quarta-feira, maio 20, 2009

VANDERLI MEDEIROS


Imagem: Oriental tales I, de Angélica.

OS SEDUTORES VERSOS DE VANDERLI MEDEIROS

TARA

Como gata tarada
por ti espreito,
arfante de delírios, safada...
Suores percorrendo o peito...
Atraído pelo cio
tu entras em desvario...
Nem percebes quando se perde
a procurar-me pela casa,
pelos cantos, pela sala...
A tara e o amor distante
convertem-se em uma dor lacerante,
gritante, cortante, alucinante...
Dois amantes, em corpos distantes
Num querer sempre constante
Que sintonizam nossas mentes
a buscarmos-nos cada dia mais
por meios irracionais, virtuais...
A fazer da poesia
mensageira dos reflexos sentidos,
por esse amor em sintonia.
Provocando no peito e n'alma
ecos e gemidos doridos, sem calma...
Sentimentos, que somente terão outra conotação,
quando finalmente tivermos
a carnal conjunção!

SAFADA E FELIZ

Agarro-te,
enlaço meu corpo ao teu,
esqueço-me da postura pura, meiga e santa...
Na alcova,
sou tua,
tua
e crua...
Safada,
tarada,
imperatriz;
rolando na cama em brasas...
Por ti gata safada...
Entrego-me
a teus desejos loucos,
inconfessáveis e roucos...
Sou tua deusa Isis,
na cama,
tua meretriz;
no dia-a-dia,
tua amante
e amada,
feliz!
Fazendo de ti,
o homem
que sempre quis.
Entregando-me
a teus desejos despudorados,
nunca antes,
confessados...
E que a ti
deposito aos pés,
uma amante tarada...
Tua fiel meretriz,
safada e feliz!

MINHAS CALCINHAS

Minhas calcinhas
bem as dispensaria
pois, quando as tenho
estou em calmaria
Melhor mesmo
é não tê-las
Seja com redás
ou sem
Na minha vaidade e luxúria
quero que meu homem
das rendas e transparências
fizesse tirinhas
Rasgando-as entre dentes
e urros
numa plena demência
Ao invés de goles de cerveja
prefiro que seus lábios tenham
gosto de cerejas
E que minhas calcinhas
sejam sempre
motivos de muita folia

DISPA-ME

Essa noite quero ser tua fêmea.
Ser despida com teus dentes.
Lambida abundantemente
por teus lábios molhados...
Quero ser explorada
com a ponta da língua,
cada pedaço,
num pleno amasso,
descompasso...
Senti-lo em meu regaço
com volúpia e paixão.
Quero que me banhes de champanhe...
Matarei tua sede na taça do umbigo...
Mergulhar-me-ei em teus desejos...
Quero ouvir teus gemidos em meus ouvidos,
entrecortados de beijos.
Essa noite,
quero ser amada por ti
com a mesma sede e volúpia
com que se amam as amantes!

69 VEZES

69 vezes
no delírio
do desejo
boqüilíngua
em uníssono
Fusão
de seres
em comunhão
na loucura
da paixão
69 vezes
o gosto
do pecado
sorvido
e
afago
em
afago
69 vezes
Enclausurados
na fome
do outro
Saciados
69 vezes
entre
beijos
e
afagos
69 vezes
Devorando
sendo devorada
no amor entre quatro paredes
enclausurados...

CLÍMAX

O primeiro clímax?!
Que coisa louca...
tantos beijos na boca,
e outros tantos
n'onde antes fora coberto pela roupa...
Profusão de mãos,
de dedos, pelo corpo a bailar,
a percorrer as curvas e retas
como o ritmo das ondas do mar,
em um vai-e-vem,
um sobe-e-desce,
entontece... aquece... enlouquece...
A timidez habitual perdeu a vez
No calor de tanta paixão
a consumir-nos em brasas.
levando a imaginação a ganhar asas...
Foram tantas emoções,
um bater louco de corações,
rufando como tambor,
beijos ardentes de perder a cor.
Aquela voz amada,
que no telefone me deixava extasiada
e, agora, gemendo ao meu ouvido
numa ânsia louca;
ora sussurrando seu amor...
Noutras, palavras proibidas...
Que tesão!
Deixou-me ensandecida,
numa sanha inconseqüente e louca,
mistura de mulher, amante,
gata manhosa, safada, rouca...
Entrega sem medo e sem reservas;
Na hora "H", a mulher transformada em fêmea,
unindo-se à alma gêmea,
como côncavo e convexo,
num encaixe perfeito,
a explodirem, no leito, o ápice do amor...
Na alcova,
sobre os lençóis amarfanhados,
descanso, plena e realizada,
no peito de meu amado,
por, agora, conhecer a diferença
entre gozo e clímax de amor.

CANSEI DE SER CERTINHA

Cansei de ser boa moça
Hoje quero ser
uma mulher fatal
vestir meu pretinho básico
pintar os lábios de carmim
e fazer beiçim
Quero te seduzir
Que me importa os vizinhos
quero ser uma dama louca
ousada
e atrevida
Beijar sua boca
gemer no seu ouvido
dançar contigo
umbigo a umbigo
Chega de dormir sozinha
tomar ducha de água fria
sonhar acompanhada
e acordar suada
Hoje serei outra mulher
e se você não me quiser
encontrarei outro
que seja mais ousado
que me olhe apaixonado
e me faça mulher!

AMOR INSACIÁVEL

Insaciável me fez,
por devorar-me aos poucos,
devagarzinho me consome,
de mansinho se faz meu homem;
Ora como cão no cio
vai levando-me ao desvario;
noutras, menino e homem meigo
a quebrar resistências
levando-me a demência,
cheio de manha,
repleto de sedução,
cheio de inovação...
Viciaste-me em ti,
no sabor de teu corpo
que devoro sôfrega;
nos beijos noturnos e matinais...
Nos teus carinhos sem iguais...
Nas tuas surpresas ousadas,
taradas, safadas...
És gatuno
agarrando-me pelas ancas,
devora-me pelas retrancas,
na cama, na mesa,
na sala, na cozinha...
Fogo que nos consome,
sede que não aplaca,
fome sem saciedade
que nos tortura,
que nos mata de ansiedade...
Quero mais é ser
em todos os minutos,
do dia e noite,
tua amada e amante.
Ser devorada
como jamais o fui antes.

EU, MULHER...

Eu...
Mulher...
Que ama,
ensina,
que aprende
e
ora se rende
Que cai,
chora...
Depois
levanta,
sorri,
e luta,
e não se entrega,
a derrota,
a tirania,
a covardia,
a injustiça,
a discriminação...
Eu...
Mulher...
Que ama,
encanta,
seduz,
fascina,
peregrina,
ora desatina
Que ora sou
Menina
doce,
carente...
Ora
Mulher
firme,
determinada,
independente...
Eu...
Mulher...
No mundo.
E um mundo,
em mim!

VANDERLI MEDEIROS – A poeta e escritora goiana hoje radicada em Barra do Garças - MT, Vanderli Medeiros, é professora formada em História pela FESB - Faculdade de Estudos Sociais de Barra do Garças, pesquisadora, Membro do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal e Webmaster. E membro da Academia Virtual Brasileira de Letras e da Academia Literária onde ocupa a cadeira 298. Defensora dos direitos de propriedade intelectual e incentivadora de novos talentos na literatura, ela também é integrante do Portal do CEN, tendo participado em vários livros e Antologias.


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