sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Imagem: Maldita, de Sérgio Frabris.
CONTENDA
Luiz Alberto Machado
Ela nua e linda ali pronta para o ataque: pele despida assaltando o meu coração apressado que vai com toda munição nas mãos para suplantar suas defesas e trapaças na mira do meu gatilho até a última instância de todas as suas sedições voluptuosas.
Ela, a Vênus nua dos olhos faiscantes de infinitos desejos e que possuem o néctar do gozo dos mil ventos que inebriam com o fogo das suas entranhas rasgando a velada intimidade fecunda de amor onde eu sou remador dessa canoa de desejos.
Nua e linda se fazendo errada às vergastas do meu carinho ateu enquanto o seu sorriso estelar compõe os matizes de luz que irradiam de sua carne fêmea uivante queimando a lenha da minha canção ardente e estiolada
Não me contenho e sou manhã integral no seu paraíso e embriagado com o vinho do seu corpo de vertiginosa flor das entranhas nuas com todos os ferrolhos destrancados, todas as escoras rebentadas, todos os pilares removidos, todas as searas para o meu domínio e eu torrencial no contágio da sua boca que engole a minha agonia e o sangue fervendo nas veias.
Sou mais que faminto porque sei que não oferece a menor resistência e se deixa espalmada no tabuleiro pronta para o sacrifício da última cartada no bem mais precioso: a sua dinamite úmida onde alcanço o céu e recolho toda maravilha do dorso felino no sonho de Ariano.
Revigorada e à espreita em plena temporada de caça, ela acomoda a nudez de esvoaçante onirismo: dos pés à cabeça é só sedução. E ela insurreta me faz caudatário da sua sublevação que nos confunde caça e caçador na mesma batalha, guilhotinando o tempo, minando os espaços e eu fico refém da fogueira do seu ventre, dos sóis e luas da boca dos lábios de carmim e riso tentador com açoites incontáveis que esfola a alma e se desata no arremesso demolindo todas as estruturas do universo.
Nosso olhar se confunde em nossa pele eriçada: é tudo explosão no trapézio da cama-de-gato, nos grilhões do desejo, na questão de honra de esmagar enquanto a faço prisioneira impedida de desertar do meu ataque. Assim, nua e linda capitula e se banqueteia na minha proclamação triunfante sobre a nossa mútua rendição.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
VEJA MAIS:
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
GUIA DE POESIA