sábado, janeiro 30, 2016

OS ENCANTOS DE VALKIRYA FREYA


Imagens exclusivas do acervo de Valkirya Freya. Direitos reservados.

DUAS LUAS

Cego errante vou na rua
Sem saber adiante. Nem previa
Cambaleante, reincidente
Que me alumias, antes indecente
E arfante, com tuas
Luzidias iridescentes
Duas luas.



SEMINEM IN ORE



Ah, Calíope das horas mais profusas

Tal musa dos lampejos mais ardentes

Vem reverente voz macia e me enternece

Como carece ter-me presa do seu beijo

E eu porejo refém da sua língua buril

Todo febril na tabuleta do meu corpo

Eu fico torto com o seu golpe exato,

O fino trato que desvela a fantasia

Qual felonia é o seu repasto infrene

Se faz perene e a me fazer feliz

Oh felatriz do meu gozo mais solene.



DECÚBITO VENTRAL



És a paisagem da visão transcendental

Uma paragem da mais bela natureza

Toda espalmada em decúbito ventral

E toda esguia a me expor toda pureza.



És meu rincão, a minha posse mais real

A minha língua a percorrer tua extensão,

O teu sabor de fruta boa do quintal

Traz o furor de provocar a polução.



A poesia é tua assimetria corporal,

Faz-me trilhar teus interstícios à margem

Com o brio do contato interfemoral

Eu sigo teus vãos a me dar toda passagem.



Quando te tenho em decúbito ventral

O teu vulcão no Cáucaso apetitoso

Faz-me do cóccix à vertebra cervical

Com indecências de verso indecoroso.



E o meu dedo alisa a fresta labial

Enquanto mordo o teu ombro sem temor

Aprumo a clava num intercurso tão total

Para gozar a gula do teu esplendor.



Luiz Alberto Machado



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