segunda-feira, março 31, 2008

ARETINO



Imagem: do pintor renascentista italiano Giulio Romano (1492-1546).

SONETOS LUXURIOSOS DE PIETRO ARETINO (1492-1556).

VIGÈSIMA QUARTA DÚVIDA

Hortênsia quis dar gosto ao seu amante
E o lugar mais mimoso do seu corpo
Franqueou-lhe, mas o fez prometer antes
Que do seu grande nabo só um pouco
Ali poria. E eis que ele, não obstante
A promessa, no furor do gozo,
Põe-lhe tudo no rabo. Utrum Hortênsia
Poderá acusá-lo de violência?

VIGÉSIMA QUARTA RESOLUÇÃO

In lege prima de justitia et jure,
Fus natarae, parafragrapho previu
Do primi motus homini naturae,
Baldo que o homem fogem quando em cio:
Faz o furor primeiro que descure
Dos demais, pecador em desvario.
Se o movem, pois, impulsos primordiais
Não se pode acusá-lo de outros mais.

SEXTO SONETO LUXURIOSO

Atenta bem, ó tu que amando estás
E a quem turva tão doce empreendimento,
Neste que leva a cabo tal intento
Ledamente fodendo onde lhe apraz.
Sem de qualquer escola andar atrás
Por trepar verbi gratia a todo tento,
Fará feito sem par e a seu contento
O que possa foder sem ser loquaz.
Vede como nos braços a levanta
Ele, que as pernas dela tem dos lados
E como de prazer já se quebranta.
Não se perturbam por estar cansados.
Mas o jogo lhes dá ardência tanta
Que fodendo queriam-se finados.
E retos, sem cuidados,
Ofegam juntos de prazer frementes,
E enquanto ele durar, estão contentes.

DÉCIMO PRIMEIRO SONETO LUXURIOSO

Para provar tão célebre caralho,
Que me derruba as orlas já da cona,
Quisera transformar-me toda em cona,
Mas queria que fosses só caralho.
Se eu fosse toda cona e tu caralho,
Saciaria de vez a minha cona,
E tirarias tu também da cona
Todo o prazer que ali busque o caralho.
Mas não podendo eu ser somente cona,
Nem inteiro fazeres-te caralho,
O ânimo pronto; baixai a vossa cona,
Enquanto enfio fundo o meu caralho.
Depois, sobre o caralho
Abadonai-vos toda com a cona,
Que caralho eu serei, vós sereis cona.

PIETRO ARETINO (1492-1556) foi uma das figuras mais espantosas da Renascença italiana, fazendo-se notar desde jovem pela virulência de seus poemas satíricos que ridicularizavam os figurões da nobreza e do clero. Tornou-se, por isso, temido dos poderosos de cujos favores vivia, tendo recebido o epíteto de “Flagelo dos príncipes” e caiu nas boas graças do papa Leão X. O escândalo causado pela divulgação dos seus Sonetos Luxuriosos foi a susposta causa de sua fuga para Veneza, cidade em qie viveu como nababo até o fim da vida. Esses sonetos foram inspirados em quiadros eróticos de Giulio Romano, amigo do poeta, a exemplo de outros grandes pintos italianos do século XVI. FONTE: PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

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