sábado, dezembro 20, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Naked Lights V, de Nuno Belo.

POR VOCÊ

M´amour, m´amour o que é que eu amo e onde estás?” (Ezra Pound)

“...por você vou roubar os anéis de Saturno” (Rita Lee)

Luiz Alberto Machado

Por você tenho estado a levitar incólume pelas nuvens mágicas do amor, a cantar o Exagerado de Cazuza para orbitar contumaz toda flor de sua emanação.

Por você tenho dedicado todo infrene teor do meu verso lascivo, toda meta da minha perseguição da felicidade, todo meu corpo, minha alma, idéias e pensamentos e já não consigo distinguir o que é meu de seu nessa correspondência para lá de imantada pelos nossos mais aderentes desejos.

Por você sigo perseverante a desafiar de deus, do mundo e de tudo, a fazer da minha crença apenas a sua deificação.

Por você vou rompendo barreiras porque recito de cor um a um dos cinco mil versos d´Os Cantos de Pound enquanto aliso a corcova de suas ancas miríficas onde perco todos os pontos cardeais afiançando a valia de todos os seus atributos.

Por você subestimo convenções porque quero passear de mãos dadas e trocando beijos apaixonados no meio do espetáculo da aurora boreal até a austral e vê-la seguir com o meu monograma tatuado no seio como o distintivo do nosso amor.

Por você vasculho o universo de sua compleição, faço surf no tsunami de suas carnes, viro goleador no Maracanã do seu ventre, percorro a nado todo Amazonas de suas águas profundas, faço happy hour na lua dos seus seios, enfrento a fera do seu desejo exaltado e recolho de sua mais absoluta e íntima graciosidade todos os acepipes exatos da minha esfomeada vontade de você.

Por você todo limite usurpado no fogo insano do prazer a ponto de não haver extintor de incêndio capaz de apagar a feroz volúpia de possuí-la a mais das suas dimensões angulares.

Por você toda exata e possessa como uma naja de capuz estufado, premida pela necessidade excitante de ver-me enveredar por seu olho pidão, por seus lábios bons de beijar, pelos seios de todos os sabores, pelas pernas carnudas, nádegas voluptuosas até o ventre ávido com nuto pro concúbito.

Por você terei o muito de todo tudo, porque na paixão, o que for demais além da infinitude, para o querer, ainda é muito pouco.

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