quarta-feira, abril 30, 2008

GINOFAGIA




Imagem: Foto de Derinha Rocha.

ESSA CARNE

Luiz Alberto Machado

Essa carne é o meu repasto: glória e ressurreição. É onde eu me satisfaço e faço história de ódio e paixão.
É nessa carne que eu vou do céu ao inferno, de verão a inverno só para me salvar.
É nela a minha eucaristia com nossa sintonia e a vida fora do ar.
Essa carne é a minha crença: divina presença de sagrado louvor. Porque ela é minha doce bailarina que me salva e ilumina e me esconjura sem nexo crucificada em meu sexo e me faz qualquer um. É meu desjejum, santa profanada que pira agarrada em mim e me faz seu senhor, assim, seu penhor para que eu entenda e receba a oferenda na pira do amor.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados

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terça-feira, abril 29, 2008

A DELÍCIA DA PAIXÃO



Imagem: Carla van de Putterlaar.

BEM NA HORA

Luiz Alberto Machado

O meio-dia era ela. E eu com insolação para morrer afogado no seu mar. Era quando, bem na hora, meio dia em ponto, ela me afagava entre os seus domínios. E eu menino peralta me valia de suas correntes oceânicas para viver além de suas profundidades. Era o seu corpo de mar e as suas marés me embalando vida adentro com todos os brinquedos de seus tesouros. Até que me fizesse lua e ficasse orbitando ao ser redor, walkaround, virando comensal jubarte caçando seus cardumes de beijos, suas formas totais de encantos e carinhos que me davam a sua baía para minha invasão, surfando por suas ondas na minha satisfação frenética de recolher todos as suas mínimas expressões, a ponto de vasculhar sua lama e me relar no seu lodo e curtir sua imundície e saborear a sua deletéria emanação num banquete ginofágico que se fazia a terra onde vivo e sou predador, se fazia o planeta que me abriga, a nave que me leva inimputável, o porto de todos os meus abrigos. E dentro dela sou barco errante e teimoso a navegar num cruzeiro hedonista a brincar de luas e marés, marés de lua quando crescente eu estou rijo no cio para escalpelá-la com minhas sandices voluptuosas. E na lua cheia ela é madura no ponto para meu regozijo pleno. E na lua nova ela goza para me fazer o maior entre os mortais. E na minguante ela me recolhe letárgico no seio de todas as revigorantes paixões avassaladoras. E ela maré alta, eu rio Amazonas, o gozo em pororoca.

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segunda-feira, abril 28, 2008

JORGE DE LIMA



Imagem: Nu, tinta acrílica sobre tela de C. Santiago.

JORGE DE LIMA

“(...) e que todo o seu corpo tinha conhecido as mil mulheres que Salomnão deixou” (Jorge de Lima, Tarde oculta no tempo).

Não te chamo Eva, não te dou nenhum nome de mulher nascida, nem de fada, nem de deusa, nem de musa, nem de sibila, nem de terras, nem de astros, nem de flores. Mas te chamo a que desceu do luar para causar as marés e influir nas coisas oscilantes. Quando vejo os enormes campos de verbena agitando as corolas, sei que não é o vento que bole, mas tu que passas com os cabelos soltos. Amo contemplar-te nos cardumes das medusas que vão para os mares boreais, ou no bando das gaivotas e dos pássaros dos pólos revoando sobre as terras geladas. Não te chamo Eva, não te dou nenhum nome de mulher nascida. O teu nome deve estar nos lábios dos meninos que nasceram mudos, nos areais movediços e silenciosos que já foram o fundo do mar, no lavado que sucede às grandes borrascas, na palavra dos anacoretas que te viram sonhando e morreram quando despertaram, no traço que os raios descrevem e que ninguém jamais leu. Em todos esses movimentos há apenas sílabas do teu nome secular que coisas primitivas escutaram e não transmitiram às gerações. (...) Então ouvistes o nome da que não chamo Eva nem lhe dou nenhum nome de mulher nascida”. (Jorge de Lima, O nome da musa).

Assim, eu irei louvar e me prostrar diante da musa de certas reintegrações – musa única. E por isso revalarei também esta musa de sabedoria. E a revelarei a todos. E muitos serão os que primeiro a poderão contemplar. Porque esta musa sempre existiu e grandes foram sempre os poderes e as reintegrações que de toda ela provém. (...) eu vi com os meus olhos os prodígios da musa e a posso revelar a todos. Ela é uma fonte de propiciação, de semeaduras, de beleza, de renovação. Eu vos anuncio a minha musa, eu te revelarei, minha musa. (...) Nada mais direi sobre a musa que preside o desejo de criação do poeta...” (Jorge de Lima, Um anjo de tentação baixou junto ao poeta).

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sexta-feira, abril 25, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Nu casal, pintura acrílica sobre tela 80cmx130cm de Henrique.

