terça-feira, setembro 30, 2008

LARA CARDOSO



Imagem: The Sacred and the Profane Love, detail, 1515, do pintor da Alta Renascença italiana, Tiziano (ca.1488-1576).

OS SENTIMENTOS AMOROSOS DE LARA CARDOSO

ORGASMO

Os teus lábios em meus lábios
pressionando o gozo meu
nas pétalas que se abrem
estes lábios, tão sábios
contemplam-me com o apogeu
Depois do entusiasmo,
nos teus braços, o descanso,
tão pequeno, que morre entre os laços
de um novo abraço
e minha rosa se abre a um novo orgasmo...

FOGO

Moreno, que colocou
o olhar em meu decote,
com seu jeito de fricote
meu corpo arrepiou...
A boca sensual
com aquele sorriso de mel,
meu cio acordou...
carregou-me ao céu
para um mundo irreal;
Arrebatou todas as crenças,
fez um terrível mal
virou a maior das doenças,
um amor sem igual;
Moreno, desfaça esse jogo
apareça e devolva a minha paz
isso não se faz
Não me deixe morrer nesse fogo....

INFIDELIDADE

Quero fazer de conta que é sonho,
de que o vazio não é minha única companhia
e, ainda tenho em mim, o seu cheiro
mas, em vão...
o silencio de minhas palavras se perdem,
nesta escuridão, que mata
e eu sem a sua presença,
sou inteira desejo;
A cama, agora vazia,
traz somente lembranças de um dia
e, ao meu lado, apenas o travesseiro
para quem conto
a vontade de seu beijo,
que o tempo não resgata...
Para salvação imediata
não há nenhuma outra probabilidade,
a não ser este fogo aventureiro,
que me joga nos braços da infidelidade
e, faço amor com a saudade...

SENHOR

Quisera ser a santa
que os teus olhos avistam...
ser a senhora do teu destino,
a que encanta
aos tantos, que transitam
com um jeito felino....
Quanto queria te ouvir
a gritar meu nome pelas calçadas
ser única entre tantas
todo o teu espaço invadir
deixar as pessoas encantadas...
quisera ser essa santa!
Ao invés de ti
eu mesma beijar-te inteiro...
isto já me faria contente
ter-te bem aqui
e, eu sentir o teu cheiro,
do jeito mais ardente.
Nada posso, infelizmente...
tão longe quanto a lua
de meu senhor amante,
mundo incoerente
eu aqui, toda tua
e tu, aí, tão distante....

GOZO SOLITÁRIO

Saudade do quente da tua cama...
minha boca ainda te chama,
o peito clama,
e a pele assanha...
Eriça o bico do peito...
faz de fogo o meu leito,
acho que não tem jeito,
és o meu par perfeito...
Sucumbo ao arrepio...
navego neste desvario,
ao meu tesão alforrio,
e só para ti confidencio...

INACABADO

olhos nos olhos sem nenhum tema...
simplesmente, você e eu
procurando o que se perdeu
como a inspiração de um poema;
Fui delineando o seu coração
como faria um pintor
que, com um pedaço de carvão,
desenha as nuances do amor
Como jamais acontecia
você deu nova versão
e o que pensei ser paixão
soou em nova melodia
O que parecia ser rivalidade
acabou em beijo e abraço,
acertamos o compasso
porque tudo era apenas saudade

NUA E CRUA

Para um apetite voraz
eis-me aqui
esperando deste lado
que um belo rapaz
ouse em ser meu amado
E com gestos doces e firmes
possua primeiramente
a minha razão
faça-me cega de paixão
envolva-me apaixonadamente
E que à cada dia
este amor reafirme,
entremeando-nos de tesão
acalorando nosso clima
e quebrando em mim esta monogamia...
Fico aqui esperando
que esta solidão se dilua
meu coração conclama
a minha alma implora
venha para minha cama,
agora
e eu...nua e crua...
só nesta noite
Vou exorcizar estes fantasmas,
acender velas
e matar os possíveis moribundos
pois, aqui nesta casa,
só pode existir
um amor que não morre jamais
Vou recolher as flores mortas
trocar por outras, tão belas
quanto este seu sentimento,
que atrevidamente tiro dos cantos
para fazer-me companhia...
E neste momento
para meu espanto,
saio deste meu torpor
e corro para nossa cama
sorrateira,
pois, é ali que vou amar
a noite inteira...
Só escrevi...
Nunca juraste amor eterno
mas, fizeste de poucos momentos,
tantas horas felizes
que deixei guardados na memória
Tantos dias se passaram,
nossos caminhos se afastaram
e, lembro ainda, de quando foste embora
levando um pouco de minha história...
Como o curso do rio
que segue a sua trajetória
fizeste a viagem de ida
e só a saudade ficou...


LARA CARDOSO – A poeta, escritora e psicóloga paulista radicada na capital sul matogrossense, Lara Cardoso tem seus trabalhos literários publicados em diversos sites, blogs e portais da rede. Na Usina de Letras ela reúne parte do seu trabalho.

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CRONICA DE AMOR POR ELA
FREVO BRINCARTE

segunda-feira, setembro 29, 2008

MATHURIN RÉGNIER



Imagem: Woman with Parrot, 1866Oil on canvas, 129.5 x 195.6 cm, do pintor do Realismo francês Gustave Courbet (1819-1877)

UM EPIGRAMA DE MATHURIN RÉGNIER

EPIGRAMA

A língua ontem me atraiçoou.
Conversando com Antonieta,
Disse eu "Que foda!", e ela, faceta,
Fez cara de quem não gostou.
Muito embora comprometido,
Vi, pelo rubor do seu rosto,
Que o que eu disse dava-lhe gosto,
Mas noutro lugar, não no ouvido.

MATHURIN RÉGNIER – o poeta satirico frances Mathurin Régnier (1573-1613) é autor de inúmeras coleções de desregrado e satíricos poemas e epigramas, tendo, sua obra, várias classes poéticas a partir das regulares satiras em alexandrino, ou com vários metros vigorosos e peças leves com considerável licença de linguagem com formato ocasional, sem pormenores, mas de forma licenciosa, pitoresca e violenta. Para José Paulo Paes, ele levou uma vida de libertinagem. Enquanto poeta, opôs-se ao classicismo de Malherbe e retomou a lição de Villon e Rabelais para, com veia satírica, pintar os vícios da sociedade francesa de sua época.

VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
FREVO BRINCARTE NA ESCOLA JORGE DE LIMA

sexta-feira, setembro 26, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Wounded Amazon, 1904, do pintor e escultor do Simbolismo/Expressionismo alemão Franz von Stuck (1863-1928)

O TALO CORAL NA FENDA DOURADA
(ou viajando ao centro do teu corpo)


Luiz Alberto Machado

Em nós fez-se ontem para o que haverá
E eu guardei o meu sorriso no teu corpo e nele renasço em sol no mormaço das cores de tua nudez maior que a manhã.

Porque eu viciei todos os rios que vão dar no Sneffels do teu cio estonteante,
Porque eu mergulhei nos quatro mil e quinhentos graus centígrados de tua compleição sedutora, demolindo tuas fronteiras, deliciando o teu magma, saciando tua fenda dourada onde a minha língua faz festa com o fascínio que te ilumina a carne, ouro da minha cobiça, mel no meu paladar, alvo da minha flecha certeira.

E mesmo que tudo se faça na perda, o desfeito em ti se refaz porque já vai longe o beijo roubado embaixo dos desejos quando moqueada pela minha gula insaciável.

E mesmo que ainda amanheça, permanecerei insone porque buscarei teus olhos em todas as esquinas do tempo, porque buscarei tuas mãos nos confins dos espaços, porque buscarei tua exuberância desabotoada no manto acolhedor da pele descoberta, até que te sinta presa extravasada pelo embarque do meu relho deslizante no assoalho íntimo de tuas inquietudes abrasadas.

E quando te acercares da minha possessão medonha, eu sugarei teu veneno de serva Afrodite, me fartarei de todos teus humores e abocanharei tua reclusa para fruir incessantemente toda satisfação universal.

E quando tudo explodir de nossa completude, eu te serei arrimo a juntar os cacos do que sobrar reanimando a vida.

E ainda que eu possa apenas me valer do dia e da noite, reinventarei tudo em ti para que seja acesso do meu próprio ser.

E ainda que não nos baste esta vida e tantos desvarios outros, reencarnarei tantas e quantas vezes em tua pose escancarada e nua para que se possa renascer todas as entregas atemporais e mútuas.

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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
FREVO BRINCARTE

quinta-feira, setembro 25, 2008

MARIETA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA



Imagem: Cloudis.

