casal se distanciando.
Carlos ficava cada vez mais rico, cada vez mais longe, mais distante da esposa. Não tinham filhos ainda porque ela não achava certo ter um filho e ter que criá-lo sem um pai presente.
Ele era mão aberta, não regulava a vida pessoal e a financeira da esposa, mas era ausente demais, era desligado demais, do tipo que se ela hoje estivesse de cabelo preto e amanhã loira, ele nem percebia.Isso a incomodava e fazia se sentir cada vez mais sem importância na vida dele.
A vida sexual do casal era morna desde o namoro e depois do casamento esfriou por completo.
Venícia apesar de amar o marido e gostar da sua companhia, não o
desejava mais como homem e toda vez que transavam, ela rezava para que terminasse logo, era uma tortura para ela. E assim se passaram 5 anos.
Nos últimos anos ele vinha para a casa apenas 1 ou 2 vezes por semana.
Ela já não tinha mais vida social, não tinha amigos verdadeiros com quem contar, estava solitária e triste.
Com o passar do anos ela definhou, deixou de ser vaidosa, perdeu a autoestima e se escondia debaixo de roupas que não convinham para uma mulher tão jovem.

CAPÍTULO II - A Viagem

Seu marido numa das poucas voltas para a casa propôs que ela fizesse uma viagem para qualquer lugar que lhe agradasse, pois ele logo partiria para a França inaugurar mais 3 hotéis e talvez não voltasse em menos de 2 meses.
Ela não teve reação nenhuma, já estava acostumada com as inúmeras viagens dele. Mas se animou um pouco pois fazia algum tempo que planejava conhecer a Espanha.
Na semana que precedeu a viagem ela se entusiasmou e esperou ansiosa até o dia do embarque.
Venícia falava fluentemente o espanhol entre tantas outras línguas que ela conhecia bem.
Apesar de ter muito dinheiro para pagar pelos luxos de qualquer hotel caríssimo, ela optou por sair da mesmice, optou por uma viagem aventureira de mochileiro. E foi se preparando psicologicamente para dormir em albergues, pensões e até trabalhar para pagar a hospedagem, mas não deixou de levar os seus cartões que estavam sempre ali prontos para serem usados em qualquer emergência, se acaso não conseguisse levar sua aventura adiante.
Numa segunda-feira ela desembarcou em Madri e seguiu direto para a província de Cáceres, local antes pesquisado e escolhido a dedo.
No final da terça-feira ela estava alojada em uma pensão simples e linda que oferecia quartos com cozinha e TV, não tinha telefone e se parecia muito com uma grande fazenda.
Cansada mas muito animada ela arrumava as suas coisas de higiêne pessoal no banheiro quando derrubou os absorventes dentro do vaso sanitário e no desespero deu descarga pensando que assim resolveria o problema. Mas para a sua surpresa ela descobriu que tinha entupido o banheiro. Desceu reclamar e descobriu que todos os outros quartos estavam ocupados, ela teria que esperar até desentupirem e utilizar o banheiro do quarto vizinho que também estava ocupado.
Nesta pensão nem tinha como reclamar, não era como os hotéis caríssimos que ela conhecia, que bastava uma ligação e todo o seu problema estava resolvido.
Subiu pisando duro mas consciente de que se estava disposta a aventura, ela acabara de começar.
Entrou de sopetão no quarto e deu de cara com uma barata enorme que a imobilizou de início e depois saiu desesperada andando para trás e gritando.
Que susto ela levou quando se chocou em algo e caiu no corredor. Outro susto levou quando se viu sendo levantada por um típico espanhol de pele bronzeada, com traços fortes e marcantes, apenas de toalha na cintura tentava acalmá-la e levantá-la.
- O que acontece com a moça? Porque o escândalo? Saí correndo achando que iria encontrar um bandido te atacando.
No nervosismo ela pronunciava em inglês, espanhol, português, e só parou quando ele pediu calma para poder entendê-la, ai ela falou em espanhol.
- Me desculpe, é que ....- ela parou para observar os traços e formas do belo espanhol, os olhos, os braços, as mãos. E se envergonhou por não ser discreta e parecer boba, corou e continuou. - Não foi nada, me dê licença por favor. - afastou o moço se levantou e entrou no quarto fugindo, sentindo vergonha de si por ter se perdido por uns instantes.
Deu de cara com a barata de novo e saiu gritando.
Ele estava encostado na porta observando, soltou uma gargalhada ao vê-la gritar e foi até lá matar a barata.
Ela ficou no corredor nervosa olhando aquele belo homem só de toalha matando a barata.
Quando ele saiu segurando a barata pela antena, ela fez cara de nojo e medo, correu agradecendo e fechando a porta. Se jogou na cama e buscou na mente as imagens do espanhol na memória, mas logo as afastou se sentindo culpada, traidora. Pegou o celular e ligou para a única amiga que era sexóloga e contou detalhes do que tinha acabado de acontecer.
Tâmila a amiga que conhecia todo o histórico de Venícia, adorou o acontecido e como amiga aconselhou que ela desfrutasse dos momentos e tentasse resgatar a mulher que estava adormecida dentro de si a muitos anos.

