
Foto: Derinha Rocha
GINOFAGIA: ESFÍNGICA
Luiz Alberto Machado
Lá vem ela esfíngica linda cínica com suas quatro luas. Ela vem toda nua, fuviando, toda minguando, enxerida e na medida do desejo com meu beijo devorador. Ela é o andor porque ela é dos meus olhos. E sou o molho de vento que sopra no seu corpo e sou o fogo que queima sua carne quando a tarde faz rosa e ela ávida cheirosa no cio como um buquê para mim. E assim eu não abro mão e esquento forno, acendo o fogão, quando ela no torno fica em ebulição. E é nossa quebra de braço, no muque levo o terraço, na marra as fagulhas e ela jogando pulha enquanto eu socado dentro dela na maior acromania. Ah, é a maior orgia no nosso gólgota incendiado. E no seu alvo alado, meu bote acerta em cheio. Ela é só esperneio e dá rebote e eu na soieira catando a fagueira e seus vaza-barris, sua teurgia e seu pirangi: corpo delgado de deusa com minha boca na sua correnteza. Aí vira bailarina na marola quando eu entro de sola no seu oásis faustoso, sou mais que guloso e ela fraqueja e é toda andeja por cima de mim. E assim sou eu que mordo a primavera nos seus montes entardecidos. Sou eu renascido que viro fera quando o sol se põe nos seios dela e ela se perde por inteiro no meu fogareiro. E ela desenguiça. E com sua língua maciça tão grata e seus lábios de fêmea nata enxuga meu suor nos poros do meio-dia. A saliva, as suas narinas vivas, meus pelos arrepiados. O seu paladar e o bafo do seu respirar aplicam todos os golpes. Sou maior que o meu tope, viro poeta de todos os panteões com seu nome em todos os poemas, todas as canções. É assim que ela arrasa, eu me dou com ganho de causa. Quer saber de uma coisa? Eu quero mesmo seus olhos como verdadeiros semáforos enlouquecidos. Eu quero mesmo ela bravia enxerida toda ardida e com o gozo vencido. Eu quero mesmo ela inadimplente liquidando a fatura, com toda bravura do amor incontinenti. Eu quero ela linda que dá gosto, nua inteira em pleno agosto a me fazer sua rapadura, lavando a minha secura, metendo as catanas, ai ai, ai, para que seja a minha coisinha tão bonitinha do pai.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
VEJA MAIS:
GINOFAGIA
GUIA DE POESIA
WIKIPEDIA