segunda-feira, outubro 01, 2012

ATRAÇÃO E SEDUÇÃO




Imagem: Jogos de Sedução, foto do fotógrafo português Nuno Casimiro.


ATRAÇÃO E SEDUÇÃO




A atração está dicionarizada como ação de atrair, força que atrai, inclinação, simpatia, ou como sinônimo de distrações, divertimentos, prazeres. Significa, no sentido de universal, o mesmo que gravitação.    No que concerne ao ser humano, a atração tem levado os pesquisadores a se dedicarem a inúmeros estudos sobre questionamentos que vão desde a identificação de que atividade sexual está desvinculada dareprodução no ser humano, ou se isto ainda é um imperativo biológico que impulsiona o desejo, bem como se sexo hoje adquiriu outras funções e papéis, que não apenas a procriação, dentre outras. Nessa perspectiva, existem determinadas teorias que procuram explicar e identificar um padrão de escolha de parceiros sexuais nos seres humanos.

Tudo começa com Charles Robert Darwin (1809-1882), evolucionista que identificou a seleção natural como o processo básico da evolução das espécies, e que foi um dos primeiros cientistas a questionar a Seleção Sexual. Em seus estudos, descreveu a Seleção Intrasexual quando indivíduos de mesmo sexo competem entre si pelo sexo oposto e a Seleção Intersexual , quando há preferências de um sexo por outro, como a escolha discriminada da fêmea por um macho mais forte e vistoso.

Várias teorias surgiram tentando definir que características seriam mais importantes para chamar atenção do outro sexo. Algumas delas explicam que os indivíduos buscam similaridade de características, ao contrário do que se pensava, que a busca era por parceiros com características diferentes e opostas. Considere-se, portanto, que a partir desses estudos, passa-se a entender que a importância relativa da percepção e avaliação no despertar da emoção depende da natureza do estímulo, do tipo e estado do organismo, bem como da quantidade de aprendizagem realizada. Em seguida à percepção e avaliação de estímulo ambiental, o indivíduo pode sentir atração ou aversão, dependendo de sua avaliação intuitiva do estímulo. Essa sensação da tendência da ação é o que se experimenta como emoção. Assim, para Fisher (1995:56): “Este violento distúrbio emocional que chamamos de paixão ou atração pode começar com uma pequena molécula chamada feniletilamina, ou FEA. Conhecida como a amina da excitação, a FEA é uma substancia existente no cérebro que provoca as sensações de exaltação, alegria e euforia”. Mais amiudamente isso quer dizer que é a partir do córtex, uma camada cinzenta, de aspecto esponjoso que fica diretamente abaixo do crânio, que se processa as funções básicas como a visão, a audição, a fala e as habilidades matemáticas e musicais. Assim, é o córtex que integra as emoções dos pensamentos, proporcionando que a FEA e outros neuroquímicos, tais como a norepinefrina e a dopamina, possam atuar.
Dentro das três partes básicas do cérebro conectadas entre si estão os neurônios, ou células nervosas. A FEA fica na extremidade de algumas células nervosas e ajuda o impulso do salto de um neurônio para outro. Isso quer dizer, que para alguns estudiosos a pessoa se apaixona, os neurônios do sistema límbico, o centro emocional, ficam saturados ou sensibilizados pela FEA e ou com outros químicos cerebrais. E isso estimula o cérebro. Não é de se estranhar que as pessoas apaixonadas possam ficar acordadas a noite inteira, conversando e se acariciando. Também, não é de se estranhar que se tornem tão distraídas, ausentes, otimistas, gregárias e cheias de vida (Fisher, 1995). Tais sensações desabrocham bastando ver-se o sorriso da pessoa amada, ouvindo sua voz, observando seu andar, recordando um momento encantador ou um comentário inteligente, dentre outras, quando a mais leve percepção do ser amado envia ao cérebro uma onda gigantesca de excitação, mais conhecida como o turbilhão do delírio de Eros.