DOIS RELATOS DE MARIETA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA

ALGO DELE

As mãos invadiam-na com a intimidade de bichos vivos,percorrendo suas entranhas quentes e assustadas.Parecia que iriam se perder por dentro, arrancando alguma coisa sua (ou quem sabe, virando-a prazerosamente do avesso).
De alguma forma esquisita, a água fazia parte do desejo enorme, e de repente teve vontade de possuir o mar, as chuvas, os rios... mas sentiu-se seca e com vontade de afundar. Não havia luz nem escuro, nem penumbra: era como ficar fora do mundo, em algum lugar como um trapézio, suspensa.
Havia subido (algum lugar alto do qual contemplava o ventre, porque nele concentrava-se o prazer). Num instante de mistério, o corpo todo chegou lá encima, e adormecendo todos os músculos(até os olhos,a língua,as asas que parecia ter)despencou como de um penhasco em sono profundo.
Um som de ridículas campaínhas tirou-a do pico da montanha (e quase caiu no precipício): era hora de levantar.
"É difícil amar assim", pensou. Pelo menos tinha dele o pensamento, a sensação da presença. Somado ao solitário prazer de pensar seu beijo, estava a vontade de ser invadida- que parecia não deixá-la em paz. Mas sempre, depois de se atirar no penhasco; havia algo dele que a acompanharia pelo resto do dia. Havia?

JULIANA QUASE CHEGANDO LÁ

Seus músculos doíam e resistiam a entregar-se: não conseguia pensar em transar com ninguém, nem mesmo em olhar para algum homem que pudesse seduzi-la. A dor que ficara da ida do Arnaldo era tão forte que não ousaria sair desse estado (até quando? Como seria? Quanto tempo lhe custaria?). As perguntas não verbalizadas também lhe incomodavam, principalmente à noite. Mesmo curtindo sexo como acreditava ser seu caso, nada parecia ter o poder de tirá-la dessa coisa sem graça. Vivia a sensação da famosa parede lisa, tão lisa que por mais que arranhemos não nos permite fincar as unhas. Lisa, a vida estava lisa como uma parede de azulejos...
Naquela noite era a festa da Solange. “Tenho que ir”, pensou Juliana. “Tenho...”
Vestiu-se sem vontade, jogou na roupa uns poucos pingos de perfume sem muito cuidado e desligou a televisão que embora ligada, falava sozinha. “Nenhum clima para festa”, pensou.
Ao chegar não havia vaga para estacionar perto do prédio da amiga. Dava para escutar música dos andares superiores do prédio, e na rua muito barulho de carros. Gente nas calçadas, vendedores ambulantes, cachorros (já vira dois) e ela, que deixara seu carro bastante longe da entrada do prédio. Andava com os músculos que pediam para ficar deitada, mas desta vez ela os convencera de que não era possível dormir cedo. Dormitar, virar na cama, tentar qualquer coisa para chamar o sono: desta vez teria que fingir gostar de estar na festa de sua melhor amiga. O presente- o livro que comprara para Solange- acabava de perceber que ficara no carro. “Droga”, pensou “tenho que voltar”. E lá foi. Ao chegar perto do carro, de salto e incomodada porque a rua era íngreme e teve que subi-la; assustou-se ao chegar bem próximo do carro. Um homem de jaqueta de couro surgiu do outro lado do carro, onde estava abaixado, com uma arma que apontou próximo a ela: “aí, princesa, entra no carro”, mandou. As mãos e pernas de Juliana tremiam sem controle. “Entra, caralho!”, repetiu o homem. Ela obedeceu, e o homem –que já abrira a porta traseira, entrou junto com ela. “Vai, dá a partida”, “vou ter que procurar a chave na bolsa”, disse “me dá a bolsa aqui”, e arrancando a bolsa de sua mão, virou-a no banco de trás, sempre mantendo a arma junto ao corpo de Juliana, com o braço esquerdo esticado entre os bancos da frente- fazendo tudo para não chamar a atenção, mesmo contando com que ninguém olharia para dentro do carro, pois os vidros eram escuros... “Vai, dá a partida”, “...e não olha muito pra mim, vamos dar um passeio...”
Rodaram por mais ou menos quinze minutos, afastando-se do centro da cidade. Juliana começou a sentir náuseas, e tentou dizer- mas o homem, que agora acendia um cigarro, interrompeu dizendo que calasse a boca.
Chegaram numa rua escura, perto de uma estação de trens antiga e abandonada. A noite estava ficando fria, e Juliana não conseguia parar de tremer. “Tá vendo aquele galpão aí na frente?”, perguntou o homem. “Sim”, respondeu. “Desce do carro e vamos para lá”.
Os dois desceram. Não havia uma pessoa sequer por perto, e as lâmpadas dos postes estavam quebradas. Terceiro cachorro que via, e que não lhes deu a mínima; passou na calçada da frente.
Entraram no galpão por uma porta lateral que o homem abriu com facilidade.
O cheiro de gasolina era forte, ou era talvez querosene- algo parecido...O lugar tinha uns seis ou sete metros de cumprimento, as paredes pareciam sujas e no chão, contra a parede à esquerda, um colchão de casal com uns cobertores sobre ele. O homem acendeu uma lâmpada de luz bem fraca perto da porta que iluminou o local, que ficou na penumbra. Havia uma garrafa de vinho num banquinho de madeira no canto oposto e algo que parecia ser um embrulho.
“Você vai tirar a sua roupa, e deitar no colchão. Certo?”- disse à Juliana, empurrando-a e puxando outro banco que estava próximo à entrada.
“Não, você não vai me obrigar a isso”, disse Juliana, com a voz Trêmula (“será que tenho coragem de morrer só pra não "dar pro cara?”, pensou com ela mesma) e o homem repetiu : “gracinha, não me faça fazer o que não quero. Você vai tirar a roupa e fazer o que mando”...
As sensações de Juliana eram avalanches de impulsos contraditórios. Algo a excitara de repente, e ao mesmo tempo estava morrendo de medo. Sentia-se molhada entre as pernas, e não sabia diferenciar o que era...Parecia haver menstruado, mas sabia que não. Não se permitia a idéia absurda de estar excitada com aquilo...
O homem sentou-se no banco, à frente do colchão, e repetiu que tirasse a roupa. Ele, agora sem o cachecol que cobria seu rosto, mandou-a deitar.
Juliana, sem nada a fazer, obedeceu. Toda atrapalhada retirou a roupa, e antes de tirar o sutiã e a calcinha, olhou para o homem (e não pôde deixar de perceber -e admirar consigo mesma- os belos traços que agora ele não escondia... Tinha olhos escuros e um rosto que parecia desenhado, cabelos pretos, lisos e algo compridos, caindo sobre a testa.
Ao admirar o homem, sentiu-se entregue ao que viesse, e pela primeira vez em tantos meses, a parede não mais era de azulejos, e não estava lisa : ela conseguia sentir que a arranhava...Seus músculos agradeciam continuar existindo.
O homem retirou a calça, desabotoou a camisa, e disse, pegando firme nos braços de Juliana : “então, vamos lá: fala pra mim que você não quer dar, e eu te deixo ir...fala...”
Juliana sentia o coração bater com tamanha força, que parecia sair pela boca, e só conseguiu dizer “não” com a cabeça...
“Não o quê, vagabunda? Vai dizer que não quer dar ou que não quer ir embora?”
“Hein?”- perguntou o homem, sacudindo-a ...
Ela não conseguia falar, e apenas encolheu os ombros como se estivesse indiferente.
“Tá bom, vou considerar que tá a fim”, disse o homem, deitando-a no colchão com certa inesperada delicadeza.
Foi beijando o corpo de Juliana por inteiro, deslizando as mãos como nunca ninguém o fizera, enfiando a língua em todos os buracos possíveis... Juliana, gemendo de prazer pensou em como iria se olhar no espelho depois, como iria enfrentar a vergonha do acontecido, mas nessa hora pouco importava, porque nunca sentira tanto prazer. As mãos do homem a percorriam com incrível destreza, até que sentiu-se tremendo dos pés à cabeça, e percebeu a língua quente penetrando-a, fazendo suas pernas se abrirem cada vez mais, até que subitamente escutou um barulho estranho que a assustou. Era a campainha da porta de entrada acordando – a . Hoje era sábado, e a dona Matilde chegara para a faxina... E na verdade, o aniversário de Solange já acontecera semana passada...