CAPÍTULO III - O Vizinho

Os conselhos da amiga ficaram na sua cabeça a noite toda. Ela assumiu que pela primeira vez em 5 anos a imagem de um homem havia chamado a sua atenção, mas logo em seguida vinha a culpa por ser casada. Ela mesma bloqueava as sensações como se não tivesse direito à isso. Dormiu e sonhou que batiam na porta, quando ela abriu ele o espanhol passava nu pelo corredor. Não resistiu e passou a seguí-lo, foi ficando tensa com medo de que alguém a visse. Mas o desejo e a excitação foram maiores, e quantomais ela tentava se aproximar, ele andava mais rápido fugindo.
Despertou ofegante e excitada, pensou em ligar para a amiga. Desistiu, algo estranho estava acontecendo , perdeu o sono. Teve vontade de abrir a porta, mas não fez, decidiu tomar ar, já que a sacada era alta e poderia relaxar olhando as luzes distante e as estrelas.
Ao abrir a porta-janela percebeu que seu vizinho de quarto também tomava ar e estava sem sono.
Ela observou calmamente o homem quase nú, só de samba-canção olhando as estrelas. De repente um susto, ele se vira e ela se esconde do lado de dentro, o coração dispara, ela aperta o roupão no peito, tentando sufocar as batidas do coração.
- Tem mais baratas no quarto que não estão deixando a moça dormir?
Levando a mão à boca ela repetia baixinho: “Ele me viu, não acredito. Ele me viu, droga!
-Moça. Qual é o seu nome?
“Saio, não saio?” - se perguntava ela.
- Sou...meu nome é...Venícia. - respondeu olhando fixamente para as
estrelas e saindo do quarto sem encará-lo. Não que não tivesse vontade, apenas não tinha coragem.
A conversa durou bastante tempo. Tempo suficiente para descobrirem coisas em comum, mas nada pessoal e particular. Ela era muito reservada.
Descobriram que eram duas pessoas descansando um pouco e saindo da rotina, e que tinham chegado no mesmo dia na pequena pensão.
Ela olhava de canto de olho para observá-lo quando percebia que ele
olhava as estrelas.
Este espanhol exalava sensualidade.
Ela não sabia o que era aquela atração que ele provocava nela, desconhecia estes sentimentos, desejos e curiosidades. Sabia apenas que aquele homem transmitia algo que ela gostava que provocava sensações boas, e nem imaginava de onde vinha.
- Vou me deitar, já está tarde. Qual é o seu nome? - perguntou curiosa e timidamente.
- Pensei que não fosse perguntar nunca. Meu nome é Hugo.
-Vou me deitar. - disse ela querendo encurtar a conversa e entrar.
-Tenha bons sonhos, e se tiver mais baratas em seu quarto lembre-se de que é só gritar.
Ela sentiu-se ruborizar. Deu-lhe boa noite e entrou sem encará-lo.
Passou a noite olhando para o teto e para as estrelas que podia visualizar pela sua janela. Teve uma imensa vontade de ir até a sacada mas faltou-lhe coragem.
O pensamento ia e vinha na imagem daquele homem que mexera tanto com a sua imaginação e trouxe à tona preocupações que ela já não tinha mais.
À muito que nem se preocupava com a vaidade, que deixara de ser mulher, de sentir desejo, de fazer sexo desejando, de comprar só por prazer, de se enfeitar, de se maquiar, ir ao cabeleireiro.
Se levantou foi até o espelho, mexeu nos cabelos, ajeitou de um lado, colocou do outro, abriu o roupão, observando o seu corpo se achou gorda.
Pela primeira vez em anos ela parou para se admirar em frente ao espelho. E disse pra si mesma: “Preciso me cuidar mais!”
As imagens de Hugo voltaram novamente, e ela se deixou levar pela
imaginação. Visualizou ele pulando a sacada, entrando no quarto a agarrando, beijando a sua boca, seu pescoço, abrindo o seu roupão e lhe beijando o corpo todo.
Estava excitada como nunca, se jogou na cama, fechou os olhos e se tocou imaginando e sentindo como se fossem as mãos de Hugo que tocavam percorrendo, massageando o seu corpo levando-a às nuvens. Gemeu sem querer, não pode segurar, e quando terminou sentiu vergonha.
Vergonha por achar que ele poderia ter ouvido e vergonha por ter se
excitado tanto à ponto de se masturbar pensando em outro homem que não o marido.
Logo veio a culpa, o sentimento do pecado cometido. Na sua cabeça se repetia: “Mulheres casadas não podem pensar em outros homens, desejar outros homens. Pecadora, pecadora.”
Naquela noite a culpa foi maior do que o prazer sentido e ela nem pode desfrutar de sua redescoberta como mulher. Nesta noite ela descobriu que sentia prazer, que desejava tanto quanto as mulheres dos filmes eróticos que ela assistia nas noites de solidão e achava tão fingido e irreal.

