Imagem:
The nude snake charmer, de Paul Désiré Trouilebert.
OS
FENÍCIOS - Acredita-se que a origem dos fenícios autodenominados de cananeus
remontam mais de 5 mil anos e eram migrantes do Mar Morto e Mar Mediterrâneo,
ou segundo o historiador grego Heródoto (484ac-430ac) oriundos do Oceano Índico,
localizando-se ao norte da Palestina onde atualmente está o Líbano. Os gregos
os chamavam de vermelhos, Phoinix. Eram politeístas e excelentes comerciantes,
criando os ideogramas – alfabeto composto de sinais fonéticos e gráficos.
“Se a
criança é fêmea, que a deixe crescer e... emergir. Se é macho, que ela deixe a
vara e o cajado curvos emergirem”.
A MULHER
FENÍCIA –Os mercadores fenícios, segundo o historiador grego Heródoto, tinham um interesse todo especial por moças
bem feitas de corpo e por jovens de rija musculatura. Entre eles, era obrigação
das mulheres ofertar a virgindade aos sacerdotes do tempo de Ashtart, a deusa
da fertilidade. As mulheres eram
sepultadas de toucas no lado esquerdo, os homens à direita. As mulheres e
crianças contribuíam como mã0 de obra lucrativa na produção de tecidos.
As
mulheres não tinham a menor vergonha de manter relações com qualquer homem, sem
escolha de hora nem local. Exemplo disso, são as mulheres de Biblos que davam
inicio aos ritos secretos do culto de Adônis, no dia da extraordinária
transmutação, que ocorria no templo de Baallat ou Baalat-Gebal, a deusa dos
céus ou a mãe-terra dos fenícios, denominada por Adônis de Afrodite. Elas batem
no peito, choram e lastimam-se, para, finalmente, quando findam seus choros e
lastimas, fazer oferendas a Adônis, como se ele tivesse de fato morrido. Pouco
depois, porem, constatava-se que Adônis torna a ressuscitar. Aí, então, passam
a colocar sua imagem em diversos lugares, ao ar livre. A seguir, elas começam a
raspar os cabelos de suas cabeças, como o faziam os egípcios, quando davam
vazão às suas lástimas pela morte de Ápis. Todas as mulheres, porém, que se
recusavam a permitir que lhes cortassem os cabelos, tinham de se sujeitar à
seguinte penalidade: devem se dispor, ao longo de um dia, a alugar seus corpos.
No lugar onde isso ocorria só tinha acesso os estrangeiros. Com o dinheiro
obtido através das relações dessas mulheres com os que as procuram podia-se
adquirir uma oferenda para Afrodite. Reiteram também historiadores que as
mulheres se prostituíam pelo período de um dia, entregando-se a visitantes
estrangeiros, provavelmente corporificando assim a fertilidade da terra que
recebe novas sementes.
