sexta-feira, março 20, 2009

VERS&PROSA DE AMOR PARA A MENINA AZUL



Foto/Arte: Derinha Rocha

SHAKESPEAREANA

II
(OUTRA VEZ)


Luiz Alberto Machado


Toda sexta-feira, meio dia em ponto, ela apronta de tudo comigo e pronto!

Ela chega e me olha e toda se desfolha para o bem-me-quer.

Ela se abre mulher e eu sorrio, ela se rela e vira cadela no cio e me abraça e me beija, e se faz de puta e princesa quando me quer e eu sou sua passarela onde o sangue dá na canela pro que der e vier.

Ela ronda, me cheira e me fela, ela usa e lambuza, se descabela e me acusa de só abusar dela.

Ela lambe e abocanha, ela vence e me ganha na melhor de três.

Ela me agarra medonha, ela me bate uma bronha na maior maciez.

Ela chupa e me suga, ela aponta pra fuga e me faz descortês.

Ela agita e me alisa, ela grita e repisa que é a última vez.

E nem bem recomeça, ela me prega uma peça e posa sisudez.

Ela bole, suspira e rebola, ela delira e quase degola a minha rigidez.

E se aninha e engalfinha, ela jura que é minha por mais de um mês.

Ela assunta e se enrosca, ela se faz mesa posta e eu seu freguês.

Ela ajeita e retruca, ela monta mutuca e diz que não fez.

Ela esfrega e renega, ela rega e pula a janela da minha timidez.

Ela atiça e se esfola, ela então faz escola pela insensatez.

Ela aguça e me inflama, ela me queima na chama da sua nudez.

Ela se arrisca de fato, ela fica de quatro na maior viuvez.

Ela torce e retorce, ela morde, rejeita e se ajeita e nem se refez.

Ela goza e remexe, ela arrocha e debocha na maior altivez.

Ela treme e me grita e quer sair muito bem nessa fita com toda malvadez.

E quando eu gozo espalhafato de folia de bombo
Ela sorri que de fato fui salvo pela zoada do gongo.


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TODO DIA É DIA DA MULHER
CIDADANIA & FREVO NAS ESCOLAS

sexta-feira, março 13, 2009

VERS&PROSA PARA A MENINA AZUL



Imagem: Derinha Rocha

SHAKESPEAREANA

Luiz Alberto Machado

Toda sexta-feira, meio dia em ponto, ela aponta nos lábios um sorriso de sol acendendo a vida todinha só pra mim.

E na boca carmim escancarada, folia de festa, obra rara na língua de fora quão louca desvela os teores mais fundos de todos os sabores do mundo e da vida. E só para mim.

Meio dia em ponto, toda sexta-feira, a sua boca gulosa me engole e me guia pra toda alegria da satisfação.

E se torna o hangar dos meus vôos, porto dos meus navios, pia batismal onde lavo todos os meus pecados e sortilégios, túnel onde a sorte irisa meus sonhos e indagora revolveu minhas crenças inundando de assombro toda alegoria e o dia anoitece, a tarde madruga e a noite amanhece felando em mim.

Dentro da sua boca, toda sexta-feira, meio dia em ponto eu me enrijeço adulto e me extasio menino travesso que não cansa brinquedo um segundo sequer.

Tudo só para mim.

E meio dia em ponto, a língua estirada em agonia me faz mais real em todas fantasias, shakespeareanamente a saber que existem mais gozos nas estrelas do céu da sua boca do que possam prever as minhas mais obscenas ejaculações.