CAPÍTULO IV - A Mudança

Já é de manhã, ela está disposta e tomada por um desejo de comprar algumas coisas diferentes, roupas, calçados, quem sabe arrumar o cabelo. Também sentiu muito medo de dar de cara com ele. Não suportaria a vergonha de tal encontro e se ele desse a entender que tinha ouvido algo na noite anterior ela morreria de um ataque do coração.
Então abriu a porta bem devagarinho e olhou para os 2 lados do corredor, só quando teve a certeza de que ele não se encontrava por lá é que saiu.
Quando chegou na escada ouviu uma porta sendo destrancada, e não
pensou 2 vezes, disparou escada à baixo e passou correndo feito doida pela portaria sem ao menos deixar as chaves.
Na loja de roupas ela ficou nervosa, achava que tudo ficava feio, nada lhe caia bem, e já nem queria mais encarar o espelho.
Uma vendedora gentil e com o astral lá em cima se aproximou para atendê-la e dar sugestões. Fez Venícia ver que todas somos belas de alguma forma, e que devemos valorizar o que há de mais bonito em cada uma de nós. Mostrou que ela tinha um rosto bonito, seios belíssimos, pernas torneadas, e se a barriga a incomodava era só usar de artifícios que chamavam mais a atenção para as partes belas, que a barriguinha passaria despercebida. E não é que deu certo?
Venícia se sentiu melhor, mais a vontade e comprou muita coisa e deixou uma boa quantia em dinheiro como agradecimento para a vendedora tão gentil.
Ao passar por um salão, parou, pensou e entrou. Precisou aguardar, e ansiosa contou os minutos até ser atendida.
Fez uma mudança que revelou o brilho dos seus olhos e iluminou o seu rosto.
A redescoberta da mulher que sempre existiu dentro de si provocou grandes mudanças interna e externa. Mas o pensamento fixo em Hugo e a vontade de mudar para chamar-lhe a atenção, incomodava, fazendo se sentir mal e mais uma vez culpada.
Voltou para o quarto e entrou do mesmo jeito que saiu, na ponta dos pés e ligeirinho. Cheia de sacolas, e toda estabanada passou pela porta dele rezando para que não saisse até ela destrancar a porta e entrar.
Mas ele saiu, e ela se assustou derrubando algumas sacolas.
Gentil ele a ajudou recolhendo as que caíram da sua mão.
Venícia tremia e não conseguia colocar as chaves no buraco.
Ele ria sem que ela percebesse, achava muita graça na sua timidez.
Entraram, e ele foi logo puxando assunto.
- O seu perfume é ótimo.
- Obrigada. Pode colocar ai mesmo, obrigada. - respondeu ela querendo cortar a conversa e dispensá-lo sem ser grossa.
- Você é tímida, ou apenas não gosta de mim?
Já não sabia o que fazer para disfarçar, não queria encará-lo.
- Não, não sou. Obrigada mais uma vez. - seguiu até a porta para que ele entendesse e saísse.
- Tudo bem, você não quer conversar, e...
- E o quê? -perguntou ela curiosa.
- Estaria interessada em conhecer alguns lugares muito bonitos que tem poraqui? Sei que está de passagem e à passeio, e passeio sem conhecer nada não faz sentido além de ser perda de tempo.
- Eu...eu...adoraria.
- Te espero às 8, tá?
Ele saiu do quarto. E ela contou as horas.
A cabeça era um turbilhão, um misto de desejo, vontade, culpa e pecados.
Um tempo depois jogou a culpa que pesava nas suas costas num canto, tirou a aliança e se deixou ser a menina de antes do casamento. Começou a se arrumar, experimentou tudo, o cabelo ela arrumou de todas as formas, até se maquiou e gostou do que viu no espelho. Estava meio insegura ainda em relação ao corpo. Mas gostou da roupa escolhida e foi.
A noite foi maravilhosa, ele era incrivelmente a melhor companhia que ela já tinha tido. Era educado, engraçado, sabia conversar sobre tudo, e a fazia sentir-se a mulher mais linda de toda a Espanha. Só tinha olhos pra ela, nem se quer se atreveu a cobiçar outras tantas maravilhosas que tinha por lá.
-Vamos voltar pela ponte, é um lugar gostoso e muito bonito.
- Você que escolhe, e você que me guia esta noite. - parou e pensou: “ O que estou fazendo, estou me oferecendo?”
Seguiram rumo a ponte, que era linda, iluminada apenas pela luz da lua.
Caminharam até metade e pararam. Ele mostrou algumas constelações que ela nada viu, pois enquanto ele apontava para o céu explicando uma a uma, ela observava os traços marcantes e masculino dele, reparava em cada detalhe e contorno do rosto.
Tinha uma boca grande, pele bronzeada, barba por fazer, queixo largo e um cheiro muito bom, que mexia com os seus sentidos.
Ele voltou os olhos e viu que ela ficou inteiramente sem jeito, abaixou a cabeça e firmou os passos depressa, deixando-o para trás.
- Hei, espere! Onde vai? O que aconteceu? Vai entender o que se passa na cabeça desta mulher!
Hugo ficou na ponte apreciando o céu e tentando entender aquela mulher que era diferente de todas que tinha conhecido até agora. Já tinha estado com muitas mulheres, e a maioria liberal, que não procuravam compromisso, que eram sempre diretas quando queriam prazer, e até as que se faziam de difíceis só se mantinham até depois do jantar.
Mas Venícia não fazia teatro algum ou tentava seduzí-lo. Ela era ela mesma; tímida, desajeitada, amedrontada, reprimida.
E naquela noite ele se encantou, uma mulher bem diferente cruzou o seu caminho.

