sábado, janeiro 24, 2009
ALINE DREMIR
Imagem: Vicio de ti, foto de Ao luar.
O RITUAL DA PAIXÃO DE ALINE DREMIR
A MONTARIA
Tome-me como sua
Cavalgue meu corpo
Suba meu galope
Antes do alvorecer.
Descubra caminhos
Na minha nudez
Ache a fonte viva
E mate minha sede.
Deixe minha timidez
Exposta ao vento
Abra minhas asas
Caia minhas vestes
Liberte meu grito
Dentro do gemido.
Nesse cavalgar
De pulos e suor
Gangorra de prazer
Sedução e gritos
Entre meus murmúrios
Sopros no ouvido.
No meu corpo aberto
Mira meu sentido
Caça meu espaço Cavalga-me outra
Agora invertida.
HOJE SOU TUA PUTA
Hoje sou tua mulher
Vem meu macho do dia
Penetra-me com alegria
Como se fosse tua puta
Vem com tua força bruta
Faça de mim o que quiser
Hoje eu sou tua mulher.
Hoje sou tua piranha
Tenho amor pra nós dois
Não deixe para depois
Você já é meu eleito
É o dono do meu leito
Meu sexo você assanha
Hoje eu sou tua piranha
Hoje eu sou tua amante
Amo em qualquer lugar
Tenho loucuras pra dar
Pra você fico exposta
Faço o que você gosta
Qualquer coisa excitante
Hoje eu sou tua amante
Hoje eu sou tua vagabunda
Quero cair na farra
Ser presa da tua garra
Faz de mim gato e sapato
Consome-me nesse ato
Penetra-me bem profunda
Hoje sou tua vagabunda.
O SEXO EM MIM
Vem amor...
Beijar a minha boca
Morder meus lábios
Beber minha saliva.
Quero fazer sexo
Ser possuída por ti.
Quero teu suor salgado
Brotando dos teus poros
Molhando teus pêlos
Belas gotas de suor
encharcam nossas peles.
A noite é meu templo
Sou deusa enlouquecida
Fecho os olhos e sinto
Tua boca e tua língua
Banhando-me de tesão.
Desnuda meu pudor
Desvenda minha dor
Descobre meu calor
Você é como um menino
Brincando no meu corpo.
O vulcão dentro de mim
Explode na escuridão
Nesses breves segundo
Uma música sensual
Faz o meu amanhecer
Cheio de felicidade.
RITUAL DE PERDIÇÃO
Embaixo do céu da noite
Hipnotizando a lua
Aline à poderosa
Pantagruel Gargantua
No templo como vestal
Fazendo amor ritual
Sensualíssima e nua.
Erotismo que flutua
Feiticeira do prazer
Numa divina comédia
Mostrando todo poder
Vestida só de luar
Preparada para amar
Pra todos satisfazer.
Querendo prevalecer
No elogio da Loucura
Deitada e acariciada
Seu corpo de formosura
Por mil mãos na avidez
Todas elas duma vez
Dando prazer na fartura.
No falo que lhe perfura
Eneida maravilhosa
Às vezes dando ternura
Outras vezes perigosa
Entre dezenas de amantes
Seres Ébanos galantes
Abelhas na sua rosa. Como fada milagrosa
Nesse altar da perdição
Saúda os miseráveis
Com fogo do seu tesão
Um pingo do seu olhar
Faz qualquer um desmaiar
Ou morrer nessa paixão.
Volúpia e devassidão
Num ritual, primitiva
Odisséia de luxuria
Mantendo a chama viva
A multidão em espasmo
Num coletivo orgasmo
Ela era deusa e cativa.
No seu furor, possessiva
Entre gritos triunfais
Pratica a metamorfose
Nos prazeres colossais
Transforma-se em magia
Quando a noite vira dia
E o silêncio traz a paz.
A ÉGUA E O GARANHÃO
Quando a lama virou pedra
No tórrido do sertão
De repente me aparece
Um poeta garanhão
Vem com canto de nambu
A força do Funanchu
E potencia de avião.
Quando o verde dos meus zóio
Se espalhar na plantação
Quero ver mustang rápido
Com asas de gavião Abarcar-me atrevido
Penetrar o meu sentido
Cobrir-me com emoção.
No riacho do navio
Quando eu der de pinote
Quero um quarto de milha
Já pronto pra dá o bote
Se ele me pegar molhada
Rendo-me apaixonada
Deixe ele quebrar meu pote.
Só quando omandacaru
Na seca tá fulorando
Eu sinto todo arrepio
Como égua cavalgando
Nesse cheiro de potranca
Eu quero um peso na anca
Um puro sangue me amando.
Já fazem três noites
Que pro norte relampeia
Eu cavalgando no cio
Com cavalo que campeia
Um poeta campeão
Metido a garanhão
Que no meu corpo passeia.
RITUAIS DA PAIXÃO
O encontro aconteceu
O gosto do desejo explodiu
O esperado momento
Na paixão se rendeu.
Amantes se buscando
Amor, tesão e loucura,
Na porta do quarto
O amor se abrindo.
Roupas arrancadas
Tensão e anseios
Bocas se beijando
Línguas se buscando
Corações a mil.
Uma fusão de corpos
Se atraindo
Se acoplando
Se ajustando.
O jogo do amor desesperado
Tão esperado
Na busca do prazer intenso.
A batalha amorosa
Na volúpia escandalosa
Uma disputa de prazer.
O corpo cheirando a sexo
Impregnado de sensualidade
O sangue fervendo,
Mãos em toques sensuais
Línguas pelos corpos
O amor nos rituais.
A loucura não espera
O tempo certo para amar
Ama na porta, no chão,
Só os loucos amam assim!
E os amantes ocasionais.
ALINE DREMIR POR ALINE DREMIR: Sou uma mulher de trinta. Moro sozinha com dois filhos pequenos. Troquei a traição pela solidão. Trabalho muito, e ganho pouco. Gosto de amores curtos e passageiros. Já tive meu grande amor. Hoje amo sem compromisso. Não sou formada em nada, mas fiz a faculdade da vida. Moro aqui no fim do Brasil, onde o vento faz a curva. Escrevo só por escrever, pra passar o tempo e materializar meus sentimentos.
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