sexta-feira, junho 19, 2009
NOVAS ESCRIVINHAÇÕES ERÓTICAS
Imagem: Casal nu, óleo sobre tela de Lucia Costa.
DIA BRANCO
Luiz Alberto Machado
Estava eu desamparado de tudo quando saí pra vida e ela surgiu sussurrando lindo o “Dia branco”. Minha alma Geraldinho Azevedo logo se arrepiou, entregou os pontos e embalamos coro no palco da vida.
Era o amor.
Bastou uma centelha, nada mais. Apenas, um riso de mulher. E tudo ficou sendo como se eu tivesse acabado de ser parido: eu nasci entre um rio e um sorriso de mulher. Nada melhor para me recolocar na vida saindo do negrume desalmado da indiferença para alcançar a esperança real.
Aí cantamos e nos embalamos na noite imensa quando beijei seus olhos de dias infindos.
Foi quando percebi seus braços quase véus divinos de todas as estrelas do universo, me enlaçando o pescoço para levar meus lábios até seus lábios ardentes e feitos de rios que nos levam caudalosos pelas corredeiras mais distantes de tanto se entregar.
E nos beijamos imensamente como se a vez fosse para redimir todas as minhas dores e remediar todas as minhas cicatrizes abertas e chagadas, sarando tudo ao mais leve eflúvio do encanto altaneiro de um beijo de mulher.
E nos abraçamos inteiramente entregues um ao outro sem jamais dar conta de nada nem de nós que estávamos à beira extrema da paixão irremediável que clamava por nós todos os nossos fôlegos de acrobacias e danças.
E nos envolvemos inteiros até que lhe lambi as faces, mordi-lhe a carne do ombro, pescoço, seios, troncos e lhe lambuzei os ductos até saltar-lhe o umbigo e me embrenhar na sua selva pubiana e sobejar suas águas e me fartar do seu pote de todos os sonhos de amor.
E nos sorvemos um ao outro como se jamais pudéssemos saciar nossas vontades e a nos travar definitivamente pela loucura de estarmos servos mútuos e perenes prontos para que dali criássemos um mundo possível de viver.
Foi quando gozamos o mais impossível de todos os gozos até nos extasiarmos de estarmos vivos e prontos para viver além da própria vida.
E compartilhamos e dividimos e nos entregamos. Agora só quero quem me quer.
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