É notório que milhões ou bilhões de pessoas já tenham experimentado e continuam experimentando até hoje a tempestade engolfante da paixão, tornando-se uma emoção equalizadora que reduzi poetas, presidentes, acadêmicos, técnicos, enfim, todo ser humano ao mesmo estado confuso de expectativa, esperança, agonia e beatitude. Para Sviatopolk-Mirsky (2001), a atração constitui o primeiro passo de um processo mais longo, que culmina com a escolha do parceiro, e é segundo a etologia composta pelo conjunto de todos os comportamentos que favorecem aproximação entre dois indivíduos da mesma espécie, até o contato físico ou sexual. Nessa condição Sviatopolk-Mirsky (2001:22), observa que: “(...) segundo a perspectiva evolucionista, os homens atraem pela exibição de seus recursos, isto é, pelas suas características morfológicas e comportamentais, que demonstram a sua capacidade de gerar filhos e cuidar deles e das fêmeas. As mulheres, por sua vez, sinalizam sua fertilidade através da exibição de suas características sexuais secundárias que se tornam mais visíveis quando estas atingem a época da procriação”. Isso quer dizer que na reprodução dos seres humanos, o homem é escolhido por seus recursos, enquanto a mulher o é por seus atributos de fertilidade, fato que é comum a todos os animais. Características morfológicas e comportamentais sinalizam estas qualidades como indicadores da aptidão reprodutora e, portanto, são privilegiadas nas escolhas, qualidades essas que são apuradas ou incrementadas e passadas de geração a geração (Sviatopolk-Mirsky, 2001:22). Dessa maneira pode-se interpretar as características sexuais secundárias do homem e da mulher como sinais de atração. Estudiosos, assim, elegem que os sinais de atração podem ser visuais, auditivos, táteis ou olfativos, e que várias regiões do corpo emitem sinais de atração. Algumas dessas atrações são comuns a ambos os sexos, embora seu significado seja diferente para homens e mulheres.

Para os etólogos, segundo Sviatopolk-Mirsky (2001), a moda, enquanto fenômeno cultural, portanto temporal e transitório, serve à função de atração, na medida em que indica o status do indivíduo, e faz com que seus sinais sejam mais visíveis. A constatação de que regiões do corpo funcionam como estímulos atrativos sendo por isso chamadas pelos biólogos de características sexuais secundárias, levam a apontar dois questionamentos: o conceito de beleza e o valor dado aos estímulos e sinais variam de acordo com a cultura. Dessas duas vertentes, encontra-se a resposta de que as características sexuais secundárias não são cruciais para a reprodução, e , portanto, a escolha de um, em detrimento de outro, pode se dar por fatores culturais. Isto considerando que as mulheres são mais belas por um juizo de valor feito por machos. E é previsto pela biologia evolutiva, ao supor que, tendo a mulher um poder de atração maior, a sua escolha poderá ser feita entre vários machos e, portanto, terá maiores chances de escolher o melhor.

Os atrativos corporais exercem poder de atração entre os seres e podem ser identificados como pênis grandes, barbas, seios roliços, lábios vermelhos, contínua receptividade sexual por parte das fêmeas e outras características atrativas, tanto femininas como masculinas, que são como a rede da sereia, características de atração sexual que evoluíram durante milênios de seduções (Fisher, 1995). Nesse sentido, Juberg & Jurberg (1977:76) defendem que embora existam sinais físicos de atração específicos de cada sexo, existem alguns sinais que são comuns aos dois sexos, entre os quais, entrepernas, pernas, ventre e cintura, pele e olhos.


Em referência às entrepernas, essa é uma pequena região com inúmeras atividades, desde a reprodução e o prazer até a excreção. Nesta região estão situadas as características sexuais primárias, que são tão fortes e atrativas e que, na maioria das culturas, encontram-se cobertas; quando a cobertura é pequena, entretanto, ela faz sobressair o conteúdo, que é um atrativo para ambos os sexos (Juberg & Jurberg, 1977). As pernas femininas, por exemplo, exercem atração nos homens, principalmente se forem longas, pois indicam a maturidade sexual. O salto alto não é imposição da elegância, mas o sacrifício que as mulheres fazem para alongar as pernas. Nos homens, as pernas musculosas indicavam a nossos ancestrais a disposição para a caça, atividade primordial dos nossos antepassados para garantia da subsistência da fêmea e dos filhotes.

