sexta-feira, maio 15, 2009

VERS&PROSA PARA A MENINA AZUL


Imagem: Derinha Rocha.


SHAKESPEREANA

IX

(SONSA)


Toda sexta-feira, meio-dia em ponto, ela agarra no tronco e me diz: toda sua.

E se esfrega já nua, anjo e demônio.

Maior pandemônio, maior ventania.

Faço pontaria nela oferecida a me dá por guarida suas cercanias.

Vou pra montaria e nela me atrepar e sem blá, blá, blá, no seu alvo alado.

Apruma o rebolado com manha de sonsa, a me dá por responsa seus segredos guardados.

E todo malcriado e perito artesão, predador e pagão, batizo os pecados.

Nesse campo minado me faz candelabro esfregando o escalavro do seu poço imenso.

E já me convenço de sua alma mundana que a safada sacana deixa descoberta.

E mais inquieta me dá suas minas que queima a retina e cobiça o capacho.

Se atreve o meu cacho, minha flecha na maçã, nem até amanhã não apaga o meu facho.

O céu vai abaixo e não há nada igual.

Nesse manancial o prazer não tem preço.

Ela vira do avesso, o dedo na tomada, que atrevida e aprumada sobe todas as alturas.

E cai na fundura me faz seu arrimo, me cobrindo de mimo e toda afogueada.

Mais afeiçoada no nosso escambo, ela geme ao meu mando, toda ruidosa.

E mais que gulosa arreia atiçada, toda engatilhada dos desejos maiores.

E com garras piores, e doido varrido vou impor-lhe o castigo das ousadas vontades.

E vou com alarde e com toda ganância vasculhar as instâncias ignotas do corpo.

E vou com escopo na entrega gostosa a roubar seu cheiro de rosa e toda a sua essência.

Vai fazer diferença pegá-la escrava, como enxada que cava seu lombo e costado.

Eu puxo e puxado, arranco ferrolho, e descasco o repolho, do seu dorso o penhor.

Eu me faço senhor a fincar as bandeiras nas entradas fagueiras do seu território.

Sou dono meritório dessa graça opulenta, mais de oito ou oitenta, sou explorador.

E ela só: sim, senhor!

Rendida fremindo com tudo tinindo, maior saculejo.

E me enche de beijo a quedar minguada, lambida e chupada até o último gole.

E seu jeito me bole como bem a merece, me faz sua prece, seu altar e pastor.

E do seu alcandor no fogo da paixão, me aperta um tempão a suspirar de amor.