CAPÍTULO V - Noite sem Sono

Venícia se joga na cama, deixa as luzes apagadas e a janela da sacada aberta como sempre. Uma brisa suave entrava.
A cabeça estava confusa e os ouvidos atentos para descobrir se o vizinho do quarto ao lado chegava logo.
Hugo demorou, ela adormeceu e sonhou que estava nua na ponte sendo tocada e beijada por todo corpo por ele. Teve um orgasmo. Ou teve a sensação de ter tido um. Acordou ainda se deliciando com o sonho, e quando se virou viu o a luz da lua que entrava pela janela refletir na sua aliança trazendo-a para a realidade e trazendo mais culpa.
Sentiu-se mal, queria ser castigada para acabar com o tormento.
Pegou o celular e ligou várias vezes para o marido que não atendeu, e se deu conta de que já fazia quase uma semana que tinha chegado e que Carlos seu marido nem se quer tinha ligado para saber como ela estava. Jogou o celular no canto da cama.
Se levantou, foi tirar a maquiagem, tomou um banho. Já era madrugada, uma gostosa e estrelada madrugada. Resolveu olhar as estrelas porque estava sem sono. Mas desta vez foi cautelosa e espiou antes de sair. Colocou apenas a cabeça for a e viu que o espanhol apenas de samba-canção estava lá apreciando as estrelas também. Se recostou no escuro pelo lado de dentro onde ele não podia vê-la, mas ela poderia observá-lo o tempo que quizesse.
Hugo transmitia algo que para Venícia não tinha explicação, ela não conseguia entender o que era aquilo, aquela atração à ponto de deixar uma mulher feito boba. Não entendia, e sabia que era algo além só da aparência, se perguntava: “De onde vem? Onde está isso que mexe tanto comigo?”. Era como aproximar ferro do imã. Ele atraía, estimulava o desejo e a fantasia dela sem precisar fazer nada. E isso ela não aceitava, não entendia: “Porque não sinto isso pelo meu marido? Porque nunca senti isso por ninguém?”. Todas essas perguntas permaneceram sem explicação e entendimento.

