quinta-feira, outubro 18, 2012

A MULHER FENÍCIA


Imagem: The nude snake charmer, de Paul Désiré Trouilebert.

OS FENÍCIOS - Acredita-se que a origem dos fenícios autodenominados de cananeus remontam mais de 5 mil anos e eram migrantes do Mar Morto e Mar Mediterrâneo, ou segundo o historiador grego Heródoto (484ac-430ac) oriundos do Oceano Índico, localizando-se ao norte da Palestina onde atualmente está o Líbano. Os gregos os chamavam de vermelhos, Phoinix. Eram politeístas e excelentes comerciantes, criando os ideogramas – alfabeto composto de sinais fonéticos e gráficos.

“Se a criança é fêmea, que a deixe crescer e... emergir. Se é macho, que ela deixe a vara e o cajado curvos emergirem”.



A MULHER FENÍCIA –Os mercadores fenícios, segundo o historiador grego Heródoto,  tinham um interesse todo especial por moças bem feitas de corpo e por jovens de rija musculatura. Entre eles, era obrigação das mulheres ofertar a virgindade aos sacerdotes do tempo de Ashtart, a deusa da fertilidade. As mulheres eram sepultadas de toucas no lado esquerdo, os homens à direita. As mulheres e crianças contribuíam como mã0 de obra lucrativa na produção de tecidos.
As mulheres não tinham a menor vergonha de manter relações com qualquer homem, sem escolha de hora nem local. Exemplo disso, são as mulheres de Biblos que davam inicio aos ritos secretos do culto de Adônis, no dia da extraordinária transmutação, que ocorria no templo de Baallat ou Baalat-Gebal, a deusa dos céus ou a mãe-terra dos fenícios, denominada por Adônis de Afrodite. Elas batem no peito, choram e lastimam-se, para, finalmente, quando findam seus choros e lastimas, fazer oferendas a Adônis, como se ele tivesse de fato morrido. Pouco depois, porem, constatava-se que Adônis torna a ressuscitar. Aí, então, passam a colocar sua imagem em diversos lugares, ao ar livre. A seguir, elas começam a raspar os cabelos de suas cabeças, como o faziam os egípcios, quando davam vazão às suas lástimas pela morte de Ápis. Todas as mulheres, porém, que se recusavam a permitir que lhes cortassem os cabelos, tinham de se sujeitar à seguinte penalidade: devem se dispor, ao longo de um dia, a alugar seus corpos. No lugar onde isso ocorria só tinha acesso os estrangeiros. Com o dinheiro obtido através das relações dessas mulheres com os que as procuram podia-se adquirir uma oferenda para Afrodite. Reiteram também historiadores que as mulheres se prostituíam pelo período de um dia, entregando-se a visitantes estrangeiros, provavelmente corporificando assim a fertilidade da terra que recebe novas sementes.
Entre os antigos costumes orientais havia também o das mulheres decentes que iam oferecer suas graças femininas nos templos. No livro Logos Babilônico, Heródoto descreve que todas as mulheres do país tem de se apresentar ao templo de Afrodite (Ischtar-Astartéia), onde, pelo menos uma vez na vida, devem ter relações com um homem estranho. Elas ficam sentadas no recinto sagrado, trazendo na cabeça uma coroa feita de cordéis. São muitas mulheres, umas chegando, outras saindo. Existem no templo corredores muito retos, que se abrem nas mais diversas direções, nos quais se encontram as mulheres e por onde passam os estranhos interessados em escolher uma delas. Toda mulher que ali chegar, para sentar-se entre as demais, não pode mais voltar para casa, a não ser depois que um dos homens estranhos tenha jogado uma moeda no seu regaço, ao que ela se levanta para manter relações sexuais com ele fora do recinto sagrado. Ao entregar-se a ele, porém, ela se desincumbe de seus deveres sagrados para com a deusa e pode retornar ao seu lar. Daí por diante pode-se oferecer quanto se quiser a essa mulher que ela jamais irá entregar-se de novo a um estranho. Mas são apenas as mulheres bonitas e de vistoso porte que voltam logo para casa. As feias tem de ficar esperando por muito tempo, até poderem, um dia, cumprir o velho costume. Muitas delas ficam no tempo uns três a quatro anos. Também no culto da fertilidade, as mulheres entregam-se ou mantem relações sexuais com os hirodulos, que eram servos sagrados, os quais, homens e mulheres, se encontravam a serviço do templo para a pratica de atos de prostituição, o ser humano comunicava-se com o poder divino. A prostituição nos templos e a perda em público da virgindade ocorriam em todos os tempos orientais existentes entre o litoral do Mediterrâneo e o Hindustão. Os hierodulos prestavam seus serviços até mesmo nos mais antigos templos judaicos, onde eles recebiam o nome de Kedeschim, isto é, os iniciados. Na Capadócia, hoje Turquia, viviam seis mil dessas prostitutas a serviço dos templos. Tato em Biblos como em Tiro eram normais os encontros com essas mulheres. Foi exatamente o Cristianismo que provocou uma ruptura com essa tradição, admitindo e defendendo que o tempo era uma escola de ateísmo praquela gente desprezível que arruinava seus corpos entregando-se a um luxo excessivo. Os homens eram calmos e efeminados, ou seja, já não eram mais homens. Eles renegavam a dignidade de seu sexo. Através de um prazer conspurcado, acreditavam poder venerar a divindade. Para os cristãos, relações sexuais de todo condenáveis com mulheres, coisas imundas perpetradas às escondidas, outras ações indecentes e indescritíveis, tudo isso ocorria no templo.
Conta-se ainda que havia uma mulher fenícia, bela e esbelta, que sabia fazer trabalhos maravilhosos. Um dia, chegaram os marinheiros fenícios que oferecendo quinquilharias em seus negros navios, a sequestraram. Eles se aproximaram dela quando fora lavar roupas, conversando das coisas que havia no navio e, por aí, entraram coisas de amor que tanto interessam às mulheres. Perguntaram-na quem era e de onde vinha, ao que falou da saudosa casa de seu pai, respondeu-lhe: ”Tenho a honra de pertencer à cidade de Sídon, de imensas riquezas, onde sou filha de Aribes, cuja riqueza não tem fim. Mas um dia, ao voltar do campo, fui sequestrada por bandidos e vendida à casa do rei da Síria”. Os fenícios perceberam com essa revelação que poderiam fazer grande negócio, perguntando-lhe se não queria retornar ao Líbano, recebendo a sua anuência. Deu-se então essa transação no leito do amor. Mas a sequestrada seduzida não chegou ao Líbano e foi jogada ao mar.
Na religião fenícia havia a concepção do masculino e feminino.  O masculino representado pelo deus-sol, rei dos céus que possuía o poder fecundante. O feminino representado pela deusa-lua, que concebia o deus-sol e se confundia com a terra fecunda. As deusas possuíam o título geral de Baaltis-Baalit, ou seja, a dama, e a principal delas era Artartéa.



