terça-feira, julho 21, 2009

JADE DANTAS



Imagem: A beleza das águas, de Pedro de Sá.

OS SENSUAIS VERSOS PELO AVESSO DE JADE DANTAS

LEMBRANÇAS

Lembras? Da minha face, da alegria,
Na primeira noite de nós dois?
Há tanto te esperava.
Há tanto te queria.
Havia o sol, naquela noite,
Nascia em nosso peito
Iluminando tudo.
Havia um mundo a nos esperar
No lago dos teus olhos
A sussurrar em pequenos gestos.
Poderias sentir as caricias
Da minha mão
A tocar tua pele. Lembras?

MADRUGADA

A chuva acende palavras
De ontem no sono.
A madrugada em teus olhos de distâncias.
O corpo e todos os signos do desejo
À tua espera.
O ontem aquece (ainda) o meu agora,
No tempo sem tempo insinuado.

REFÚGIO

Sei dos carinhos que guardo, seu do pranto
E das palavras jamais pronunciadas.
Quero te dar todo o código desta minha loucura.
Dá sentido aos absurdos
Bem ser o meu refúgio.
Não em deixa mais dormir com estas mãos vazias.
Toma o vinho do meu beijo,
Come o pão do meu corpo
Fala-me de amor e de uma entrega sem retorno.

INUSITADOS REINOS

Em noites de levitação,
Dissolves teu rosto
Em minhas mãos.
Sargaços e luas
Reinado de fogo e sementes
No sangue.
Ramificaram-se nas artérias
E aquecem-se de segredos
Mesmo sem tempo nem canções.

CANTO DA MADRUGADA

Adormeci teus gestos no azul.
Não te amei
Pelo corpo de fogo e ardências
Rendi-me ao que tens
De invisível.

PRIMAVERA

Surgiste de repente – sinfonia –
A mim que só sabia de silencio
De noites e dias onde a vida passava –
Apenas passava –
Em vão.
Até encontrar-te
E me tocares.
Sinfonia
A mim que só sabia de silêncio.
Teus olhos me escalaram
E senti que o tempo é breve
E poderia
Jamais tornar minha a primavera.

VORAGEM

Meu vôo de palavras tem sempre o destino
Dos teus olhos mesmo desviadas.
Guarda a certeza
De porto de chegada.
Se acontecer, toma-as de leve
Ao encontro dos teus dedos.
Recolherão as asas e sossegarão
Encantadas,
Levando ainda em si
Um pouco desta voragem.

EXILIO

A ânsia do corpo
A deslizar em minhas coxas
E eu, fingindo magistralmente,
Ser tua a mão que me acaricia
E fingindo que é poesia
A voz que sussurra ao meu ouvido.

PRESENÇAS

Recusas-te a ser poente
E continuas manhã
Olhos de nuvens
Questiono ao vento
Que me desmancha os cabelos:
Onde deslizará, nesta manhã de sou,
A caricia da tua mão?

INSANIDADE

Vem feito sorvete de morango,
Feito mel de engenho.
Acaricia meu corpo
Com a insanidade dos teus beijos.

ELA É ASSIM

Ela gosta
De atropelar o enredo.
Elas diz que vive a vida intensamente
E qualquer dia vai morrer
Como uma bala no baixo ventre.

BLUES

Durante os dias éramos risos, danças
E brincadeiras. Tontos de felicidade,
Cantando a mesma canção.
Nas noites, descobríamos os casminhos
Dos toques, das sedas e ardores.
Mãos de carinhos, flutuávamos
Perdidos de nós.
Teus olhos a me fitar, embriagados
De prazer, cantavam silenciosos blues
Nas madrugadas.

FASCÍNIO

No mar bravio,
Diluo-me
Mansa enseada nos teus braços.
Deslizas em meu corpo,
Sem rumo.
Sou remoinho,
Sem inicio e sem final.

VERTIGENS

A visão do teu corpo
Os músculos exatos
E a indiscreta libido
Me incendeia, inteira.
Vertigens, precipitando
Minha resistência
(já tão esquecida)
Totalmente vencida
E devassa em teus braços.

CÃNTICO

Tocaste-me
Com a pureza
E a ardência da espera.
Levei-te comigo
Como um crente,
Celebrando o milagre da vida.
Eternamente.

TRANSPARENTE

A poesia me desnuda,
Arranca mascaras.
A poesia me coloca,
Transparente,
Nua, nua,
No olho da rua.

LANGUIDEZ

As luzes (que acendeste)
Perderam-se, enevoadas
Estrelas em noites de trovoada.
Sinto-as retornando
Em noites de levitação e sonho.
Meu corpo volta a flutuar
Na beleza da musica doce,
Inesquecível, do corpo teu.
Sempre retornas, poesia,
Olhos, voz,
E percorro o contorno inteiro
Ardente como na ultima vez.
O mesmo olhar incendiado.
As noites trazem o delírio dessa presença
De nós dois, desatinados.

DIMENSÃO

Hoje,
Só queria bailar na tua pele,
Absorver o tempo e a tua dimensão
Bailar, apenas
Teus olhos nos meus,
Os lábios leves para tua sede.

QUERO TUA VOZ

Quero a voz tua. Mesmo distante
da minha. A boca que enlouquece,
abismo desejado. Não o silêncio,
fonte seca onde agoniza o sonho.

Mudos. Palavras desfeitas em ausência.
Provoco então, com um soneto atrapalhado,
pedra jogada no lago. Te quero aroma,
perfume de ternura, branda espuma,

quero tua voz. Um dia te aceitarei silêncio.
E me recolherei nesse silêncio. Vibrando
em noites de embriaguez. Sem passado,

sem palavras. Mudos lábios, quietos ventos.
Apenas murmúrios. Inúteis palavras. Um dia
bastarão os sentidos, querido. Bastaremos.

SUBLIMAÇÃO

Encontra-me no beijo
que te envio.

Toca a espera do meu corpo
a sonhar o teu.

Flutua, amado,
entre mim e o que és.

JADE DANTAS – a poeta paraibana radicada em Recife, Jadiceli Dantas, é arquiteta, bailarina clássica, pára-quedista e adora tocar violão. Ela é autora do livro “Pelo Avesso”, publicado em 2008 e editora do blog Arasbesque de sonhos.

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