Imagens exclusivas do acervo de Valkirya Freya. Direitos
reservados.
DUAS LUAS
Cego errante vou na rua
Sem saber adiante. Nem previa
Cambaleante, reincidente
Que me alumias, antes indecente
E arfante, com tuas
Luzidias iridescentes
Duas luas.
SEMINEM IN ORE
Ah, Calíope das horas mais profusas
Tal musa dos lampejos mais ardentes
Vem reverente voz macia e me enternece
Como carece ter-me presa do seu beijo
E eu porejo refém da sua língua buril
Todo febril na tabuleta do meu corpo
Eu fico torto com o seu golpe exato,
O fino trato que desvela a fantasia
Qual felonia é o seu repasto infrene
Se faz perene e a me fazer feliz
Oh felatriz do meu gozo mais solene.
DECÚBITO VENTRAL
És a paisagem da visão transcendental
Uma paragem da mais bela natureza
Toda espalmada em decúbito ventral
E toda esguia a me expor toda pureza.
És meu rincão, a minha posse mais real
A minha língua a percorrer tua extensão,
O teu sabor de fruta boa do quintal
Traz o furor de provocar a polução.
A poesia é tua assimetria corporal,
Faz-me trilhar teus interstícios à margem
Com o brio do contato interfemoral
Eu sigo teus vãos a me dar toda passagem.
Quando te tenho em decúbito ventral
O teu vulcão no Cáucaso apetitoso
Faz-me do cóccix à vertebra cervical
Com indecências de verso indecoroso.
E o meu dedo alisa a fresta labial
Enquanto mordo o teu ombro sem temor
Aprumo a clava num intercurso tão total
Para gozar a gula do teu esplendor.
Luiz Alberto Machado
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