Entre os
antigos costumes orientais havia também o das mulheres decentes que iam
oferecer suas graças femininas nos templos. No livro Logos Babilônico, Heródoto
descreve que todas as mulheres do país tem de se apresentar ao templo de
Afrodite (Ischtar-Astartéia), onde, pelo menos uma vez na vida, devem ter
relações com um homem estranho. Elas ficam sentadas no recinto sagrado,
trazendo na cabeça uma coroa feita de cordéis. São muitas mulheres, umas
chegando, outras saindo. Existem no templo corredores muito retos, que se abrem
nas mais diversas direções, nos quais se encontram as mulheres e por onde
passam os estranhos interessados em escolher uma delas. Toda mulher que ali
chegar, para sentar-se entre as demais, não pode mais voltar para casa, a não
ser depois que um dos homens estranhos tenha jogado uma moeda no seu regaço, ao
que ela se levanta para manter relações sexuais com ele fora do recinto
sagrado. Ao entregar-se a ele, porém, ela se desincumbe de seus deveres
sagrados para com a deusa e pode retornar ao seu lar. Daí por diante pode-se
oferecer quanto se quiser a essa mulher que ela jamais irá entregar-se de novo
a um estranho. Mas são apenas as mulheres bonitas e de vistoso porte que voltam
logo para casa. As feias tem de ficar esperando por muito tempo, até poderem,
um dia, cumprir o velho costume. Muitas delas ficam no tempo uns três a quatro
anos. Também no culto da fertilidade, as mulheres entregam-se ou mantem
relações sexuais com os hirodulos, que eram servos sagrados, os quais, homens e
mulheres, se encontravam a serviço do templo para a pratica de atos de
prostituição, o ser humano comunicava-se com o poder divino. A prostituição nos
templos e a perda em público da virgindade ocorriam em todos os tempos
orientais existentes entre o litoral do Mediterrâneo e o Hindustão. Os
hierodulos prestavam seus serviços até mesmo nos mais antigos templos judaicos,
onde eles recebiam o nome de Kedeschim, isto é, os iniciados. Na Capadócia,
hoje Turquia, viviam seis mil dessas prostitutas a serviço dos templos. Tato em
Biblos como em Tiro eram normais os encontros com essas mulheres. Foi
exatamente o Cristianismo que provocou uma ruptura com essa tradição, admitindo
e defendendo que o tempo era uma escola de ateísmo praquela gente desprezível
que arruinava seus corpos entregando-se a um luxo excessivo. Os homens eram
calmos e efeminados, ou seja, já não eram mais homens. Eles renegavam a
dignidade de seu sexo. Através de um prazer conspurcado, acreditavam poder
venerar a divindade. Para os cristãos, relações sexuais de todo condenáveis com
mulheres, coisas imundas perpetradas às escondidas, outras ações indecentes e
indescritíveis, tudo isso ocorria no templo.
Conta-se
ainda que havia uma mulher fenícia, bela e esbelta, que sabia fazer trabalhos
maravilhosos. Um dia, chegaram os marinheiros fenícios que oferecendo
quinquilharias em seus negros navios, a sequestraram. Eles se aproximaram dela
quando fora lavar roupas, conversando das coisas que havia no navio e, por aí,
entraram coisas de amor que tanto interessam às mulheres. Perguntaram-na quem
era e de onde vinha, ao que falou da saudosa casa de seu pai, respondeu-lhe: ”Tenho
a honra de pertencer à cidade de Sídon, de imensas riquezas, onde sou filha de
Aribes, cuja riqueza não tem fim. Mas um dia, ao voltar do campo, fui
sequestrada por bandidos e vendida à casa do rei da Síria”. Os fenícios
perceberam com essa revelação que poderiam fazer grande negócio,
perguntando-lhe se não queria retornar ao Líbano, recebendo a sua anuência.
Deu-se então essa transação no leito do amor. Mas a sequestrada seduzida não
chegou ao Líbano e foi jogada ao mar.
Na
religião fenícia havia a concepção do masculino e feminino. O masculino representado pelo deus-sol, rei
dos céus que possuía o poder fecundante. O feminino representado pela
deusa-lua, que concebia o deus-sol e se confundia com a terra fecunda. As
deusas possuíam o título geral de Baaltis-Baalit, ou seja, a dama, e a
principal delas era Artartéa.