PAIXÃO

II

Luiz Alberto Machado

quando entre as fronhas da noite azul o seu beijo fizer presente nos meus lábios eu vou descobrir nas nuvens dos lençóis que encobrem seu corpo a sedução medonha de vê-la nua e inteira para me servir do desejo aceso que rouba a calma espragatada no colchão da cama sem saída & pronta para ser servida pela ganância de foder sua alma o corpo & tudo que me apetece deusa maiúscula
e quando as cobertas estiverem desnudas & você iluminada de tudo que me assanha vou mergulhar na sua natureza etérea & provar de todos os gostos que me agitam a saliva na sua carne saborosa com todos os seus atributos expostos à minha gula de garanhão faminto
e vou indecente me empanturrar de toda oferenda esguia & safada do seu jeito matreiro que explode em suas curvas mais acentuadas até chupar-lhe os ductos dos seios mais adoráveis enquanto seu olho manhoso revira afogado & sua língua atrevida provocando a lamber seus próprios lábios com a delícia gostosa do coito abrasado
vou pegá-la de quatro aprumando meu membro teso empunhando a lança pronta para enfiar-lhe inteira goela adentro em direção de suas profundidades até vê-la gemendo esfregando nossas carnes & roçá-la gritando maluca transida de prazer sussurrando a doçura de ser possuída &
vou agitá-la alisando-lhe a púbis & suas pernas estiradas ao meu ombro & meu sexo no seu no contorno das ancas da festa das carícias cantando "parceiro das delícias" de geraldinho azevedo com meu dedo na boca crás! & vou comê-la como quem se delicia do prato mais favorito & e vou remexer seus quadris & dançar a dança mais louca da trepada mágica dos gozos mais obscenos que alcançam o infinito dos orgamos mais mútuos & deixá-la agoniada no frenesi de todas as paixões alucinadas que queimam por dentro o prazer de ser explorada em todos os seus domínios até vê-la carinha de anjo feliz satisfeita com a minha posse irrefreada
e quando satisfeita se virar cansada, enlanguescida, exaurida vou deixar meu membro descansar no rego da sua bunda permitindo que ao amanhecer possa recitar poemas devassos carregados de luxúria e paixão

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quinta-feira, abril 24, 2008

CRÔNICA DE AMOR




Imagem: Arte: Derinha Rocha. Foto de Annalegra.

CANTILENA

Música de Santanna, o cantador & letra de Luiz Alberto Machado

Ao prever o amor afinal
Em meu peito desabrochou
Toda gula da sedução
Toda opção
Na avidez do querer

Quando o truque do amor dominou
Foi capaz de ter emoção
Assustando meu coração
Sem ter razão
Pra se defender

Sacudiu a vida em mim
Coloriu como a um jardim
Foi depressa, foi sem pena
Rebuscou na cantilena
Toda fúria do que quis
Não previu todo embaraço
Veio com estardalhaço
Pra me fazer feliz

Tão aguda, tão insana
Percebi que esta fulana
Era a deusa do meu sim.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.

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quarta-feira, abril 23, 2008

GINOFAGIA



Imagem: Foto de Derinha Rocha.

VIAGEM

Luiz Alberto Machado

É neste corpo que sou um dos irmãos Montgolfer pelos confins das galáxias com o teodolito no alvo, maior rolê por ai. É neste corpo que navego todas as águas de mares e rios, todos os sabores apetecíveis dos pomares e culturas do paladar, todas as terras de todos os continentes e todos os recantos planetários. É neste corpo que vôo na direção do vento de todas as grandes alturas das atmosferas, de todas as camadas superiores do universo e de todas as camadas inferiores da terra. É neste corpo que eu vivo porque significa a vida para mim.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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terça-feira, abril 22, 2008

DELÍCIAS DA PAIXÃO



Foto: Carla van de Puttelaar

ENTREGA TOTAL

Luiz Alberto Machado

Ao seu encontro, o dia era tarde, pleno meio dia. Foi quando a minha nudez reluziu, todos os meus segredos – ou quase todos – haviam se revelados. Não menti, não poupei um só mínimo detalhe de tudo que transitava na minha vida. Desde os moinhos de ventos da minha inútil e quixotesca existência, dos muros e paredes levadas no peito, dos naufrágios e perfídias, da solidão e decepções, das guerras perdidas, das idas arrastando as malas, dos enterros voltando, das topadas e tranqueiras, das doidices e frustrações, dos arames farpados entre os dentes e a lágrima tolhida no peito. Nada ficou incólume de mim na vida, tudo em pratos limpos. Tudo isso porque amei desde o primeiro segundo aquela menina azul silente, tímida e inteiramente minha com seus olhos de Aleph e sua alma de rio cristalino para o meu deleite. Não precisei de bote ou remo, mergulhei suas correntezas, nadei sua superfície, boiei as profundezas de suas margens até chegar na terceira via onde o limite era o meu fôlego. Ela era a fonte e é meu elixir: boca que me seduz menino manhoso, seios de pomar delicioso, ventre de todas as primaveras mais fragrantes e embriagadoras, braços de ninho acolhedor, corpo de rio que me batiza e faz viver. Timbungando noitedia nela, aprendi o dia, o amor e a felicidade. E sua corredeira dava sempre no mais absoluto prazer que me fazia renascido a cada instante. E o prazer era repetidamente fascinante como a água límpida lavando a alma no mormaço da vida para quem se via recolhido das cinzas. E a vida era o seu corpo nu que me deu azo, riso e esperança. Hoje me dá muito mais: o prazer de ser vivo.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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segunda-feira, abril 21, 2008

MIRITA NANDI

OS EXPRESSIVOS MINIMOUTROS DA MIRITA NANDI



MINIMOUTROS

FÊMEA
Valho a vida. E choro, morro, berro, sou concepção.
Só na arma dele, em riste, a minha realização.

IMANÊNCIA
Você:
verbo encarnado do deus
imanente
no meu sexo.

EXORCISMO
choro, de quatro.
ele macho, lindo, rijo,
exorcizando meus demônios.

