quarta-feira, fevereiro 27, 2008




Foro/Imagem: Derinha Rocha.

GINOFAGIA: GULA VORAZ

Luiz Alberto Machado

Quando ela quer, em mim se advinha: o ventre em colher larga a sianinha. Ela então se aninha, ficando de conchinha, em marcha-à-ré. É quando ela quer, olhos de oásis. Nada mal-me-quer, nem para análise. E quando ela quer e seus lábios de espera vencem a primavera e todo verão. Tudibão! E quando ela quer de manhã - que mulher! - ela cunhã vem com todo terém, manda ver. Benzadeus, seu ser: uma gracinha. Quando as linhas da sua palma envolvem minhas mãos até minha alma. E logo de chegada dá logo um treino: me beija como quem quer me dar todo o seu reino, ah que talento nato. E me faz de novato, marinheiro de primeira viagem. E cai na vadiagem de invadir meus recantos. Dou-lhe asa enquanto ela se faz mais mulher. É quando mais ela quer com o dorso agoniado. E dos seus flancos alados se faz deusa que dança. Balança estrutura, lança, vence e apura, convence e arromba todas as fechaduras, sou todo seu por abrigo. E diz que esse é o castigo, domado da vontade ao postigo que vai dar na sua inquietude de quem perdeu latitude, tudo o mais e que só eu sou todo seu ademais. Zas-trás! Grudo nela, ah, tudo nela a ver comigo. E maldigo, erramos a conta, nem damos conta que arrasou geral. No mais alto astral ela se esparrama e se lambuza na lama do meu corpo, verdadeiro mar revolto que nunca foi tão maravilhoso eito, nunca antes do maior proveito, que jamais dissipasse toda permanência e, por coincidência, lavasse o fogo na face e mais se debatesse quando irrompesse o gozo, a única atmosfera. É ela na vera toda louvada e lavada grata e sem nexo. Até ser no meu sexo crucificada.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
GINOFAFIA
CRÔNICA DE AMOR POR ELA