ASTARTÉA
– também conhecida como deusa Archera ou Ashera-Yam, a senhora dos mares, que
em Biblos se denominava Baalat, palavra que se pode traduzir como “a nossa
amada senhora”. Ela é venerada até hoje no culto maronita a Maria, existente no
Líbano. Os amores da deusa com Thammur-Adonis compuham os ritos de Byblos. Era
esposa de El, o Cronos grego. Ela regia sobre todo o âmbito em que predominavam
os fenícios. Possuía a função de conselheira no concilio dos deus, só se
manifestando quando lhe dirigiam uma pergunta específica. Como mulher,
simbolizava as terras férteis e a fecundidade em geral. Era a Baalat que se
pedia boas colheitas, filhos e longa vida. Para todas as pessoas ela
representava a mãe celeste ou mesmo uma mãe terrena, capaz de satisfazer as
necessidades instintivas de segurança e calor dos seres humanos. Ela também era
venerada pelos sumérios, babilônios e assírios. Seu filho
Baal-Adon-Eschmun-Melcart estava sempre com a mortalidade em jogo, já que a
cada ano ele tinha de morrer para, em seguida, ressuscitar. Tornou-se um grande
combatente e um amante ameaçador que se vangloriava de ter estado setente e
sete vezes nos braços de amada, Anat. Arvorou-se a mencionar que chegou a
amá-la oitenta e oito vezes numa só noite. Por fim, Anat sepultou seu marido,
depois dele ter sofrido mais uma de suas muitas mortes, para, em seguida, ser
assassinado por Mot a quem Anat
vingou-se cortando-o com uma foice, revirando-o com uma pá, deixá-lo queimando
no fogo e triturando-o num moinho. Além disso, ela ainda espalhou a carne do
assassino pelos campos para que servisse de alimento às aves.
JEZABEL,
A PROSTITUTA DE TIRO – Ela provinha do palácio de Hirão, rei de Tiro. Seu pau,
Ithobaal, rei dos sidônios, tinha ocupado o cargo de sacerdote de Artartéa
antes de usurpar o trono de Tiro. Ela deveria casar-se com Ahab, filho mais de
Omri, em Samaria. Ao casar-se, ela mudou de nacionalidade, mas manteve a sua
crença ignorando Javé, sendo devotada aos deuses de seu povo e esforçando-se
por introduzir em Israel a religião dos fenícios. Ela era formosa e fora
educada numa das cortes mais cosmopolitas da época, dominando com perfeição
todos os truques da arte feminina da sedução, incluindo entre eles o da
intriga. Ahab deixou-se dominar inteiramente por sua mulher, ela passou a fazer
dele o que bem entendia. Com isso, pro povo de Samaria, ela era nada mais do
que outro membro da classe empresarial que eles abominavem, corporificando e
agente do capital estrangeiro. Para os guerreiros de Samaria, ela só estava
interessada num maior enfraquecimento da nobreza. Nasce daí uma conspiração
promovida pelos camponeses e pela nobreza militar visando destiuir a casa
regente, causada pela comportamento de Jezabel. Sabia ela que a consciência
judaica jamais a pouparia e sempre surgiria um profeta para apoiar a mutua
aversão. E foi o que aconteceu quando surgiu Elias corporificando a ira dos
crentes, o ídolo dos oprimidos e a secreta esperança dos insatisfeitos. Pros cronistas bíblicos, era ela uma ditadora
inescrupulosa, uma astuta intrigante e uma mulher ordinária mas de muito sangue
frio. Entretanto, historiadores refutam as acusações dos cronistas bíblicos,
observando que a pior ação criminal que lhe pode ser imputada é a de ter
realizado uma trapaça no caso da vinha de Nabote, que não queria vendê0la ao
marido de Jezabel. Todo o resto não é mais que boatos.
Contam
os cronistas bíblicos que ela se envolveu em vários casos, como o do cidadão de
Israel negou-se a vender vinha ao seu marido, ela conseguiu que o homem fosse
condenado à morte. Outro caso revela que a mesma ameaçou mandar matar o profeta
Elias por insuflar uma sublevação contra os sacerdotes fenícios, conseguindo
que o mesmo fosse expulso do país. Certa feita, ao se encontrar com o assassino
que acabara de matar seu filho, ela perguntou como se sentia ele sabendo que
não passava de um assassino. Foi amaldiçoada por Elias que profetizou: “Os cães
comerão Jezabel junto ao antemuro de Jizreel. E o cadáver será como esterco
sobre o campo, no pedaço de Jizreel, que se não possa dizer: Esta é Jezabel”.