ASTARTÉA – também conhecida como deusa Archera ou Ashera-Yam, a senhora dos mares, que em Biblos se denominava Baalat, palavra que se pode traduzir como “a nossa amada senhora”. Ela é venerada até hoje no culto maronita a Maria, existente no Líbano. Os amores da deusa com Thammur-Adonis compuham os ritos de Byblos. Era esposa de El, o Cronos grego. Ela regia sobre todo o âmbito em que predominavam os fenícios. Possuía a função de conselheira no concilio dos deus, só se manifestando quando lhe dirigiam uma pergunta específica. Como mulher, simbolizava as terras férteis e a fecundidade em geral. Era a Baalat que se pedia boas colheitas, filhos e longa vida. Para todas as pessoas ela representava a mãe celeste ou mesmo uma mãe terrena, capaz de satisfazer as necessidades instintivas de segurança e calor dos seres humanos. Ela também era venerada pelos sumérios, babilônios e assírios. Seu filho Baal-Adon-Eschmun-Melcart estava sempre com a mortalidade em jogo, já que a cada ano ele tinha de morrer para, em seguida, ressuscitar. Tornou-se um grande combatente e um amante ameaçador que se vangloriava de ter estado setente e sete vezes nos braços de amada, Anat. Arvorou-se a mencionar que chegou a amá-la oitenta e oito vezes numa só noite. Por fim, Anat sepultou seu marido, depois dele ter sofrido mais uma de suas muitas mortes, para, em seguida, ser assassinado  por Mot a quem Anat vingou-se cortando-o com uma foice, revirando-o com uma pá, deixá-lo queimando no fogo e triturando-o num moinho. Além disso, ela ainda espalhou a carne do assassino pelos campos para que servisse de alimento às aves.



JEZABEL, A PROSTITUTA DE TIRO – Ela provinha do palácio de Hirão, rei de Tiro. Seu pau, Ithobaal, rei dos sidônios, tinha ocupado o cargo de sacerdote de Artartéa antes de usurpar o trono de Tiro. Ela deveria casar-se com Ahab, filho mais de Omri, em Samaria. Ao casar-se, ela mudou de nacionalidade, mas manteve a sua crença ignorando Javé, sendo devotada aos deuses de seu povo e esforçando-se por introduzir em Israel a religião dos fenícios. Ela era formosa e fora educada numa das cortes mais cosmopolitas da época, dominando com perfeição todos os truques da arte feminina da sedução, incluindo entre eles o da intriga. Ahab deixou-se dominar inteiramente por sua mulher, ela passou a fazer dele o que bem entendia. Com isso, pro povo de Samaria, ela era nada mais do que outro membro da classe empresarial que eles abominavem, corporificando e agente do capital estrangeiro. Para os guerreiros de Samaria, ela só estava interessada num maior enfraquecimento da nobreza. Nasce daí uma conspiração promovida pelos camponeses e pela nobreza militar visando destiuir a casa regente, causada pela comportamento de Jezabel. Sabia ela que a consciência judaica jamais a pouparia e sempre surgiria um profeta para apoiar a mutua aversão. E foi o que aconteceu quando surgiu Elias corporificando a ira dos crentes, o ídolo dos oprimidos e a secreta esperança dos insatisfeitos.  Pros cronistas bíblicos, era ela uma ditadora inescrupulosa, uma astuta intrigante e uma mulher ordinária mas de muito sangue frio. Entretanto, historiadores refutam as acusações dos cronistas bíblicos, observando que a pior ação criminal que lhe pode ser imputada é a de ter realizado uma trapaça no caso da vinha de Nabote, que não queria vendê0la ao marido de Jezabel. Todo o resto não é mais que boatos.
Contam os cronistas bíblicos que ela se envolveu em vários casos, como o do cidadão de Israel negou-se a vender vinha ao seu marido, ela conseguiu que o homem fosse condenado à morte. Outro caso revela que a mesma ameaçou mandar matar o profeta Elias por insuflar uma sublevação contra os sacerdotes fenícios, conseguindo que o mesmo fosse expulso do país. Certa feita, ao se encontrar com o assassino que acabara de matar seu filho, ela perguntou como se sentia ele sabendo que não passava de um assassino. Foi amaldiçoada por Elias que profetizou: “Os cães comerão Jezabel junto ao antemuro de Jizreel. E o cadáver será como esterco sobre o campo, no pedaço de Jizreel, que se não possa dizer: Esta é Jezabel”. Quando tentaram sepultá-la, só encontraram a caveira, os pés e as palmas das mãos.

DIDO, A SOBRINHA DE JEZABEL – Era conhecida por Elischa ou Elissa, neta do rei Marten, de Tiro. Quando seu avô faleceu, sucedeu-lhe ao trono seu filho Pigmaleão, o qual, no entanto, teve de repartir o poder com Elissa. Essa dupla soberania terminou sendo proveitosa para um terceiro, um sacerdote de Astartéia, denominado Acharvas. Nos conflitos entre o pai e a filha, ele fazia as vezes de fiel da balança, o que o tornava verdadeiro detentor do poder naquela cidade insular. Havia, porém, que Acharbas tinha tomado e guardado para si a herança financeira de sua mulher, que representava uma parte do capital da firma Tiro, para assim reduzir ainda mais o campo de ação de seu sogro. Este, porem, que não estava disposto a fazer o jogo do outro, mandou que dessem cabo de seu desafiante. O assassinato tornou a divergência ainda mais acentuada. Alguns patrícios de Tiro tomaram o partido da viúva enlutada e decidiram abandonar a cidade juntamente com ela e o seu tesouro escondido. Como porém, não possuíam numero suficiente de navios, planejaram uma refinada manobra de logro. Elissa, que evidentemente residia no continente, solicitou uma audiência a Pigmaleão, que lhe foi imediatamente condedida. O rei alimentava esperança de que sua filha voltaria para o seu lado, com o capital de que dispunha. Nessa convicção, enviou ao encontro dela navios e marinheiros. Fazendo isso, porém, ele agia exatamente como os fugitivos esperavam que ele o fizesse. Às escondidas, levaram o ouro para os navios, onde o esconderam, e, ao mesmo tempo, abertamente, foram colando sacos cheios de areia no convés superior, dizendo que eles continham o que Pigmaleão estava necessitando urgentemente. Ao chegar no canal entre Uchu e Tiro, Elissa começou a clamar por seus esposo falecido, fazendo gestos dramáticos. Pediu a ele que recebesse de volta o ouro que havia guardado para ela, pois estava manchado de sangue. Seus servos, que estavam esperando essa deixa, passaram a jogar no mar os sacos de areia. Os marinheiros de Pigmaleão ficaram olhando aquilo horrorizados. Aquelas eram as riquezas que eles haviam sido encarregados de buscar e que agora jaziam no fundo do canal. Ao chegarem à ilha, fizeram a tripulação dos navios cair na segunda armadilha. Dezoito jovens, prontas para serem defloradas no templo de Astartéia de Pafos, encontravam-se na praia e jogaram-se nos braços dos marinheiros fugitivos. Eram moças dispostas até a desistir da cerimônia normal nesses casos, para com eles viajarem para onde bem entendessem. E como os sublevados já tinham entrementes sido informados de que o ouro ainda se encontrava a bordo, sentiram-se suficientemente munidos para dar continuação á fuga. Essas foram as primeiras iniciativas do empreendimento chamado Cartago.



Imagem: Afroditen syntymasta (La naissance de Venus), 1879, de William-Adolphe Bouquereaun.

