sexta-feira, abril 10, 2020

sexta-feira, outubro 05, 2018

CRÔNICA DE AMOR POR ELA – POEMAS & CANÇÕES

Só quem ama sabe o que é o amor,

Só quem tem amor sabe o que é amar. 

CRÔNICA DE AMOR POR ELA – Reunião dos poemas, canções e crônicas que compõem o repertório do show/livro Crônica de amor por ela, com a indicação dos seus respectivos vídeos e imagens.



segunda-feira, fevereiro 01, 2016

CRÔNICA DE AMOR POR ELA


CRÔNICA DE AMOR POR ELA

Luiz Alberto Machado

Nada merece mais a nossa gratidão que o ventre materno, seja ela simples dona de casa alagoana ou uma resignada do mosteiro de Argenteuil.

Decerto todos nós passamos pelo canal de parturição, nós, vivos ou mortos, já viajamos nove meses na aeronave do ventre, dependentes da ternura materna até termos a consciência do oxigênio e da vida.

Nada seria interessante se não fosse o poder da concepção que elas carregam no ventre, seja ela secretária executiva de Natal ou trabalhadora de Orange.

Nada é mais admirável que a fecundação quando tudo se faz de prazer atravessando a zona pelúcida para gerar filhos da vida, adubados pelo carinho e a ternura da maternidade, seja de uma simples balconista de Terezina ou aquela de Guaratinguetá de Di Cavalcanti.

Admirável é a sua anatomia, o seu design belo de recipiente do amor e do prazer, seja ela gueixa de Kioto, Aprés le l bain de Degas ou vendedoras de frutas da Martinica. Ou mesmo a de Unamuno no banho, ou costureira do mercado de Abi Djan.

Que seja amada como uma simples rendeira de Aracati, ou mestiça do Gabão; ou tuaregue do Níger; ou ticoqueira da cana-de-açúcar.

Que seja amiga mesmo como camponesa nordestina ou do milharal do Haiti. Ou mesmo uma cachorrona sexy, maluca pauleira, fatal miss ou sedutora perversa.

Que seja malandra, dócil ou abestada, ou quitandeiras do Recife, prostitutas de Brasília ou a executante de alaúde de Caravaggio.

Sempre serão belas mesmo que seja uma simples jovem turca, ou esquimó da Groenlândia ou, mesmo, a Garota de Ipanema.

Sempre serão exuberantes mesmo na simplicidade daquela das colinas de Chittagong em Bangladesh ou aquela lavadeira de Portinari. Ou nativa birmanesa ou aquela marabá de Rodolfo Amoedo. Ou mesmo a colhedora de chá do Ceilão ou uma linda índia Kamayurá. Ou, ainda, Le bain au serail de Theodore Chasseriau.

Pode ser uma humilde tecelã de seda em Bali ou operária de qualquer montadora de São Bernardo do Campo. Ou a nômade Fars, ou humilde verdureira da feira de Caruaru.

Pode ser uma dedicada vendedora de cosméticos de Aracaju ou Nu à contre jour de Bonnard. Ou uma Diana de Lee Falk, ou a Danae de Rembrand.

Pode ser uma teimosa da vida ou Fleurs de la prairie de Maillol ou humilde enfermeira de um hospital de João Pessoa.

Pode ser uma adolescente eterna sonhadora ou a estudante de Anita Malfati ou uma nativa das ilhas Trobriand, ou a Vênus Anaduomene de Ingres ou As Artes de Van Gogh.

Que seja musa dos escritores, poetas e compositores ou mesmo uma perdida nas veredas da vida, ou Vairumati de Gaugin, Vênus de Brozino ou a que carda lã no Nepal.

Seja a Bovary de Balzac ou a dedicada submersa entre marido e filhos. Ou a Nu de Modigliani ou uma passageira de Olinda; seja a mãe de Almada Negreiros, ou de Gorki, ou Valentina de Guiido Crepax.

Seja ela Velta, ou Lôra Burra, a Vênus de Urbino de Ticiano ou Léda Atomique de Salvador Dali; ou femme de frisant de Toulouse-Lautrec; ou uma da cadeira de David Lingare.

Mas também que seja ela Safo, louca, aguerrida ou desgarrada. Que seja uma sumidade intelectual ou muçulmana de Oman, mestiça de Cuenca, mulata do Rio de Janeiro ou mesmo estabanada andrógina da noite na paulicéia desvairada.

Seja mesmo o que for: a “Mulher” de Geraldinho Azevedo & Neila Tavares, ou mesmo “Todas elas juntas num só ser” de Lenine & Carlos Rennó, ou tantas outras grandes e anônimas mulheres deste planeta, aqui só gratidão. Obrigado por existirem. Esta a minha homenagem, MULHER.

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sábado, janeiro 30, 2016

OS ENCANTOS DE VALKIRYA FREYA


Imagens exclusivas do acervo de Valkirya Freya. Direitos reservados.

DUAS LUAS

Cego errante vou na rua
Sem saber adiante. Nem previa
Cambaleante, reincidente
Que me alumias, antes indecente
E arfante, com tuas
Luzidias iridescentes
Duas luas.



SEMINEM IN ORE



Ah, Calíope das horas mais profusas

Tal musa dos lampejos mais ardentes

Vem reverente voz macia e me enternece

Como carece ter-me presa do seu beijo

E eu porejo refém da sua língua buril

Todo febril na tabuleta do meu corpo

Eu fico torto com o seu golpe exato,

O fino trato que desvela a fantasia

Qual felonia é o seu repasto infrene

Se faz perene e a me fazer feliz

Oh felatriz do meu gozo mais solene.



DECÚBITO VENTRAL



És a paisagem da visão transcendental

Uma paragem da mais bela natureza

Toda espalmada em decúbito ventral

E toda esguia a me expor toda pureza.



És meu rincão, a minha posse mais real

A minha língua a percorrer tua extensão,

O teu sabor de fruta boa do quintal

Traz o furor de provocar a polução.



A poesia é tua assimetria corporal,

Faz-me trilhar teus interstícios à margem

Com o brio do contato interfemoral

Eu sigo teus vãos a me dar toda passagem.



Quando te tenho em decúbito ventral

O teu vulcão no Cáucaso apetitoso

Faz-me do cóccix à vertebra cervical

Com indecências de verso indecoroso.



E o meu dedo alisa a fresta labial

Enquanto mordo o teu ombro sem temor

Aprumo a clava num intercurso tão total

Para gozar a gula do teu esplendor.



Luiz Alberto Machado



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