quarta-feira, março 26, 2008

GINOFAGIA



Imagem: foto de Derinha Rocha.

GINOFAGIA: PARANÓIA

Luiz Alberto Machado

Quando a tarde chega ela sorri tal qual minha nega, minha musa, avalie! E ri como o dia nasce. Não usa disfarce no perfume que exala incensando a sala e me dopando além. Blém, blém, eu folgo inchado e puxo ela do lado e dou-lhe uns arrochos. São vários acôchos daqueles bem dado de só o corpo colado dela me aproveitar. Larali, laralá. E pego a pegar, me ajeito e só puxo, esfrego, acarinho e repuxo e ela toda no gingado. Dela eu dou cabo dos pés ao cabelo no maior desmantelo, maior forunfado, maior que o pecado quando nela me ajeito, no seu corpo perfeito, minha salvação. Mas ela então, no meio dos meneios, inventa arrodeio e quer prestar contas. Vixe, que tonta, ela chama na grande, uma ficha se expande com muita exigência. Ela adiou a urgência, salta de lado emergência pra aprumar a conversa. Vixe que tô na travessa e ela vai debulhando até ficar reclamando as coisas que eu desdigo. E me faz de Rodrigo e ela Macabéa, quando é a panacéia da minha ginofagia. Tenho essa regalia quando fala sabiá ou quando quer me tratar com os regalos melhores. Depois todos pormenores ela bota na lista me acusando de artista de quinta categoria. Eita, que aleivosia, maior paranóia, ela solta a pinóia do meu senso empenar. E em primeiro lugar não alivia o badalo e joga sem intervalo que sou badass mothafuckes que só lhe sufoca e ainda banco o durão. Tem mais, então, ela se diz vítima de atentado e que sou apontado por fora-da-lei. Eita, teibei! Facínora execrado e infeliz desgraçado pior no mundo sou eu. Belzebu! Asmodeu! Pedra ruim e vasilha imprestável, o maior irresponsável, trepeça e malfeitor. Ela virou promotor e me lascou pro babau, com o Código Penal todinho invocado. Tô réu apenado com sangue fervendo, com processo respondendo com qual culpa imputado? Eu tô mesmo é condenado na volta dessa mulher. Na verdade ela quer me ver todo lascado. Porque solta o ditado que vai findar tísica sem integridade física porque sou genioso. Pior, sou mafioso, o pior dos bandidos e o maior foragido da face da terra. Ela mais me enterra provocando arenga pruma maldita pendenga pelos tribunais. E me inferniza demais no maior desaforo, jogando duro em meu foro com insulto desalmado. É quando eu fico invocado e ela sai na defensiva, bicha sabida e viva, negaceia e apruma o tom. E em alto e bom som, ela parte pro piquete, zomba que sou um sorvete e que tá completamente louca. É quando me beija na boca e depois ela arteira faz bico é quando me faz ficar rico de tanto amolego e carinho. Aí viro seu amorzinho e não deixo barato, dou saculejo nos quartos com apetrechos e talher – porque não sou banguela! E eu de cima dela não saio nem que vire o mês de maio e seja mais o que Deus quiser!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

VEJA MAIS:
GINOFAGIA
PUBLIQUE SEU LIVRO – CONSÓRCIO NASCENTE
TCC – FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
RECREAÇÃO INFANTIL: TURMA DO BRINCARTE
CRÔNICA DE AMOR
SHOW TATARITARITATÁ
PALESTRAS