CATAVENTO
Eu & você:
Catavento
no vento da vida
a girar.

BANDEJA
O meu desejo pegando fogo
e eu sou sua comida de bandeja.

DOCE
o sabor dele
na minha boca.

PARAÍSO
lá vem ele aceso & indomável.
e eu rendida, esquartejada nele.

SERVIDÃO
ele canta ao sol:
um beijo e me faz santa.
ele sussura na lua:
e morde minha carne nua
de puta (sua).

UBÍQUO
de noite ele é refém de todos os meus cheiros, dotes, lençóis.
de dia, sou eu perseguida por seu beijo bulindo na calcinha.

DELE
sou dele, toda
e me faz botija revirada de todos os manjares.

PRESENTE
sou sua drupa
e destroça tudo com voraz virilidade
dentro de mim.

PRESENTE II
Sou feliz com seu poema fálico
entre as minhas pernas.

MIRITA NANDI – A poeta e atriz Mirita Nandi é graduada em Letras e mestre em Educação pela UFRJ, e está realizando através do teatro e da poesia uma pesquisa sobre arte & educação. Veja os blogs com seus Poemínimos e Minimoutros.

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sexta-feira, abril 18, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: foto “Corpus” de Paulo Lima - MAM - Museu de Arrte Moderna - SP Luz Marginal Nú de Casal em Estúdio (Gal Oppido) Modelos: Tati e Carlucho

PAIXÃO

Luiz Alberto Machado

Ah se eu pudesse chegar de manhã nos seus olhos de céu e alcançasse a esperança eterna que reluz embutida no seu jeito feliz de se amar e encontrasse o sorriso completo de ser maravilha no capricho altaneiro que se delineia na anatomia sedutora e sensacional de sua expressão
e abraçasse seu corpo repleto de saudade antiga que fustiga por dentro nossos sonhos mais derradeiros
e beijasse seus lábios sedentos na entrega anímica do desejo primeiro que incendeia nossos nervos e prepara para a entrega total de nossas querências
e sentisse o seu coração bulindo medonho ao contato do cheiro mais íntimo despertando furores de lençóis e mistérios noturnos de nossas ardências eternas
e desabotoasse a blusa descortinando o segredo de maravilhosos seios prontos tão bons de chupar com a sede de ontem jamais saciada
e visse o caminho abaixo do umbigo no detalhe da saia justinha escondendo a fonte do ventre a se delinear nas belas coxas, maravilhosas pernas nos pés da perfeição
e arrepiasse com a minha mão buliçosa em ação alisando o joelho sedoso e seguindo pelo dorso da coxa buscando encontrar a botija dos tesouros mais valiosos de sua elegância corporal
e chegasse na fonte minando o desejo para matar minha sede de lamber sua América adorada de tesão vital de frescor desigual de realização total
e a deixasse tremendo ao meu íntimo contato a fazer-me de fato mais viril e crescido mais aceso e rijo pronto para arrebentá-la de gozo mais sideral de todos os orgasmos entrecortados e senti-la indefesa ao meu domínio insano de apoderar-me de todos os confins gerais de seus limites
e ficasse inquieta e louca enquanto arrastava-me aos seus lábios trêmulos com beijos bombásticos a descobrir-me menino traquino cheio de ereção
e passeasse sua língua voraz pelos contornos do meu rosto assanhando meus ouvidos com grunhidos famintos e descesse o pescoço alcançando-me o tronco de impávida paixão e alisasse meu ventre com seu toque sutil e contornasse o meu sexo, engolisse minha glande, degustasse meu tesão frenético de cajado ereto com seu bafo morno de deusa felatriz e realizasse os seus caprichos mais nobres na minha entrega absoluta
e puxasse repentinamente os meus braços para a majestade de seu corpo desnudo e acetinado onde cravo meu sexo no encontro das coxas arrebentando o segredo do gozo até inteiramente penetrada na sua entranha dançando o ritmo do cio e procedendo ao orgasmo total das almas incendiadas de amor e paixão aaaaaaahh aaaah aaaaaaaaaaaaaaaah aaaaaaaaaaaaaaaah amor.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quinta-feira, abril 17, 2008

CANÇÕES DE AMOR POR ELA



POEMAS EM CANÇÕES DE AMOR POR ELA

ARMADILHAS (letra & música de Luiz Alberto Machado)
DESEJO (letra & música de Luiz Alberto Machado)
SERENAR (letra & música de Luiz Alberto Machado)
O AMOR (letra & música de Luiz Alberto Machado)
QUANDO TE VI (letra & música de Luiz Alberto Machado)]
MATIZES (letra & música de Luiz Alberto Machado)
OLHAR (letra & música de Luiz Alberto Machado)
ABANDONO (letra & música de Luiz Alberto Machado)
MORENA (letra & música de Luiz Alberto Machado)
ARDÊNCIA (letra & música de Luiz Alberto Machado)
CILADA (Mazinho & Luiz Alberto Machado)
ÊXTASE (Santanna, o cantador & Luiz Alberto Machado)
SEDE (Cikó Macedo & Luiz Alberto Machado)

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e em mp3 na TRAMA.

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quarta-feira, abril 16, 2008

GINOFAGIA



Foto: Derinha Rocha.

