segunda-feira, julho 07, 2008
CATULO
Imagem: Susanna and the Elders , do pintor do maneirismo italiano de Jacopo Tintoretto (ca. 1518-1594)
CATULO
CARMEM - 32
Eu te peço, minha doce Ipistila,
Delicia e encanto deste meu viver:
Convida-me a passar contigo a sesta.
Caso me convidares, cuida bem
De que não ponham tranca em tua porta
E não te dê vontade de sair.
Fica em casa, tranqüila, preparando-te
Para nove trepadas sucessivas.
Se preferires, vou agora mesmo:
Almocei bem e ora farto, ressupino,
Furo, de impaciência, túnica e toga.
DEDUÇÃO
Lesbia em tudo me circunda
Em difamar-me sempre abunda.
Mas me mantém, na vil ilusão
De que angariei seu coração.
Mais sofro então, ao perceber
Que tal e qual é meu sofrer...
Pois a maldigo, é bem verdade
Por nutrir minha vaidade.
CARMEM – 56
Mas que coisa mais ridícula e jocosa,
Digna, Catão, do teu riso e teus ouvidos.
Ri, pois, tanto quanto amas, Catão, Catulo,
Que a coisa é assaz ridícula e josoca.
Há pouco vi um menino e uma menina
Engatados: e então nela, praza a Vênus,
De pronto engatei a minha vara rija.
PARA LESBIA
O rival que aos deuses imposto
Ainda altivo, altivez conserva
O qual, Lesbia, a teus pés posto
Assentado te escuta e observa
Sorri plácido. Tal bem-estar
Turba os sentidos, e a mente
Enquanto extático, a observar
Miserável arfa, penosamente.
A fala falha. Calores escondidos
Percorrem os membros. A audição
Fremindo indesejáveis ruídos
Nuvens negras toldando a visão.
Confortável pena, que te esvazia
Catulo, nas horas de vadiagem
E lascívia; prazer que destruiria
Toda realeza como homenagem.
CAIO VALÉRIO CATULO (84ª.C – 54 a.C). Nascido em Verona, fixou-se em Roma e ali passou a frequentar os círculos elegantes. Era amigo de Cícero, cujo partido tomou contra César, objeto de algumas de suas sátiras desabusadas. Foi um dos amantes temporárias de Clódia, esposa do do cônsul Metelo, uma aristocrata bela, culta e de vida libre que reunia à sua volta escritores, políticos e oportunistas. Clódia é a Lésbia dos seus poemas. Catulo também escreveu epigramas alexandrino. Segundo José Paulo Paes, ao grupo desses poemas desbocados, que numa época tão liberal em matéria de costumes o próprio poeta considerava obscenos e muito pouco pudicos. Sua obra se perpetuou através dos séculos que se seguiram, foi exemplo para grandes nomes que vieram depois como Propércio e Tibulo. De sua obra foram conservadas uma coleção de 114 poemas. Os textos mais bonitos foram as experiências pessoais, como a morte do irmão, que o fez escrever versos de profunda dor, e 25 poemas dirigidos a uma mulher, em que retrata excepcionais declamações de ternura e sentimento, uma paixão amorosa, desde os graus de maior êxtase até o ódio e o desespero.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CATULO, Caio Valério – O Cancioneiro de Lésbia. São Paulo: Hucitec, 1991.
________. O Livro de Catulo São Paulo: Edusp, 1996.
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001.
PAES, José Paulo. Poesia erótica. São Paulo: Schwarcz, 2006.
VEYNE, Paul. A elegia erótica romana. São Paulo: Brasiliense, 1985.
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