O ventre achatado pertence aos amantes, aos jovens de ambos os sexos, enquanto o ventre arredondado, às grávidas e aos velhos, na medida em que a idade favorece depósitos de gordura nessa região. E a cintura mais fina tem o mesmo poder de atração.

A pele sadia indica indivíduos jovens, aptos à reprodução, daí a moda preocupar-se tanto com a integridade da pele.

Já os olhos e sobrancelhas emitem sinais de atração. Nos olhos, as pupilas dilatam-se quando a pessoa está interessada e excitada e, desta maneira, os olhos que brilham são mais atraentes para ambos os sexos. As sobrancelhas, por sua vez, emitem sinais do humor e de disposição, podendo inibir, quando cerradas, ou facilitar, quando levantadas, a aproximação (Juberg & Jurberg, 1977). Os olhos são responsáveis pelo flerte. E o padrão do comportamento feminino do flerte surgiu numa experiência de Eibl-Eibesfeldt, etólogo alemão, em 1960, quando primeiro ela sorri para seu admirador e ergue as sobrancelhas em um movimento rápido, enquanto abre bem os olhos para olhar para ele. Depois, baixa as pálpebras, inclina levemente a cabeça para o lado e desvia os olhos. Freqüentemente cobre o rosto com as mãos e, enquanto o esconde, dá risadinhas nervosas (Fisher, 1995). Dessa forma, o olhar é o instrumento mais importante, vez que o contato visual passa a surtir efeito imediato. O olhar desperta uma parte primitiva do cérebro humano, provocando uma dentre duas emoções básicas: aceitação ou rejeição. Esse olhar, chamado pelos etólogos de olhar de desejo, pode muito bem estar incorporado na psique evolucionária (Fisher, 1995). Quando os olhares se encontram, começa um outro estágio, ou fase do reconhecimento, quando, nesse momento, qualquer um dos amantes em potencial aceita o jogo com um sorriso ou alguma mudança corporal e o casal começa a conversar.

A conversa da sedução é caracterizada pela mudança da voz, que quase sempre fica mais alta, suave e musical, adquirindo o mesmo tom utilizado para expressar carinho às crianças ou para tranqüilizar as pessoas que precisam de cuidados (Fisher, 1995). Por outro lado, os sinais femininos de atração podem ser distinguidos nos seios, nádegas e boca. Os seios, a glândula mamária, mesmo quando não funcional, encontra-se bem desenvolvida nas mulheres adultas, indicando ser um sinal de maturidade sexual. Os seios desenvolvidos, independentemente da fase de amamentação, característica específica da fêmea humana, representaria, um substituto das nádegas femininas, que funcionavam como sinais de atração quando o homem ainda não tinha adquirido a posição ereta e a cópula era praticada por trás. As nádegas, um sinal de atração forte, valorizado por determinadas culturas, que engordavam as suas mulheres para que tivessem nádegas descomunais, tidas como ideal de beleza. Em épocas passadas as nádegas foram tão valorizadas que a moda fazia com que sobressaíssem, aumentando-lhes o volume através de inúmeros artifícios como anáguas e espartilhos, esses últimos servindo tanto para esse fim quanto para afinarem a cintura. A boca emite sinais sexuais, pois representa a mesma estrutura da vagina, com os lábios projetando-se para fora e revestida de mucosa rosada, tecido que lhe amplia a capacidade de excitação e, portanto, maior possibilidade erótica. Essa característica é igualmente específica da espécie humana, pois não é encontrada nem mesmo entre os demais primatas. A moda faz sobressair o seu valor de atração, ao sugerir cobri-la de pigmento rosa ou vermelho, imitando os lábios vulvares.