CONTAGEM REGRESSIVA

Luiz Alberto Machado

Dez. Meus pés sabem de cor o caminho – para ela, ora. Pros seus tonéis, vambora! E não escolhem, vão sozinhos. Seja revestrés, ou pelourinho. Tudo para ela! Paixão, maior esparrela. Segura o rojão. Ah, não, ela é meu parque de diversão, meu fascínio, ela é só domínio, dos pés à cabeça – se bem que eu mereça! Seu corpo é o meu ninho, sua alma minha redenção. Seu jeito e carinho, tudo coroação! Seus olhos me devem - Stairway to heaven – porque ela é minha escada. E eu, a sacada Led Zeppelin, com as suas pegadas numa balada sem fim.
Nove. Que tudo se renove, até que ela me prove ao paladar. Sem bla bla blá! Com fome medonha! Diz que comigo sonha, me quer por inteiro. Como sou cabreiro, faço a minha parte! Ela me enche de arte e tudo se encaminha. E me come com farinha e sem barganha. Eu feito rebatinha, ela sem-vergonha tal nave espacial, nada igual se compara, ela é jóia rara, espetáculo fenomenal que mesmo vencida, mesmo que passe batida, é tudo por ela: a janela da vida.
Oito. Ela me encanta como canta Adriana Calcanhoto. E me deixa afoito pro riba dela onde faço viagens, colheitas, expedições. Onde sobrevivo das maleitas e faço dominações. E na sua mimosa titela, todo seu talhe formoso. Já tô pra lá de fogoso quando nua, uma mão na cintura, nossa! Santa criatura da lua! Outra mão ao peito, coração. Tudo perfeito! É de fazer jura, oração, de sorver sem perfume, o seu doce e azedume, eu, maior libação. Com furor até virar um tição a se embriagar de amor.
Sete. Pode chover canivete, dela não desgrudo. Posso até perder tudo, dela não abro mão. Abro mesmo não, pode ser aventura: tudo com ela nas minhas rotações, nas minhas translações, ela tudo pode, tudo cura nela. E me sacode, me tira dos bodes, me dá remissão. É minha paixão, então, doidinha pra namorar, só faz a me enfeitiçar de ficar com cara de tacho, sacudido pelo esculacho no meio do escambau. Beleza total! Ela é meu bem, é meu mal, o meu cambalacho amoral, minha perdição de curau. È minha adoração, reza do meu novenário, ela é verdadeiro sacrário, minha maior salvação.
Seis. Não conto nem até três! Sou o seu D. Quixote, agarrado ao seu cangote de sonhada Dulcinéia, razão da minha epopéia, motivo de todo galope. E dou-lhe certeiro meu golpe por todas as suas tocas, pelas pororocas que desmantelam meridiano. Levo e trago sem dano e falo em zoada no rito, como se fosse Cleópatra do Egito, ou rainha de Shangri-lá. Pode ser até o boitatá, tudo pra ela, reitero. Todas mungangas tempero, pra nela só me agarrar.
Cinco. Abri todos os seus trincos. Nada mais resta. Vou fazer sempre festa porque ela é toda surpresa. Nunca uma certeza, sempre uma nova entidade pra minha felicidade porque só me chega impune, nuínha safada e imune, só pra me provocar. Não vai adiantar, porque amolo meus dentes que cravo de forma persistente até vê-la na passarela, gozando da maior quimera, até escorregar na bica. Então passo-lhe a pica: é tudo nela.
Quatro. Que fino trato! Meu deus me acuda! Ela fica desnuda como uma vítima de guerra. Ela me desemperra, me faz campeão. Deixa minada toda minha terra, para sair em cadeia toda explosão. É quando meneia, sacode e demanda, tudo é desordem, tudo desmanda, eu só no folguedo, feito caboclinho que perdeu o medo de ser danadinho na sua plantação.
Três. Eu sou seu freguês. Mesmo assim sou cortês até que ela desmanche, até que minha reputação ela manche, eu volto outra vez. E mesmo que chegue até o fim do mês com toda lengalenga, eu pego a minha estrovenga e resolvo o riscado. Dou cabo no rachado e toda pendenga apaga o facho é quando ela se diz minha quenga e que eu sou o seu macho.
Dois. Não deixo pra depois, jeito maneira. Levanto a bandeira e quero a vitória. Ela é minha glória, todo meu quinhão. Quando tudo estupora, ela é solução. Pois a quero de inverno a verão, na boléia de um caminhão, enquadrada num camburão ou perdida em qualquer hemisfério. Eu quero seu jeito etéreo, sua manha e desdém. Até que não valha um vintém, pra mim é bolada de loteria, ela é toda minha alegria, ah, danada! É meu céu de primavera, minha história das eras, minha Hera desgraçada, meu pecado e odisséia, toda minha prosopopéia é pra ela dedicada.
Um. Cabum! Jam session! On. Hum... bis! O tom feliz! Triz! Salva de palmas! Ela traz sua alma pra junto da minha, eu um matuto de quartinha, fico mais leso dos olhos vidrados, de juízo virado. Mesmo que me faça coitado, sou grato e satisfeito, porque só nela tem jeito minha vida erradia, de levantar todo dia endividado com a graça dos seus olhos alados.

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terça-feira, abril 15, 2008

A DELÍCIA DA PAIXÃO



Foto: Rafael Mariante.

