terça-feira, outubro 07, 2008
A DELICIA DA PAIXÃO
Imagem: Catherine Deneuve como Séverine no filme La Belle De Jour (1967), do cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983)
MOLENGA
Luiz Alberto Machado
Nada melhor que a sua chegada no mormaço da tarde: carne fresca e trêmula de Luisa Micheletti suspirando desejo dentro do vestido. E eu enamorado pelo decote valho nada mais que menos de R$ 1,99 porque viro a sua criptonita e babo canibal pronto pro repasto delicioso que palpita e seduz entre as suas coxas no saiote que me fazem Goya no seu olhar Natalie Portman quando sou mais que Lobão na cobiça do seu remexido sensual de Vanessa da Mata. É aí que ela se rende, vendida, inheta de manha e cheia de munganga como quem desfila em trajes mínimos pela praia do Janga a me chamar de banguelo na rua, na chuva, na fazenda, ah! Cobiçada prenda que faz ao vivo o que sabe e eu a ela, dois bicudos, dou meu recado e topa tudo autografando a foto e eu D2 carburando na sua fogueira, pronto para incendiar o mundo e o universo. É aí que vou Gustave Courbet enquanto ela Catherine Deneuve nua Séverine no devaneio do meu coração Luis Buñuel me provocando pra que eu seja o motorboy mandando ver na lambreta, levando na maior toda a máquina indomável que nua, linda, implacável vai se insinuando e vou pastorando com jeito e jinga até não resistir sem qualquer empecilho. É quando ela mexe os cílios, desenfreada, finda emo com toda aura domada pela minha certeira ferveção que espragata os tomates, descasca banana, chupa laranja - minha língua vira solo de guitarra Kisser Sepultura reverberando nas entranhas como o meu mergulho na Ponta Verde do seu corpo. Ela ronrona, resmunga, fala feito hap e eu repente como o sol na pele lavando a alma e a jega na sua graça e sanha, porque sou vilão sem papas na língua nem escrúpulo nem nada, sou Nelinho mandando o canudo nela goleira vazada com prazer bola na caçapa, gol, sou goleada, sou passe certo na jogada, ela de voleio e eu gozando na jangada com minha tocha viva e ela sádica porque sou campeão e ganho a taça e o premio Nobel, porque tudo se arregaça, tudo é ignóbil e tudo me dá e tudo dou pra ela, sem piedade nem noção, porque tudo finda dela nua e dada numa gravura tatuada no meu coração.
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