quarta-feira, junho 24, 2009
TEXTOS ERÓTICOS
Imagem: foto de Luis Mendonça.
A EXPLOSÃO DO PRAZER NO RECIFE
”Voltei, Recife. Foi a saudade que me trouxe pelo braço. Quero ver novamente "Vassoura" na rua abafando, tomar umas e outras e cair no passo. Cadê "Toureiros"? Cadê "Bola de Ouro"? As "pás", os "lenhadores" O "Bloco Batutas de São José"? Quero sentir a embriaguez do frevo que entra na cabeça e depois toma o corpo e acaba no pé” (Voltei, Recife. Frevo de Luiz Bandeira)
Luiz Alberto Machado
Quando eu cheguei ainda era um menino na cidade. As retinas cheias de rios. O coração afogado de mar. Era o Recife. E eu gemia noites e dias de prazer quando adolescia em Maria de todos os nomes como se fosse a montada da bicicleta sonhada. Eu crescia e morria todos os dias gemendo Capiba e sonambulava como quem nada sabia.
A cidade era em mim a agonia dos seios que me fartavam e que mais eu sabia Maria que nem nome tinha e que saciava a volúpia acertada.
A cidade era em mim os braços de abraços apertados quando eu mais me explodia de força para viver.
A cidade era em mim as pernas abertas da mais apetitosa das bagas que me embriagava e queria sempre mais.
A cidade era em mim toda doação e eu usava e abusava sem um tostão da puta, a mulher que era a mãe e desconhecida, numa incestuosa loucura de órfão pagão.
Um dia eu voltei e a cidade de novo era braços de frevos abertos de Luis Bandeira embalando a chegada de quem era só couro e osso e não podia chorar porque todos os seios, bocetas e beijos, carinhos e chupadas estavam ligadas eletrizando a minha libido e beliscando todo meu sexo que não sabia outra coisa senão sonhar de gozo por todos os dias, tardes e noites do Recife.
Aí eu fiquei até me esgueirar por todas as ruas, becos, sarjetas, favelas da Maria Recife que sempre me agarrava e me alentava e me beijava e manhava para eu não mais fugir de seu dengo até que um dia eu fugi sob olheiras e zarpei por anos afora.
Agora eu volto Recife, volto com o coração na mão, batendo biela e pernas qual menino de antes com todos os sonhos incinerados à procura da Maria para acender a vida e descansar meu coração sob sua acolhida e guarda que me surpreende desde menino com todas as poses, acrobacias, closes, cenas, trepadas, gozadas, chupadas que me fazem renascer pra vida. Eu voltei, Recife. Eu voltei pros seus braços.
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