MARIETA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA – A uruguaia radicada em São Paulo, Marieta Cristina Dobral Campiglia é profissional da área de saúde, com graduação em Enfermagem e Mestrado pela Unifesp, em Saúde Mental. Ela coordena o curso de graduação em universidade particular paulista. Também é autora de poemas, contos, crônicas, artigos, dentre outras expressões literárias.

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CONSORCIO LITERÁRIO NASCENTE
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terça-feira, setembro 23, 2008

DELÍCIAS DA PAIXÃO



Imagem: Reclining Nude, 1897, do pintor e printmaker do Pos-Impressionismo francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901)

BARREIRAS: UMA LOA PREVENDO O FIM

Luiz Alberto Machado

De manhã ela diz que me quer. Cândida exaltada enfeitiça meus sentidos e vira tudo de ponta à cabeça, até que tudo enlouqueça em mim, ao nosso redor.
Nessa hora ela é a andeja dos meus labirintos. É quando fica altiva, lábios escarlates, corpo exultante, desejo engolindo tudo. Aí completamente transida, monta na minha virilidade, apronta, faz comícios, rola no frevo, perece nas águas do meu corpo e ao sobejar eriçada aos grandes goles. Sua gula é maior e reverbera com suas mãos pegando fogo, sua língua em brasa, seu corpo queimando louca e incendiando minha alma destroçada. Aí judia gostoso, faz o que bem quer: tem minha vida, minha nuca e meu calcanhar. Dá-me tudo e nela erijo a minha gólgota. Somos um no gozo e na vida.

Quando é de noite ela diz que me quer, mas não. Ela devasta tudo ao derredor, faz limpeza geral e cai no buraco negro de esquecer e de lembrar. Indecisa, sorri e disfarça sua angustia. Quase chora, contida. Fica cheia de não me toques. Parece que nada aconteceu. Dá de ombros e mergulha na sua misantropia. Pede socorro, implora estendida sobre nossas rachaduras. Mas não consegue se libertar de mim que estou grudado nas suas entranhas. É quando ela toca meu bambu e percebe minha sina uakti e revira meus sonhos, sacoleja meus ventos, arrevira minhas marés e vira tudo de cabeça pra baixo. E mias tenta e reinventa no empinado da venta, faz de mim o que quer e depois da gozada, arreia esparramada: jaz feliz da vida. Ainda bem, mas não. Me olha pidona, eu sei, ela quer mais. Mas fica absorta, coberta de dúvidas cavando seqüelas, magoando feridas no peito até rasgar o meu íntimo aniquilado, esmagando meu futuro e pisando meus andrajos. Ela não me quer mais, apenas provoca a vida com sua nudez que pensei fosse só minha.

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segunda-feira, setembro 22, 2008

FRANÇOIS DE MALHERBE



Imagem: Fanciulla nuda, 1933, do pinto intaliano Francesco Trombadori (1886-1961)

O PICANTE SONETO BARROCO DE FRANÇOIS DE MALHERBE

SONETO

Quinze anos eu passara, os primeiros da vida,
Sem ter sabido nunca o que era esse furor
Em que a dança do cu deixa na alma um torpor
Após a ânsia viril na cona ser remida.

Não que a morte tão doce e tão apetecida
Não me impelisse um forte, juvenil ardor,
Mas o membro que eu tinha, embora lutador,
Não chegava a deixar a Dama bem servida.

Trabalho desde então com pertinácia rara
Por compensar a perda e o tempo que não pára,
Pois o sol no Poente ameaça os meus dias.

Oh Deus, venho rogar-te, meu zelo ajudai:
Para tão doce agir, meus anos alongai
Ou devolvei-me o tempo em que inda eu não fodia!

FRANÇOIS DE MALHERBE – o poeta, teórico e critico barroco francês, François de Malherbe (1555 - 1628), deixou peças de circunstância, odes, estâncias, canções e sonetos que representam um dos exemplos mais significativos da literatura maneirista e barroca. Ele ridicularizou os poetas franceses do séc. XVI, atacando sem piedade sua frivolidade e suas construções elaboradas, preconizando a forma estrita e contida e acentuando o predomínio da técnica sobre a inspiração.É considerado o introdutor do rigor na poesia francesa, exercendo influência sobre os grandes clássicos do século XVII.

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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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sexta-feira, setembro 19, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Druuna, de Paolo Serpieri.

A NATA DO PRAZER

Luiz Alberto Machado

Quando enfim flagrei sua presença, jamais poderia imaginar que perderia por completo a noção de tudo.

Estava completamente extasiado com a grandiosa beleza que emanava da fogueira ardente de seu corpo, de seus olhos de mar revolto, de sua boca sedutora, do seu jeito mais que divino e maravilhoso, ali, à mão-tenente.

Nossa, como irradiava onímoda, pojante, escorreita, máxima potranca ao meu dispor de ginete bem-aventurado.

Graças à vida, eis que ela, édule de antemão, sorria a mais linda feição fagueira.

E tudo isso me levava por um redemoinho agitado que eu abdicava de qualquer salvação.

Tomei pé ao possuí-la abrasada e colada ao meu corpo para que eu pudesse exalar a odora maravilha de sua manifestação, enquanto beijava seus olhos de céu, suas faces de maçã, sua boca de sedução.

Nessa hora, o mundo e o tempo se perderam de mim e de nós.

Eu só sentia a saudade morrer de velha e o desejo emergir indomavelmente.

De tão extasiado, não pude conter a exagerada ereção que se insinuava no meu membro dilatado e saliente ao contato de suas coxas.

Eu ardia de prazer e seu corpo me eletrocutava na mais das fantásticas sensações ruidosas.

Beijos estalavam incólumes.

E de tão alvoroçado sequer percebi que encurralado pelo seu domínio, era conduzido por um percurso jamais saboreado.

Eu só sabia de estar ao seu lado.

Nem de longe percebi que transcorríamos longo trajeto até chegarmos onde definitivamente nos fazíamos só para o amor.

Eu estava febril, juro, loucamente febril e só ansiava amar com todo afinco de minha loucura apaixonada.

Estávamos, finalmente, a sós num quarto de hotel.

Ali, a penumbra permitia que pudéssemos nos fitar efígie dada, nos vasculhar, nos acercar de nós, tomar de nós a ciência de tudo que somos e que podíamos nos fartar na mais libertina das vontades.

O escuro não escondia de todo a sua beleza.

E eu devaneava agarrado como quem se entrega definitivamente a tudo aquilo que mais e sempre desejava.

Senti o seu domínio ao arrancar-me a camisa, a demover as vestes, a me jogar com brusquidão na cama e a se deitar por cima de mim como quem está disposta a me sufocar com a maior avalanche de prazer.

Tudo muito desordenado, muito intuitivo.

Queríamos e queríamos tudo.

Até que aos poucos desnudados com displicência, é que pude deparar sua nudez santa e cristalina.

Jamais poderia prever o tamanho cósmico de sua entrega.

Eu verdadeiramente estava entregue, me batizando com o seu suor delicioso, me crismando com o seu desejo demoníaco e incontrolável, me salvando com a sua sacralização pecaminosa.

Não havia como nem desejaria jamais me desvencilhar de tal circunstância.

Eu caía de cabeça no seu feitiço solaçoso.

Daí o ritual.

Senti-lhe os mamilos duros dos seios roçarem meu tronco numa dança sensual de arrepiar-me a alma.

Depois seus ductos expressivos saíram passeando pelo meu ventre, onde tomei uma dose generosa de vida.

Seguiu alada pelas minhas coxas de pêlos eriçados, pelas minhas pernas trêmulas e pelos meus pés esquentados pela louca roçada.

Senti o toque de sua mão exímia no meu calcanhar, meus dedos, solado, tornozelo.

Foi fundo na magia quando pude perceber seus lábios tocarem minhas pernas, sua língua viajando pelo meu joelho, contornando minhas coxas, alisando-me o ventre num ziguezague pra lá de extasiante.

Cheguei ao zênite quando sua mão tocou leve o meu macho cajado iluminado e o fez mais voraz e rijo com a carícia táctil de sua condução, enlevando-me iniciado na sua maestria.

Atravessei sua mística cerimônia, quando fez esfregar minha dura turturina mais que tomada de tesão, pelo seu rosto, por seus lábios, por sua pele sedosa.

Embeveci quando fez uns carinhos cervicais, espremendo majestosamente meu louco membro desajuizado no pescoço, lado a lado, até deixá-lo em riste ao queixo e beijá-lo com um beijo terno e mágico.

Como sucumbi a esses beijos.

Fui ao Nirvana e pude contemplar a maior beleza da vida quando chegou a lamber meu dardo túmido com o veludo de sua língua abissal.