O REINO DA SURPRESA

Luiz Alberto Machado

O beijo, primeiro degrau.
Antes disso, à porta do cinema apareceu a menina azul e o filme que ela não viu. Um sábado cheio de pernas: primeiro encontro, conversa de almoço. Isso e aquilo. As palavras escapulindo, o mundo girando. Ela era só o olhar e um silêncio. Eu, um tagarela, depondo tudo, debulhando segredos. Ela permeável. O que eu disse? Sei lá, fiquei nu.
Dali uma semana, era o primeiro beijo e o dia se iluminou. Era o reino da surpresa. E vingava a emoção. Nunca havia saboreado prazer tão imenso, intenso, inteiro, carregado. Tudo inteiramente maior na franzinice dela. Surpresa aos montes: o beijo, o toque, a pele, a entrega total. Tudo integralmente entregue, inteiramente possuído. Nunca houvera. Foi tudo como a minha fome de séculos se apossasse dos seus pés miúdos, engolisse suas pernas, mastigasse suas coxas, deglutisse seu ventre de carne saborosa e me empazinasse com seus seios de caldo mágico e dorso de cordilheiras deliciosas e ruminasse seu corpo de precipícios milenares e me apoderasse de sua alma nua de serva submissa que se deixava escrava completa ao meu bel prazer. E usei antropofagicamente do expediente de tê-la, retê-la, recolhê-la, recomê-la sucessivas vezes até ginofagicamente assentá-la, liquidá-la, enfincá-la e entronizá-la lânguida posse exaurida nos desejos do meu coração atordoado.

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segunda-feira, abril 14, 2008

CLEMENT MAROT



Imagem: Bathsheba at Her Bath, 1654 do pintor e gravurista do Barroco holandês, Rembrandt van Rijn (1606-1669).

A POESIA ERÓTICA DE CLEMENT MAROT (1496-1544)

O MONGE E A VELHA
Passeando um monge pela beira-rio, viu uma velha que lavava a roupa; viu-lhe a perna de graça e o fogo viu onde uma coxa vem juntar-se à outra. O monge inflamado ergue a própria roupa, pega o instrumento e se achegando a ela: Velha, diz ele, acende a minha vela. E, para dar-lhe gosto, a velha então vira-lhe o cu e pede por cautela: Chega mais perto e assopra o meu carvão.

A BELA TETA
Teta mais branca do que um ovo, teta de cetim branco e novo, teta que faz inveja à rosa e mais do que tudo é formosa, teta dura, nem teta, sim pequena bola de marfim, bem no meio da qual aflora, rubra, uma cereja ou amora, que, aposto com vossa mercê, ninguém apalpa, ninguém vê. Teta de bico cor de sangue, teta que nada tem de langue e, indo ou voltando, não balança, quer em corrida, quer em dança. Teta esquerda, pequenininha, sempre distante da vizinha, teta que dás fiel imagem do restante da personagem, quem te vê, que tentação de te conter dentro da mão e comprimir-te e apalpar-te; mas é melhor deixar-se de artes e não o fazer, pois prevejo que lhe viria outro desejo! Teu bom tamanho não engana, teta madura que dás ganas, teta que um só anelo expressa: "Casai comigo bem depressa!" Teta que incha e quer ir além do corpete que ora a retêm. Oh! felizardo quem te encher de leite para te fazer, de ti que és teta de donzela, teta de mulher plena e bela.

Clément Marot (1496-1544) era camarista do rei Francisco I e poeta do período renascentista da corte francesa. Em sua obra, segundo José Paulo Paes, convivem as velhas formas poéticas da Idade Média com as novas formas da Renascença italiana, como o soneto petrarquiano.

FONTE:
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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sexta-feira, abril 11, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Maria Madalena, do pintor, escultor, arquiteto, engenheiro, botânico e músico renascentista italiano Leonardo di ser Piero da Vinci (1452-1519)

MÃE DO OURO

Aqui meu irmão Ela é coisa rara de ver É jóia do Xá Retina de um mar De olhar verde já derramante - Abriu-se Sézamo em mim! Ah, meu irmão Áqualouca tara que tem imã Mergulha no ar Me arrasta, me atrai Pro fundo do oceano que dá Pra lá de Babá Pra cá de Ali... Pedra que lasca seu brilho E queima no lábio Um quilate de mel E que deixa na boca melante Um gosto de língua no céu Luz, talismã Misterioso Cubanacã Delicia sensual de Maça Saborosa Manhã... Vou te eleger Vou me despejar de prazer Essa noite o que mais quero é ser Mil e um pra você”. (João Bosco, Jade).

Luiz Alberto Machado

Luz da manhã ela é, meu talismã, minha fé na vida. E quando ela vem Mãe do Ouro, nuínha embalada como uma bola de fogo incandescente e malsinada riscando o céu dos desejos na minha noite sem estrelas, só para me levar faceira na cadência toda sorrateira dos seus quadris para o túnel perdido na curva do morro onde está a canastra da sua riqueza, a pilastra da sua nobreza e toda delícia e peçonha do seu tesouro escondido. Por isso ela é a luz da manhã, o meu talismã, a minha fé na vida.

