terça-feira, junho 24, 2008

DELÍCIA DA PAIXÃO



Imagem: Adam and Eve, c.1106, do escultor italiano Wiligelmo (1099-1120).

PROVOCAÇÃO

Luiz Alberto Machado

Naquela manhã meus olhos flagraram o frêmito dos seios dela tremulando dentro da sua blusa decotada e ela sequer desconfiava o quanto a amava por inteiro, a desejava além da vida e da morte, a venerava além do querer e poder e persigo e persevero e a quero comigo para sempre e a todo momento. Ela a minha anfitriã que amo e ela pensa que não, insegura e dando o melhor de si só por dar e por amar num pirão que o meu mar engrossa e eu raspo a panela de todas as suas deliciosas emanações.
O seu jeito lindo de ser era mais que sensacional com um encanto pronunciado na exibição daquelas duas frutas saborosas mexendo-se a cada movimentada de seu corpo nos afazeres domésticos. Ela inteiramente dedicada à labuta enquanto eu fazia juras silenciosas de amor e paixão por ela. Ela remexendo inocente e eu fazendo estréia da cobiça buscando os agasalhos do seu corpo.
Havia poucas horas da nossa chegada, mas ela logo se dedicara às arrumações colocando suas vestes sumárias, provocando instantaneamente em mim o vuque-vique de seus caprichos corporais: era o tempo do cozimento e eu fervendo imaginando a nossa gangorra. E eu me deliciando qual voyer descarado imaginando suas curvas, remexidos, sensualidade, tudo dela ao meu dispor.
Ali eu me continha fazendo um esforço danado para agarrá-la atrapalhando sua diligência. Mas, a cada olhadela, eu suava frio e tudo desembocava ventre abaixo se avolumando nas minhas partes baixas só para fazer-lhe um parque de diversão além do que eu podia dar. Era a explosão do amor na paixão mais medonha que eu já tivera oportunidade de viver. Era a paixão mais devastadora de todas. E ao lado de uma tesão que surgia inopinadamente para consagrá-la integralmente dona do meu coração. Com isso eu me insinuava aproximando-me o máximo que podia de sua dedicada atuação na limpeza da cozinha. Cada sacudidela dela no arremate das funções, mais eu me achegava lambendo os beiços e atacando sutilmente suas intimidades, roçando-lhe a nuca, as reentrâncias, o osso do mucumbu, enfeitiçando-lhe para arrancar os seus suspiros mais vibrantes e a deixá-la minando de emoção. Ela ainda sequer tinha a mínima idéia da minha mais absoluta paixão. Quanto mais amava, mais queria e queria. Era ela, sim, ela, tudo o que sempre quis e passaria a querer dali por diante.
Com os meus ardis em pauta mais procurava domá-la nas intenções mais safadas a ponto de apoderar-me por inteiro de todo seu desejo, seu corpo e alma. Dominada, ela se entregava como quem se dar ao carrasco. E eu deliciosamente sorvia cada bocado de sua mais extremada emanação corpórea e anímica.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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