Agitei-me com sua libação como se chupasse bíbula o real manjar dos deuses.

Ah! E como a vida me pareceu ringente e eu mergulhando na catarse oriforme do gozo pleno.

Aí, soltei as amarras, capitoso, deixei-me levar pela sua abalizada sucção e ejaculei o meu elixir para cajila de nossa esfomeada carência.

Ah, quanta maravilha sedenta onde sou sua caça em particular temporada.

Levou-me aos extremos até a última gota da minha satisfação plena.

Não satisfeita, ainda, saiu-me lambendo como cadela no cio, até alcançar-me os lábios e nos beijarmos até a ressurreição dos nossos mais infinitos prazeres.

VEJA MAIS:
CRÕNICA DE AMOR POR ELA
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FREVO BRINCARTE
HORARIO ELEITORAL PUTO DA VIDA

quinta-feira, setembro 18, 2008

ROSEMARI BOCCARDO



Imagem: Aphrodite, c.100 B.C., Unknown Sculptors

OS VERSOS SENSUAIS DE ROSEMARI BOCCARDO

QUERO SENTIR VOCÊ

Quero sentir suas mãos acariciando meu corpo
Quero sentir sua respiração acelerada
Quero sentir seu calor
Quero sentir você

Quero você descobrindo meus segredos
Quero você sorrindo de desejo
Quero você beijando minha nuca
Quero sentir você

Quero o calor do seu corpo no meu
Quero seu corpo no meu
Quero sua boca na minha
Quero sentir você

Quero o seu prazer no meu prazer
Quero meu prazer no seu prazer
Quero ser sua
Quero sentir você

BEIJE-ME

Vem para mim amor
Faça-me feliz em seus braços
Deixe-me sentir seu calor
Beije-me

Deixe-me sentir seus braços
Suas mãos no meu corpo
Sua boca na minha
Beije-me

Faça-me carinhos
Deixe-me louca de desejo
Satisfaça minha vontade
Beije-me

Deite-se ao meu lado
Abrace-me forte
Sinta meu coração bater
Beije-me

Beije-me hoje
Amanhã
Sempre
Beije-me

SAUDADES DE SEUS BEIJOS

Saudades de seus beijos
De seus carinhos
De suas mãos percorrendo meu corpo

Saudades de seu olhar cheio de desejo
De seus gemidos e suspiros
Das minhas mãos percorrendo seu corpo

Saudades do seu calor
Do seu gozo
Do meu gozo

Saudades de sentir você em mim
De me faz sua
De ser meu

Saudades

BANHO DE ESPUMAS

Brincamos de crianças grandes
Quando entramos na banheira cheia de espuma
E nos sentimos sensuais, crianças
E com uma vontade louca de nos amarmos

A água cheia de espuma e perfumada
Nos embriaga, nos transforma
De crianças a seres adultos
Com um desejo insano um pelo outro

Escorregamos de um lado para outro
Até que ofegantes nos encontramos
Nos agarramos
Nos acariciamos

Fazemos um amor louco e escorregadio
Cheio de perfume e espuma
Que cobre nosso corpo
Mas descobre nosso desejo

E quando conseguimos nos unir
Ah! Como é bom sentir a água participando
Do nosso amor
Nos dando a sensação e sermos um só
Com a espuma e nossos corpos unidos

Num grande e sensual gozo
Nos damos o prazer que há muito desejávamos
Estarmos juntos numa banheira
Fazendo amor
Com muita espuma e um perfume
De odores misturados
Do nosso corpo, do nosso gozo
Da alma saciada e o corpo cansado

TE QUERO COM ARDOR

Sentir seu corpo no meu
Sentir seu calor
Sentir seus beijos
Sentir você

Te quero com ardor
Com amor
Com desejo
Com paixão

Vem meu amor
Acalmar meu desejo
Aliviar meu ardor
Me amar com paixão

Deixa-me sentir você em mim
Deixarei que me sintas em você
E no final nossos suores misturados
Nos dando a noção de nossa paixão

AIHHHH! QUE SAUDADES DE VOCÊ

Aihhh! Que saudades de você
Como você me faz falta
Seu olhar no meu
Suas mãos nas minhas
Sua boca na minha

Aihhhh! Que saudades de você
Me beijando
Me amando
Me fazendo sua

Aihhhh! Que saudades de você
Me dando prazer
Sem pudor
E eu me deixando
Entregue sem favor

Aihhhhh! Que saudades de você
Do seu corpo me penetrando
Das suas palavras sussurradas
Do seu desejo
Do meu desejo

Aihhhh! Que saudades de você
Do seu prazer no meu corpo
Do meu prazer no teu corpo
Do carinho
Das mãos
Do suor
Aihhhh! Que saudades de você!!!

SINTO SUA BOCA

Sinto sua boca tomando a minha
Me possuindo sem pudor
Um beijo indecoroso, cheio de desejo
Um beijo cheio de paixão, como eu me recordava

Fizemos loucuras, sem pensar nas conseqüências
Foi um momento especial, onde me deixei levar
Pela paixão e desejo do momento

Não importava onde estávamos
E se alguém nos observava
Queria apenas sentir você
Queria que me sentisse

Quero sentir seu beijo tomando minha boca
Tomando meu corpo
Me fazendo arder de desejo e paixão
Quero você, nem que seja para não te-lo

SEM PERGUNTAS

Um calor toma meu corpo
Uma urgência do seu
Uma busca desenfreada pelo prazer
Uma busca por você

Seus lábios tomando o meus
Suas mãos procurando meu corpo
Dedilhando como se fosse um instrumento musical
E da minha alma saem gemidos, como música

Quero ter você em mim, mais uma vez
Quero ter você no prazer do prazer
Quero ter você no desejo puro
Quero ter você no meu corpo agora

Urge que venha rápido
Me tome em seus braços
E me faça sua
Sem perguntas
Sem explicações

Apenas me ame mais uma vez

MOMENTOS INESQUECÍVEIS

Vestida de odalisca e você de sultão
Dancei a dança do ventre para seu deleite
Me esmerei, com ondulações e olhares
Te seduzi!!!

Fui a primeira mulher a te seduzir
Fostes o primeiro homem a me beijar
Fui a primeira mulher que você gostou
Fostes o único homem que amei

E quando nossas fantasias caíram
Quando nossos corpos se tocaram
Quando o suor inundou nossos corpos
Quando nossas bocas se uniram

O mundo parou, nada mais existia
A não ser a sua respiração e a minha
A sua fala tremida e meus gemidos de amor
Seu corpo, meu corpo, nossos corpos

Enquanto durou, o mundo parou
E continuou parado por muito tempo
O tempo em que ficamos abraçados
Sentindo nossos corpos satisfeitos

Depois colocamos nossas fantasias
E voltamos ao mundo real
Que gira sem parar, levando para longe
Momentos inesquecíveis

ME DÁ

Quero sentir seu corpo no meu
Quero devanear enquanto você me abraça
Quero ser sua mais uma vez

Vem meu amor, vem ao meu encontro
Vem fazer amor comigo,
Vem me beijar e acariciar e me chamar de meu amor

Estou a sua espera, agora, hoje, ontem, sempre
Quero suas mãos no meu corpo
Quero suas pernas envolvidas nas minhas
Sem saber onde um começa e o outro termina

Quero sua boca na minha,
Sua língua buscando ávida a minha
Buscando me corpo e meu prazer

Quero minha boca na sua
Minha língua ávida buscando a sua
Buscando em seu corpo o seu prazer

Me dá seu prazer, que te darei o meu
Me dá um pouco de você, que me darei toda
Me dá você, mesmo que seja a última vez

QUERO SENTIR VOCÊ

Quero sentir você
Quero sentir suas mãos acariciando meu corpo
Quero sentir sua respiração acelerada
Quero sentir seu calor
Quero sentir você
Quero você descobrindo meus segredos
Quero você sorrindo de desejo
Quero você beijando minha nuca
Quero sentir você
Quero o calor do seu corpo no meu
Quero seu corpo no meu
Quero sua boca na minha
Quero sentir você
Quero o seu prazer no meu prazer
Quero meu prazer no seu prazer
Quero ser sua
Quero sentir você.