VEJA MAIS:
VERS&PROSA PARA A MENINA AZUL
TODO DIA É DIA DA MULHER
LUIZ ALBERTO MACHADO NO CALDEIRÃO DO HUCK

quinta-feira, março 12, 2009

LÍRIA PORTO



Imagem: Helena ou Eva?, foto de Marcus Steinmeyer

OS DELICIOSOS VERSOS SENSUAIS DE LÍRIA PORTO

PARELHA

aberta a janela
penetra-se nas trevas
estrelas se fazem
e nus nesse oásis
quedamo-nos

entre as frestas
o caldo da entrega
sal do amor

a morte
hora incerta
deu-nos a deus
corpos inocentes

roupas largadas
montanhas
pegadas
suor

LA BELLA DONNA

seus olhos são noites
seu cheiro manhãs
são tardes seu colo
seu sexo agoras
seus seios auroras
o tempo advoga
a seu favor

O SEMINARISTA

afunda no decote
margeia os mamilos
escorre pelas bordas
desvia pros quadris
desce até as coxas
retorna ao umbigo
enquanto a prima dorme
cheirosa igual canela
biquini cor-de-rosa
virgem por triz

(IN)DE.CISÃO

todos os dias
ao amanhecer
jogo-te ao vento
tomo a decisão
de te esquecer

depois eu me lembro
do teu riso do teu beijo
sinto um arrepio
e me arremesso

ARRASTÃO

teus olhos são rede
o mar é amor
eu - peixe

ÂNGELA

a moça de alma albina
quer ser puta não consegue
fica nua vai pra esquina
quando um homem se aproxima
lua não tem sexo

FLUIDOS

tornei-me assim liquefeita
quando daquela feita
despi-me de nãos e sins

de mim então me perdi
nesta vontade inconclusa
acumulada no rim

ficou a mágoa comigo
fincada dentro do umbigo
um imenso chafariz

minha tristeza de chuva
essa amargura profusa
tem olhos túmidos

sou tal e qual um dilúvio
derramo transbordo enxurro
sangro os pulsos

CÓCEGAS

tuas águas me embalançam
como o mar e o navio

rio

DELTA

entre os joelhos e a virilha
uma ilha de renda a esconder a gruta
de mato dentro

TESÃO

cheiro de arroz cor de leite
salpicado com canela
gosto de cravo pau de canela
um doce manjar dos deuses
para todos os prazeres
para dar água na boca
sentir vontade e voltar

arroz doce com canela
nesta vida passageira
esperarei por cem anos
mais que isso se preciso
retornarás bem cremoso
cheiro de arroz cor de leite
gosto de cravo pau de canela

AL DENTE

saia curtinha
blusinha verde
e o vegetariano
não desgruda os olhos
da sua carne tenra

OBLÍQUA

quando a cama fica imensa
atravesso-a de ponta a ponta
desassossegos pelo meio
insônias no viés

DESMILAGRE

eu te abismo
tu me abismas
e em queda livre
precipitamo-nos

o fundo
era previsível
a superfície
nem santo

DI_AMANTE

eu te quero sol de todo dia
e só vens na lua cheia

a bola de neve do meu medo
(não sou a amada sou o pouso o oásis)
te traz na primavera do ano bissexto

assusta-me à distância
o cometa halley

SEM PÉS NEM CABEÇA

ali
no ponto gê
a tomada elétrica
deixa guiomar
de pernas pro ar

MAGO

alguém que me queira como sou
que me pegue e me esfregue
até que eu veja o gênio
da lâmpada

DE TODAS AS FÓRMULAS

fazes-me falta

em todas as fases
faltas-me

LADAINHA

faço verso rastejante
igual cobra no papel

faço verso flutuante
passarinho lá no céu

faço verso comprimido
fechado dentro do frasco

faço verso assim ridículo
acostumado ao fiasco

faço verso bem florido
nascido em pleno setembro

faço verso esquecido
o jeito dele nem lembro

faço verso galopante
como visita de amante

faço verso des'tamanho
coração de minha mãe

faço verso
faço verso

faço verso

CUNHÃ

parece uma flor de palha
a moça que me atrapalha
sem cheiro e sem encantos
no entanto igual arraia
enreda em sua saia
o dono dos meus quebrantos

