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MANDONISMO
Luiz
Alberto Machado
Quero cravar minhas
unhas e meus dentes na sua carne e lanhar seu corpo com minhas ousadas libações
capazes de retalhá-la em postas até canibalizar seu ser e degluti-la antropofagicamente
cada mínimo pedaço de sua compleição.
Quero
vê-la estertorar debatendo para fugar da minha voraz sanha, cedendo submissa, resignada,
lacerada ao escalpelo desse esquartejamento que a fará supliciada como uma reincidente
e insolvente sem saída, escravizada ao pelourinho que é o meu sexo
inexoravelmente priápico escavando e inflingindo sua terra acorrentada aos meus
sadismos de verdugo que quer além da confissão, da aquiescência e toda sua
sujeição aos meus caprichos mais mandonistas.
Quero
usurpar seus limites, revolver suas entranhas, atributos e posses até chegar ao
seu mais íntimo teor de profundidade e devassá-la na sua mais longínqua intimidade,
escamotear seus dotes e alienar sua vida à minha libido e ao que eu quiser.
Quero
me fartar da oferenda de todos os seus pratos de deixá-los limpos com minhas
lambidas pecaminosas, sorver todos os seus humos, seivas e sumos de todos os
sulcos que orvalham da abundância de sua generosa geografia dadivosa e por fim
desfrutar de sua lauta gostosura até gastá-la de tudo que tiver de mais nada de
si, exangue, languida, desvalida, nua e minha.
Quero,
enfim, morrer de priaprismo enfiado dentro de você que se fará dedicada fiel
para minha ressurreição.