AMOR MEU

Amor meu venha preencher meu coração
Venha me fazer sua
Venha dividir seu amor comigo
Venha me fazer companhia
Diga-me que não estou só

Quero sentir seu corpo junto ao meu
Suas mãos me acariciando
Fazendo meu coração descompassar
Sentir seu calor
Sentir seu amor

Amor meu, não me deixe
Não faça com o meu sentimento
Apenas uma reação de alimento do seu ego
Me queira como sou

Não faça perguntas que não posso responder
Apenas me ame, como eu te amo
Me queira como eu te quero
Seja meu como sou tua

Venha meu amor para meus braços
Pois o cansaço toma conta de mim
A espera me deixa angustiada
E você distante

Vem amor meu
Vem ser meu
Vem comigo
Vem me amar
Vem

SINTO

Sinto meu amor por vezes se esvair
Como se não houve quem ou que amar
Mas lembro-me que estou viva
E isso já é um motivo para amar
Amo as pessoas, a natureza, o meu trabalho
Amo quando posso escrever
Amo quando encontro você
E até quando não te encontro.....
Amo a luz do sol, a água do mar,
O brilho das estrelas e a luz do luar
Amo as palavras que escrevo
Pois elas traduzem o que sinto
Amo viver e aprender
Amo você e quem mais vier
Amo a mim, pois somente assim
Poderei verdadeiramente te amar

SONHOS, DESEJOS E VONTADES...

Tão suscetíveis são nossos sentimentos
Tão impressionáveis pelas sensações
Que nossa vontade, muitas vezes mistura-se
Com nossos sonhos e desejos.

Como separar estas três palavras, ou melhor
Como diferencia-las?
Sonhos, quimera, podemos te-los com os olhos cerrados ou abertos
Desejos, quereres, tudo o que possamos ousar pensar
Vontades, necessidades, todas que necessitemos para viver

O amor faz parte de todas elas
Normalmente, é através dele que nos damos conta delas
Porém, quando sonhamos, desejamos e temos vontade,
Nem sempre estes se realizarão no momento que urge
Mas no momento que em estamos aptos a saborea-los

Pois o amor faz parte de nossa vida, assim como o ar que respiramos
Para algumas pessoas mais, para outras menos, mas ninguém vive sem amor
Podemos, algumas vezes, tentar sublima-lo, mas quando menos esperamos
As comportas se abrem, e ele é extravasado de uma forma avassaladora
Sem pedir permissão, ou saber se pode ou não existir

Por isso, somos sonhos, desejos e vontades
Que muitas vezes deixamos de lado, porém
Eles jamais nos deixam, sempre lembrando
Sempre aparecendo, sempre se tornando presente
Em nossas vidas, exatamente como um presente.

ROSEMARI BOCCARDO – a poeta e administradora paulista Rosemari Boccardo, é formada em Administração de Empresas, com pós-graduação em Gestão Estratégica de Pessoas para Negócios. Tem seus poemas publicados nos livros Caminhos do Amor - antologia - Oficina do Livro Editora – 2007 e Nós, Mulheres - volume 6 - antologia - Oficina do Livro Editora – 2007. Escreve para o sítio www.gostodeler.com.br

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quarta-feira, setembro 17, 2008

GINOFAGIA




Imagem: Harry Candelario / Arte Derinha Rocha

AMBIÇÃO

Luiz Alberto Machado

O relógio. O beijo e seu contágio: o desejo. Revejo ontens, prevejo manhãs, dias. Toda orgia, teréns, Teerãs. Corpos expostos. Somos nós sem rostos, sem pudor. Valendo o amor dos inominados, endemoninhados nos ventres alados, insaciáveis. E que se entregam amáveis, felizes com seus atos condenáveis feito meretrizes com seus machos, no meio de trizes e esculachos mútuos, sem tudo a ver, revolutos, provocando circuitos por puro prazer de transgredir os limites, como reais pedintes em ação, com toda transgressão sexual, toda felação no plural, toda danação, toda ambição canibal tecendo o querer pra ser muito mais que barato de estupefato animal de estimação com um pássaro na mão e ela voando à vela, eu viajando nela qual furacão que devasta sua compleição para nos satisfazer na paixão.

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terça-feira, setembro 16, 2008

DELICIAS DA PAIXÃO



Imagem: Anthony Guerra

BIZIGA

Luiz Alberto Machado

Insatisfeita ela sempre está. Pudera, não há nada mais que o amor no seu mundo. E parece querer sempre mais do que posso lhe dar. Insaciável, uma fonte inesgotável, sempre recheada e explodindo de prazer.
É claro que não me farto de estar o tempo inteiro enfiado nos seus colossais guardados, sempre tirando proveito e me esgueirando sempre mais que meu próprio privilégio, sempre mais que meu merecimento.
Confesso, ela é sempre demais. Além da conta. E mais quer, mais exige, mais pede, mais chega com manha, aumentando o dengo, se derretendo carinhosamente para cada vez mais me aprisionar nas suas garras amorosas. Não há como resistir, mesmo quando ela se mostra irritada com a minha inadimplente presença, embora eu sempre esteja à disposição de satisfazê-la, fogo queimando, explosões siderais. Mas, tem sempre um porém: ela quer mais e eu tome, sua danada! Tome, tome! E lascando tudo, quebrando todos os limites, batendo todos os recordes. Quer mais? Besteira perguntar e tome mais! Isso é um poço sem fundo? Inesgotável, reitero. Por isso sempre insatisfeita e resmungona vai ficando. E quanto mais contrariada, mais nua. A cada insatisfação mais cai uma alça da blusa, mais seus passos largos sobem um centímetro a mais na saia acima das coxas, mais o decote vai inflamando minha gula, mais o seu olhar vai ficando aceso de luxuria, mais a sua boca se torna sedenta, mais seus seios incham prazerosos, mais seu ventre se avoluma na minha predileção, tudo mais e muito mais até que eu me enfio e a submeto a todos os meus caprichos que só conduzem ao prazer mútuo e a salvação de nós dois.

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segunda-feira, setembro 15, 2008

ANGELA FARIA DE PAULA LIMA



Imagem do pintor suíço Félix Vallotton (1864-1925)

OS SENTIMENTOS SENSUAIS DE ANGELA FARIA DE PAULA LIMA

DANÇA

Sutis
Persistentes
São os toques
Que me afagam...
Lento
Escorrendo no tempo
Escorrendo na alma
É o mel
Que ofereces...
Puro instinto
Atilado
Esgueira-se
Nos meandros
dos meus segredos....
E qual serpente
No paraíso
Ofereces-me o fruto!
Fico estática
Pulsante
Observando a tua dança...
Elegante
Viril
Sensual
Cheia de graça
Mas deixo-te a pensar
Se sorverei da taça...
Gosto de ver-te assim
Em delicada valsa
Meneios de cetim
Um homem de verdade
Que sabe o labirinto
Da alma adormecida...
Acordas-me suave
E traz-me para a Vida!
Fazes o jogo correto
Toureiro
Olé!.....

LOUCO AMOR

Quero ser tua, tua tão somente
Quero sentir-me nua, o corpo e o coração
Quero sondar tu alma, todos teus segredos
Quero sentir-te pleno, em plena comunhão...
Quero poder sorver teus sumos em delírio
Quero sentir tua pele em êxtase e loucura
Quero sentir do amor esse martírio
E profanar o templo da doçura...
Em troca desse afeto quase louco
Que viverei contigo em explosão
Amar-te-ei em versos, comovida
E enlaçarei teu corpo com paixão!...

QUERERES

Quero-te
Não à distância
(Ausência não sacia!)
Quero-te
Não só sabendo amar-me
(Pois não alivia!)
Quero-te
Não apenas na mente
(Saudade persistente!)
Quero-te
Não em sonho somente
(Angústia penitente!)
Quero-te
Aqui
Agora
Sempre!
Quero-te
No abraço
No enlace
Rubor na face
Pulso acelerado
Sumos
Aromas
Sentidos assumidos
Paixão sem fim
Quero-te
Eternamente
Semente
Brotando
Em mim!...

TRILHAS

Existem trilhas
Caminhos sinuosos
Largas estradas
Sendas ,rios,montes
Que se entregam
Doces,amorosos
Para que sejam singrados
Ao procurar a Fonte
Existem rendas
Transparências finas
Para que o cavaleiro audaz
Desvende e tome
Com o cuidado que se tem tão grande
Com o desejo que se faz tão forte!

À SUA ESPERA

Tomei um banho gostoso!
Senti como se fosse você a me afagar...
Me arrumei e até passei perfume
Não prá você sentir ciúme,
Mas para que se lembre do odor da minha pele,
Quando macia e nua,
E que ainda permanece sendo sua!