CAPÍTULO VI - A Decisão

Ela acordou disposta à se distanciar de tudo isso. Não queria mais se sentir culpada e pecadora, porque estes sentimentos a estavam matando. Ia caminhar e aproveitar os dias de viagem que estavam chegando ao fim. Se trocou e logo saiu. Destrancou a porta bem devagar e a passos leve ia saindo para que ele não a ouvisse. Parou quando ouviu voz de mulher, gemido de mulher, e tinha certeza de que vinha do quarto dele. Tinha certeza, ouviu sim. Não aguentou e se aproximou até encostar a orelha na porta para se certificar. Foi tomada por algo muito parecido com ciúme, mas que ela jamais assumiu. Ouvia cada vez com mais clareza. Se perdeu na concentração para ouvir a tal mulher que nem se deu conta dele destrancando a porta. Que susto ela levou quando deu de cara com ele. Engoliu seco e não conseguiu encará-lo, mas os olhos percorriam dentro do quarto à procura da mulher.
-Bom dia Venícia, está indo passear?
- É...é....- e quase pendeu de tanto esforço para olhar por sobre ele que era bem mais alto do que ela.
-Está procurando alguma coisa? - perguntou ele rindo da situação e muito desconfiado do comportamento dela que nem percebia o papelão que estava fazendo.
-Não. - despertou ela. - Tenha um bom dia também. - e saiu se sentindo uma idiota.
- Espere. Ontem eu ia te propor...Venícia...
- Até mais. Convide a sua amiga, talvez ela queira ir.
Ele franziu a testa sem entender o que ela queria dizer com aquilo.
Quando se aproximou da terceira porta do mesmo corredor, do quarto logo ao lado do de Hugo, viu um casal saindo, rindo alto e estavam bêbados.
Sua fisionomia mudou e o queixo quase precisou de um guindaste para ser erguido. Sem pensar ela correu, na realidade queria um buraco para entrar dentro e nunca mais sair, mas como não era possível, apressou o passo e correu escada à baixo. Passou mais uma vez feito maluca pela portaria. Andou depressa sem olhar para trás e foi para bem longe da pousada. Parou de cansaço, não aguentava mais, suspirou e observou a bela praça.
No segundo suspiro ouviu seu nome, era ele, Hugo chamando.
- Venícia, pare mulher! Você quase me matou. Você caminha quase que correndo, andei bem até chegar aqui. Saiu feito doida, derrubou a carteira e o celular que não pára de tocar.
Ela não queria se virar, mas não tinha escolha. Pegou as coisas sem olhar para ele e agradeceu. As ligações eram do seu marido. Em seguida recebeu um torpedo de Carlos somente para avisar que a sua viagem se estenderia e em seguida estaria em outro país à negócios. Leu, e agradeceu a Hugo.
- Hoje terá uma desta típica numa cidadezinha aqui perto. Você quer ir comigo?
- Hum. Que me diz, Venícia?
- Quero. Que hora saímos?
- Às 8H, leva 40 min de carro, assim poderemos ver as danças e tudo mais desde o começo.
- Então até lá, tenho que me trocar, a minha roupa de dormir está chamando a atenção das pessoas.
Se despediu e foi caminhando de volta para a pousada.
Ela ficou lá encantada observando aquele homem de bermuda e chinelo, despenteado andando em meio a praça e pessoas bem vestidas. Sorriu sozinha, e nem sabia se estava feliz por ter mais uma chance de estar com ele ou por descobrir que não tinha outra mulher na cama dele.