AFRODITE – No livro Teogonia, do escritor grego Hesíodo, conta-se que certa noite, quando se encontrava justamente no leito de Géia, a mãe terra, foi surpreendido durante o enlace amoroso, por seu filho Cronos, que, atracando-se em luta com ambos, castrou o pai com uma foice. A seguir jogou no mar o membro assim cortado, que ficou boiando nas águas por muito tempo. Mas como não se tratava de carne igual à carne comum dos mortais, conseguiu cumprir suas finalidades, quando uma nuvem de espuma alvacenta começou a se formar em volta daquele pedaço de carne imortal e dela surgu uma mulher que foi conduzida pelas ondas na direção de Chipre. Ela alcançou terra firme nas cercanias de Pafos, atual cidade de Kitima. Nessa localidade, conta-se que surge uma beldade de cabelos cor de fogo, desnuda, que sai das águas e sobe para a praia com movimentos delicados, como estivesse ensaiando alguns passos de dança. Também nessa localidade, em túmulos de pedra fooram encontrados entre os achados um ídolo que acentuava grandemente a área triangular do sexo feminino. Por volta de 1200 a.C., os fenícios ali chegaram e começaram a realizar os ritos vinculados ao culto de Aschera-Astartéia, a deusa que mais tarde os gregos chamariam de Afrodite. Isso é confirmado por Heródoto ao mencionar que foram os fenícios que criaram o seu santuário na ilha de Chipre. Embora pertencesse aos doze maiorias da hierarquia celeste grega, Afrodite continuou sendo sempre a pequena prostuta que pode seduzir qualquer homem que lhe apraz e que, por isso, pode causar frequentemenete consideráveis malefícios. Ela também era chamada “Porné”, isso até o dia em que conseguiu finalmente dividir-se em duas personalidades. Sob o nome de Afrodite-Urânia ela tornou-se a grande mãe do céu, severa. Celevrava-se o seu culto com oferendas de flores e de incenso. A Afrodite vulgar eram ofertados animais do sexo másculo. Diante dos seus altares as sacerdotisas copulavam com jovens adeptos e as mulheres honradas entregavam-se aos peregrinos. Ares era o indômito amante de Afrodite. Ela também foi alvo da paixão de Pigmaleão, herói do conto de fadas da bela Galatéia. Ele aparece na qualidade de um rei cipriota, cuja paixão por Afrodite era tão intensa que chega a pintar um retrato da mulher amada, com o qual tenta manter relações sexuais. A deusa do amor fica tão impressionada com isso que se transforma num ídolo de marfim, totalmente entregue a ele. Já de novo no papel de Galatéia, ela lhe deu dois filhos.



AS AFRODÍSIAS E A ILHA DE CITERA – Era o local onde também ocorriam prostituição nos templos e cerimônias orgiásticas. As afrodisias eram cultos divinos realizados em lugares de peregrinação e que se realizam todos os anos em Pafos, no mês de abril. Ali realizavam0se feiras, cuja maior atração eram as escravas cipriotas, famosas pela sua arte de amar. Além disso, faziam-se também competições, corridas com archotes, banhos à noite no mar, comilanças, leituras de obras poéticas, e, no interior do tempo, cerimônias de defloração das jovens. Os rapazes, por sua vez, recebiam também as suas primeiras lições práticas dos jogos amorosos, ministradas por sacerdotisas experimentadas e prostitutas a serviço do tempo. Quando voltavam, recebiam de presente de confirmação, um pequeno falo e um torrão de sal lembrando que a deusa tinha sido gerada no mar. As mulheres casadas recebiam menos atenção do que as solteiras, tanto que se concentravam em passar o tempo untando a pedra branca que representava a imagem de Astrate-Afrodite, famosa em toda região do Mediterrâneo.

O RAPTO DE EUROPA – Europa era uma beldade fenícia que fora seequestrada por um touro de aspecto maravilhoso, testa branca como a neve, pele alvacenta, de enorme barriga e pequenos chifres que mais pareciam pedras preciosas. Esse touro era Zeus que se apaixonara por Europa, a fim de que assim, escapando à vigilância da sua mulher, pudesse se aproximar de Europa e trazê-la para Creta, onde ainda hoje há quem mostre o lugar em que ganhou a praia. Afirma-se que fica nas proximidades de Gortyn, no litoral sul da ilha. Todo turista que aí chega é conduzido ao bosque em que o lascivo deus estuprou a bela moça.

AS FENÍCIAS DE EURÍPEDES – Tragédia escrita por volta de 411 aC, sobre a maldição anunciada pelo deus Ares no Oráculo de Apolo, comunicada por Cadmo, bisavô de Laio, de que ele não poderia ter filho homem. Mas cego de desejo, casou-se com Jocasta a quem lhe deu o filho Édipo. Temendo a maldição, despachou a criança na encosta do cume do monte Citéron que foi achada pelos pastores e levada ao rei Pólibo que dela cuidou juntamente com sua esposa. Quando já crescido, Édipo foi ao Oráculo de Apolo, encontrando Laio. Eles se desentenderam e o jovem matou-o. Nessa ocasião, a Esfinge acometia cruelmente toda Tebas, levando Creonte, irmão de Jocasta, a oferecer a coroa e a sua irmã a quem pudesse decifrar os enigmas da malévola: “O que é? O que é? Decifra-me ou te devoro”. Foi aí que Édipo enfrentou a Esfinge, decifrou seu enigma e a derrotou, casando-se, inocentemente, com sua própria Jocasta e dela teve 4 filhos, os meninos Etéocles e Polinices e as meninas, Ismene e Antígona. E quando Édipo descobriu que tivera filhos e irmãos com sua mãe, enlouqueceu pela desventura, perfurando seus próprios olhos e amaldiçoou os filhos que se matariam num duelo pelo palácio. Os dois irmãos, temendo que os deuses cumprissem esta maldição paterna, convencionaram que o mais novo, Polinices, deixasse a pátria pelo período de um ano, e que o trono ficasse co  Etéocles. Após esse período, ele voltaria para o revezamento do poder, com iguais direitos. Só que passado esse prazo, Etéocles se recusou a entregar o palácio, expulsando novamente Polinices da pátria. Desarvorado, Polinices juntou-se ao rei Ádrasto, de Argos, e reuniu muitos soldados para enfim invadir Tebas e tomar o seu trono devido. Jocasta sobrevive ao tomar conhecimento que é mãe e esposa ao mesmo tempo de Édipo, porque seu primeiro marido Laio não deu a devida atenção às advertências dos deuses, de que não deviam ter filhos. Os seus dois filhos homens, Polinice e Etéocles, se enfrentam em sangrenta disputa pelo trono. Ela apela aos sentimentos dos filhos, sofrendo com o ódio mortal no coração deles que se negam um ao outro pela ambição de poder. Não havendo paz, os dois perecem golpeados pelas espadas empunhadas por cada um. Ela, então, suicida-se. Antígona, desesperada, voltou ao palácio para contar a seu pai, Édipo, as tragédias que haviam ocorrido. Édipo recebeu a notícia com muita dor. Creonte, destruído por ter perdido o filho, soube que também perdera a irmã, e que o rei Etéocles e seu irmão Polinices já não mais existiam. Com isso, sendo assim o novo rei, expôs as determinações que Etéocles havia transmitido a ele: Antigona deveria se casar com seu filho Hêmon, Édipo deveria ser expulso da pátria, e o corpo de Polinices não deveria ser sepultado e sim entregue às aves carniceiras. Antígona ficou revoltada com a decisão e disse que iria enterrar o seu irmão. Creonte decretou a morte de Antígona, caso ela consumasse este feito. Édipo, mandado para o exílio, foi acompanhado por Antígona e, em seus momentos finais, refletiu que ele, um simples mortal, mesmo tendo derrotado a feroz Esfinge, tendo sido um herói para Tebas e feito só coisas boas, foi incapaz de mudar o seu destino, não tendo domínio sobre sua vida, estando vulnerável apenas a acatar as decisões dos deuses.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
ALVES, Manuel dos Santos. As fenícias de Eurípedes: Uma paráfrase de Cândido Lusitano.  Disponível em http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas25-26/02_Santos_Alves.pdfAcesso em 20 set 2012.
EURÍPIDES. Ifigênia em Aulis; As fenícias; As bacantes. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1993.
HARDEM, Donald. Os fenícios. Libsoa: Verbo, 1980.
HERM, Gerhard. A civilização dos fenícios. Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1979.
ROMMILLY, J. de. A tragédia grega. Lisboa: Edições 70, 1997.
SALVADOR, Evandro Luis. Mito, narrativa e audiência no monólogo d’As Fenícias de Eurípides. NEArco, Revista Eletrônica de Antiguidade. Disponível em http://www.nea.uerj.br/nearco/arquivos/numero6/5.pdf. Acesso em 20 set 2012.
______. Tradução da tragédia “As Fenícias” de Eurípides e ensaio sobre o prólogo (vv. 1-201) e o primeiro episódio (vv. 261-637). Campinas: UNICAMP, 2010.
SCHULER, Donaldo. Eurípides: as fenícias. Porto Alegre: LP&M,. 2005.
SNELL, B. A cultura grega e as origens do pensamento europeu. São Paulo: Perspectiva: 2001. 


