sexta-feira, dezembro 21, 2007
Imagem: The Embrace (L'étreinte), 1903 (Musée de l'Orangerie, Paris, France) do pintor e escultor cubista espanhol Pablo Picasso (1881-1973).
BEIJO
“(...) Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, mas descomedida... (...) eu te sorvo extremada à luz do amanhecer”. (Hilda Hilst, Do desejo).
Luiz Alberto Machado
Dos lábios rubros dela, ah botão de rosa convidativo, o mormaço do desejo escaldante que me contagia e meu coração bate furioso para dizer alguma coisa, não há de dizer nada, apenas beijá-la, um beijo além da foto de Eisenstaedt, um beijo real para lá dos de concreto de Rodin, um beijo além da poesia.
Ah, dos lábios rubros dela carne da minha boca mil vezes toda química do afeto e eu suplicante mais que 200 pulsações cardíacas, enlouquecendo para morder seus mamilos, abocanhar seus suspiros, até os seus pecados e é só o que respiro.
Ah, o beijo e dela nua e linda, o beijo da mulher amada ateando meu incêndio e eu com a mão no fogo inextinguível na boca demolidora dos lábios inguinais onde sou raio de corisco enquanto ela troveja no que sou de canibal.
O beijo dela eu devoro a carne fresca da mulher amada e desliza em sonhos e chove a nossa torrencial descarga de suor que vem da cascata de desejo.
O beijo dela e o meu na flor provocativa da boceta que orvalha escarlate de todo sangue vivo pelo azougue de vitalidade do útero acolhedor de égua assustada, acuada, fugidia com seu jeito veloz de eviscerar fragrâncias refugiando minha loucura.
O beijo e eu na mulher amada, o rosto, o riso, os seios, o corpo todo e a gente nenhuma âncora decolando no tempo piromaníaco, onde a gente faz a festa na ferocidade do cio, um ao outro a refeição do dia e eu, os lábios dela, a vida dela, o gozo dela.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais Crônica de amor por ela. E com muito humor veja mais as previsões do Doro para 2008, as crônicas natalinas e o reveillon tataritaritatá!
De férias até 03/01/2008.
Beijabrações!