CAPÍTULO VII - A Noite

Ela já tinha vivido dias longos e entediantes, mas aquele foi o mais longo da sua vida, o ponteiro do relógio parecia andar 1 segundo e voltar 2. Mas até que chegou a hora de sair. Estava deslumbrante, linda, perfumada. Bateu na porta e o coração dela disparou, tinha emoções só sentidas na adolescência. Se olhou mais uma vez no espelho, respirou fundo e foi atender. Não acreditava que ele pudesse ficar melhor do que já era. Mas a noite estava mágica, e ele estava muito mais sedutor, bem vestido e incrivelmente perfumado, um perfume que ficou guardado na memória dela.
Sairam para aguardar o táxi, e uma chuva fininha caía. Ela já estava impaciente, pensando: “Chuva agora não. Meu cabelo, minha maquiagem, meu passeio, droga!”
Quando o táxi chegou a chuva estava forte, e no meio do caminho piorou muito, o taxista aconselhou:
- Melhor vocês encontrarem abrigo, porque hoje não terão condições de voltar. Estas tempestades fazem estrago e é perigoso pegar a estrada. Eu não volto hoje, e acredito que não encontraram outro para retornar com vocês.
- Mas Sr, nós...- ia dizer alguma coisa e foi interrompida por ele.
- O Sr pode nos indicar alguma pensão, hotel ou pousada? Pelo menos até passar a chuva. - e fitou ela bem dentro dos olhos.
Venícia sentiu a sedução e o controle dele no ar, e acredito que o taxista também.
- Posso até levá-los a alguns, mas nesta época fica tudo sem vaga por causa das festas. - disse o Sr taxista.
E foi o que aconteceu, as comemorações foram canceladas e em nenhum lugar tinha um quartinho que fosse para se abrigarem.
O taxista se lembrou de um amigo, que alugava uns chalés, e contou-lhes que não era ali no centro mas era próximo.
Seguiram e até que enfim conseguiram se alojar, já que a tempestade estava muito forte e incessante.
Foram deixados lá e o táxi acelerou sumindo por entre a tempestade.
No silêncio Venícia parecia ouvir os batimentos do seu coração, e se não se controlasse ele sairía pela boca. Ela sentia o mesmo medo e a insegurança de quase 20 anos atrás quando deu o primeiro beijo atrás do banheiro da escola. Não que ela estivesse se preparando para beijar Hugo, mas a situação dava a entender que isso iria acontecer a qualquer momento. Então pensou: “Não tenho mais 13 anos. Sou mulher, conheço as coisas e a vida e não tenho motivos para me sentir assim amedrontada e...” Teve o pensamento interrompido por ele que se aproximou por trás deslizando as mãos do ombro até os antebraços dela, que sentiu um arrepio percorrerlhe
a espinha.
- Sente frio? - perguntou ele malicioso.
- Hum? - respirou – Um pouco.
Ele abraçou-a por trás, encostando o seu corpo quente no dela, que respirava entrecortado fechando os olhos e se deixando levar.
Ele beijou o seu ombro delicadamente testando para ver se havia recusa da parte dela. Deslizou beijando o pescoço e a virou beijando a boca com vontade, trazendo o corpo dela com força para junto do seu.
Ela se entregou à boca e as mãos dele que sabia exatamente com que intensidade e força tocar cada parte do seu corpo.
Foram muitos beijos regados a desejo carnal, e roupas sendo tiradas as pressas.
Venícia explorou cada parte daquele corpo que fez ela fantasiar todos aqueles dias e se deixou ser explorada, invadida com prazer.
Quando se deu conta de que faltava algo e ia parar, ele colocou o preservativo na sua mão para que ela mesma o colocasse.
Nesta noite ela se descobriu mulher, descobriu que deseja, é desejada e que podia sentir muito prazer.
Exaustos adormeceram.

