quarta-feira, julho 08, 2009

WALT WHITMAN



Imagem: Nude in a Landscape, 1883, do pintor do Impressionismo francês, Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).

ALGUNS POEMAS ERÓTICOS DE WALT WHITMAN

UMA MULHER ESPERA POR MIM

Uma mulher espera por mim, ela tudo contém, nada falta,
No entanto, tudo ficou faltando se o sexo faltou, ou se o orvalho do varão certo estivesse faltando.
O sexo contém tudo, corpos, almas,
Significados, experiências, purezas, delicadezas, resultados, promulgações,
Canções, mandamentos, saúde, orgulho, o mistério da maternidade, o leite seminal,
Todas as esperanças, benefícios, doações, todas as paixões, amores, belezas, deleites da terra,
Todos os governos, juízes, deuses seguiram pessoas da terra,
Estes estão contidos no sexo como partes de si mesmo e justificativas de si mesmo.
Sem pejo a mulher de quem eu gosto conhece e assegura a delícia do seu sexo,
Sem pejo a mulher de quem eu gosto conhece e assegura as suas.
Agora vou dispensar-me de mulheres frias,
Vou ficar com ela que espera por mim e com aquelas mulheres que são apaixonadas e me satisfazem,
Vejo que me compreendem e não me negam,
Vejo que são dignas de mim, serei o marido vigoroso de tais mulheres.
Elas não são em nada menos do que eu,
Têm a face curtida por sóis luzentes e o sopro dos ventos,
A sua carne possui a velha divina maleabilidade e energia,
Sabem como nadar, remar, cavalgar, lutar, atirar, correr, golpear, recuar, avançar, resistir, defenderem-se,
São irrevogáveis quanto a seus direitos - são calmas, claras, seguras de si próprias.
Trago-as para perto de mim, vocês mulheres,
Não posso deixá-las ir, faria bem a vocês,
Estou para vocês e vocês estão para mim, não apenas para o nosso bem, mas para o bem de outros,
Envoltos em vocês adormecem os maiores heróis e bardos,
Recusam-se a despertar ao toque de qualquer homem, a não ser eu.
Sou eu, mulheres, faço meu caminho,
Sou duro, amargo, grande, indissuadível, mas amo-as,
Eu não as faço sofrer além do necessário para vocês,
Eu verto a substância para encetar filhos e filhas aptos para estes EUA, pressiono com o músculo rude e lento,
Eu me abraço efetivamente, não escuto súplicas,
Não ouso me afastar até que deposite o que, há muito, estava acumulado dentro de mim.
Através de vocês faço escoar os reprimidos rios de mim mesmo,
Em vocês contenho mil lágrimas progressivas,
Sobre vocês eu enxerto os enxertos do mais amado de mim e da América,
Os pingos que destilo sobre vocês farão crescer moças impetuosas e atléticas, novos artistas, músicos e cantores,
As crianças que eu gerar sobre vocês hão de gerar crianças por sua vez,
Hei de exigir homens e mulheres perfeitos do meu consumir amoroso,
Espero que eles se interpenetrem com outros, como eu e vocês nos interpenetramos agora,
Vou contar os frutos das ejeções abundantes deles, assim como conto os frutos das ejeções abundantes que eu agora dou,
Vou aguardar as colheitas de amor, desde o nascimento, vida, morte, imortalidade, do que planto tão amorosamente agora.

CALAMUS (Parte 3)

Seja você quem for segurando-me na mão,
Sem uma coisa tudo será inútil,
Aviso em tempo, antes que me insista,
Eu não sou o que você supôs, mas muito diferente.
Quem é aquele que se tornaria meu seguidor?
Quem se assinaria candidato às minhas afeições? Você é ele?

O caminho é suspicaz - o resultado lento, incerto, talvez destrutivo;
Você teria que desistir de tudo o mais - eu sozinho esperaria ser seu Deus, único e exclusivo,
Seu noviciado seria assim mesmo longo e exaustivo,
Toda a teoria passada da sua vida, e toda a conformidade às vidas ao seu redor, teriam que ser abandonadas;
Portanto solte-me agora, antes de se dar ao trabalho - Tire as mãos dos meus ombros,
Largue-me, e siga o seu caminho.