O CABAÇO

penso aqui com os borbotões
estou cheia de senões
se fossem abotoados
os pingolins dos meninos
ia ser um desatino
desarrolhar os coitados
acho mesmo houve engano
nas meninas muito pano
os rapazes sem cortina
triste é a nossa sina
um selo de validade
desde a mais tenra idade

LÍDER

peito para frente
bunda para trás
e o batalhão atrás

CONQUISTA

a pele da piscina
arrepia-se
com as tuas braçadas

DIABA

nem mais bonita rica ou inteligente
queria tão somente ser o seu tipo
a mulher que ele escolhesse sem titubeio
sem avaliar os prós os contras
a que tivesse a medida
o exato tanto
entre puta e santa

LIRIA PORTO – A poeta e professora mineira Liria Porto tem vários de seus excelentes poemas publicados em diversas páginas, revistas, sites e portais da web. Ela edita o blog Tanto Mar e Putas Resolutas.

VEJA MAIS:
GUIA DE POESIA
TODO DIA É DIA DA MULHER

segunda-feira, março 09, 2009

GOETHE



Imagem: Female nude reclining on a divan, do pintor do Romantismo frances, Eugene Delacroix (1798-1863)

EPIGRAMAS DE JOHANN WOLFGANG VON GOETHE (1749-1832)

Não te queres deitar nua ao meu lado, bem-amada;
Por vergonha te escondes de mim em tuas vestes.
Diz-me, o que cobiço? A tua roupa ou o teu corpo?
vergonha: uma roupa que os amantes jogam fora,

Quanto tempo procurei uma mulher; só achava putas.
Finalmente te apanhei, putinha: aí tive uma mulher.

Dá-me, em vez de Schwanz, uma outra palavra, Priapo,
Pois que, poeta, estou mal servido em alemão.
Chamam-me phallos em grego, o que soa bem ao ouvido
E a mentula latina é palavra tolerável.
Mentula vem de mens, Schwanz tem a ver com traseirom
Onde nunca senti alegria nem prazer.

Não vos irrite, mulheres, admiramos as moças:
Gozais de noite o que elas de dia excitam.

Gosto de rapazes, mas muito mais de moças:
Satisfaço a moça, e ela me serve de rapaz.

Meu maior cuidado: Betina se faz cada dia mais destra,
Mais e mais ágeis se tornam seus braços, suas pernas,
Consegue até levar a linguinha à sua graciosa greta
E com ela brincar: já não lhe importam muito os homens.

A FELICIDADE DA AUSÊNCIA

Suga, ó jovem,
o sagrado néctar da flor ao longo do dia,
nos olhos da amada.
Mas, sempre esta dita é melhor que nada,
estando afastado do objeto do amor.
Em parte alguma esquecê-la posso,
mas se à mesa sentar-me tranqüilo
com espírito alegre e em toda liberdade
e o impereptível engano que faz venerar o amor
e converte em ilusão o desejo.

JOHANN WOLFGANG VON GOETHE – O poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta alemão Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), desenvolveu vasta obra literária, autobiográfica, de estudos de ciências naturais e conversações, sendo considerado com unanimidade como a maior personalidade da literatura alemã e o maior poeta alemão. Ele envolveu-se em aventuras amorosas e escreveu poesias anacreônticas, à moda da época, chegando a proclamar sua divina mãe Devi Kundalini, a Serpente Ígnea de nossos mágicos poderes, como autêntica libertadora. Incontestavelmente, nas relações amorosas mais conhecidas de Goethe, excluindo-se, naturalmente, a sustentada com Cristina Vulpius - foram, sem exceção alguma, de natureza mais erótica que sexual, como as de Carlota Buff, Lili ou Frederica Brion e a senhora Von Stein, chegando a escrever a sua mais forte a paixão não esquecida por Charlotte, tema do romance Die Leiden des jungen Werther (1774; Os sofrimentos do jovem Werther). Já com Charlotte von Stein, uma mulher altamente sofisticada, inspiraram-lhe nova série de poesias líricas. ”Erotica Romana” é o título da primeira versão manuscrita das consagradas “Elegias Romanas” de Johann Wolfgang von Goethe, resultante da sua estadia em Itália (1786-1788), embora maioritariamente composto após o seu retorno, este ciclo de poemas eróticos sofreu numerosas alterações, atendendo à tolerância de um público que apenas admitia a expressão literária do prazer sensual através da máscara da mitologia ou da imitação dos poetas clássicos da antiguidade. Com isso, observa-se que Goethe arrastava consigo rumores de inúmeras aventuras amorosas com várias mulheres e, mais concretamente, trazia consigo Catherine Vulpius com quem passou a viver, sem com ela se casar. Foi imbuído do espírito libertino e liberal que escrever poemas eróticos.