Veja mais A Mulher na Antiguidade.



quarta-feira, outubro 17, 2012

GINOFAGIA

Imagens: acervo de Ísis Nefelibata


ISIS, A BOCUDA NO AUPARISHTAKA




Lá vem ela com sua boca macela a me fazer matusquela tal Paul Ableman com o beijo que eiva e me torna Gershon Legman e mergulha a minha peia na seiva dos beiços que leiva de sua abóbada palatina como um náufrago na sina e que se rende às tormentas de suas águas insulares com todos os seus desejos difusos e espetaculares de hábil audaz.

Ah, ela beija demais!

E me fascina como a mais airosa das vestais, com suas vestes sumárias deixando entrever a fartura mamária até o cochar das coxas que denunciam o cio latejante que inebria com o frescor escaldante das palpitações mais lascivas da sua carne.

No seu escarne, mira de soslaio o meu membro lato, como se fosse tanto deus e lacaio no estupefato ensaio do seu hálito de rosa a me oscular tão gulosa com seus toques abissais.

E qual tenaz bicuda apalpa minha furadeira carnuda, ronda minha sonda e com seu jeito impudico alisa o bico da minha chaleira fervente até se dar conta da minha tesão latente por baixo do tecido.

E como devido processo faz festa no meu Lingam ainda escondido pro seu acesso com a pressão exterior.

Para atingir o receptor ela vem e desataca com a força de quem ataca e dá por descoberta a minha volúpia em oferta pro seu desejo ingente.

É quando rente em bocejo frente à projeção dá-se ao beijo dos lábios ágeis e hábeis na sucção.

Ah, felação, ajoelhou, tem que rezar.

É quando chega a libar tal Linda Lovelace requintada na causadora de presságio tomada das suas mãos a conduzir ao passeio de sua boca requerente feito botão de flor a medir com rigor todo meu sexo cheio irreverente arregalado ao seu tato, olfato, gingado e meneio.

Ah, que enleio.

E no saracoteio, a sua lambida aguda arrepia amanhãs, como se todas as bocudas cunhãs fossem essa felatriz que faz o que diz e passa recibo.

E achando o estribo mais dilata a ruda a se agarrar na robusta pontiaguda busca do meu néctar com apetite, quando minha dinamite é seu sorvete, ela a se fartar no barrete completamente adusta.

Sou então seu banquete e me degusta preu morrer a míngua com o polimento da língua na pincelada da borboleta.

E dada à minha trombeta, como hóstia consagrada que a cada bocada eu viro montanha, ela invade a minha Alemanha e se faz albatroz a bicar sua presa vasculhada que mais se retesa na sua sacada, sua gula em farra a querer que me interne no antro cangula preu ser Julio Verne dentro da sua terra e me faz seu rapaz.

Ah, ela lambe demais!

É a sua jerra em cartaz que ela leva em dever de guerra e tenaz e por puro prazer assaz chupa a manga, sou todo charanga na sua deglutição ardorosa no deleite do meu bastão: em polvorosa pra se desatar e não me deixar em paz.

Ah, ela chupa demais!

É dama meretriz sagaz, é um rio pro meu barco, mar do meu navio, terra da minha raiz, alvo do meu petardo, da minha sede o chafariz, tomada do meu cabo, entrada pro meu plugue que eu sou todo tugue na sua gana nutriz, na casa do meu botão e eu na maior demão pra destampar vasilhame, com estocadas infames na garagem da minha aeronave até que minha clava lhe crave, esse é o nosso conclave, a sua goloseima.

E eu mais cresço na guleima e ela não se engasga nem nada com a minha bisnaga, uma iguaria que chega ao seu glote, e repiso, invado o resorte, a garganta, e toda sua glutonaria que é tanta é maior que o paraíso.

E com jeito preciso ela embeiça meu viril ginete para que eu mais cresça e enfie o aríete pras lambidelas que mais me revela de São Paulo à Beirute a sorver com seu glup minha rapadura.

É tudo loucura e ela encarcera meu rijo fulgor na sua atmosfera lavado eu vou, sou todo comboio no seu acorçoo e mais desafronta tão gueixa a encher toda pronta as bochechas com meu cilindro entocado em sua face de bolindro lambuzado.

E meu pito assanhado no seu vexame é todinho acomodado no seu deleite profuso.

Ah, eu uso e abuso.

E não me escuso e ela me engole e me toma de um gole a glande e tudinho, é coisa mais maior de grande escaninho, que mais me expande e alinho e me apronto armando a coronha ao confronto e ao gatilho, eu lanço o petardo e me encho de brilho pro gozo elevado como sacramento corporal no seu tegumento e vou total pro alvo oriforme feito garapa e em plena irrumação na caçapa, empurro o cambão no gogó da bravata, como se fosse o meu voo em cascata de chufa e toda se estufa com a lapa do meu gol pra festa que muito me apraz.

Ah, ela me engole demais.


Veja mais Ginófago de Ísis.



sexta-feira, outubro 12, 2012

A MULHER NA SUMÉRIA


Imagem: Lilith, John Collier.

OS SUMÉRIOS: UM PAÍS ENTRE DOIS RIOSA civilização suméria é uma das mais antigas que apareceu no V milênio a.C., no território da Mesopotâmia, muito antes dos egípcios e chineses e desapareceu no II milênio. Sua língua é de origem étnica desconhecida. Para os sumérios existir, simplesmente, era expiação bastante no terrível universo.