Já os sinais masculinos de atração, segundo Juberg & Jurberg (1977), podem ser identificados nos ombros largos, no maxilar e na mandíbula. Os ombros largos indicam a força e juventude do homem, sinalizando-o como um melhor provedor das necessidades das fêmeas e das crias. Os homens também utilizam táticas de flerte similares àquelas encontradas em outras espécies. Por exemplo, ele estufa o peito (Fisher, 1995). O maxilar e mandibula, mais desenvolvidos nos machos humanos do que nas fêmeas, indicando uma postura de agressão. Talvez os nossos antepassados mais longínquos os usassem na defesa e antes de dominarem os instrumentos.

A essa altura é preciso entender que as pessoas começaram a discutir a atração provavelmente há mais de um milhão de anos, enquanto paravam à beira dos rios da África para descansar e observar o céu., e que para a sua sobrevivência como espécie foi necessário ao longo do processo evolutivo, que homens e mulheres conseguissem um certo equilíbrio estável em suas estratégias de busca de parceiros. Essas estratégias podem ser de longo prazo e de curto prazo, ambas viáveis para os dois sexos. No entanto, sempre a escolha feminina é em muito maior grau determinada por estratégias de longo prazo que favoreçam a manutenção do macho escolhido o maior tempo possível ao seu lado, já que seu maior investimento parental e responsabilidade na criação da prole favorecem esse tipo de estratégia. Para os machos, tanto por seu pequeno investimento parental inicial, como pela infinidade de células reprodutivas que produz ao longo da vida, a estratégia que favorece o curto prazo se mostra muito interessante como forma de maximizar seus ganhos reprodutivos na guerra dos sexos (Sviatopolk-Mirsky, 2001). Apreende-se, portanto, que uma série de estímulos oriundos dos sentidos olfativos, visuais, de tácteis à fantasia sexual, desencadeia a resposta sexual com todas as alterações fisiológicas normais no corpo. Esses estímulos vão ao cérebro, que os verifica, os controla, os relaciona e através da medula espinhal dá livre acesso à resposta definitiva, ou seja, a ereção, a lubrificação vaginal, dentre outros. O sistema medular tem autonomia no que se refere aos estímulos genitais diretos , ou seja, os tácteis e, como todo ato reflexo, responde quase automaticamente, embora o cérebro possa incrementar ou inibir esta resposta. Vários segmentos da medula espinhal controlam a ereção do pênis e clitóris, a lubrificação vaginal, a ejaculação e parte do orgasmo feminino. Indubitavelmente, há uma relação importante entre a química, a atração e o desejo sexuais. Isso quer dizer que algumas substâncias químicas, os hormônios e os neurotransmissores, são produzidas pelo nosso corpo em resposta aos próprios impulsos internos e a estímulos ambientais.

Detalhadamente percebe-se, portanto, que os hormônios sexuais são agentes químicos secretados pelos testículos e ovários, em conjunto com a supra-renal, e que são encaminhados ao cérebro onde são recebidos por receptores específicos para influir na capacidade de reprodução e no impulso sexual. Andrógenos, ou seja testosterona, a estrógenos e a progesterona são os principais hormônios ligados às mudanças nos nossos corpos na puberdade e pelas respostas sexuais. Os fatores genéticos e a produção de hormônios têm um papel determinante na morfologia sexual, ou seja, nas características físicas dos homens e das mulheres e dão um grande número de diferenças anatômicas, fisiológicas e bioquímicas entre eles.