FONTES:
BARRENTO, João (Org.). Literatura e sociedade burguesa na Alemanha (séculos XVIII e XIX). Lisboa: Apáginastantas, 1983.
BROCA, Brito. A viagem maravilhosa de Goethe. In: ___. Ensaios da mão canhestra. São Paulo: Polis / Brasília: INL, 1981.
___. Sobre os amores de Goethe. In: ___. Escrita e vivência. Campinas: Edunicamp, 1993.
CAMPOS, Haroldo de. Deus e o diabo no Fausto de Goethe. São Paulo: Perspectiva, 1981.
CARPEAUX, Otto Maria. Presença de Goethe. In: ___. A cinza do purgatório; Ensaios. Casa do estudante Brasileiro, 1942.
GOETHE, Wolfgang. Os sofrimentos do jovem Werther. São Paulo: Nova Alexandria, 1999.
_____. Epigramas. Revista Versoados. Disponivel em Acesso em 08.03.2009.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. O Fausto. In: ___. O espírito e a letra. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MAAS, Wilma Patrícia Dinardo. Poesia e verdade, de Goethe - a estetização da existência. Cerrados. Brasília (UnB), v. 9, p. 165-177.
MONTEZ, Luiz Barros. A obra autobiográfica de Goethe como relato historiográfico. Itinerários (UNESP), v. 23, p. 39-48, 2005.
___. Literatura e vida: relembrando um Goethe um tanto esquecido. Terceira Margem, Rio de Janeiro, v. 10, p. 170-185, 2004.
___. Sobre o mito do Goethe. Forum Deutsch - Revista Brasileira de Estudos Germânicos, Faculdade de Letras da UFRJ, v. 6, p. 88-102, 2002.
___. Conhecimento e alienação no Fausto de Goethe. Terceira Margem. Rio de Janeiro (Revista da Pós-Graduação da Faculdade de Letras da UFRJ), n. 4, p. 34-41, 1996.
___. O século XVIII e o Pré-Romantismo. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n. 127, p. 99-110, 1996.
ORLANDI, Enzo. Goethe. Lisboa: Editorial Verbo, 1972.
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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LUIZ ALBERTO MACHADO NO CALDEIRÃO DO HUCK
BIG SHIT BÔBRASIL
ABUNDÂNCIAS & BUNDOLOGIAS

sexta-feira, março 06, 2009

VERS&PROSA DE AMOR PELA MENINA AZUL



Foto: Derinha Rocha.

A VARANDA

Luiz Alberto Machado

A lua reinava com a chegada da noite naquelas paragens. Era cheia na penumbra e transversal dos beijos estalados com sabor de cerveja e mar.

No escurinho, frente a frente, mergulhamos no confronto dos corpos e ela beijoqueira começou a uivar com seus olhos de faroleiro errante.