A MULHER SUMÉRIAA mulher suméria era responsável pela coleta de grãos e cereais, razão pela qual descobriu a cerveja quando estes grãos, sob a água da chuva, fermentaram ao ar livre, tornando-se um importante alimento no período. Ainda que reduzida ao fabrico da bebida no ambiente doméstico, desde a antiguidade a mulher ficou encarregada de produzir esta bebida para o consumo próprio e familiar.
As mulheres eram excluídas de educação, exceto Enheduana, a filha de Sargão, que passava por uma moça letrada.
Na legislação sumeriana as mulheres possuíam independência do marido, podendo separar-se por decisão judicial. O adultério era crime, só absolvido com perdão do marido. Na família, era ela responsável pelas dívidas.
Era costume a prostituição das mulheres uma única vez com estrangeiros, oferecendo ao templo o dinheiro recebido pela prostituição. A que morresse virgem ou de parto era considerada demônio.
O papel das mulheres na armazenagem era reconhecido e tem sua marca no idioma sumério, os aposentos da mulher da casa. Os cereais e outros produtos eram em geral armazenados nos aposentos das mulheres, e as mulheres administravam e eram as guardiãs destes bens armazenados.
A necessidade das mães estarem próximas às suas crianças exigia que as mulheres ficassem ao redor de suas casas. Mas, mesmo em casa, as mulheres não restringiam suas atividades aos afazeres domésticos ou a cuidar somente de crianças. Pelo contrário, o papel feminino no lar incluía a produção de bens básicos e a gerência dos produtos domésticos.
O direito das mulheres sumerianas variava de acordo com o status social de cada uma. Por exemplo, as mulheres da realeza gozavam de um certo poder político e econômico enquanto que as mulheres comuns não participavam da vida política e literária. As mulheres que gozavam de status, como as sacerdotisas, membros da realeza tinham o direito de aprender a ler e a escrever e daí adquiriam autoridade para administrar, e as mulheres menos prestigiadas, com menos status social ocupavam-se da criação dos filhos e das atividades domésticas. Apesar de na Mesopotâmia as mulheres, de uma maneira geral, não terem sido tratadas como iguais aos homens, a posição delas variavam muito entre as cidades-estados.
Mulheres e homens mantinham-se sempre perfumados. Pesquisadores descobriram traços de aromaterapia revelando que mulheres utilizavam cones de ervas aromáticos em suas cabeças, que durante o dia, derretiam deixando os cabelos aromáticos. A touca real era composta de pregas, com babados na parte traseira, continham enfeites, joias de alta qualidade e eram muito pesadas.
Entre as mulheres, algumas tantas se destacam, a exemplo de Kubaka, a mulher da cerveja, que era uma senhora taverneira de Kish, esperta e robusta que tornou-se rainha em 2500 a.C., por 100 anos, sendo sucedida por seus filhos. Também Sabtien, a mulher cervejeira.

KUN-BAU DE KISH, A GUARDIÃ DA TAVERNA – Kun-Bau ou Kubaba foi a única mulher governante suméria, que reinou por 100 anos e aparece na Lista Real Sumeriana que contem a relação de todos os reis da Suméria, registrando o local da realeza e governantes oficiais com o período de seus governos. Antes de ser governante, era uma famosa proprietária de cabaré que amealhou fortuna e, por isso, subiu ao trono.

A MULHER SÁBIA - Em Enmerkar e o Senhor de Aratta, um relato heróico sobre um dos primeiros reis sumérios, quando Enmerkar vai até a cidade de Aratta (cidade esta a qual ele submeteu a cerco para obter suas pedras e minerais preciosos), sua conselheira vai até ele em elegante esplendor para aconselhá-lo e ao rei de Aratta que eles deveriam trocar alimentos por minerais preciosos. Dessa forma, as mulheres serviam como sábias e conselheiras. Assim, as mulheres eram consideradas sábias e eram aquelas que desempenhavam as funções do cuidado das crianças. Isso queria dizer que a criança desenvolvia desde os primórdios da infância a imagem da toda-poderosa e sábia "deusa do quarto de dormir e brincar". Por outro lado, criavam produtos básicos através da culinária, tecelagem e preparo da cerveja. Tais atividades são sofisticadas em termos tecnológicos, e também são complexas, devendo parecer particularmente mais difíceis do que aquelas atividades nas quais os homens participavam. A natureza elaborada das atividades femininas devem ter reforçado desde os primórdios da infância a impressão da mulher sábia. Estes dois fatores contribuem para a imagem da mulher como aquela que acumula conhecimento, e que dispensa também conhecimento especializado.

A POETA ENHEDUANNA – Os mais antigos poemas foram escritos por uma mulher: Enheduanna, filha de Sargão. Ela foi instalada por seu pai como Alta Sacerdotisa (En) do deus da Lua, Nanna em Ur. Nessa capacidade, ela escreveu os grandes poemas Ninmesharra e Nininshagurra, um ciclo de hinos aos templos da Suméria, e talvez também, Inana e Ebih. Era vista como mulher solitária escrevendo numa área que pertencia aos homens. Ela não foi a primeira Alta Sacerdotisa.

A POETA KUBATUM – Também outra mulher, Kibatum, esposa de Sushin, durante o período da Terceira Dinastia de Ur, compôs  canções de amor.

HIERODULAS, AS FUNCIONÁRIAS DA DEUSA DO AMOR – O grande-sacerdote do deus da cidade devia praticar o ritual da hierogamia, casamento com a grande-sacerdotisa de Innana, materializando o casamento entre os deuses, de que dependia a prosperidade dos humanos. Quanto às hierodulas subalternas, estavam à disposição dos crentes, mediante pagamento que o povo não negligenciava em ritual, porque os recursos que o templo obtinha graças às Jovens do Amor, estavam longe de ser desprezíveis. Na Suméria havia um bordel divino.

O SÉQUITO DAS TOCADORAS DE MÚSICA – em Ur, por volta de 2.550 a.C., encontrou-se no cemitério da localidade, 1.800 túmulos, entre eles, as tocadoras de músicas que ainda estavam com seus dedos dedilhando as cordas dos seus instrumentos. Foram vítimas de um suicídio coletivo para seguir o seu senhor no outro mundo, transformado em deus.

ISHTAR, A RAÍNHA DO CÉU, DEUSA LUNAR- Era uma das manifestações da Magna Dea, a Grande Mãe, personificando a força criadora e destruidora da vida nas fases lunar. Deusa da fertilidade que concedia a reprodução e crescimento aos seres humanos, animais e campos. Deusa do amor que desceu de Vênus com seu séquito de sacerdotisas Ishtaritu, ensinando aos homens a arte do êxtase. Rainha do Céu regia as estrelas, formando o cinturão de Ishtar. Percorria o céu todas as noites em uma carruagem puxada por leões, controlando o movimento dos astros e as mudanças do tempo. É representada pela mãe que segura os seios fartos, a virgem guerreira, a insinuante sedutora. Também era a Mãe Terrível, Senhora dos Terrores, quando descia ao mundo subterrâneo causando desespero na terra. Quando se ausentava, nada podia ser concebido, tudo mergulhava numa inércia. Personifica o principio feminino e nas celebrações de Shapatu as mulheres a veneravam invocando suas bênçãos.