PERFUMES SENSUAIS

Ainda guardo
Junto à minha,
A toalha em que te enxugastes
Após aquele orgasmo louco
Que vivemos na manhã de domingo!
Com teu olhar guloso,
Sondastes meu desejo
E me fizestes mulher plena!
Amor tão denso,
Que teu perfume ainda paira no ar
Suspenso!
E teu odor de macho
Permanece em minhas entranhas...
Teu calor de amante
Ainda fica em minha mente...
Lembranças que resgato
Ao enxugar-me com lascívia
Na toalha que ainda guarda
Os respingos do teu gozo.
E me perfumo com teu cheiro todo o dia
Enquanto aguardo a tua volta
Em agonia!....

BATALHA NAVAL (regras do jogo)

Sentados os dois, frente à câmera virtual
Olhos inquisidores tentam
Desvendar os segredos
Que do outro lado escondem
Mistérios sedutores...
Joga-se no “escuro”
O que poderá ser apenas um “xis”
No mar de chances...
Ou calafrio na alma
Ou insipidez estanque...
Mais um petardo lançado!
E cada vez mais próximo do alvo desejado
Os lança-chamas enviados
De alma para alma
No oceano de ilusões
Começam a acertar em cheio
Destruindo defesas
Tornando frágeis, armas poderosas...
E uma a uma,
Derrubam-se as resistências
Diminuem reticências
E o mesmo olhar de desafio
Transforma-se em poderoso imã...
E atrai a minha frota
Que, desviando-se da rota
Une-se à sua artilharia
Desejando
-Nem que seja por um dia-
Transformar esse jogo
Começado de forma casual
Em parceria real
Encontro sensual
E rendição total!

SOB O LUAR E A BRUMA

Na noite alta, comovido sonho.
Nós dois,na bruma, em noite fria e densa
Só o luar testemunhando os passos
Da dança lenta, nessa noite imensa...
Qual miragens ,sorvemos a calidez dos corpos
Que se entrelaçam ,em silenciosa dança
Que leva ao infinito dos desejos
Que nos remete ao mundo dos sentidos...
Que bom sentir, na palidez da lua
O encanto mudo do sutil momento
Em que em segredo e tão solene calma
Desnudamos o corpo, o coração e a alma!....

NO TECER DOS SONHOS

Existe sim, na nossa poesia
Esse sentido de voar bem longe
Mas dentro desse mesmo paradoxo
Tornamo-nos mais próximos , mais unos
Nos convidamos,sim para esse encontro
Nos entregamos ao ávido delírio
Cavalgamo-nos, sim, as cristas eriçadas
Êxtases puros, espargindo o fogo
As carnes quentes, úmidas, cheirosas
Passagem garantida ao paraíso...
Qual cavaleiro audaz faz-me instrumento
Qual amazona voraz, tenho-te inteiro....
E assim, depois dessa aventura louca
Eis-nos de volta à escuna iluminada.
Então a nau rampante singra os ares
Parte ligeira rumo ao infinito
Enquanto o corpo arde de desejo!....

PAIXÃO INCONTIDA

Paixão incontida
Explode no peito
Arrasa e detona
Sentido suspeito
De amor sem defeito
De espanto e encanto...
E toda amargura
Na alma se cura
Se a mão que segura
Te arde em desejo
Te acende e tortura
Te sufoca e chama
Ao encaixe perfeito
De corpos e almas
Que gemem de gozo
Que suam mistérios
Destilam ternuras
Que eclodem em cumes
De grandes prazeres
Trocando fluídos
De corpos e mentes
Condensando a vida
Lançando sementes
No espaço infinito
Que fica pequeno
Na hora aguda
Do ápice pleno!....

ENTREGA TOTAL

Se meu corpo nu se entrega ao teu, ardente,
É porque precisa do teu calor. Urgente,
Com ternura e loucura. E tão completamente,
Que nem mais sabe se é flor ou só semente!...

SOBRE A PAIXÃO

O que mata a paixão são as esperas
Longas ausências, a falta de emoção.
Pois a paixão é o fascínio das quimeras
Precisa do pulsar do coração...
Do pulso acelerado da certeza
De que o amado venha .O corpo em brasa...
Desprezando o medo e a incerteza
O risco quer correr. E não se atrasa!
Paixão é o lado bom do amor ardente!
Quando a censura cala e consente
Que seja encontro total e que perdure...
Depois de saciada a ânsia do desejo
Com todo despudor e sem um pejo,
Saber que é “infinito enquanto dure”!


ANGELA FARIA DE PAULA LIMA – a escritora mineira Ângela Faria de Paula Lima é oriunda dos Gonçalves Dias do Maranhão. É formada em História, com cursos de PNL. Foi presidente da Academia de Letras de Lavras. É autora do livro “Viva in Verso” (Editora t.mais.oito, 2008), obra na qual apresenta uma série de poemas, nascidos a partir do que ela chama de uma catarse dos momentos que sucederam a uma separação matrimonial de 34 anos. Também escreve textos de amor, humor, religiosos, ensaior, entre outros.

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sexta-feira, setembro 12, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem:foto de Derinha Rocha

REINADO

Luiz Alberto Machado


Ela é linda rainha-nua.

Sou-lhe súdito de fé-cega, carne crua.

Deu-me os seus dotes de lua radiosa e eu a devassar seus mistérios irreveláveis.

Premiou-me com seu reino e toda dadivosa levou-me aos gozos mais inenarráveis.

Fez-me príncipe coroado em sua prenda,

Deu-me a sua nudez por oferenda, verdadeira obra-prima da natureza.

Ah, realeza etérea! Era maior nobreza.

E eu sua presa desfrutei de suas entranhas que a nada se equipara.

Entre o céu e mar nada se compara, nada rivaliza, só o amor se realiza.

Depois de tudo em seu refúgio, ajoelha e reza a graça, eu sei.

E o que ela mais preza é tratar-me por seu rei.

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CRONICA DE AMOR POR ELA
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quinta-feira, setembro 11, 2008

PENSAMENTO DO DIA



Imagem: Nude Woman, Reclining, 1887, do pintor do Impressionismo holandês Vincent van Gogh (1853-1890)

REFLEXÕES ERÓTICAS DE GEORGES BATAILLE

“Creio que o erotismo tem para os homens um sentido que o esforço cientifico não pode atingir. O erotismo só pode ser considerado se levarmos o homem em consideração”.

“O erotismo, em seu conjunto, é infração à regra das interdições: ele é uma atividade humana. Mas, ainda que ele comece onde acaba o animal, a animalidade não deixa de ser seu fundamento. (...) a sexualidade é para o erotismo o que o pensamento é para o cérebro: da mesma maneira, a fisiologia permanece sendo o fundamento objetivo do pensamento”.

“A sexualidade e a morte não são nada além de movimentos agudos de uma festa que a natureza celebra com a inesgotável multidão de seres, ambos tendo o sentido de desperdício ilimitado ao qual a natureza vai ao encontro do desejo de durar, que é próprio de cada ser”.

“(..) o homem é um animal que permanece proibido diante da morte e diante da união sexual (..) Os povos sentem necessidade de esconder os órgãos sexuais de maneiras diferentes; mas, geralmente, eles escondem o órgão masculino da ereção; e, a principio, o homem e a mulher procuram um lugar reservado no momento da união sexual. (...) A interdição, que em nós se opõe à liberdade sexual, é geral, universal; as interdições particulares são seus aspectos variáveis”.

“(...) Sade – o que ele quis dizer – geralmente causa horror mesmo àqueles que fingem admirá-lo e não reconheceram este fato angustiante: que o movimento de amor, levado ao extremo, é um movimento de morte”.

“(...) mas que justamente o cristianismo, ao opor-se ao erotismo, condenou a maioria das religiões. E, num certo sentido, a religião cristã talvez seja a menos religiosa”.

“(...) em tempo de festa, o que é habitualmente proibido pode sempre ser permitido, às vezes exigido (...) a festa consome em sua prodigalidade sem medida os recursos acumulados no tempo do trabalho. (...) Acumular e gastar são as duas fases das quais essa atividade é composta: se partimos desse ponto de vista, a religião compõe um movimento de dança no qual o recuo faz apelo ao salto”.

“(...) considerada pelo conjunto, a vida é o imenso movimento composto pela reprodução e a morte”.

FONTE:
BATAILLE, George. O erotismo. São Paulo: Arx, 2004.

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quarta-feira, setembro 10, 2008

GINOFAGIA




Foto: Lara Flynn Boyle, de Michael Zeppetello.