Primeiro naufraguei no seu decote e embarquei lépido rumo à plataforma do amor e nele fiz morada para sempre sem abrir mão de cavoucar todos os acidentes geográficos de sua assimetria provocadora. E fui, com uma mão entre a pele da cintura e o elástico do biquíni rompendo os vales do ventre umedecido. A outra alisando impune o dorso da coxa divisando a mina púbica de todos os desejos florescidos. Essa a nossa balada, o momento perfeito.

Foi quando ela transida pela loucura da sedução infringiu todos os limites. Investigou, virando a cabeça, inspecionando lado a lado, conferindo os mínimos detalhes do ambiente para ver a existência de alguma presença afora a nossa, algum testemunho ou atrapalho flagrante.

Enquanto fazia sua minuciosa conferência por toda dimensão territorial, eu me rendia ao toque de suas mãos inquietas e usurpadoras. Era porque enquanto ela inspecionava tudo, as suas mãos percorriam minha carne agitando minhas veias., vasculhando meu ventre e, depois da conferência geral, foi se ajeitando comodamente até que ajoelhou-se no piso forrado da paixão como uma Juliete Binoche arrepiada com a intimidade desnuda embaixo da saia levantada que dava comodamente com a vagina nua assentada e esfregada no meu pé como se fosse a sela do corcel onde ela rebolava e se arrastava à medida que se preparava para uma prece em frente da minha vela viva e empunhada pelo seu bulício.

Parecia que estava insatisfeita de tudo e como quem quer mais do que possui, aos murmúrios lancinantes do cio, ela arremessou a vida no alvo do meu sexo premiado e dele fez o pavio de sua busca para alimentar o hábito de querer no hálito de sua alma requerente com o trabalho de quem faz por amor na labuta dos amantes, fazendo-o da pira iluminada com a sua língua acendedora de lampião no breu.

Acolhedora atirou-se incansável e frenética e foi recolhendo todo meu edifício vistoso, andar por andar, lentamente, centímetro por milímetro, delicada e vorazmente implorando por misericórdia porque queria mais e muito mais do que havia até então se apropriado.

Ela rangia os dentes, boca cheia dágua da baba escorrer pelo canto. E mais agitada ia acomodando o meu rijo tridente pelos vãos dos seus lábios que apontam os jardins do Éden. E ruminava contornando toda cúpula, torre e superfície acesa descortinando a lâmina afiada da minha espada porque sua boca movediça tratava de dar cabo de toda dimensão da minha estatura agora untada por sua saliva e batom vermelho que é a rosa em flor de lótus com mil pétalas estelares para toda a cobiça e se apossava com todo gosto e me destrinchava reavendo o que perdi na existência e não me restava mais nada do que aquilo tudo da dádiva dela.

Foi aí que seguiu desmedida e sussurrava amolegando o meu guidon energizado, completamente abocanhado por sua faminta determinação. E gemia com a lareira do seu ventre grudado na minha pele. E prostrada sobre o meu ventre ela encarava a minha serpente de gumes afiados e que descobre todos os seus mistérios e que a faz mais que o esplendor do veludo sobre o meu mel. E lambia os lábios abastados como quem se prepara para o banquete de gratidão, como quem se arma para o bote benfazejo ao paladar e se arregalava quando suas mãos arregaçavam com mil beijos de sua gula profana que invadia e lambuzava, segurava e sobejava o meu sobejo e vicejava afogada na mira, retendo para si entre os dedos esgoelada e sugava e eu crescia. E afagava com o rosto, e tomava insaciável o falo como quem mede o palmo na palma da mão, ah, fodoral.