A DEUSA INNANA - A deusa Ishtar-Innana no templo de Eanna, em Uruk, a capital da religião suméria. Era a deusa do amor, da fecundidade e da prosperidade. Dumuzi foi o primeiro esposo terrestre de Innana, com ele é inventada a escrita na mesopotâmia.
Essa deusa era presa de disputas amorosas, mas também era intrigante, ambiciosa e sedenta de poder. Um dia ela decide aumentar o seu poder e influencia na cidade e fazer dela o centro do mundo. Para consegui-lo só há uma solução: apossar-se, não importando por que meios, dos famosos Me, encerrados no fundo seu palácio de Apsu, por Enki, em Eridu. A bela ambiciosa desembarca com grande pompa na cidade de Enki. Sedutora, carnuda, provocante. O pai Enki, o sábio, com isso atravessado na garganta, imediatamente chama o seu mordomo, o deus Isimud, a quem dita as suas ordens: a jovem deve ser recebida e tratada regiamente, é preciso fasciná-la, conquistá-la. Então, a mesa é imediatamente servida. Enki apaixonado, febril e tímido, profere elogios lisonjeiros e langorosos. A cerveja corre abundantemente. Mas a embriaguez toma posse do espírito do sábio. Levanta-se em um momento de exaltação, brandindo a taça, com o olhar lúbrico e proclama: “Pelo meu poder, pelo meu poder, à santa Innana, minha filha, eu quero presentear os Me”. A pequena astuta não tinha perdido a cabeça e tarde da noite, enquanto o sábio Enki estava na bebedeira, a bela acabou o carregamento dos Me na sua barca celeste e parte para Uruk, orgulhosa e altiva. Quando o sábio acordou sóbrio percebeu com horror que os Me desapareceram. O fiel Isimud lembra-lhe então o gesto grandioso da véspera, feito em plena embriaguês. Aí ele envia Isimud ajudado por um destacamento do monstros marinhos, em perseguição da fugitiva com a ordem imperiosa de recuperar a preciosa carga. Isimud alcança Innana mencionando o seu objetivo, quando ela fica indignada berrando traição e recusando-se de restituir o presente. Dá-se, então, os assaltos furiosos da esquadra de monstros, mas a deusa desembarca em Uruk, sã e salva, com a sua preciosa carga intata no meio de uma enorme quermesse popular.
No seu templo, o sacerdote-rei seguia regulamente para a consumação da hierogamia, pratica que consistia no cumprimento dos deveres conjugais do rei para com a deusa Innana, representada por uma das suas sacerdotisas. Da sua união dependia a prosperidade do país.
Em sua homenagem teve inicio o sacerdócio feminino iniciado Enheduana e seu pai Sargão de Akkad. O papel das sacerdotisas nos templos sumérios era o de prostitutas sagradas que eram usadas nos rituais do casamento sagrado, responsáveis por aplacar a fúria dos deuses, pelas boas colheitas e fertilidade de homens e mulheres, mantendo a paz na Suméria. Essas mulheres eram as intermediárias entre os deuses, os governantes e o povo. As sacerdotisas possuíam o hábito de beber cerveja, mesmo sendo proibidas por lei que coibiam essas práticas por ela com a pena de morte.

LILITH – Lilith era chamada de a Grande Deusa, a Lua Negra, a Raínha do Céu e era associada a coruja. É no Alfabeto de Bem-Sira, do século VII, que Lilith é considerada a predecessora de Eva. Para os hebreus, a primeira esposa de Adão que se recusou a se deitar por baixo no ato sexual, exigindo sexo de igual para igual. Por isso abandonou Adão, não acatando ao domínio do homem sobre a mulher. Justou-se aos anjos caídos, se casando com Samael. Depois ela foi eliminada pelos hebreus no Velho Testamento. Na mitologia judaica é o demônio, acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. Na Mesopotâmia é associada a um demônio feminino da noite, portadora de doenças e da morte. Na Suméria ele surgiu por volta de 3 mil aC., como demônios e espíritos malignos de ventos e tormentas. Na Babilônia simbolizava a lua, deusa das fases boas e ruins. Nas lendas vampíricas ela paria 100 filhos, súcubus e lilims, se alimentando da energia do sexo e do sangue humano. Outras expressões de Lilith são identifcadas como manipuladora dos sonhos humanos gerando poluções noturnas que cortava o pênis com a vagina e matava com aperto esmagador ao peito. Representa a liberdade sexual feminina e a castração masculina.

A DEUSA NUBARSHEGUNU – Essa deusa tinha uma filha, a bela e viva Ninlil. A mãe já tinha notado o belo jovem que era Enlil, o ser de olhos brilhantes. Considerando que ele era um bom partido, encorajou a filha a seduzir o efebo, com vista no casamento. Ninlil escutou os sábios conselhos de sua mãe e a armadilha funcionou às maravilhas. Mas no momento de consumar a união, Ninlil protestou e recusou satisfazer os ardores do jovem deus. Este, mortificado, voltou como uma fera para a cidade, decidido a todos os extremos. Depois convocou o seu conselheiro Nusku que arranjou-lhe uma barca para que ele e Ninlil, os dois apaixonados, de novo juntos, embarcassem para  um cruzeiro sentimental pelo Eufrates. Mas, no caminho, a jovem recursou outra vez ceder. Enlil perdeu a cabeça e violentou-a. uma catástrofe! Os 50 deuses berraram contra a infâmia, não tolerando a violação, baniu Enlil. Mas Ninlil, moça honesta e nada rancorosa, acompanha-o aos infernos. Esta prova de amor inflama a imaginação do violador que arquiteta um estratagema muito complicado para sair do apuro. Na travessia dos infernos, por três vezes ele se transforma em divindades menores, guardiãs ou guias das Trevas: de cada vez ele aproveita para fecundar Ninlil. Assim, três crianças são engendradas e tornam-se divindades infernais que permitem ao seu irmão mais velho, Nanna, subir tranquilamente e instalar-se no trono lunar. O caso termina com os dois apaixonados reintegrados na cidade.

A DEUSA NISABA - No sonho de Gudéia registrado no grande hino de seu templo, Nisaba é a donzela do estilete divino de prata (ou seja, o lápis ou caneta divinos) que consulta uma tábua estelar que tem aos seus joelhos. Na revisão do Ano Novo, Nisaba colocava as tábuas de lápis lazuli em seus joelhos, pegava o estilete dourado em suas mãos e alinhava os servos para Nanshe. Ela não era uma secretária. A feitura das listagens no Hino de Nanshe era feita por seu marido, Haya. Aqui, ela é aquela que matém os registros para Enlil. Conforme dito num hino para o rei Ishib-irra, "nos locais onde ela se aproxima, encontra-se a escrita". Ela é o paradigma da mulher sábia, de grande percepção e conhecimento, que tudo sabe. Ela é também a grande professora, que dá conselhos para toda terra e dá sabedoria aos reis. Segundo as palavras de um hino do rei Lipit-Ishtar: Nisaba, mulher radiante de alegria, Mulher fiel, escriba, deusa que tudo sabe, Guiou seus dedos sobre a argila, Embelezou a escrita nas tábuas, Fez a mão resplandecente com o estilete de ouro, a linha de medição, a linha de pesquisa, A régua que dá sabedoria,Nisaba deu a você da forma mais generosa. A escrita, a contabilidade e a tomada de notas são essenciais para a civilização urbana. Por isso, ela era a deusa da escrita, da contabilidade, da pesquisa.

DEUSA NUNGAL – A deusa Nungal, a carcereira do Ekur, é a responsável pela guarda de pessoas em calabouços e prisões. Ao seu encargo estava o complexo de templos de Enlil, o jovem deus mais importante dos sumérios, situado em Nippur. Nungal é cantada em um hino, onde a própria deusa conta o papel terrível e de grande importância que esta parte do templo, quando ela descreve os grandes dias de julgamento e seu papel neles. Nestes dias, o acusado é julgado pelas águas do rio. Se ele boiar ou nadar, ele passa no teste. Mas mesmo se o acusado falhar no teste, não será permitido que este se afogue. O bastão divino de Nungal salva o condenado das águas, e ele é dado para ela que o irá colocar na prisão, chamada pela deusa de "casa da vida". Nungal descreve o calabouço com termos que lembram a definição poética do inferno. A prisão de deusa é um local para suspiros e queixas, na qual os infelizes passam os dias em lágrimas e lamentações. Nesse lugar, ela mantém os condenados sob sua guarda, até a hora em que ele ou ela tenham chegado ao "coração de seu deus(a)". Nesse momento,ela então irá purificar o condenado e retorná-lo (ou a ela) à boa "mão de seu deus(a)". Por isso, ela guarda e preserva o prisioneiro ou prisioneira, possibilitando que ele ou ela retornem à sociedade.