Quando tentaram sepultá-la, só encontraram a caveira, os pés e as palmas das
mãos.
DIDO, A
SOBRINHA DE JEZABEL – Era conhecida por Elischa ou Elissa, neta do rei Marten,
de Tiro. Quando seu avô faleceu, sucedeu-lhe ao trono seu filho Pigmaleão, o
qual, no entanto, teve de repartir o poder com Elissa. Essa dupla soberania
terminou sendo proveitosa para um terceiro, um sacerdote de Astartéia,
denominado Acharvas. Nos conflitos entre o pai e a filha, ele fazia as vezes de
fiel da balança, o que o tornava verdadeiro detentor do poder naquela cidade
insular. Havia, porém, que Acharbas tinha tomado e guardado para si a herança
financeira de sua mulher, que representava uma parte do capital da firma Tiro,
para assim reduzir ainda mais o campo de ação de seu sogro. Este, porem, que
não estava disposto a fazer o jogo do outro, mandou que dessem cabo de seu
desafiante. O assassinato tornou a divergência ainda mais acentuada. Alguns
patrícios de Tiro tomaram o partido da viúva enlutada e decidiram abandonar a
cidade juntamente com ela e o seu tesouro escondido. Como porém, não possuíam
numero suficiente de navios, planejaram uma refinada manobra de logro. Elissa,
que evidentemente residia no continente, solicitou uma audiência a Pigmaleão,
que lhe foi imediatamente condedida. O rei alimentava esperança de que sua
filha voltaria para o seu lado, com o capital de que dispunha. Nessa convicção,
enviou ao encontro dela navios e marinheiros. Fazendo isso, porém, ele agia
exatamente como os fugitivos esperavam que ele o fizesse. Às escondidas,
levaram o ouro para os navios, onde o esconderam, e, ao mesmo tempo,
abertamente, foram colando sacos cheios de areia no convés superior, dizendo
que eles continham o que Pigmaleão estava necessitando urgentemente. Ao chegar
no canal entre Uchu e Tiro, Elissa começou a clamar por seus esposo falecido,
fazendo gestos dramáticos. Pediu a ele que recebesse de volta o ouro que havia
guardado para ela, pois estava manchado de sangue. Seus servos, que estavam
esperando essa deixa, passaram a jogar no mar os sacos de areia. Os marinheiros
de Pigmaleão ficaram olhando aquilo horrorizados. Aquelas eram as riquezas que
eles haviam sido encarregados de buscar e que agora jaziam no fundo do canal.
Ao chegarem à ilha, fizeram a tripulação dos navios cair na segunda armadilha.
Dezoito jovens, prontas para serem defloradas no templo de Astartéia de Pafos,
encontravam-se na praia e jogaram-se nos braços dos marinheiros fugitivos. Eram
moças dispostas até a desistir da cerimônia normal nesses casos, para com eles
viajarem para onde bem entendessem. E como os sublevados já tinham entrementes
sido informados de que o ouro ainda se encontrava a bordo, sentiram-se
suficientemente munidos para dar continuação á fuga. Essas foram as primeiras
iniciativas do empreendimento chamado Cartago.
Imagem: Afroditen
syntymasta (La naissance de Venus), 1879, de William-Adolphe Bouquereaun.