Aí ela fechava o cerco e nada perco porque o meu cajado luzidio é o pico salivado pela sua sede e fome como quem escava o poço da garganta quando emerso da sua arma mais estreito transponho a abertura do seu empenho que se sujeitava a caprichar no vai-e-vem e a confiscar minha vigília como quem persegue a sua vingança, como quem rompe o senso de quem quer consolo a qualquer preço, como quem quer colo a qualquer custo e comendo bolo no maior rolo e eu aceso nos seus beiços que são novelos que me envolve na alquimia que me faz fruta madura quando a noite não cabe mais e retomo sem me deter e puxo, repuxo com força e quero atravessar sua laringe até onde mais der porque as suas margens esborraram com a lambida caleidoscópica onde toda cornucópia é mais que abundante e faustosa e tudo é imenso e absorve a minha manivela por inteiro porque ela engole o cabo e eu no seu reduto de cadela rosnando no osso de carne como quem saboreia um picolé delicioso e eu no auge vou como quem perde o leme, esquece a rota e ela me leva ao tálamo da sua presença ampla, vasta e totalmente viva entre as sombras que tenho porque fecho os olhos e ela sorve meu sêmen completamente embriagada e deliciando o néctar do meu gozo vivo nas galáxias de sua divina abóbada palatina que é a taça do desejo de sua mais que viçosa alma de nenhum fastio e transcendente precipício das chamas no maremoto da saliva que é o véu e que inventa o abismo delicioso que colhi e decifrei com toda e nenhuma direção e consinto que se sirva enquanto eu vulnerável vou sucumbindo à paixão do amor mais que desejado. Estava eu entregue e sob o seu jugo enquanto ela, olhar de sonsa, jeito de manhosa que não tem nada a ver com isso, risinho safado oculto no olhar, satisfação de tímida e nua reluzente, danada de gostosura e me tratando por herói, me fazendo amo e querendo ainda ser estraçalhada pela minha voraz vontade de esganá-la por inteiro com meus beijos, carícias e esfregões.

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VERS&PROSA PARA A MENINA AZUL
8 DE MARÇO – DIA DA MULHER

quinta-feira, março 05, 2009

DIA DA MULHER - ESTIGMA



ESTIGMA

Ozi dos Palmares & Luiz Alberto Machado

Toda vez que penso em ti vejo ouro
pois tu és a minha jóia rara
céu de azul e furta-cor
promessa de flor, prisioneira da vida
dúvida do ser para amar
porque já se amou

pois já que tu és a promessa
de um sonho por se realizar
pra viver e ser feliz e jamais
será fuga de um beijo
ou desejo fugaz

enquanto não se chora uma dor
a gente poderá ser feliz muito mais.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados dos autores.Música inserida no cd “Vontade”, de Ozi dos Palmares, 2008.

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8 DE MARÇO – DIA DA MULHER
LUIZ ALBERTO MACHADO NO CALDEIRÃO DO HUCK

DIA DA MULHER



TODAS ELAS JUNTAS NUM SÓ SER

Lenine & Carlos Rennó

Não canto mais Babete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben jor;

Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;

Já não homenageio Januária,

Joana, Ana, Bárbara, de Chico;

Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;

Nem a tigreza nem a vera gata
Nem a branquinha, de Caetano;
Nem mesmoa linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science,
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, de Fausto Fawcett;

Nem Anna Júlia do Los Hermanos.

Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero, por querer.

Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Hebert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem minha faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
Divina garota de Ipanema,
Nem Iracema, de Adoniran.

De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;

De Michael Jackson, nem a Billie Jean;

De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;

Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,

Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato,
E de Layla, de Clapton, eu abdico.

Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.

Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-me-belle, do beattle Paul;
Nem Isabel - Bebel - de João Gilberto;

E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmená;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;

E nem a carioca de Vinícius
E nem a tropicana de Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão

Só você,
Hoje elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.

De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia,
Nenhuma tem meus vivas! E meus salves!
E nem Angie, do stone Mick Jagger;
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! - do mano Xiz!

Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha,
Laura de Daniel, o trovador;
Ana do Rei e Ana de Djavan,

Ana do outro rei, o do baião

Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.

Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.

Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que com seus dotes e seus dons,
Inspira parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madallene, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho;
Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry,
E a manequim do tímido Paulinho;

Ou como, de Caymmi, a moça prosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas.
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida;
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas... mas não mais que três...