A identidade do gênero, homem ou mulher, a orientação e as preferências sexuais estão muito condicionadas pelo ambiente sociocultural. É preciso, então, entender que a testosterona é o andrógeno ou hormônio sexual masculino mais importante, e que é secretado pelos testículos que produzem e mantém os caracteres sexuais secundários, tais como o crescimento e desenvolvimento do pênis, escroto e testículos, barba e pêlos púbicos, alterações nas cordas vocais. Seu nível sanguíneo influi no aumento ou queda da libido e do interesse sexual. Os neurotransmissores, que são substâncias que interligam os neurônios cerebrais, cumprem uma função indispensável na ativação do impulso sexual, como por exemplo, quando as carícias e beijos levam a lubrificação vaginal e à ereção peniana. Com isso, encontra-se uma outra teoria, a dos pesquisadores Buss e Schmitt (apud Sviatopolk-Mirsky, 2001), que propuseram a Teoria das Estratégias Sexuais. Nela, relatam dados empíricos de uma extensa pesquisa realizada em vários países do mundo. Acreditam eles que a escolha de parceiros pode ser feita de duas formas diferentes ou até mesmo, associadas. Descrevem a estratégia de curto prazo e a de longo prazo. Ambas se baseiam no imperativo biológico, ou seja, as escolhas e preferências de parceiros sexuais ainda são influenciadas pela busca de melhores genes para nossos futuros filhos. Por exemplo, os homens buscam mulheres jovens e atraentes, pois detectam na juventude a possibilidade ainda de gerar muitos filhos, e na atratividade, a saúde do corpo para enfrentar a gravidez e suas repercussões.


Já a mulher buscaria um parceiro com dispositivos internos de força, poder e capacidade de proteção para ela e sua prole. Acreditam que o homem tem uma tendência a seguir a estratégia de curta duração, pois é a menos onerosa para ele. Busca quantidade para tentar produzir maior número de filhos. Sua contribuição para a procriação é somente seu esperma e uma boa vontade. Enquanto que para a mulher, há maior tendência de buscar a estratégia de longa duração, pois seu investimento é muito custoso: nove meses de gestação, alguns outros de amamentação e vários anos de cuidados com seus bebês. Os filhotes humanos são extremamente dependentes de seus genitores para cuidados de higiene, alimentação e desenvolvimento. Isso quer dizer que para a mulher, a seleção é de extrema importância. Deve saber preferir e discriminar o macho de maior valor genético, com mais força muscular, mais inteligência, por exemplo, para não perder tempo em investimentos que lhe serão custosos e de pouco retorno.

Algumas pesquisas no Brasil revelam que as mães que têm muitos filhos e que são muito pobres investem mais naqueles que podem sobreviver e que apresentam melhores características, deixando de lado os filhos mais fracos. Vendo desse ponto de vista, é realmente assustadora a similaridade com os animais. Mas os machos da espécie cuidam de seus filhotes e seguem a estratégia de longo prazo também, inclusive com mulheres pós-menopáusicas. E as fêmeas humanas também buscam relacionamentos de curto prazo. Todavia, é importante que se tenha em mente que, apesar de o gênero humano ser uma continuidade da natureza, possui características únicas comparando-se as espécies, e que ainda está em evolução. Entender como se processa a seleção sexual e entender a sabedoria da evolução natural, talvez renda a compreensão do caminho a ser seguido pela espécie humana. Com tal aprendizado, passa-se, então, a entender que a sexualidade feminina, com zonas erógenas mais difusas e um ritmo mais lento, é diferente da do homem. O prazer feminino também não se manifesta de forma não evidente quanto o masculino. Um parceiro mais experiente e atento é capaz de perceber as alterações que acontecem no corpo da mulher durante o ato sexual: as contrações da vagina, casa vez mais freqüentes e enérgicas, e da própria região do abdome, visíveis até externamente a medida que o orgasmo se aproxima. Na verdade o sexo provoca grandes transformações tanto no homem quanto na mulher. Na fase preliminar da excitação, observa-se a elevação da pressão arterial e uma aceleração do ritmo dos batimentos cardíacos, acompanhada por contrações musculares invonlutárias. A complexa rede vascular do aparelho genital passa a receber um grande fluxo sanguíneo. Contudo, a primeira resposta feminina ao excitamento é a liberação de um fluido lubrificante pelas paredes vaginais. O útero também apresenta movimentos involuntários, contrações rítmicas, sincronizadas com aquelas produzidas pelos genitais externos. Com o aumento da tensão, há uma intensa atividade secretora das glândulas, aparecendo nas paredes do canal vaginal algumas gotas de muco. Este mecanismo de lubrificação das paredes vaginais prepara a vagina para a relação sexual. Já a motivação sexual do homem é maior quando a mulher está ovulando. Nesta fase, a "mensagem" enviada pelo corpo da mulher é olfativa e as substâncias responsáveis são certos ácidos graxos presentes nas secreções vaginais. A pele também reage aos estímulos, por meio da secreção sudorífera, que contribui para a ação das mesmas substâncias que são denominadas feromônios. Estas desempenham um papel fundamental na atração sexual e na própria relação. Assim, deve-se prestar atenção a todos os odores antes, durante e depois do amor, pois são muito estimulantes. A mulher demora mais para se excitar do que o homem. No universo feminino, a fase de excitação, essencialmente de carícias, pode durar minutos ou horas. Mas em compensação, ela ainda se mantém excitada quando o homem já está na fase de relaxamento, ou seja, logo após a ejaculação. Por isso, os parceiros devem tentar coordenar seus ritmos neste estágio final. Para a mulher os jogos amorosos, os carinhos que precedem o ato sexual são a fase mais importante. A duração das carícias e seu grau de intensidade também têm grande influencia. Se o parceiro demora tempo de menos ou de mais num só local, ou volta a ele com muita insistência ou muita força, como no caso do clitóris, um dos pontos mais sensíveis do corpo feminino, o prazer pode se transformar em desconforto.