AFRODITE
– No livro Teogonia, do escritor grego Hesíodo, conta-se que certa noite,
quando se encontrava justamente no leito de Géia, a mãe terra, foi surpreendido
durante o enlace amoroso, por seu filho Cronos, que, atracando-se em luta com
ambos, castrou o pai com uma foice. A seguir jogou no mar o membro assim
cortado, que ficou boiando nas águas por muito tempo. Mas como não se tratava
de carne igual à carne comum dos mortais, conseguiu cumprir suas finalidades,
quando uma nuvem de espuma alvacenta começou a se formar em volta daquele
pedaço de carne imortal e dela surgu uma mulher que foi conduzida pelas ondas
na direção de Chipre. Ela alcançou terra firme nas cercanias de Pafos, atual
cidade de Kitima. Nessa localidade, conta-se que surge uma beldade de cabelos
cor de fogo, desnuda, que sai das águas e sobe para a praia com movimentos
delicados, como estivesse ensaiando alguns passos de dança. Também nessa
localidade, em túmulos de pedra fooram encontrados entre os achados um ídolo
que acentuava grandemente a área triangular do sexo feminino. Por volta de 1200
a.C., os fenícios ali chegaram e começaram a realizar os ritos vinculados ao
culto de Aschera-Astartéia, a deusa que mais tarde os gregos chamariam de
Afrodite. Isso é confirmado por Heródoto ao mencionar que foram os fenícios que
criaram o seu santuário na ilha de Chipre. Embora pertencesse aos doze maiorias
da hierarquia celeste grega, Afrodite continuou sendo sempre a pequena prostuta
que pode seduzir qualquer homem que lhe apraz e que, por isso, pode causar
frequentemenete consideráveis malefícios. Ela também era chamada “Porné”, isso
até o dia em que conseguiu finalmente dividir-se em duas personalidades. Sob o
nome de Afrodite-Urânia ela tornou-se a grande mãe do céu, severa. Celevrava-se
o seu culto com oferendas de flores e de incenso. A Afrodite vulgar eram
ofertados animais do sexo másculo. Diante dos seus altares as sacerdotisas
copulavam com jovens adeptos e as mulheres honradas entregavam-se aos
peregrinos. Ares era o indômito amante de Afrodite. Ela também foi alvo da
paixão de Pigmaleão, herói do conto de fadas da bela Galatéia. Ele aparece na
qualidade de um rei cipriota, cuja paixão por Afrodite era tão intensa que
chega a pintar um retrato da mulher amada, com o qual tenta manter relações
sexuais. A deusa do amor fica tão impressionada com isso que se transforma num
ídolo de marfim, totalmente entregue a ele. Já de novo no papel de Galatéia,
ela lhe deu dois filhos.
AS
AFRODÍSIAS E A ILHA DE CITERA – Era o local onde também ocorriam prostituição
nos templos e cerimônias orgiásticas. As afrodisias eram cultos divinos
realizados em lugares de peregrinação e que se realizam todos os anos em Pafos,
no mês de abril. Ali realizavam0se feiras, cuja maior atração eram as escravas
cipriotas, famosas pela sua arte de amar. Além disso, faziam-se também
competições, corridas com archotes, banhos à noite no mar, comilanças, leituras
de obras poéticas, e, no interior do tempo, cerimônias de defloração das
jovens. Os rapazes, por sua vez, recebiam também as suas primeiras lições
práticas dos jogos amorosos, ministradas por sacerdotisas experimentadas e
prostitutas a serviço do tempo. Quando voltavam, recebiam de presente de
confirmação, um pequeno falo e um torrão de sal lembrando que a deusa tinha
sido gerada no mar. As mulheres casadas recebiam menos atenção do que as
solteiras, tanto que se concentravam em passar o tempo untando a pedra branca
que representava a imagem de Astrate-Afrodite, famosa em toda região do
Mediterrâneo.
O RAPTO
DE EUROPA – Europa era uma beldade fenícia que fora seequestrada por um touro
de aspecto maravilhoso, testa branca como a neve, pele alvacenta, de enorme
barriga e pequenos chifres que mais pareciam pedras preciosas. Esse touro era
Zeus que se apaixonara por Europa, a fim de que assim, escapando à vigilância
da sua mulher, pudesse se aproximar de Europa e trazê-la para Creta, onde ainda
hoje há quem mostre o lugar em que ganhou a praia. Afirma-se que fica nas
proximidades de Gortyn, no litoral sul da ilha. Todo turista que aí chega é
conduzido ao bosque em que o lascivo deus estuprou a bela moça.