CONSOLO

Luiz Alberto Machado

Quando ela me encara, linda, bela, deusa seminua, quando sussurra mansinho: sou tua! Tudo é festa no meu coração. É pra lá de bão. É quando ela me faz seu consolo, seu predileto bolo, seu saboroso pirão. Aí eu solto rojão pra que ela se molhe linda Lara Flynn Boyle só sedução. Maior perdição, sou só bola ao cesto com todos os poderes de Grayscow da minha possessão. Ela é minha salvação, a pedra de Esmeralda na verdadeira estrada da comunhão. Ela é minha oração, a pedra filosofal. A virgem vestal da minha celebração. E é meu verão, minhas poesias, meus versos, ela Marie Curie, eu Paracelsus, no fervor da paixão. Minha maior oração na nossa fantasia além da alquimia, além de Plutão, além do que tudo então o nosso convênio na paz dos essênios, no amor eterno temporão.

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terça-feira, setembro 09, 2008

DELICIA DA PAIXÃO



Foto: Expande-me o corpo, de Sergio Costa Vincent.

DESPREVENIDA

Luiz Alberto Machado

Desprevenida. Assim, desavisada, sem vigilância ou espantalho, descuidada, cantarolando seu solitário afazer. Imperceptível eu conferia todos os seus gestos indefesos remexendo concentrada no seu labor.
Assim, por instantes logos e sem alarde eu fui silentemente acompanhando cada detalhe dos seus movimentos, ao mesmo tempo imaginava sua defesa pegando borboleta, seus flancos desguarnecidos de qualquer resistência, sua expressão desligada do mundo.
Eu, senhor absoluto, dos pés à cabeça, pronto para invadir seu parque de diversão e me esbaldar faturando alto, quebrando recorde, furtivo, ladinho, suingue de camisa 10
fazendo estrago na sua arrumação e polidez, candidato ao título de maior craque do seu coração, domando seus movimentos, desejos, beijos, abraços, intenções, verdadeiramente encurralada pela minha vil possessão.
Não é diferente e submissa entrega o reino dos céus de mão beijada para a minha completa posse misturando lábios, gozo, braços e pernas, até nos perder de nós mesmos e nos encontrarmos um no outro realizado.

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DELICIA DA PAIXÃO
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segunda-feira, setembro 08, 2008

DIOSCÓRIDES



Imagem: Marabá (1882), de Rodolpho Amoedo.

ANTIGA POESIA EROTICA GREGA DE DIOSCÓRIDES

EPIGRAMA 55

Estendida sbre o leito, Dóris, a de róseas nádegas,
Me fez imortal na sua carne em flor.
Tendo-me preso entre as pernas magnificas, completou
Com firmaeza o longo percurso de Chipre,
A olhar-me com olhos langorosos:
Eles tremiam
E cintilavam como folhas ao vento,
Até que,
Vertida a branca seiva de nós dois,
Os membros de Dóris por sua vez enlanguesceram.

EPI GRAMA 54

Se prenha,
não te inclines sobre o leito, para
Frente a frente,
A desfrutar em amor procriativo.
No seio da vaga imenga
Não te será empresa facil
Remar balouçando de um para outro lado.
Fá-la voltar-se as roseas nadegas
E ensina tua esposa
A ser desfrutada em amor masculinho.

DIOSCÓRIDES – o poeta e fundador da Farmacognosia grega, Pedáneo Dioscórides (fl. 50-70) é autor da obra De materia medica, considerada a principal fonte de informação sobre drogas medicinais desde o Século I até ao Século XVIII. Fou um poeta alexandrino de fins do séc. III a.C. Seus poemas fuguram na Coroa de Meleagro, uma das coletâneas deste seculo, que serviram de base para a antologia grega. Os poemas selecionados foram recolhidos por José Paulo Paes na sua Antologia da poesia erotica.

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sexta-feira, setembro 05, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: The Fall, 1467-68, do pintor flamengo da Renascença Norte Européia, Hugo van der Goes (ca.1440-1482)

AS GARRAS DA FELINA


Luiz Alberto Machado


Sigo à procura do teu cheiro felina de todos os aromas, sabores e versos.

E quero a tua íris dilatada de brilho no olhar de breu na noite de caça.

Sei que vens amestrada quando quer nas savanas do meu desejo, inupta e nua, pronta para cravar tuas garras retráveis na pele da minha febre ambiciosa.

Sei que vens com o teu incenso que povoa meus sentidos.

E vens de longe e já estás tão perto espreitando minhas vulnerabilidades de amante.

Se não te vejo, logo percebo o teu perfume no ronronar vigoroso.

Vens tão arredia e adulta e arisca no bulício macio do teu passo silencioso, do teu flexível expressar na índole carniceira que já sei prontinha para estraçalhar o meu poema esganiçado.

Acuada no átimo, vens com aguda audição e olfato aguçado: um jeito Márcia Tiburi no parque exclusivo da minha alucinação.

Indefeso, eu adivinho tua presença como quem flagra o iminente em riste e almejo o teu sexo como a salvação dos mortais.

Não há como adiar e reajo, persigo teus passos suspensos no ar com meu faro.

E adivinho a tua toca: o reduto da tigresa, onde alcanço toda amplitude da imensidão.

Encorajado pela silhueta de teu dorso, circundo teu corpo, arranco as vestes, desnudo com afinco como se conquistasse o meu Brasil ideal: assimétrico e sedutor.

E com o achado certeiro vou revolvendo tua intimidade completa de folhas e chilreios submersos, sinuosidades, saliências e reentrâncias: a nudez deificada.

Acossada por mim vai rendendo o dorso para a minha travessia caleidoscópica no belo sexo, onde a maiêutica e a vida nascem e renascem nos encontros, desencontros e reencontros: o gozo repetido de satisfação.

Sou teu.

És minha.

E teu desabrochar é a concha dos segredos que te fazem espectro acessível acolhido na minha loucura dionisíaca.

E embriagados como imigrantes do chão estalamos nossos beijos com marca de tormento e graça e nos dizemos estranhos do mesmo anátema que se dissipa em nossas descobertas abrasadas: o amor, a paixão e o sexo.

A fera e a presa: a corrente do rio na certeza de mar.

Quando a febre apazigua no gozo, me deito em seu corpo – meu ideal travesseiro – para nele saber de mim, de ti e de tudo.


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quinta-feira, setembro 04, 2008

CHICO BUARQUE



Imagem: La debuttante, de Sam Haskins

SOB MEDIDA

Chico Buarque

Se você crê em Deus
Erga as mão para os céus
E agradeça
Quando me cobiçou
Sem querer acertou
Na cabeça
Eu sou sua alma gêmea
Sou sua fêmea
Seu par, sua irmã
Eu sou seu incesto
Sou igual a você
Eu nasci pra você
Eu não presto
Eu não presto
Traiçoeira e vulgar
Sou sem nome e sem lar
Sou aquela
Eu sou filha da rua
Eu sou cria da sua
Costela
Sou bandida
Sou solta na vida
E sob medida
Pros carinhos seus
Meu amigo
Se ajeite comigo
E dê graças a Deus
Se você crê em Deus
Encaminhe pros céus
Uma prece
E agraceça ao Senhor
Você tem o amor
Que merece

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quarta-feira, setembro 03, 2008

GINOFAGIA




Imagem: arte/seleção/edição Derinha Rocha

ALVOROÇO

Luiz Alberto Machado

Quando essa menina se volta felina e apronta outra vez, como sou seu freguês badala 12 horas. Dá prumo e é agora: doze vezes enlaçado, doze vezes amarrado pro seu capricho. É quando eu viro bicho doze vezes encarnado, doze vezes atrepado pronto pro ataque. Ela finge no baque e começa o festim, efígie querubim nua e descalça, pronta pra valsa, ciranda, cirandar. Ela me faz o seu par com beijos esmeraldas numa dança sagrada em meu corpo fadado. Sacode de lado, ajeita e desajeita, mais se espreme, mais se estreita, ela faz vulto. Aí que emerge o tumulto vergando seu dengo. Virando com jeitos, levando no peito e na raça. É quando possessa, com graça, quer que apareça quebrando a vidraça. E me sacaneia. Ainda esperneia e tudo se escancara. Ela enche a cara fica bicada, leva a minha picada, festa no meu sabugo. Ela não dá refugo nas pernas bambas. Ela quer mais samba embaixo do chuveiro – maior suadeiro! Eu me aproveitando. Tudo se esborrando doze vezes profanada, de restar estirada e ainda me colhe e tudo recolhe, doze vezes vingada com todas as honras, doze vezes aclamada no maior fausto, evento tão lauto, pra filha de rei. Seu querer é lei. E cavo sua terra, quanto mais ela berra, eu revolvo arando e sua carne azarando pra abafar o estrondo. Só resta os escombros dela ficar louca, de findar quase rouca de gritar que quer mais. É muito demais, sacudida de gestos, esfolando seus restos, me arranhando as costas, recolhendo as postas do que restou de mim. E não tem mais fim, mais furto, mais roubo, mais sigo no arroubo, dela se sacudir. E sem ter pronde ir, ela tem minha tocha que mais firme se arrocha como seu corcel alado. É quando o bocado ela chega ao demais, ela goza até a paz de arrear debruçada sobre o meu cajado.