Por outro lado, o acasalamento pode se dar de diferentes formas: na Poligamia, o homem tem múltiplas esposas, na Poliandria, as mulheres tem múltiplos maridos. A Endogamia ocorre quando parentes próximos se acasalam e na Exogamia, evita-se acasalamento entre parentes. O acasalamento é um fenômeno básico, mas complexo, no qual intervém muitas partes do sistema nervoso. O ato sexual mesmo é composto de uma série de reflexos que se integram nos centros nervosos. No homem as funções sexuais se tornaram grandemente encefalizadas e condicionadas por fatores sociais e psíquicos. Alguns pesquisadores dizem que a persistência das relações sexuais no homem se deve à secreção contínua de estrógenos e andrógenos pelo córtex adrenal, mas é mais certo dizer que se deva ao maior grau de encefalização das funções sexuais e a relativa emancipação do controle institintivo e hormonal. Entretanto, o tratamento com hormônios sexuais aumenta o interesse e o impulso sexuais (Bolsanello, 1979). Nesse sentido, revela Bolsanello (1979:72) que "(...)  As mulheres em geral levam até trinta minutos para chegar ao orgasmo, enquanto os homens, podem, com freqüência, alcançá-lo em dois ou três minutos".

Já alguns observadores chegam a formular a idéia de que as mulheres podem ser sexualmente anestesiadas desde a infância, pelas atitudes da sociedade. Outros asseguram que as moças, mesmo agora, reprimem seus sentimentos sexuais para poderem adaptar-se à imagem geralmente aceita de comportamento feminino apropriado. Isso às vezes torna impossível para elas sentirem seja o que for em relação ao sexo.

