segunda-feira, abril 14, 2008

CLEMENT MAROT



Imagem: Bathsheba at Her Bath, 1654 do pintor e gravurista do Barroco holandês, Rembrandt van Rijn (1606-1669).

A POESIA ERÓTICA DE CLEMENT MAROT (1496-1544)

O MONGE E A VELHA
Passeando um monge pela beira-rio, viu uma velha que lavava a roupa; viu-lhe a perna de graça e o fogo viu onde uma coxa vem juntar-se à outra. O monge inflamado ergue a própria roupa, pega o instrumento e se achegando a ela: Velha, diz ele, acende a minha vela. E, para dar-lhe gosto, a velha então vira-lhe o cu e pede por cautela: Chega mais perto e assopra o meu carvão.

A BELA TETA
Teta mais branca do que um ovo, teta de cetim branco e novo, teta que faz inveja à rosa e mais do que tudo é formosa, teta dura, nem teta, sim pequena bola de marfim, bem no meio da qual aflora, rubra, uma cereja ou amora, que, aposto com vossa mercê, ninguém apalpa, ninguém vê. Teta de bico cor de sangue, teta que nada tem de langue e, indo ou voltando, não balança, quer em corrida, quer em dança. Teta esquerda, pequenininha, sempre distante da vizinha, teta que dás fiel imagem do restante da personagem, quem te vê, que tentação de te conter dentro da mão e comprimir-te e apalpar-te; mas é melhor deixar-se de artes e não o fazer, pois prevejo que lhe viria outro desejo! Teu bom tamanho não engana, teta madura que dás ganas, teta que um só anelo expressa: "Casai comigo bem depressa!" Teta que incha e quer ir além do corpete que ora a retêm. Oh! felizardo quem te encher de leite para te fazer, de ti que és teta de donzela, teta de mulher plena e bela.

Clément Marot (1496-1544) era camarista do rei Francisco I e poeta do período renascentista da corte francesa. Em sua obra, segundo José Paulo Paes, convivem as velhas formas poéticas da Idade Média com as novas formas da Renascença italiana, como o soneto petrarquiano.

FONTE:
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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