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quinta-feira, abril 10, 2008

CANÇÕES DE AMOR POR ELA




Arte: Derinha Rocha / Imagem: René Asmussen

ABANDONO

Letra & música de Luiz Alberto Machado

Chove lá fora
Meu coração
Mais fere agora
A solidão
Aos quatro ventos
Me molharia
Onde esta chuva
Levar
Quanta demora
Ter de esperar
E esta tortura
A me ultrajar
Todo sigilo
Se atreveria
Em revelar
O amor
Que abandona aqui
A revidar
O que faliu
No seu olhar
De emoção
Brindar
Um ermo agreste
Que me fatia
Onde a procela
Agitar

Já outra hora
Abstração
Lá vai o tempo
Sem compaixão
Todo abandono
Me asfixia
Como a mordaça
Do não
E vai consumir
Meu coração
Não será dito
O seu nome em vão
Pra salvar
Senão
Não se reveste
De agerasia
Onde este canto
Alagar

Servirá
Pro arremesso do amor
Que virá
Represar
Esta chuva no peito
A me afogar

Servirá
Pro começo do amor
Que brotar
Que colher
Na luxuria do jeito
E enfim amar.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quarta-feira, abril 09, 2008

GINOFAGIA




Imagem: Arte/Foto: Derinha Rocha

CHEIRO DA FELICIDADE

Luiz Alberto Machado

Ela é a minha princesa, a minha framboesa, o gosto da vida. É a minha querida tal Luisa da MTV, um delicioso pavê, personagem de HQ, figura porreta, cheia da faceta, minha sorte, meu trevo, os pinotes do frevo com seus olhos incendiados, o sexo dilatado, tudo de melhor que está junto. Eu o pão, ela o presunto, tudo na medida. Sou sortudo, é a vida! É tudo no bambo. Pois com ela eu sambo e danço rock de arrancar um samboque até das tripas. Eu arreio a ripa com um toque de letra dela guardar na gaveta, na sua caçapa. É sua minha lapa e garatuja. Na toca da coruja, acerto-lhe em cheio. Tudo então meio a meio e dou-lhe uma cipoada, certeira lapada do cancão piar, do pencó empenar, de emendar os bigodes. E tudo se sacode de bater na canela. Tudo parte dela e a gente se trava, se ela se gava, é coração de mãe. Ela deixa que eu ganhe e não deixo descarte, faço a maior arte de estreitar as pestanas. É quando ela sacana só me agarrando, emoções transbordando e eu agraciado invadindo seus lados. E ela eu reboco, pego firme e sufoco, viro o seu cambão. É de pipocar o tampão, de entornar todo caldo, não deixar nenhum saldo, nadinha a vencer. A gente a se entreter provando nosso doce. Ah, se assim sempre fosse, deixa pra lá, pra quê? Basta então entender, somente uma verdade: quem ama é vivente a ganhar de presente o cheiro da felicidade.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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terça-feira, abril 08, 2008

A DELÍCIA DA PAIXÃO



Imagem: Amantes, de João Werner.

TRAQUINAGEM

Luiz Alberto Machado

No mormaço de toda tarde eu fico agarrado no tempo volúvel de nossas mais acentuadas vontades. E mais quero porque tudo em nós arde além da conta. Não é para menos. É a hora da nossa rixa, quando a gente namora e sou seu carrapato e o inquisidor que acolhe a presa no auto-da-fé de todos os seus sacrifícios imolados para minha real libação. E tudo começa quando ela chega secreta. Atacada até os olhos. Quando meu olhar vira a pá que escava a sua artificial superfície, logo revira os olhos, entreabre os lábios de quem deixa tudo correr e que está pronta para queimar nas funduras de todos os meus infernos. Incendiada, logo rasteja no meu tope, destamaínho com a sua língua de fora, faminta e diabólica, se arrastando feito uma lagartixa insone na minha vigília ardente dos meus quereres abalados. E mais se espicha pra suprir nossa mais tresloucada entrega. É a hora do vamos ver. Somos a caça um do outro, uma avença, um litígio. E, ao mesmo tempo, os caçadores: a presa e o predador, um no outro, dois em um. Vencemos e perdemos, cedemos e nos enfincamos. E é quando ela parte de cabeça, viro seu esgoto, o seu refrigério. E também revertério, tudo bem. Não vacilo e acerto seu Maceió e vou lá na sua Alagoas, ô que mina boa. E ela ronrona leoa, toda fulaninha travessa. Mas logo acende o facho e logo se faz de besoura com ronco sussuarana, toda invocada, cu-doce, que na hora agá é jumenta que arrebita o pau da venta toda não-me-toques, cheia dos fricotes, maior provocação. Ah, não, nada disso, sou eu maior que sua presunção. E com meio safanão, dou-lhe cabo dos pés no litoral, da cabeça em sertão, do seu corpo agreste, perseguindo sua mata, dá licença, e logo tão grata fica de quatro na dispensa. Paga promessa, não deixa por menos e apruma a conversa. Feliz por ser meu sanduíche, vixe! Minha ceia, meu pirão. E no beliche das horas aplico meus golpes. Ela mais me namora de comer o menu, de me fazer seu menir e se estirar nua mesa posta. Meto as catanas e ela é minha rapadura. E do jeito que ela gosta: o meu paladar na sua vulva endemoniada que vai da tarde até alvorada, até a gente se perder no meio da sua chave de pernas. Ah, gostosura eterna de ganhar e perder. Não soou o gongo, tudo longo na prorrogação de gozar até soluçar perturbada e eu encravado na espessura de seu orgasmo.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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segunda-feira, abril 07, 2008

ARTUR GOMES



Imagem: Jan Saudek

A CARNE VIVA DE ARTUR GOMES

Poderia abrir teu corpo com os meus dentes rasgar panos e sedas. Com as unhas arreganhar as tuas fendas desatar todos nós. Da tua cama arrancar os cobertores rasgando as rendas dos lençóis. Perpetuar a ferro e fogo minha marca no teu útero meus desejos imorais. Mal/dizendo a gora soberana com a força sobrehumana dos mortais quando vens me oferecer migalha e fruto como quem dá de comer aos animais. (Lençóes de rendas)

GIRAssóis pousando nu teu corpo: festa beija-flor seresta poesia fosse... esse sol que emana no teu fogo farto lambuzando a uva de saliva doce (Tropicalirismo)

Ah! Meu amor não te esqueci ainda procriando no meu corpo os micróbios do teu sangue (BR-101).

