sexta-feira, dezembro 07, 2007



Imagem: The sleep, 1897, do pintor impressionista francês, Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).

ALCOVA

II

LOUVAÇÃO À MULHER AMADA
(Ritual erótico & tributo ao amor).

Luiz Alberto Machado


Hoje eu quero louvar a mulher amada
A mulher amada que merece ser louvada na toada da alcova: tributo ao amor.

Sim, um tributo ao amor que queima na gente o momento da glória no milagre de todas as formas de amor.

O amor que aviva no sangue o afeto onde o amor prospera vida, canora mistura.

O amor que é a nossa mútua e perene entrega.
O amor que é a escolha pelo prazer de viver.

Escute, me dê licença:
Quero louvar a mulher amada que é o meu andor, porque Deus foi minucioso nessa obra-prima que, de tão perfeita, todas as maravilhas até parecem rendidas depois dela.

E louvo e torno a louvar!

Louvo o jeito delicioso de ser criatura onde busquei suas nascentes e dentro das suas manhãs inteiras meu mundo se refez.

Louvo o olhar de faíscas prementes que disparam meu coração desgarrado correndo o risco na ebriedade magistral da sua soberania absoluta.

Louvo a boca mimosa, acasaladora, caleidoscópio de formas e matizes que me persegue desde que nasci com seu jeito fogoso, gulosa do meu cheiro e gozo, gostosa.

Louvo os seios de fera amansada com exageros de meiguices, demasias de afagos na guarida terna onde sonho outras e todas as vontades.

Louvo o ventre cadela no cio do grelo minando e eu cativeiro com meu prego caibral metido na emenda do seu bornal como garanhão cobrindo a égua que a gente monta com todas as tretas e fodeções gozosas.

Louvo a maravilha de corpo que me farto com agarrações desembestadas, esfregações insultantes dela ascender nos gozos, tesuda, aos píncaros de todos os limites cosmogônicos.

Louvo e é de se gabar por mil noites, mil dias, toda vida.

É de se louvar pela centésima vez esse gesto lindo de moça fagueira que semelha pra mim o que me dera vida enchendo a bisaca a curtir seu vinho de voz terna na mais franca nudez provocadora.

É de se louvar pela milésima vez esse prazer maravilha se achegando vadia, safada, caindo de boca, puta trepadeira cumulada de prazeres para o ritual de nossos cantos e comunhões nas sacanagens das perversas fornicações.

É de se louvar pela zilionésima vez por todas as vezes sacudido de todas as maneiras além da existência para a plenitude de viver o gozo esplendente de amar a mulher amada.


© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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