quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Foto: Derinha Rocha.
GINOFAGIA: MÚTUA COLHEITA
Luiz Alberto Machado
Ela chega mansa erradia como uma festa no raiar do dia só pra me enlouquecer. E vem pra valer toda indulgente com os olhos fulgentes e cheiro raro. Eu logo deparo e se achega incidente jeito avaro indecente soletrando meu nome como quem morre de fome reincidente. E mais um tento e tanto com seus travessos encantos de gueixa amorosa a vicejar com seiva de rosa no ar e um beijo de fogo queimando tudo. E arde com zanga, sobretudo, a transpirar toda nua, dando pano pras mangas na grua da minha tenda onde ela desvenda seus seios à mostra robustos e opulentos de apostas, seu busto me provoca e sedento tomo-lhe a mão e o convite para saciar meu apetite pagão porque sou seu vilão e me dá de badeja o seu fruto bruto e foragida, vira o seu cocuruto toda tímida, minha beija-flor libertina. É quando ela inclina, menina vermelha insensata, tão feliz abelha candidata às minhas emboscadas. É já escrava pendurada e submetida à minha clava arretada que sou eu torpe menino mais perto no seu corpo feminino todo aberto, fazendo folia no seu lastro dorsal até a euforia de sua cauda magistral inclinada, gemendo, duplicada. Eu na picada, mordendo sua cútis fina, sua fonte felina e toda espessura estendida, estatura rendida feliz trepadeira mendigando a mamadeira com seus olhos amendoados. Eu me dou aos bocados e a gazela se esgoelando pitoresca voando nefelibata, carne fresca, face grata, louca mais insensata, me dando viva pra que a minha saliva me faça verdugo e senhor, o conduto e o condutor quando se ajoelha estirando a língua rolando golpes e ela aos trotes, sua cabeça a premio, eu abstêmio mandão que ela suplica, ela se duplica e diz que ama quando me vela na cama com açoites erradios e o corpo escorregadio entrega em profusão: ela é minha, sou dela. E nela só satisfação.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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