FONTE: GOMES, Artur. Couro cru & carne viva. Rio de Janeiro: Damadá, 1987.

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sexta-feira, abril 04, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA


AH, ESSE OLHAR.... from LUIZ ALBERTO MACHADO on Vimeo.

AH, ESSE OLHAR

Luiz Alberto Machado

Ah, esse olhar que me chega tímido postigo e logo reverbera escancarada porta aberta fraternal para que eu seja mais que vasilha rasa na sua íntima ceia, reunindo os furores da noite e esborrando as ânsias das frestas na promessa do dia ensolarado.
Esse olhar que desnuda meu corpo, afaga terna e deliciosamente minha alma e me faz renascido a todo instante em que misantropo esbarro nas agonias da vida.
Esse olhar que vem com a magia de quem chega caleidoscópio lindo pelos corredores das minhas insatisfações, pelos arredores da minha solidão, pelos caminhos tortuosos das minhas teimosias, como clareira que alumia minha escuridão a derrubar muros, grades, fortalezas, arrancando algemas e segredos que me desordenam e se fincam para longe para que eu atinja os meus ideais nos confins de sua lonjura.
Esse olhar que se faz faroleiro mágico no mirante dos agoniados desejos que me atormentam para apontar qual bússola onde acende vida no seu estado de lua atávica e eu em plena temporada de caça dos mais úmidos sentimentos.
Esse olhar guardião do encanto imorredouro que me leva a ver e ouvir sua altiva perspectiva dissolvida na fricção de sua voz enternecida como conto de fada mais que real lançando labaredas concupiscentes sobre a minha latejante exacerbação.
Esse olhar que entra sem bater e é bem-vindo na surpresa para se deitar nua na poesia, improvisando falas, percorrendo sensações inauditas, pendurando estrelas nos contornos do corpo amanhecido nas braçadas de céu e sonhos, até animar o colo morno do seu ventre de todos os gritos que pedem socorro no laço dos feitiços atrevidos iluminando minha obscenidade.
Ah esse olhar que é como toque de mãos trêmulas tateando a luxúria no beijo que é chama ardente na pele de rio caudaloso inundando o tempo e a fundura de mar de suas premências noturnas a misturar pernas, seios, sexo e boca de lua na carne nua que apetece lamber arrepiando os caminhos de suas vias tortuosas para desfrutar da saborosa iniciação de tudo que é seu.
Ah esse olhar tomado de traços maravilhosamente belos que ornam a terra dos meus anseios, fulguram no sabor que unta meu corpo e me fazem pronto para a vida.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quinta-feira, abril 03, 2008

UM POEMA EM CANÇÃO DE AMOR POR ELA




Imagem: Amantes 50x60 cm. óleo sobre tela 22/07/2004, de João Werner.

ARMADILHAS

Letra & música de Luiz Alberto Machado

Eu te amei
Apesar das armadilhas
Que perseguem todo amor
Eu me dei
Fui deriva tão somente
No teu jeito iridescente
Me pegou em pleno vôo
Me joguei
Respirei com tua vida
De maneira descabida
Que ninguém jamais ousou
Quando em vez
Permaneço em ti oculto
É aí que vem teu vulto
No poema que pintou
Hoje sou o delírio e a vertigem
Das lembranças que me afligem
Em pleno corredor
Já vingou e fez da dor o vício
Me jogou no precipício
E me salvou com teu amor
Eu bem sei quem sabe chega o dia
O destino dê valia
E me entregue a tua flor

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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quarta-feira, abril 02, 2008

GINOFAGIA



Arte/Foto: Derinha Rocha.

ESSA MENINA

Luiz Alberto Machado

Essa menina é feita de lua. Ela voa na rua prontinha querubin. E me apronta tlin tlin no alto da campina onde tudo é cantina feita só de si.

Ah, essa menina que dança com jeito, somente a gingar. Qual estrela lá mansa na unha matutina, desde sonsa ilumina onde antes supunha nunca existir. Ela está sempre aqui como chama na retina, como a grama que mina todo o quintal. E se faz de vestal de todos os presságios. Ela alucina ao contágio. E ela só vale ágio na sina do apelo a brilhar nos cabelos toda magia. O que eu mais queria: roubar o seu cheiro, seu secreto terreiro de tangerina. Ah, fulmina iminente – ela não é gente – é deusa a mendigar.

Essa menina é feita de mar, intensa, quiçá, real mais divina. Quando vem cabotina só me desmantela. Ela vira a janela pronta pr´eu abrir.

Essa menina chega com o olhar ardendo de vida. Quase desvalida com a boca nas asas que vaza e é guia perdidas esquinas, toda emoção repentina com o sopro de aguerrida na pele. O paladar que repele na maior febre, que tudo se quebre ao sol posto - a saliva com gosto de boa cajuína. Ela é tão traquina: o seio da boca sedenta. E venta maior ventania. E, todavia, se põe a chover: o corpo queimando o prazer.

