domingo, novembro 30, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: S, de Antonio Louro.

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Luiz Alberto Machado


Ela é linda no coração dos meus olhos onde em folia abre alas com toda permissão de passagem, invade destemida em sua quietude mansa até desalojar o meu íntimo para se ocupar com o meu próprio despejo.

Não satisfeita rouba a minha identidade e descarta a minha gana desmemoriada a ponto de desfiar o flerte só para a mudez da catarse na minha retina.

Ao se apossar revira tudo de ponta-cabeça na correnteza dos delírios sem opção de prumo, restando a certeza de quase mais nada.

E se faz ultrajante com seus olhos e lábios pedintes envolta no negrume da noite insone da minha solidão.

Invade a minha privacidade a dilapidar posses e devaneios, provocando o ermo em sua evasão de álibi inexorável que me faz espantado patético quando se dá refratária às minhas investidas, como se eu deparasse a intransponível quarta margem de rio a desdizer de sonho, loucura e erro.

Ao menos vem circunspecta mais vingativa desmanchando a cobiça de sua efígie emoldurada na idéia enquanto sou mãos carentes de seu afeto e insisto em tê-la mesmo que seja impressão nas águas apenas refletida no prazer de matar minha sede.

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