Só você...
Mais que tudo é só você;
Só você...
As coisas mais queridas você é:

Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Steve Wonder, ó minha parceira.

Você é pra mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby pra Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.

Só você,
Mais que tudo e todas, é só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.

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8 DE MARÇO – DIA DA MULHER
LUIZ ALBERTO MACHADO NO CALDEIRÃO DO HUCK

FONTE



FONTE

Letra & Música de Luiz Alberto Machado

Quero que você me venha de manhã
Plantar a luz do sol com sua fonte a minar e em mim se escorrer

E aguando esta ternura na gente venha vontade de nascer:
Beijar-lhe o ventre e ver a vida a rolar.

Vai ser demais!

O tempo vai ruir pra nós, desexistir

Incendiar o corpo, a voz, a sede saciar na foz assim, sedenta

A diluir-se em flor pelos confins

Em você onde sou eu será promessa inteira do querer?

Amor, que vai ser de mim se um dia essa vontade de viver

Perder o amor de vista e esquecer angústia de não ter raiz?

O ar desvencilhar-se do nariz?

Será de mim, o que será do meu coração?

Será de mim, o que será do meu coração?

Será de mim, o que será do meu coração?

Será de mim...???!!!!!

O que será do meu coração?!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Letra & música de Luiz Alberto Machado. In: Primeira Reunião. Recife: Bagaço, 1992.

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8 DE MARÇO – DIA DA MULHER
LUIZ ALBERTO MACHADO NO CALDEIRÃO DO HUCK

quarta-feira, março 04, 2009

MULHER



Imagem: Brushing her hair - Óleo sobre linho, de Craig Srebnik.

MULHER

Geraldo Azevedo & Neila Tavares

Eu sou a mãe da praça de maio
Sou alma dilacerada
Sou Zuzu Angel,
Sou Sharon Tate

O espectro da mulher assassinada
Em nome do amor
Sou a mulher abandonada
Pelo homem que inventou
Outra mais menina

Sou Cecília, Adélia, Cora Coralina
Sou Leila e Angela Diniz
Eu sou Elis
Eu sou assim

Sou o grito que reclama a paz
Eu sou a chama da transformação
Sorriso meu, meus ais
Grande emoção

Que privilégio poder trazer
No ventre a luz capaz de eternizar
Em nós sonho de criança
Tua herança

Eu sou a moça violentada
Sou Mônica,
Sou a Cláudia
Eu sou Marilyn,
Aída sou
A dona de casa enjaulada
Sem poder sair
Sou Janis Joplin drogada
Eu sou Rita Lee
Sou a mulher da rua
Sou a que posa na revista nua
Sou Simone de Beauvoir
Eu sou Dadá
Eu sou assim...

Ainda sou a operária
Doméstica, humilhada
Eu sou a fiel e safada
Aquela que vê a novela
A que disse não
Sou a que sonha com artista
De televisão
A que faz a feira
Sou o feitiço, sou a feiticeira
Sou a que cedeu ao patrão
Sou a solidão
Eu sou assim

Veja a entrevista de Geraldo Azevedo e a de Neila Tavares.

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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
8 DE MARÇO – DIA DA MULHER

domingo, março 01, 2009

DIA DA MULHER: 8 DE MARÇO

DIA DA MULHER: 8 DE MARÇO



Imagem: Nu deitado, do artista plástico e escultor italiano que viveu em Paris, Amedeo Clemente Modigliani (1884-1920).

CRÔNICA DE AMOR POR ELA

Luiz Alberto Machado

Nada merece mais a nossa gratidão que o ventre materno, seja ela simples dona de casa alagoana ou uma resignada do mosteiro de Argenteuil.

Decerto todos nós passamos pelo canal de parturição.

