segunda-feira, novembro 12, 2007



Imagem: Pink Nude, do pintor e escultor do Fauvismo francês Henri Matisse (1869-1954).

Quando estás vestida, ninguém imagina os mundos que escondes sob as tuas roupas. (Assim, quando é dia, não temos noção dos astros que luzem no profundo céu. Mas a noite é nua, e, nua, na noite, palpitam teus mundos e os mundos da noite. Brilham em teus joelhos. Brilha o teu umbigo. Brilha toda a tua lira abdominal. Teus seios exíguos – Como na rijeza do tronco robusto dois frutos pequenos – Brilham.) Ah teus seios! Teus duros mamilos! Teu dorso! Teus flancos! Ah, tuas espáduas! Se, nua, teus olhos ficam nus também: teu olhar mais longo, mais lento, mais líquido. Então, dentro deles, bóio, nado, salto, baixo num mergulho perpendicular! Baixo até o mais fundo de teu ser, lá onde me sorri tua alma, nua, nua, nua”. (Manuel Bandeira, Nu).

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