segunda-feira, julho 14, 2008

MARCIAL



Imagem: Discovery, 1928, do pintor surrealista belga René Magritte (1898-1967)

OS EPIGRAMAS ERÓTICOS DE MARCIAL (40 a.C – 104 d.c)

A CLOÉ

Eu bem que podia passar sem o teu rosto,
Sem teu pescoço, tuas pernas, tuas mãos,
Sem tuas nádegas, teus seios, tuas ancas,
E, para não me fatigar enumerando,
Bem podia passar sem ti, Cloé, inteira.

A FAIXA PEITORAL

Comprime, de minha amante, os dois seios em botão
Para que caibam sempre no oco de minha mão.

Corre o rumor, Quione: nunca foste fodida,
e nada mais puro existe que tua cona.
Nessa parte (por vestes velada) nem te lavas.
Se é pudor, desnuda a cona e vela a face.

Líris quer saber o que fazer. O quê? Ela chupa, quando sóbria.

Bem fodida, cantava mal, Neném agora, sem um beijo, canta bem.

MARCO VALERIO MARCIAL – Marcial (40 a.C – 104 d.c) nasceu em Bibilis, hoje Bambola, Espanha, que retratou com seus epigramas, com ironia e mesmo obscenidade, o cotidiano e as fraquezas da sociedade romana da época dos Flávios. Suas primeiras obras de sucesso foram o Liber spectaculorum, com mais de trinta poemas em exaltação aos jogos e as coletânea de poemas comemorativos para as festas em honra ao deus Saturno, Xenia e Apophoreta. Começou, então a publicar a genial série de 12 livros de Epigramas (85-100), onde escreveu com desenvoltura textos mordazes, retratos satíricos, anedotas, quadros, trocadilhos e poemas de ocasião, uma verdadeira crônica de seu tempo e ao mesmo tempo um diário do poeta, considerado o mais original da literatura latina.

FONTE:
AGNOLON, Alexandre. Uns epigramas, certas mulheres: a misoginia nos Epigrammata de Marcial (40 d.C – 104 d.C). São Paulo: USP, 2007.
LEITE, Leni Ribeiro. O patronato em Marcial. Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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