sexta-feira, junho 26, 2009

VERS&PROSA PARA A MENINA AZUL



Imagem: Derinha Rocha

MONÓLOGO DO ROMEU – UMA CANÇÃO DA LEMBRANÇA DO GRANDE AMOR E DO ADEUS.


(...) O amor é fumaça formada pelos vapores dos suspiros. Purificado, é um fogo chispeante nos olhos dos amantes. Contrariado, um mar alimentado pelas lágrimas dos amantes. (...) Ela é belíssima, discreta demais, sabiamente belíssima, para merecer a felicidade em troca do meu desespero. Ela jurou não amar e, por causa desse voto, vivo morto, vivendo somente para dizer-to agora. (...) Uma mulher mais bela do que minha amada! O sol, que tudo vê, nunca viu outra semelhante desde a aurora dos tempos! Terno ser é o amor? Áspero demais, rude demais e pungente como um espinho. (...) É minha dama. Oh! Ela é o meu amor! Oh! Se ela o soubera! Fala, entretanto, nada diz. Mas que importa? (...) Com as leves asas do amor transpus estes muros, porque os limites de pedra não servem de empecilho para o amor. E o que amor pode fazer, o amor ousa tentar. Aí, mais perigos há em teus olhos do que em vinte de suas espadas. Amor, que foi o primeiro que me incitou a indagar; ele me deu conselho e eu lhe dei meus olhos. (...) O amor corre para o amor". (Romeu e Julieta, William Shakespeare).

ARMADILHAS



Luiz Alberto Machado


Bela é aquela que amo e ela é o sol que me faz Romeu enamorado com todas as rosas no coração e que surgiu para mim só pra ser a razão da vida.

Bela é ela, ah, Julieta linda, meninazul que dançava e sorria, girava e vivia em meus braços, carinha feliz, sussurrando coisinhas que vinham da mais funda satisfação das almas.

Meninazulinda vinha sempre pronta para as minhas investidas, a boca sabida e tudo na medida revolta devolvendo a vida que me fugia a cada distância da saudade.

Menina lindazul minha que veio na seta de cupido pelo arco do amor e me batizou com seus beijos e sexo para que eu profanasse com minhas mãos e gula o seu santo relicário e me fartasse eivando sua carne com meus beijos solidários e imundos transpondo muros, transgredindo fronteiras e leis, até alcançar-lhe a fonte rubra e peregrina a me endeusar verdadeiro dono de todo.

Ah, meninazulinda, muitas vezes morri e ressuscitei com seus beijos. Ela me deu tudo e eu lhe dei meus olhos e nos refratamos juntos com todos os nossos remédios e venenos, deleites e infortúnios, sedes e cobiças.

Jurei pela lua e por todos os astros atrás do muro da nossa abadia fazendo o meu juramento de amor no meio do sonho mais encantado e mais doce de toda a minha vida: porque o amor se paga com o amor.

Depois, a meninazul se foi e não mais sorriu e não mais me viu nem me quis ver. Nunca mais me ver. E negou-me tudo. E eu tentei e ela deu-me o ermo e a solidão, fez-me em vão quando me insulta, depois pede desculpa e ainda provoca, me virou as costas, bateu a porta e sou mais que ninguém.

Meninazul, santa adorada, eu tentei mas qual nada eu me dei num confronto, não sei se avença de Capuleto ou arenga de Montecchios, não sei se feriado indigesto, ou descolorido presépio com todos os desaforos do desamor, com todas as fúrias dos inimigos, adversos como se a gente naquela Verona dos rancores onde as mãos cidadãs estão ainda hoje tingidas de sangue civil.

E foi, meninazul, eu tentei e de novo tentei e no desmaio da nossa estrela adversa só desventura fez valer a lástima do fim, como se jamais tivesse amado, e mesmo assim tentado jamais se visse entregue ou se nada valesse ter feito ou vivido.

Foi preciso que ela devolvesse o meu pecado porque sofria na minha inquietude que surgira pela desarmonia do compasso entre a vida de tribulação e os sonhos em presságios nos riscos dos azares, condenado aos pedaços, farrapos, alaridos, infortúnios de tenebroso exílio aterrador.

E ela, meninazul com todas as espadas dos seus olhos de sempre e o peso de todos os seus grilhões de agudo punhal, se asilou na indiferença e no desdém violando cortesias, gentilezas, reverências e fomos asnos com todos os açoites que se fizeram amarguras e nunca mais o sol brilhou.

Restam as migalhas de todas as tentativas em vão e, privado do amor daquela que se ama com o maior dos amores, carregar a opressão de todos os pesares no peito, e o destino da agonia do desejo de ficar e a sentença da vontade de partir, sem tocha no escuro, sem esperança no passo vagaroso, sem o aceno amoroso demais, até restar banido de Verona onde, sucumbido ao enorme peso do amor, esperar por ela até nunca mais. O final pesaroso é a verdade periclitante ardendo tudo na carnalma. Aí, deixo o que resta da melhor lembrança do grande amor e do adeus.

Veja mais
VERS&PROSA PARA A MENINA AZUL e ouça a Rádio Tataritaritatá!!!!

Veja também:
CRIANÇA: RECREÇAÕES BRINCARTE
INFANTIL: NITOLINO & O MEIO AMBIENTE
PALESTRA: CIDADANIA & MEIO AMBIENTE
PROMOÇÃO BRINCARTE KIT LIVROS/CD
ARTIGOS & PESQUISA
CURSO: FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS
EVENTOS COM PARTICIPAÇÕES DE LUIZ ALBERTO MACHADO
LITERATURA ERÓTICA
FUÁ TATARITARITATÁ

E mais:
AS PREVISÕES DO DORO PARA 2010