CAPITULO VIII - Dia Seguinte

Ela se levantou antes dele, sem maiores intimidades pegou as roupas, bolsa e sapatos, saiu à procura de um táxi e voltou para a pousada. Tinha consciência de que o acontecido na noite anterior era algo que nada envolvia sentimento ou compromisso de ambas as partes, além do mais também não tinha interesse sentimental por Hugo.
Quando entrou no seu quarto trancou a porta encostou nela e sorriu lembrando da loucura que tinha acabado de cometer. Fechou os olhos e relembrou cada momento vivido ao lado daquele homem. A noite passada havia despertado nela uma mulher que ela desconhecia. Uma mulher cheia de planos, sonhos, que estava vendo a vida de uma outra forma, que se sentia mais mulher, mais completa, desejada, que desejava, que tinha fantasias e sentia prazer.
Foi tomar um banho, e o barulho da água fez ela viver a noite maravilhosa que teve com Hugo. Ainda sentia as mãos dele e a boca percorrendo o seu corpo.
Depois do banho veio a realidade e as preocupações; “ Será que acabou?
Como me comporto de agora em diante? Cumprimento? Evito? Converso sobre o assunto ou faço de conta que não aconteceu nada?”
Ela realmente não sabia o que fazer, nunca na vida tinha feito sexo sem compromisso, então não sei sabia como se comportar no dia seguinte e isso começou a atormentar, pois ainda tinha uns dias pela frente e não queria perder a viagem.
Ligou para a amiga e ficou muito tempo conversando,. Tâmila aconselhou a agir naturalmente.
Ela se perguntava; “Como agir naturalmente, se nem antes conseguia agir com naturalidade na presença dele?”
Neste dia ela tomou o café no quarto se fechou e ficou atenta aos barulhos para ver se ele chegava . Coisa que não aconteceu e um dia se passou.
Como ele não havia aparecido por um dia inteiro, ela não resistiu e foi até a portaria para saber do seu vizinho. Foi informada de que ele não havia passado a noite ali.
Achou estranho, mas até gostou porque não teria que encontrá-lo. Foi passear e fazer mais compras. Pensou nele o tempo todo, e passou o dia fora.
Resolveu jantar num restaurante simpático e pequeno. Enquanto ajeitava as suas sacolas e aguardava o pedido avistou ele no balcão bebericando algo.
Se perdeu observando os contornos dos braços, costas e coxas na calça branca e justa que ele usava.
Ele a viu e sorriu oferecendo o seu copo.
Ela se perdeu de susto e vergonha por ser apanhada. Bateu no enfeite da mesa e derrubou quebrando o vasinho. Se abaixou nervosa para catar os pedaços e viu ele já próximo se abaixando para ajudá-la.
- Boa noite, moça?
- Boa noite.
- Venícia, sobre ontem à noite...- foi interrompido por ela.
- Não, por favor não vamos falar à respeito.
- Mas...
- Não, por favor.
Ele segurou a mão dela, que sentiu o mesmo arrepio daquela noite. Os braços se acariciaram e o beijo foi inevitável. Foram para a pousada e se entregaram mais uma vez à química que se transformava em combustão quando se aproximavam.
Quando o garçom trouxe o pedido só encontrou as sacolas dela na mesa.
Ele recolheu e guardou tendo a certeza de que ela voltaria e assim poderia cobrar pelo prato.
A noite foi de carinho e de sexo selvagem, Venícia se entregou por completo, sem os temores da primeira noite juntos, e assim pode ir à lugares nunca imaginados.
Ele como sempre estava previnido, o preservativo estava sempre presente.
Antes de adormecerem ele pediu:
- Não saia escondido. Você não precisa ir se não quiser.
Ela encostou em seu ombro e sem responder fechou os olhos.
Hugo logo adormeceu.
Ela passou a observá-lo e se questionar: “ O que é isso? Sentimento não é, tenho certeza. O que é isto que sinto só com ele, que fogo é esse, de onde vem? De onde vem este tesão que ele me desperta? Vem dele? Vem de mim? Porque nunca senti antes, porque não sinto com o meu marido?” Depois vieram as indagações sobre o que mudara na sua vida depois dessa experiência. Sabia que nunca mais seria a mesma; “Como vou encarar o meu marido? É verdade que quase nunca nos vemos, mas uma hora vou ter que encará-lo.” Se levantou e foi para a sacada respirar um pouco. Colocou os pensamentos em ordem. Uma nova mulher estava prestes a voltar para a casa. Sentiu o abraço dele e um beijo carinhoso na cabeça.
Achou estranho, não foi um abraço de desejo, foi um abraço de carinho.
- Vamos dormir? - convidou ele.
- Não estou com sono.
- Quer conversar? - perguntou ele preocupado com a reação dela.
- Não. - respondeu ela saindo do abraço dele. - Vou para o meu quarto.
- Fique Venícia, vamos conversar.
- Me desculpe Hugo, mas não temos o que conversar.
- Como não? Já nos conhecemos à quase uma semana. Já transamos 2 vezes e só sabemos os nossos primeiros nomes. Quero saber mais de você, de onde é, o que faz, o que veio fazer aqui?
Ela se sentiu pressionada, achou estranho, pegou as suas roupas e saiu sem responder.

CAPÍTULO IX - A Volta pra Casa

Ela decidiu adiantar a sua volta, arrumou as malas, pagou para uma funcionária ir buscar as suas sacolas. Queria evitar um encontro com Hugo, não queria a intimidade que ele estava buscando. Não queria dividir a sua vida e muito menos contar que era casada. Mas não conseguia parar de pensar na pegada dele, nos beijos, no corpo e no cheiro de homem que era muito característico nele.
Uma batida na porta a trouxe de volta à realidade. Atendeu. Era ele.
- Venícia, posso entrar? - olhou e viu as malas sobre a cama. - Você vai embora?
- Estou indo Hugo.
- Vim me desculpar. Fui invasivo, não tinha porque te encher de perguntas e te constranger.
Ela se aproximou cheia de desejo e o agarrou que imediatamente correspondeu. Mal tiveram tempo de trancar a porta e em meio as malas e sacolas se entregaram mais uma vez.
- Te desejo uma boa viagem de volta.
- Vai ser Hugo, vai ser.
Se despediram ali trocando olhares até onde não dava mais quando ela entrou no táxi. O olhar e a expressão dele ficarão para sempre gravados na sua memória.
Na bagagem nada de fotos, mas na lembrança muitas coisas boas e grandes mudanças internas e externas. Venícia voltou uma nova mulher.
Voltou a estudar, decidiu se empenhar na profissão e acompanhar o marido que teve uma surpresa ao reencontrá-la.
Estava elegantemente sexy, em nada se parecia com a mulher que ele deixara a alguns meses atrás. Tiveram uma noite incrível de reencontro.
Carlos não reconheceu a mulher que ali estava e Venícia descobriu que estar com o marido também era muito bom, e a Espanha e Hugo só foram um tempero à mais.
A sua vida sexual com o marido mudou muito, a pessoal e profissional também. Ela passou a cuidar dos negócios com ele e passaram a viajar juntos.
Assumiu o seu lado sexy, vaidosa, passou a gostar mais de si e começou a ser feliz.
O marido agradeceu a mudança e ela mais ainda, pois somente agora se sentia mulher de verdade.