O condicionamento cultural, também, aparentemente, é o causador da reputação do homem como um operador rápido. Já foi dito que isso acontece como resultado dos meninos treinarem para alcançar o clímax o mais depressa possível, durante as primeiras masturbações, a fim de serem descobertos pelos pais. Muitos homens também tiveram suas primeiras experiências sexuais com prostitutas, e por razões óbvias, encorajam seus clientes a completarem seus negócios no menor tempo possível. Na teoria, parece que a grande disparidade na rapidez da reação sexual faria ser virtualmente impossível uma relação satisfatória, quando, na realidade, porém, um casal depressa aprende a acomodar-se um ao outro, pelo esforço e pela prática (Bolsanello, 1979). Sob o manto da atração, quando os corpos se aproximam e a excitação é o estágio inicial do preparo. Nesse estágio, ocorrerá que, no corpo da mulher, se processarão reações, como a dos mamilos que ficarão eretos e aumentarão de tamanho. Os seios incharão e ficarão maiores. Os lábios externos, na abertura vaginal, irão esticar-se para fora e achatar-se. Os lábios internos se expandirão, abrindo caminho para a subseqüente penetração. A excitação além de dar prazer, desempenha um real papel no preparo do corpo para o ato sexual. Um fenômeno de transpiração acontece nas paredes da vagina. Estas gotas formam uma camada suave, permitindo ao pênis deslizar mais facilmente. O clitóris pode aumentar (Bolsanello, 1979). No homem, o pênis fica ereto, pela dilatação das artérias do seu interior. O cumprimento de sangue entra e enche pequeno reservatórios. Pequenas válvulas neste órgão fecham-se automaticamente, evitando o escapamento do sangue e forçando o pênis a permanecer em estado de ereção. Esta é uma ação tão reflexa que pode acontecer com um homem adormecido, sob anestesia, ou mesmo até quando paralítico. O escroto se contrai e os testículos se elevam (Bolsanello, 1979). No Kama Sutra há toda uma explicação prática, com rituais e ensinamentos na arte da sedução, que está sempre presente na relação de um casal. Os praticantes do Kama Sutra têm como primeira preocupação agradar à mulher em todas as áreas de convivência, principalmente sexual, a despeito de ela estar condicionada a posturas submissas. Nesse período de excitação, os corpos atraídos buscarão carícias que são os contatos de corpo com corpo, de efeito agradável. Manifesta-se por um afago, por um abraço, por um aperto de mãos, por um entrelaçamento, dentre outras, embora a carícia não seja sempre de natureza sexual, acompanhando-se invariavelmente, quando sincera, de um sentimento afetuoso, de amizade, de simpatia, de ternura, de carinho, de amor.


A carícia é um ato relacionado com o instinto. O instinto sexual faz agradáveis os afagos, os atos de carinho e ternura que antecedem a posse carnal. Eles vão se tornando mais ardentes, com o crescer da excitação e tendem a se aproximar das partes do corpo sexualmente mais excitantes. As carícias vão desde o beijo facial, do pescoço e ombro, até desejo de se despirem, desnudando-se um ao outro. Haverá toques corporais que proporcionará além dos beijos, lambidas e sugadas na pele, nos seios, no ventre e até na região genital, seja no contato bucal na região genital, feita pelo homem, ou seja, cunilíngua; ou pela mulher, felação, ou mesmo uma estimulação simultânea buço-genital, todas, enfim, formas de preparo que dá maior prazer a ambos. O segundo estágio da relação sexual é o estágio do auge. O clímax da excitação sexual e consequentemente a satisfação pelo orgasmo. Nesse estágio é que se destaca na mulher, que o clitóris afastar-se-á da vagina. A vagina vai dilatar-se, seu terço externo inchará, ficará distendido e formará o que se conhece como plataforma orgásmica, estando pronta para o clímax. Nesse período o homem está experimentando tensões e espasmos musculares semelhantes. Suas batidas cardíacas, número de inspirações e pressão sanguînea aumentarão. Todas as alterações corporais do estágio do auge estão agora no ponto máximo. No momento do orgasmo, a mulher sente uma sensação de suspensão, seguida de imediato por uma onda de intenso e sensual alerta, centralizando-se no clitóris e irradiando-se pelve acima. O sentimento pode variar desde um nível suave até o de um choque. Um embotamento de sensações acontece noutras partes do corpo (Bolsanello, 1979). Para Master & Johnson (1976:145) a experiência orgástica feminina é uma intensa experiência psicofisiológica, derivada de uma base biológica inerente à natureza humana. Ou seja: “(...) o orgasmo feminino é uma experiência psicofisiológica que ocorre e é obtido sob um contexto de influência psicossocial. Fisiologicamente é um rápido episódio de descarga física de incremento vasocongestivo e miotônico desenvolvido em resposta aos estímulos sexuais. O ciclo da respostas sexuais com o orgasmo como último ponto em progressão, desenvolve-se a partir de origem biológica profundamente integrada na condição da existência humana”.