NINKASI, AQUELA QUE ENCHE A BOCA – A deusa Ninkasi nasceu do fluxo de água brilhante, cultivando a cevada florida, pela mistura do malte com as especiarias e pelo condicionamento da cerveja no vasilhame. Era filha de Enki, deus das águas doces e do conhecimento, e de Ninti, deusa dos oceanos, que participaram da criação humana com seu próprio sangue e modelando o homem na argila. Um poema sumério foi escrito em sua homenagem por volta de 3.900 aC., contendo a primeira receita da cerveja, criada a partir do bappir que é o pão de cevada maltada e farinha de cevada, acrescido de água, malte, mel e tâmaras. É considerada a saciadora dos desejos e dos corações.

A DEUSA NINGIRIM - Nos textos mais antigos do período histórico, o dos textos de Fara e Abu Salabikh (cerca de 2.500 Antes da Era Comum), havia uma deusa muito importante chamada Ningirim, que aparece de forma proeminente na literatura de encantamentos como exorcista dos deuses, a deusa das fórmulas mágicas e da purificação da água. Em tempos sumérios posteriores, exorcismos e encantamentos estão nas mãos de Enki e seu filho, Asarluhi; ainda mais tarde na literatura mesopotâmica, os papéis destes dois últimos deuses são tomados por Ea e Marduk. Ningirim nunca desaparece inteiramente da literatura mágica posterior da Mesopotâmia, mas ela fica detentora de um papel menor cuja função em exorcismos e encantamentos cede lugar a Enki e Asarluhi, sendo portanto um pálido eco de sua importância anterior.

A DEUSA NISABA  Protege o crescimento dos cereais, simbolizada pelo grão divino. A deusa Nisaba, a deusa da vegetação mais estreitamente associada com grãos, também é conhecida por arrumar os galpões de armazenagem de grãos, bem como é identificada com a sala de armazenagem. A área do templo chamada de giparu, a área para armazenagem de alimentos, também servia como ala onde morava a Alta Sacerdotisa ou Alto Sacerdote da cidade.

DEUSA NINURRA – A mudança de gênero da deusa Ninurra para deus reflete a evolução da cerâmica desde seus tempos iniciais, ou seja, a transformação de tarefas desenvolvidas no lar por mulheres e que passam para a esfera profissional masculina. Por isso ela representa a arte de fazer cerâmica. Assim, a deusa da cerâmica foi transformada num deus e por último, tendo sido absorvida pela figura de Enki. Uma mudança semelhante ocorreu nas artes Mânticas.

A DEUSA ARURU – a deusa criadora. Ela criou no deserto, com pouco de argila e de água, um ser excepcional que deveria vencer a presunção do fogoso rei de Uruk. Enkidu, uma criatura do silencio noturno, nasceu, criado entre as feras e coberto de pelos. Em combate, foi vencido por Gilgamesh.

Outras deusas são representadas pela Deusa Uttu, o arquétipo da esposa. Já a deusa Nintu também é chamada A Grande Sábia de todas as Coisas.

AS ESTATUAS FEMININAS – Nas estátuas femininas, as mulheres usam longos panos deapejados que deixam descobertos o ombro e o braço direitos. Observam0se vários traços comuns estas estátuas: ombros muito largos, peito trapezoidal afinando-se na cintura, cotovelos exageradamente pontiagudos, olhos e sobrancelas incrustados com conchas ou betume, expressão do rosto parada.  A mais notável estátia é a da Grande Cantora Ur-Nina que está sentada sobre uma almofada de pernas cruzadas, charme aristocrático, sorriso calmo, olhos maliciosos, boca em biquinho, cabeleira delicadamente penteada e dividida no alto da cabeça e que desce em ondas negras até o meio do tronco, com um gracioso nó de cabelos sobre a têmpora, na altura das orelhas. Também a estátua da Mulher Melancólica do Rei Manishtusu: pequeno busto de mulher, rosto embonecado, cercado por cabelos ondulados presos por uma fita, olhos muito expressivos, serena. A Estátua da Mulher de Echarpe, a eposa de Gudéia, que usa um vestido de duas peças, ornamentado com franjas e rendas de argolinhas, pescoço enfeitado com um colar rígido de várias voltas sobrepostas, a cabeleira apertada sob um echarpe segura por uma fita na testa, nobre e altiva.

CARPIDEIRAS: AS CANTORAS DOS LAMENTOS: O papel da deusa como carpideira estende-se para além da família, pois as deusas eram as principais cantoras dos lamentos na tradição literária suméria, as principais carpideiras sobre as cidades sumérias destruídas. Os lamentos congregacionais chamados balags: Nessas composições, o mais comum é ver a deusa Inana fazer lamentos sobre cidades destruídas.

OS LAMENTOS DA DEUSA AMAGESHTINANNA –Os lamentos da deusa Amageshtinanna feitos para seu irmão Dumuzi, que havia morrido e então descido ao Reino dos Mortos. Esses lamentos eram tão incessantes que os deuses concordaram que ela tomasse o lugar de Dumuzi no Reino dos Mortos por certo período durante o ano.

OS LAMENTO DE INANNA - São  reconhecidos os lamentos que Inana cantou pelo mesmo Dumuzi que tinha sido seu esposo. O lamento que Inana cantou sobre o cadáver do rei Ur-Nammu, a quem ela identificava como Dumuzi.

O LAMENTO DE NINGAL - O lamento de Ningal sobre a cidade de Ur, foi escrita pouco após a destruição da cidade, ao final da terceira dinastia de Ur. Nesse poema, Ningal, a deusa de Ur, chora pela cidade. De forma significativa, ela é mostrada cantando dois lamentos, um antes da cidade ser destruída, na tentativa de impedir a destruição iminente; no segundo lamento, quando a cidade foi destruída, ela se queixa da perda da cidade e de seu lar. Ela se lamenta: "seus cabelos ela cortou como se fossem galhos; em seu peito, sobre o ornamento de moscas de prata, ela bateu e bradou "pobre de minha cidade!", com os olhos cheios de lágrimas, amargamente ela chorou". Com isso, ela pretendia convencer os deuses a não destruir a cidade de Ur. Neste caso, ela não teve sucesso. Mas após a destruição, ela continuou o lamento, a fim de despertar a misericórdia dos deuses.

O LAMENTO DE ERIDU - Mostra a deusa Damgalnuna chorando a perda de sua cidade, Eridu. Ela começa o lamento: "Ela tocou seus seios como se fossem garras, ela levou suas mãos aos olhos, ela soltou um grito de dor em frenesi, ela segurou a adaga e a espada em suas duas mãos; as armas rangiram ao se tocar, e ela cortou seus cabelos como galhos, soltando um amargo lamento".

