sexta-feira, maio 08, 2009

VERS&PROSA

Imagem: Derinha Rocha

SHAKESPEREANA

VIII
(APRONTAÇÃO)

Luiz Alberto Machado


Toda sexta-feira, meio dia em ponto, ela vem com assombro pro meu bem-me-quer.

E me faz de chofer toda gostosinha tirando a calcinha pra me provocar.

E: - qualé, que é que há? -, grita intrigada com manha cismada, querendo aprontar.

Eu fico de cá, só no encalço, apertando seu laço, seu sal se pisando.

Continua bancando maior enredeira, toda presepeira no flerte enrolado.

Jeito caçoado se achega mansinha, fingindo que é minha e que também não.

Eu que sou enrolão sei desse expediente, de fingir que se sente e que sente demais.

Deu passo pra trás, se faz desleixada com a cheba minada, apertando entre as pernas.

É trapaça eterna que faz toda pilha, ela emborca a vasilha toda mandona.

E com cara pidona, prometo a munheca e o ferro na boneca no maior caqueado.

Chamo no cabo, arreia a catimba, chupa minha bimba na maior diversão.

Que degustação!

E não tem apelo, eu seguro os cabelos e tome pencó.

Bateu no gogó, ela me devorando toda se babando, esborra o chamegado.

Aprumo ajeitado, ela quer que eu suste, eu boto sem cuspe até o talo.

Engole o gargalo e mais se atrepa, em mim se estrepa e voa aprumado.

E com avoado vem toda esbelta feito asa delta cavalgar de montão.

Me faz corrimão, sua mala e bocado, mastro desfraldado, consolo e redenção.

Me faz seu pirão, o seu de-comer, a razão de viver e doce predileto.

Juro que eu não presto, sou profanação, seu bicho de estimação, sua terrina e rito de passagem.

Sou sua pilhagem, sua refeição, sua extrema-unção, seu viveiro, seu claustro.

Sou seu repasto, medonha agonia, até a luz do dia me fez coroado.

Sou deus destronado, sua gota e quebranto, sou até o seu santo caído e safado.

Sou enfim seu reinado, espinho na roseira, alma maloqueira que lhe faz só mulher.

E nesse trupé, ela goza devassa, em estado de graça e seja o que deus quiser.