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terça-feira, setembro 02, 2008

DELÍCIAS DA PAIXÃO



Imagem: Giove (Satiro) e Antiope, c.1630, do pintor do Barroco flamengo, Sir Anthony van Dyck (1599-1641)

SUFOCO

Luiz Alberto Machado

A alcova dela é o meu regaço, um universo mágico, imprevisível. Onde tudo é estonteantemente aconchegante.

Na ciranda do tempo ela vai e vem, cabelo ao vento, faíscas nos olhos. Ela se parece mais uma filha de rei inatingível, daquelas princesas do outro mundo. Mas não, eis que como uma ave alada capturada pelo fogo da minha volúpia, a namorada do tempo levita e vai pousando como uma ninfa liquefeita com sua face de lua e seus olhos de estrelas iluminadas ofuscando minha alma.

Aterrissa firme até que aos puxavanques, na marra, trago-a arremessada pro meus beijos, tronco colado um no outro, pra minha chibata – a sua vergasta.

Aí, ela com seu riso de heroína chegando, rangendo os dentes com seu dorso de égua mordendo a vida e o meu desejo com seus beijos tumultuosos e que me pertence inteira entre as minhas mãos alheias e eu nascendo na sua boca voluptuosa, valendo-me do seu soluço, da sua inquietação, de sua terra morena em êxtase na nossa dança de todos os ritmos.

Eu o dono da situação, minhas mãos buliçosas arrancando seus grilhões e minha língua ambulante mambembe saboreando todos os seus bagos, gomos, sua seiva, seus peitos maduros, seu ventre em brasa com sua flor deliciosa com olor enfeitiçante, sua rosa cobiçada ardendo nas suas entranhas mornas e siderais onde cavouco todo canteiro de jasmins, avencas, lírios e gerânios muitos, até ficar molhada de gozo para em estado de choque, estado de graça, me agasalhar incansável, persistente, devorando o seu império agoniado, festejando estocadas aos 45 minutos do segundo tempo, com marcação cerrada na cara do gol, pressão total, até que poemas intermináveis e o ribombar de sinos ensurdecedores venham celebrar nossa entrega abissal.

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segunda-feira, setembro 01, 2008

LILIAN MAIAL



Imagem: Nude Woman Reclining, 1887, do pintor do pós-Impressionismo holandês Vincent van Gogh (1853-1890)

A POESIA SABOROSA DE LILIAN MAIAL

BANQUETE

Postei-me à mesa de tua casa,
como banquete em oferenda
ao teu amor incondicional.
Deitei-me preparada
do molho dos teus temperos,
inebriando o ambiente
com os aromas de tua fome.

Dei-te a provar o antepasto de meus olhos,
onde o desejo de adentar tua boca faminta
suplanta a ansiedade
da espera do prato principal.

Servi-te o mais puro vinho de minha adega,
para deleite de teus lábios e papilas,
que poderão sorver,
gota a gota,
a tentação desse cálice bento.

Minha boca, oferecida em beijos
de requintada sopa de saliva
e frutos do mar (de amor),
entreabre-se ante a visão
da tua voracidade em degluti-la.

Meu corpo nu, prato único,
iguaria sem igual,
jaz impregnado do cheiro
dos ingredientes exclusivos
dessa mistura embriagante e secreta,
aguardando, quente e tenro,
a consumação desregrada,
sem noções de etiqueta.

Os dedos, mergulhados nos caldos e molhos,
fogem das lavandas
e são lavados diretamente na boca.

A ornamentação dos frutos maduros,
de textura suave, estimulando o paladar,
trazem lembranças de pêssegos e peras,
maçãs, ameixas, cerejas, jabuticabas,
numa salada-de-frutas carnudas do prazer.

Teu apetite animal quer desvendar os mistérios
dessa cozinha médio-oriental,
e saboreia cada elemento,
tentando adivinhar suas origens,
de olhos fechados.

Após saciar-te a volúpia,
embriagar-te com minhas beberagens,
nutrir-te com minhas seivas,
apresento-te a sobremesa,
na bandeja dse argila do meu dorso,
donde provarás do fruto mais raro,
dos recantos mais exóticos,
deliciando-se como os bárbaros.

E nesse banquete sensual,
musicado por sussurros arautos,
gemidos menestréis,
gritos sopranos,
urros tenores,
suspiros angelicais
e obscenidades profanas,
finalizamos com teu licor,
de efeitos satânicos,
de poderes libidinosos,
para então brindarmos,
exaustos,
ao nosso amor.

DIABA

Rabo pontudo,
chifre carnudo,
sou toda inferno!
Que venham os céus,
que torre a terra!
Cravam-me os desejos
na carne sem pejo,
nas coxas,
no beijo.
Sou toda perdição:
o mal, a absolvição,
pecado e redenção,
hóstia maldita,
vinho contaminado,
paixão.
Teia feliz,
sou aranha,
serpente,
escorpião,
rabisco teu corpo
com a mesma devassidão.
Quero mais,
bem mais,
quero tudo!
Tomo as rédeas da tua vontade,
sou má,
sou cruel,
sou nociva,
mas sou indispensável
na tua cama
e na tua pele em chamas...

O BANHO

Esquece que é você,
Nem lembre o que é você...
Rompa a distância dos milímetros,
Envolva a estátua viva com mãos incandescentes,
Indecentes, impertinentes, reticentes...
Sorva toda a volúpia que seus sentidos possam apurar,
Contorne as curvas esguias e insinuantes,
Ultrapasse as barreiras do banho quente,
Me esquente mais, me ferva,
Misture o jato d'água com sua saliva,
Deixe que os pingos de amor escorram lentamente,
Demarque seu espaço, adentre seu terreno
E venha tomar posse do que sempre foi seu.
A pele está quente e vermelha,
Os olhos estão cerrando de desejo,
O sangue lateja e faz pulsar os recônditos do prazer
Já não se é mais eu e você...
Os corpos aderidos, pela goma indissolúvel
Se deslizam em relevos e reentrâncias,
Se completam, se encaixam,
Buscam-se em frenesi,
Se bastam por si,
E a água, que tudo lava e tudo leva,
Vem lamber os tecidos ingurgitados,
Onde não se sabe mais o que é rosto,
O que é ventre, o que é perna,
O que dorso, o seu colosso,
O meu pescoço, é tudo nosso,
Já não tarda a explosão do vulcão
Que derrama sua lava,
Majestosa e insolente,
Que seca e petrifica
Com a água do chuveiro.
E nada pode separá-los nesse momento...

UMBIGO

negro e profundo abismo de amor
despenca a boca no penhasco
que te abraça
atira tua língua
ato suicida
impensado
instintivo
salva-te
de mim
agarra-te
em mim
escorrega
atraído
ímã oco
buraco tolo
parada obrigatória
dívida
moratória
pedágio do prazer
segue adiante
passe livre
preso a mim

SUBLIMAÇÃO

Sobre o leito de pétalas,
os cacos de vidro ferem e encantam,
enquanto os lábios de mel lambem o sangue,
a seiva, o suor.
Dominação e danação,
completa simbiose,
o senhor é o escravo,
a dona é a dona.
Lacerada a pele,
o toque, o beijo,
a cura,
a entrega,
o amor.
Marcas do louco querer,
cicatrizes de paixão,
vida do sexo e do medo,
incerteza do gozo e da dor,
cumplicidade torta,
de um pulsar em silêncio.

HOJE EU QUERO TE AMAR ASSIM (1° dia)

Violenta
Arranhar tua pele
Sedenta
Beber teu suor
Lenta
Torturar sem chegar
Pimenta
Fazer arder as mucosas
Menta
Refrescar tua boca
Nojenta
Cuspir nas tuas partes
Sonolenta
Cair de exaustão
Tenta
Sair da minha chave
Venta
O bafo quente no cangote
...e morde!

LILIAN MAIAL – a mulher, médica e escritora carioca, Lilian Maial, foi premiada em vários concursos, participou de diversas antologias, integrante da REBRA e autora do livro "Enfim, renasci!". Em 2001, participou da Antologia Cantinho do Poeta. Em 2002, participou do lançamento da Antologia Poetrix, movimento internacional ao qual pertence, com 15 poetrix seus publicados nessa coletânea de 44 autores de diversos países.

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