Nós, vivos ou mortos, já viajamos nove meses na aeronave do ventre, dependentes da ternura materna até termos a consciência do oxigênio e da vida.

Nada seria interessante se não fosse o poder da concepção que elas carregam no ventre, seja ela secretária executiva de Natal ou trabalhadora de Orange.

Nada é mais admirável que a fecundação quando tudo se faz de prazer atravessando a zona pelúcida para gerar filhos da vida, adubados pelo carinho e a ternura da maternidade, seja de uma simples balconista de Terezina ou aquela de Guaratinguetá de Di Cavalcanti.

Admirável é a sua anatomia, o seu design belo de recipiente do amor e do prazer, seja ela gueixa de Kioto, Aprés le l bain de Degas ou vendedoras de frutas da Martinica. Ou mesmo a de Unamuno no banho, ou costureira do mercado de Abi Djan.

Que seja amada como uma simples rendeira de Aracati, ou mestiça do Gabão; ou tuaregue do Níger; ou ticoqueira da cana-de-açúcar.

Que seja amiga mesmo como camponesa nordestina ou do milharal do Haiti. Ou mesmo uma cachorrona sexy, maluca pauleira, fatal miss ou sedutora perversa.

Que seja malandra, dócil ou abestada, ou quitandeiras do Recife, prostitutas de Brasília ou a executante de alaúde de Caravaggio.

Sempre serão belas mesmo que seja uma simples jovem turca, ou esquimó da Groenlândia ou, mesmo, a Garota de Ipanema.

Sempre serão exuberantes mesmo na simplicidade daquela das colinas de Chittagong em Bangladesh ou aquela lavadeira de Portinari. Ou uma nativa birmanesa, ou aquela marabá de Rodolfo Amoedo. Ou mesmo a colhedora de chá do Ceilão ou uma linda índia Kamayurá. Ou, ainda, Le bain au serail de Theodore Chasseriau.

Pode ser uma humilde tecelã de seda em Bali ou operária de qualquer montadora de São Bernardo do Campo. Ou a nômade Fars, ou humilde verdureira da feira de Caruaru.

Pode ser uma dedicada vendedora de cosméticos de Aracaju ou Nu à contre jour de Bonnard. Ou uma Diana de Lee Falk, ou a Danae de Rembrand.

Pode ser uma teimosa da vida ou Fleurs de la prairie de Maillol ou humilde enfermeira de um hospital de João Pessoa.

Pode ser uma adolescente eterna sonhadora ou a estudante de Anita Malfati ou uma nativa das ilhas Trobriand, ou a Vênus Anaduomene de Ingres ou As Artes de Van Gogh.

Que seja musa dos escritores, poetas e compositores ou mesmo uma perdida nas veredas da vida, ou Vairumati de Gaugin, Vênus de Brozino ou a que carda lã no Nepal.

Seja a Bovary de Flaubert ou a de 30 de Balzac ou a dedicada submersa entre marido e filhos. Ou a Nu de Modigliani ou uma passageira de Olinda; seja a mãe de Almada Negreiros, ou de Gorki, ou Valentina de Guiido Crepax.

Seja ela Velta, ou Lôra Burra, a Vênus de Urbino de Ticiano ou Léda Atomique de Salvador Dali; ou femme de frisant de Toulouse-Lautrec; ou uma da cadeira de David Lingare.

Mas também que seja ela Safo, louca, aguerrida ou desgarrada. Que seja uma sumidade intelectual ou muçulmana de Oman, mestiça de Cuenca, mulata do Rio de Janeiro ou mesmo estabanada andrógina da noite na paulicéia desvairada.

Seja mesmo o que for: a “Mulher” de Geraldinho Azevedo & Neila Tavares, ou mesmo “Todas elas juntas num só ser” de Lenine & Carlos Rennó, ou tantas outras grandes e anônimas mulheres deste planeta, aqui só gratidão. Obrigado por existirem. Esta a minha homenagem, MULHER!



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