LAMENTO DE NINSHUBUR - Quando Ninshubur, a assistente e conselheira de Inana, começa a fazer o lamento por sua senhora, que está presa no Reino dos Mortos, ela "esbugalhou seus olhos, ela tocou em seu nariz, ela tocou nas suas coxas com as mãos tal qual garras". O seu choro na Descida à Mansão dos Mortos tinha um objetivo específico: ela chorava frente aos deuses a fim de fazê-los agir para resgatar Inana, que estava sendo mantida como prisioneira no Reino dos Mortos.


A HIEROGAMIA: O DIVINO FEMININO


SARGÃO DE ACAD – Sua mãe era uma sacerdotisa de uma pequena aldeia, Azupiranu, nas marges do Eufrates. Naquela época as sacerdotisas estavam proibidas de conceberem, mas não era obrigadas à castidade. A futura mãe encontrou um desconhecido e o que tinha de acontecer aconteceu. Quando a criança nasceu, ela colocou-a em uma cesta que confiou às águas negligentes do Eufrates: “Minha mãe, a grande-sacerdotisa, concebeu-me e pôs-me no mundo em segredo. Ela colocou-me dentro de um cesto de junco cuja abertura fechou com betume. Jogou-me no rio sem que eu pudesse sair. O rio levou-me até a casa de Aqqi, o aguadeiro, que me adotOu como seu filho e me criou, ensinando-me a profissão de jardineiro. Foi quando a deusa Ishtar se enamorou de mim e foi assim que durante 56 anos eu exerci a realeza”. Ele, então, destronou o Rei Urzababa e tornou-se o novo soberano, criando a cidade de Acad. Conta-se que ele venceu 34 batalhas, destruiu as muralhas até o mar, criando a monarquia unitária. Morre ele em 2379, sucedido por seu filho Rimush.

A EPOPÉIA DE GILGAMESH - No Épico de Gilgamesh, a mãe divina de Gilgamesh, Ninsun, explica ao jovem monarca o significado de seu sonho. Meio milênio antes, num hino ao Rei Gudéia de Lagash (cerca de 2.200 Antes da Era Comum, ou cerca de 4.200 anos atrás), a deusa Nanshe é chamada da grande intérprete de sonhos dos deuses, uma especialista neste campo, sendo então quem irá interpretar o sonho de Gudéia para ele. Além de se poder pedir para Nanshe auxiliar na interpretação de sonhos, ela também podia auxiliar na incubação de um sonho, ou seja, fazer um sonho acontecer através de um conjunto de imagens previamente estudadas e trabalhadas às quais se pretende encontrar resposta no sonho. Este é o papel que Nanshe desempenha na Canção dos Bois do Arado, onde o fazendeiro vai sonhar com Nanshe e faz com que ela fique ao seu lado para induzir o sonho.
No caso de Gilgamesh, onde a mãe do jovem rei de Uruk explica o significado dos dois sonhos que Gilgamesh teve, quando este vai até ela por este motivo. Como muitas destas artes, a interpretação dos sonhos moveu para longe da casa, transformando-se também numa das especialidades da Alta Sacerdotisa de Ur.
Gilgamesh construiu as gigantescas muralhas de Uruk, com 900 torres de vigia semi-circulares. Foi o quinto soberano da I dinastia de Uruk, reinando por 127 anos. Nunca foi vencido, arrogante, de temperamento vulcanico. O seu desejo insaciável não deixou uma virgem ao seu apaixonado, nem a filha do guerreira, nem a mulher do nobre. Era erotômano, provava a esposa antes do marido.
Os abusos de Gilgamesh foram denunciados aos deuses que apelaram para Aruru, a deusa criadora que mesmo criando Enkidu. Conta-se que uma prostituta seduziu e civilizou Enkidu que conta os excessos de Gilgamesh, enfurecendo-se. Dá-se o confronto e Enkidu reconhece a realeza do adversário. Por sua vez, Gilgamesh modera-se, a cidade volta a ter paz e liberdade.
Certa feita, Agga, o rei de Kish exigiu submissão de Gilgamesh. Este aconselhando-se com a Câmara Alta dos Anciãos, recebeu o aconselhamento de submeter-se a Kish. Então, ele convoca a Câmara Baixa que é composta por todos os cidadãos de Uruk, que apoiou Gilgamesh e marcha contra Kish, não havendo conflito pela existência de um acordo entre ambos.
Doutra feita, Gilgamesh ouviu as queixas da bela deusa do Amor, Inanna-Ishtar que havia descoberto uma árvore meio enraizada pelo vento nas margens do Eufrates. A deusa apanhou-a e plantou-a no seu jardim em Uruk com a intenção de extrair dela a madeira para fabricar uma cama e uma cadeira. Mas quando a árvore cresceu, fopi conquistada pela Serpente que fez nela um ninho, o pássaro Imdugud instalou-se nela, assim como o demênio Lilith. Foi aí então que Gilgamesh armou-se de sua lança e fez a serpente em pedaços, afugentando o pássaro Imdugud e Lilith. A deusa recuperando sua árvore, constriu um tambor pukku e uma varinha nikku que, um belo dia, caíram nas profundezas dos infernos.
A deusa do Amor, Innana-Ishtar apaixona-se por Gilgamesh e descaradamente vale-se de provocá-lo. O rei que se tornou virtuoso, repele-a com brutalidade. Então a deusa, humilhada, apela ao pai dos deus Anu, seu pai, para que ele faça descer à terra o Touro Celeste, a fim de matar Gilgamesh e arrasar Uruk. Como o patriarca dos deuses demora, a deusa do Amor ameaça-o de abrir as portas dos infernos: os mortos então voltariam à terra. Na cede e Innana-Ishtar conduz o Touro até Uruk. O ataque mata centenas de guerreiros de Uruk, até que Enkidu se agarra aos chifres do Touro e com apoio de Gilgamesh matam-no. Mas os deuses condenaram Enkidu à morte, por ter participado do massacre de Humbaba e do Touro. Morre Enkidu doente. Gilgamesh vendo-se mortal, com apenas dois terços de essência divina, busca a imortalidade numa vida errante até chegar nas águas da morte. Ele encontra Utanapishtim, o salvador da humanidade no dilúvio que, atendendo aos pedidos da esposa, revela o segredo da planta da juventude eterna no fundo das águas. Gilgamesh mergulha e volta com a famosa erva. No regresso, ao banhar-se numa nascente, uma serpente surge e se apodera da preciosa planta. É o fracasso irremediável. 

ENKIDU - Os sumérios então levam até Enkidu uma cortesã, confiando que a atração dele por ela poderia trazê-lo para o mundo dos humanos. Ela se mostra para ele. Enkidu, deveras atraído, une-se a ela por seis noites e sete dias. Finalmente saciado, ele tenta retornar para seus animais. Mas três fatores intervém. Os animais agora fogem dele, pois Enkidu agora tem o cheiro de seres humanos. Enkidu tenta correr atrás dos animais, mas ele não consegue correr tanto quanto antes. E terceiro, seus olhos se abriram, e ele entende o que lhe aconteceu, dá-se conta de que ele pertence ao mundo dos homens e mulheres. Então, ele retorna à cortesã, que começa a dar a ele suas primeiras lições sobre civilização. Ela divide com ele suas roupas, ensina-lhe a comer, leva-o até os pastores, ensina-lhe a beber cerveja. Depois de tudo isso, Enkidu está pronto para realizar seu destino e razão pela qual foi criado, indo então à cidade para encontrar Gilgamesh.



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