sábado, julho 24, 2010
MULHERES: O GÊNERO NOS UNE, A CLASSE NOS DIVIDE
Imagem: The Little Fur (Helen Fourment), c.1638, do pintor do Barroco Flamengo Peter Paul Rubens (1577-1640)
MULHERES: O GÊNERO NOS UNE, A CLASSE NOS DIVIDE
Cecilia Toledo
“[...] A mulher nasce e é educada para ser oprimida, para saber o seu lugar no mundo, que é sempre, em qualquer âmbito, um lugar subalterno. É configurada para aceitar essa condição como se fosse algo natural e, ainda por cima, com um sorriso nos lábios, contido, claro. Essa idéia, que a imensa maioria das mulheres introjeta sem qualquer tipo de questionamento, assenta-se na função maternal da mulher para justificar uma desigualdade entre os sexos e uma posição degradante que elas vêm suportando, com maior ou menor intensidade, desde o surgimento de formas mais ou menos estruturais de explorações entre os seres humanos. Desde os pensadores clássicos até as concepções vigentes hoje, é praticamente unanime a concepção de que a natureza das mulheres (sua suposta emotividade e falta de racionalismo; sua suposta dependência biológica da maternidade; sua suposta fragilidade) as torna imprestáveis para a vida pública. Por isso a história da mulher é uma histórica de aprisionamento na esfera domestica e tudo o que se relaciona a ela está praticamente excluído dos conceitos e categorias políticas gerais. Cada uma à sua maneira, todas as instituições sociais reproduzem essa idéia. A escola, a religião, o Estado, a maioria dos partidos políticos e, sobretudo, a mídia. Mesmo quando tratam de convencer de que isso são águas passadas, de que hoje as mulheres estão emancipadas, contribuem para difundir a ideologia dominante”.
“[...] conforme o capitalismo avança, a condição da mulher se agrava, e aquelas que conseguem vencer são cada vez em número mais reduzido diante das milhares e milhares que vivem uma situação degradante, marginalizadas do processo produtivo da sociedade, oprimidas pelo medo, pela miséria e pela violência, sobretudo nos países pobres da Ásia, da África, da America Latina e nos países islâmico”
“[...] As grandes lutas femininas não alcançaram seu objetivo. Conquistaram apenas reformas, que tampouco são perenes. Essa é uma verdade dura, mas temos de encará-la. A situação da mulher não vem dando mostras de melhorias, mas de agravamento em ritmo acelerado, apesar de toda a modernidade e das altas tecnologias”.
“A origem da opressão da mulher está, portanto, ligada às transformações ocorridas nas relações humanas desde as primeiras sociedades que se conhece. As descobertas antropológicas permitem afirmar que a mulher não nasceu oprimida, mas passou a sê-lo devido a inúmeros fatores, dentre os quais os decisivos foram as relações econômicas, que depois determinaram toda a supreestrutura ideológica de sustentação dessa opressão: as crenças, os valores, os costumes, a cultura em gral. Em especial, a opressão da mulher está vinculada à existência da propriedade privada dos meios de produção e apenas poderá ser superada com uma mudança total na infra-estrutura das sociedades assentadas nesse tipo de relação”.
FONTE:
TOLEDO, Cecília. Mulheres: o gênero nos une, a classe nos divide. São Paulo: Sundermann, 2008.
CECILIA TOLEDO é jornalista e membro da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU (Brasil). Escreve para a revista Marxismo Vivo e há anos dedica-se a estudar e a militar sobre as causas das mulheres, sempre a partir de uma ótica socialista.
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