Essa menina é feita do rio que escorre ao quadril pra me afogar. Patati, patatá, é ela que me abriga como se eu fosse a viga que ela quer sustentar.

Essa menina, bailarina da noite, em carne viva, vitalina, essa flor menina a me servir sucessivas entregas, peças que prega nos meus cinco sentidos.

Essa menina é feita de peso: a coxa tatua o desejo que as pernas eqüinas rolam sobejo do sexo azul. Eu todo taful com seus pés nos meus braços que o abraço fulmina e lateja, água que poreja tão pequenina e vira ribeirão na luz feminina. Vingo-lhe a nuca que me ilumina e ela me sorri encantada, franzina com a gula que vai da glória à ruína.

Essa menina e a mão culpada de amor. Ela brota, ereta, me socorre, me empesta. Salta da grota, na greta, virada na breca, capeta, na alvura exalta, cristalina. E tudo se arrasta, arrebata, contamina. E me larga no sopro. Meu corpo oficina. Maior serpentina de carnaval. E me faz imortal. Vem e ilumina a vida toda esquecida no meio da paixão. É quando, então, ela cisma do mundo e reduz quase tudo na palma da mão onde ela mais que altaneira me deita na esteira e me nina um milênio de paixão.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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terça-feira, abril 01, 2008

A DELÍCIA DA PAIXÃO



Imagem: Chegada do espaço concreto, de Pedro Rodrigues.

NAQUELA NOITE TODAS AS NOITES

Luiz Alberto Machado

Naquele dia a gente navegou por nossas fronteiras mais arraigadas e se curtiu o dia todo, era o aniversário dela.
Logo de manhã eu saboreei sua delícia na cozinha: a comida da comida. De tarde, namoramos todos os mormaços. E quando a noite chegou, eu acendi todas as estrelas com o prêmio da sua língua lua na varanda. Era a festa total, como se todas as noites estivessem nesta noite na rodada de sua saia estampada, mãos na cabeça e sussurros de vontades. Ali, de nós dois, todas as posses e bens despojados varridos pela nossa dança na sala, no quarto, nuvens e céus.
Foi quando ela me agarrou com seu beijo Maragogi e me afogou nas ondas do seu corpo.
Foi quando ela engatinhou faminta, engolidora de espadas e devoradora de desejos incendiando o meu sexo iluminado que a fazia rodopiar, se entreter e esfomear na cena explícita de nossa explosão pornô e na minha hipofixilia agoniada de gozo.
Com a minha explosão ela me deu seu sorriso que dinamitou de vez todas as minhas neuras, traumas, frustrações.
Ofegantes na cama, nossos corpos vencidos.
Aí eu levitei com o aperto de seu abraço Porto Calvo. O seu beijo molhado fez o mundo girar mais depressa e caímos lentamente no Passo e bailamos nus na Matriz de Camaragibe.
Eu sou seu par e ela se debruça na cama e me puxa com força sobre as costas lanhadas para que eu vença seus montes e sua carne rendida. Foi aí que venci a sua Paripueira, usurpei o seu Sonho Verde, venci a sua Guaxuma até fazer no seu corpo o Riacho Doce.
Coração saindo pela boca, nosso suor lavou a minha vitória. E venci urrando de gozo sobre sua carne varada e servida sobre a bandeja do meu domínio. O meu peso sobre a rendição de sua maravilha dorsal.
Os meus braços no seu corpo: o banho da noite. A água iluminava a sua pele nua na minha língua que percorria a sua Cruz das Almas, o seu Mata-Garrote, Jatiuca, Ponta Verde, Pajuçara até enfiá-la na mina do seu Pontal e ela me deu a Madalena do Francês rebolando na Barra, se espremendo no Gunga, se ajeitando na praia de Jequiá, enlouquecendo no Pontal de Coruripe, até rebolar seu Piaçabuçu na curva do Penedo que assaltou a minha loucura profana e a fez chorar de satisfação.
O trem do meu tesão seguia os seus trilhos. E ela tributária de tudo se valia dos nossos nervos que reagiam na luta dos quereres mais safados.
Não havia como saltar fora, soltar agora toda libidinagem visceral.
Foi quando ela, frango assado, escancarou todos os segredos desvelando toda sua alma perversa. Ela Amanda Peet premiando o meu apetite. E se deitando no céu como se fosse um presente de natal, como se fosse toda folia de carnaval, como se fosse maior fungado de São João, como se fosse as bênçãos de ano novo, todas as festas juntas, todas as noites nessa noite.
Era aniversário dela e por isso me olhava com seu jeito azul de me beijar a virilidade, quando eu enlouquecido sugava no seu ventre como quem bebe gasolina, gerando a todo vapor a nossa putaria, pele na pele nua e eu me apoderando de sua carne com a fúria dos gritos de quem ama aquilo tudo e muito mais. E insistia alisando a sua carne tocando cada milímetro de sua feitura, como se num walkaround com toda força vital.
Ah, minha vulnerável Lois Lane que quando eu um simples Clark me fazia de Superman. E foi: todas as noites nessa noite. E sobreviventes, emergimos enquanto mergulhávamos um no outro. Aí, lá e loa. Ah, coisa tão boa. A gente mandava bem sem sossegar o facho, maior repasto.
Foi quando ela então vira Madonna ousada e sacana e tudo outra vez e de novo. Puxa!
Todas as noites nessa noite quando eu sonho nossas entregas que fazem viver.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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