FIM

P.S.- Hugo se apaixonou por aquela mulher misteriosa, atrapalhada e diferente de todas que havia conhecido. Tentou dizer isso para ela, que não deu chance dele falar. Ela também fez parte da história de sua vida, da mais bela e mais emocionante fase.

ANNE VALENTINE – a escritora de Bragança Paulista, São Paulço, Anne Valentine, reúne seus textos eróticos, e-books, contos e outras prosas na sua página no Recanto das Letras e nos Autores.com.br. Sobre ela mesma ela diz: “Escrevo porque preciso, escrevo porque as histórias fervilham aqui dentro. Escrever sobre o amor é predileção, mas a inspiração é sempre uma surpresa e traz coisas cada vez mais surpreendentes!!! Receber comentários é maravilhoso! Por isso não deixe passar em branco o final da leitura! Para o escritor TODO comentário é de extrema importância. Meus contos eróticos tem o intuito de provar que para ser picante, excitante, não precisa ser escrachado, vulgar, se utilizar de palavras de baixo calão e colocar sempre a mulher como objeto para dar prazer. E claro, será sempre escrito a partir do ponto de vista de uma mulher, que espera mais, que quer mais. Eu visualizo e me inspiro na vida alheia, nas histórias das pessoas e lugares que conheço. Sou romancista de natureza, e ainda tenho muita coisa que precisa ser publicada aqui, mas falta tempo...

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sexta-feira, julho 10, 2009

VERS&PROSA DE AMOR PELA MENINA AZUL



Imagem: foto de Derinha Rocha

DE TODO JEITO É BOM

Luiz Alberto Machado

É nela que tudo é bom e se o verso não me intriga, o poema faz bem. E bem demais porque dela vem rastejando a língua marruá lambendo meus versos, sexo e alma e tudo se sobrevém comigo e se conjuga verbos e versos com Eros na baia e várias luas no seu corpo nu que ensaia a vida e me completa e me acende vários sóis nos seus seios trêmulos.

É nela que nada é demais, oferta e procura, sanidade e loucura, no vão do meio, no veio de seu amanhã que é meu amanhecer de todo peso e medida do trapézio que o cotidiano de nossa intimidade faz nervura no desejo com desassossego porque sou passageiro, sou biguzeiro e andarilho na vigília da sua vagina onde reinam todas as suas inquietações e se faz alçapão que habito e se faz guia que me desorienta serena de gozo nos confetes de nosso carnaval.

É nela que todo jeito é bom no que cheiro, no que toco, agarro, entorto e apalpo todas as ladeiras e precipícios de seus recantos, mantos e travessuras no meio do pendulo de sua usura sem agenda pro futuro na fronha dos sonhos de todos os pecados que suturo e afloram e se incineram erodidos por novas fugas no viveiro dos gritos que formam os andaimes de nossa ruidosa entrega sem freio e meio a meio eu recolho e sou alpinista que freqüenta seu corpo de artista, suas manhas, marés, sanhas, cafunés, espantos, ventres, cantos, vertentes, toda exatidão de seus aromas e perfumes me inebriando pro amor.

É nela que tudo é melhor porque todas as suas imagens, limites, encantamentos, meandros e malabares me envolvem e me encantam no meio dos seus ventos atlânticos mornos insulares de novembro com todas as lufadas basilares que me varrem o senso e incendeiam meu sexo por seus descampados, vales, ventanias e maleitas, pelo remanso de sua concha difusa que eita presenteia flores para minha fome impetuosa inheta tomada por entre seus braços, entre suas pernas esguias, me apertando contra o peito até me reduzir ao penhor da euforia do seu guardado para sempre no sutiã, na calcinha e na mania arredia de me fazer servo e senhor.

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