Ou senão, apenas de leve, nalgum bosque, para tentar,
Ou atrás de uma pedra, ao ar livre,
(Pois em qualquer aposento coberto de uma casa eu não me mostro - nem em companhia. E em bibliotecas deito como um mudo, um parvo, ou não nascido, ou morto)
Mas apenas talvez com você numa alta colina - primeiro vigiando para que ninguém, por milhas em torno, se aproxime despercebido,
Ou talvez com você velejando no mar, ou na praia do mar, ou alguma ilha calma,
Aqui botar seus lábios nos meus eu lhe permito,
Com o beijo demorado dos camaradas, ou o beijo do novo marido,
Pois eu sou o novo marido, e eu sou o camarada.

Ou, se quiser, me enfiando sob a sua roupa,
Onde eu possa sentir as batidas do seu coração, ou descansar no seu quadril,
Carregar-me quando atravessar terra ou mar;
Pois assim, apenas tocando você, é o bastante - é o melhor,
E assim, tocando você, eu dormiria em silêncio e seria levado eternamente.

Mas se você enganar estas folhas, corre perigo,
Pois estas folhas, e eu, você não entenderá,
Elas vão lhe escapar de pronto, e ainda mais depois - eu certamente vou lhe escapar,
Mesmo quando você ache que sem dúvida me pegou, cuidado!
Você já pode ver que eu lhe escapei.

Pois não é pelo que pus nele que escrevi este livro,
Nem é ao lê-lo que você irá adquiri-lo,
Nem aqueles que melhor me conhecem e admiram, e me elogiam com alarde,
Nem os candidatos ao meu amor, (a não ser no máximo pouquíssimos) serão vitoriosos,
Nem meus poemas farão só o bem - farão o mal também, talvez mais,
Pois tudo é inútil sem o que você pode ter pensado muitas vezes mas não atingido - o que eu insinuei,

Portanto larga-me, e segue o seu caminho.

SONG OF MYSELF (Parte 11)

Vinte e oito rapazes se banham perto da praia,
Vinte e oito rapazes e todos tão simpáticos;
Vinte e oito anos de vida feminil e todos tão solitários.
Ela é dona da fina casa na subida da margem,
Ela se esconde vistosa e ricamente trajada atrás da cortina da janela.
Qual dos rapazes que ela gosta mais?
Ah, o mais sem graça deles é lindo para ela.
Aonde vais, senhora? pois te vejo,
Saltas lá na água, contudo, estás estática em tua sala.
Dançando e rindo pela praia vinha o vigésimo-nono banhista,
Os demais não a viram, mas ela os viu e os amou.
As barbas dos rapazes cintilaram de umidade, ela escorria de seus longos cabelos,
Filetes deslizaram por todos os corpos.
Uma invista mão também deslizou sobre seus corpos,
Desceu trêmulamente pelas têmporas e costelas.
Os rapazes flutuam de costas, suas barrigas brancas incham para o sol, eles não indagam quem os agarra firme,
Eles não sabem quem ofega e declina num pendente e curvo arco,
Eles não pensam a quem encharcam com esguichos.

WALT WHITMAN - Nascido em 1819 em West Hills, Long Island, Walt Whitman foi precursor dos versos livres e da abordagem de temas sociais, do erotismo, de temas polêmicos, da guerra, do capitalismo, da escravidão, da liberdade sexual, da literatura popular. Não à toa, é considerado o maior poeta norte-americano, senão do mundo. Em 1855, aos 35 anos, após a morte de seu pai, publicou a primeira edição do livro ‘Leaves of Glass’, Folhas de Relva, uma coletânea de poemas que seria alterada constantemente pelo autor e viraria a sua antologia principal – ao total foram oito reedições. Thomas Eakins, pintor, amigo e diretor da Escola de artes da Pensilvânia, colocou em telas os poemas de Whitman, acabou perdendo seu emprego, assim como Whitman perdeu o seu na Capital. Eles compartilhavam uma visão real para seus trabalhos. Ambos foram vítimas do preconceito por assumirem em suas obras a sua sexualidade. Viveu de ajuda de amigos e admiradores, sobretudo os europeus, e em 1884, comprou uma casa na mesma cidade. Morreu em 26 de Março de 1892. No final do século passado, Whitman foi resgatado pelo movimento gay como patrono. As suas poesias foram citadas no filme ‘Sociedade dos Poetas Mortos’, que reacendeu o interesse do grande público pelo autor. Em 2004, a Big Apple comemorou 150 anos da publicação de sua obra prima. Influenciou Oscar Wilde, Van Gogh, Paulo Leminski e toda a história.

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