sexta-feira, novembro 02, 2007
Imagem: Untitled, do fotógrafo italiano Fabrizio Ferri.
PERFUME DE MULHER
Luiz Alberto Machado
É dela todo perfume que emana da vida. E vem dela, ah, mulher nua, linda e cheia de graça, o bálsamo do sol no sexo pra gosto nenhum botar defeito ou achar pouco porque é a fragrância caudalosa na sedução da carne de todos os sabores mais apetitosos de todo paladar aguçado de fome.
Vem dela o sândalo do amor, mulher nua, linda e cheia de graça que aquece estirada com o nascedouro a dar passagem e faz de mim iluminado deus todo-poderoso a sentir o primeiro cheiro de rosa silvestre de suas entranhas ao embalo dos gemidos manhosos rente ao coração além do universo.
Vem dela a alfazema que me faz hóspede no movediço lençol alvacento da poesia a me ofertar o baú de suas posses secretas com todas as maçanetas arrancadas, todos os trincos destrancados, todas as portas escancaradas para que extremamente amada e querida tanto quanto a minha própria vida possa em sua mágica dádiva seguir abrindo, fechando, prendendo, soltando, tudo disparando a nossa peleja prazerosa no fogo da felicidade.
Vem dela nua, linda e cheia de graça, todas as lanternas acesas do seu desejo vigoroso na sua secreta fogueira, de onde me nascem asas e vôo amparado pela égide de sua devotada oferenda.
É nela que vou como chama a sua boca, como querem seus braços, como desejam suas perversas coxas erguendo o véu e colhendo as horas no ar da tarde demasiada no mormaço do querer.
É nela que vou como um rei apaixonado com todos os versos fesceninos imersos no gozo, adestrando o seu impetuoso desejo até a bifurcação dos destinos da nossa dança perfumada, a me satisfazer com o cheiro gostoso da mulher amada.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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