Luiz Alberto Machado
Da
primeira vez foram noventa e uma horas de mútua passagem pelas noites, dias e
tardes da nossa expectativa pra nos fazer varar a madrugada até que a manhã
fosse o nosso símbolo diuturno e plano de voo. Foram entregas e comedimentos,
carícias e espreitas, festa e timidez.
Da
segunda vez foram noventa e seis horas de maior efusão na catarse das
expectativas. Éramos ainda estranhos que se conheciam e de cabeça mergulhamos
nas nossas intimidades a nos batizar de nós e de tudo que queríamos e pudemos.
Foi festa da constatação a nos certificar que devíamos singrar na gente o que
nos incendiava para seguir adiante.
Ao
todo foram cento e oitenta sete horas de fatos reais para que nos fizéssemos
acesos e íntimos na vida.
Foram
cento e oitenta e sete horas para definir o alicerce do empreendimento
sentimental a projetarmos na cabeça a plataforma crástina e toda a trajetória
da estrada vindoura.
Foram
cento e oitenta e sete horas para eu descobrir a trina una que me deu apetite,
fartei-me aos bocados e me senti feliz de antemão.
De
primeira chegou-me se arrastando súcuba a deliciosíssima vampira de carne
faminta e sedenta qual Mulher Gato com seus apetites ilícitos a se mover em mim
e me fazer maior e a se esborrar de gozo para me ensinar que o seu prazer era o
meu prazer.
Em
seguida se fez presente no sonho de musa altruísta, materna, solidária a me
fazer Osíris resgatado e me ensinar que a nossa entrega era o meu renascimento.
Por
fim, eis a guerreira aplicada, dona de casa e parceira, politicamente
corretíssima e a me ensinar com a sua iniciativa a minha realização.
Essas
cento e oitenta e sete horas viraram noitedias que nos fizeram insones para
sermos de nós mesmos os súditos e soberanos de nossa comunhão, até que o futuro
nos faça prêmio com a remissão da cobiça e da gula que nos alimenta por todo
esse tempo.
Essas
cento e oitenta e sete horas de fato se tornaram inúmeros momentos sucessivos e
intermitentes para a manifestação do amor na realização de se amar.
Imagem de Dario
Ortiz Robledo.
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