Um segundo ponto de vista, é o mais radical, e defende a idéia de que o orgasmo é normal ou pelo menos comum entre fêmeas de mamíferos, e que em verdade a sua ocorrência, fato relativamente comum nas mulheres modernas é que necessitaria de explicações. A capacidade orgástica e até multiorgástica feminina seria o resultado de um período muito antigo, localizado em um tempo anterior ao conhecimento humano da agricultura, no qual o impulso sexual feminino era muito poderoso e as relações sexuais extremamente lascivas e carregadas de um erotismo agressivo. Ao contrário do orgasmo masculino que normalmente ocorre no relacionamento sexual com notável regularidade, o orgasmo feminino por não possuir essa característica tem sido muito estudado seja na freqüência de sua ocorrência em grupos de mulheres, seja em relação ao detalhes anatômicos principais responsáveis por sua manifestação. Durante o orgasmo masculino, os músculos pélvicos contrair-se-ão de forma a literalmente arremessar o pênis para o fundo da vagina. Um arqueamento involuntário das costas movimentará todo o corpo dele para a frente. Na hora da ejaculação, alguns homens perdem momentaneamente a consciência. O líquido seminal é bombeado através do pênis, em aproximadamente seis jatos ou espasmos separados, e saem sob total pressão (Bolsanello, 1979).

No campo da masturbação, a mulher começa usando a mão. Algumas esfregam toda a região pubiana com as costas da mão. Outras usam pressão para cima e para baixo. Algumas exploram a região dentro da vagina, em torno dos lábios e útero, e, finalmente concentram-se em esfregar um dos lados da saliência clitoral, até o orgasmo. No caso das lésbicas, estas preferem as mulheres não por poderem ter uma boa relação sexual orgásmica com homens, e sim porque se dão melhor com mulheres, compreendendo-as e apaixonando-se por elas com maior facilidade. E apaixonar-se é realmente a expressão correta para se usar, ao descrever-se muitos relacionamentos entre lésbicas. Uma ligação entre mulheres pode ser afetuosa e cálida, duradoura com as companheiras vivendo juntas por muitos anos (Bolsanello, 1979).


Nas mulheres o período de máximo ardor sexual tende a ocorrer perto da menstruação, mas, principalmente nos povos civilizados, o ardor sexual é mais dilatado (Bolsanello, 1979).Há que se entender, afinal, que desde as idéias do neurologista Sigmund Freud (1856-1939) que o assunto envolvendo a sexualidade, deixam muita gente chocada ainda hoje, mais de sessenta anos depois da sua morte. Como fundador da psicanálise, Freud instalou a sexualidade no centro da alma humana e, segundo ele, toda a existência é guiada pelo desejo sexual, a libido, que se manifesta desde os primeiros anos de idade e não só na puberdade, como se imaginava no final do séc. XIX. Todos os distúrbios mentais, teriam de acordo com essa teoria, uma origem comum - os traumas sexuais ocorridos durante a infância. Aplicando suas descobertas ao estudo da sociedade, Freud concluiu que as civilizações só existem graças á repressão do instituto sexual. Livre de qualquer amarra, a libido induz os indivíduos à violência descontrolada e inviabiliza os vínculos sociais. Enquanto isso, Jung (1980), defendia que cada homem leva consigo a imagem de uma mulher, cada mulher leva consigo a imagem de um homem. É uma bissexualidade psíquica.

A bissexualidade explica os mais diversos comportamentos internos e externos do homem quanto da mulher. O animus e anima são formadores estruturantes de arquétipos de homens e mulheres que se interrelacionam entre a consicência individual e a consciência coletiva (Cherman, 1982). Disso, vê-se que a preocupação com a sexualidade, notadamente os comportamentos humanos de atração sexual, carecem de ser melhor observados nas salas de aula, uma vez que colocam em pratos limpos, sem preconceitos nem tabus, a natureza humana como um todo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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