AS
FENÍCIAS DE EURÍPEDES – Tragédia escrita por volta de 411 aC,
sobre a maldição anunciada pelo deus Ares no Oráculo de Apolo, comunicada por
Cadmo, bisavô de Laio, de que ele não poderia ter filho homem. Mas cego de
desejo, casou-se com Jocasta a quem lhe deu o filho Édipo. Temendo a maldição,
despachou a criança na encosta do cume do monte Citéron que foi achada pelos
pastores e levada ao rei Pólibo que dela cuidou juntamente com sua esposa.
Quando já crescido, Édipo foi ao Oráculo de Apolo, encontrando Laio. Eles se
desentenderam e o jovem matou-o. Nessa ocasião, a Esfinge acometia cruelmente
toda Tebas, levando Creonte, irmão de Jocasta, a oferecer a coroa e a sua irmã
a quem pudesse decifrar os enigmas da malévola: “O que é? O que é? Decifra-me ou te devoro”. Foi aí que Édipo
enfrentou a Esfinge, decifrou seu enigma e a derrotou, casando-se,
inocentemente, com sua própria Jocasta e dela teve 4 filhos, os meninos Etéocles e Polinices
e as meninas, Ismene e Antígona. E quando Édipo descobriu que tivera filhos e
irmãos com sua mãe, enlouqueceu pela desventura, perfurando seus próprios olhos e amaldiçoou
os filhos que se matariam num duelo pelo palácio. Os dois irmãos, temendo que os deuses
cumprissem esta maldição paterna, convencionaram que o mais novo, Polinices,
deixasse a pátria pelo período de um ano, e que o trono ficasse co Etéocles. Após esse período, ele voltaria para o revezamento
do poder, com iguais direitos. Só que passado esse prazo, Etéocles se recusou a
entregar o palácio, expulsando novamente Polinices da pátria. Desarvorado,
Polinices juntou-se ao rei Ádrasto, de Argos, e reuniu muitos soldados para enfim invadir Tebas
e tomar o seu trono devido. Jocasta sobrevive ao tomar conhecimento que é mãe e
esposa ao mesmo tempo de Édipo, porque seu primeiro marido Laio não deu a
devida atenção às advertências dos deuses, de que não deviam ter filhos. Os
seus dois filhos homens, Polinice e Etéocles, se enfrentam em sangrenta disputa
pelo trono. Ela apela aos sentimentos dos filhos, sofrendo com o ódio mortal no
coração deles que se negam um ao outro pela ambição de poder. Não havendo paz,
os dois perecem golpeados pelas espadas empunhadas por cada um. Ela, então,
suicida-se. Antígona,
desesperada, voltou ao palácio para contar a seu pai, Édipo, as tragédias que
haviam ocorrido. Édipo recebeu a notícia com muita dor. Creonte, destruído por
ter perdido o filho, soube que também perdera a irmã, e que o rei Etéocles e
seu irmão Polinices já não mais existiam. Com isso, sendo assim o novo rei,
expôs as determinações que Etéocles havia transmitido a ele: Antigona deveria
se casar com seu filho Hêmon, Édipo
deveria ser
expulso da pátria, e o corpo de Polinices não deveria ser sepultado e sim
entregue às aves carniceiras. Antígona ficou revoltada com a decisão e disse
que iria enterrar o seu irmão. Creonte decretou a morte de Antígona, caso ela
consumasse este feito. Édipo, mandado para o exílio, foi acompanhado por Antígona e, em seus momentos
finais, refletiu que ele, um simples mortal, mesmo tendo derrotado a feroz
Esfinge, tendo sido um herói para Tebas e feito só coisas boas, foi incapaz de
mudar o seu destino, não tendo domínio sobre sua vida, estando vulnerável
apenas a acatar as decisões dos deuses.
FONTES
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Tradução da tragédia “As Fenícias” de Eurípides e
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