segunda-feira, dezembro 08, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Eine Tanzerin, 2003, de Jan Saudek.

JURAMENTO

Eu juro te querer enquanto o ouro do turno da tarde cair no beiral (...) meu lado, luz acesa de pescador bom de mar, quer me ver sonhar? Traz a tua vida mais pra perto de mim...” (Djavan, Beiral).

Prometo te querer até o amor cair doente, doente...”
(Chico Buarque & Cristóvão Bastos, Todo sentimento)

Luiz Alberto Machado

Quando a tarde faz vida no mormaço do seu corpo, eu juro por todas as delícias de céu e terra mergulhar nos ventos agitados de sua prodigiosa nudez sacudindo minha lucidez nas raias da loucura e é quando sou de mim mais que real.

Eu juro por sermos feitos pelo amor e para o amor onde tomo por testemunho o meu corpo e o meu sangue no seu corpo e sangue, que não haverá perjúrio porque juro dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade porque a verdade é a sua alma nua exposta para a minha iniciação. E prometo pelo fogo do prazer no calor do seu sexo que se empanzina com o meu, linda, nua, caprichada de beleza acendendo a luz de todas as noites na beira do amor, pelando de febre, que cantarei aos berros a canção viva com versos queimando a pele, a cumprir que nos seja dado gozar feliz da vida para ir até longe de onde não se volta mais.

E juro com os olhos vendados de paixão por seu corpo que carrega o tempo de muitas sedes no seu minadouro, como a maior e mais completa maravilha do mundo, enquanto a terra gira entre suas pernas e sexo febris com a gula das minhas mãos côncavas agarrando enlaçado na idade dos sonhos que giram sem parar na corda bamba que me devolve multiplicadas vezes a vida que me faz mais vivo que nunca!

E juro pela doçura dos seus lábios de orquídeas molhadas com o cheiro do riso destamanho com o amor queimando a face, relâmpago nos seios na promessa de que em mim tudo de seu sobreviva, a tesão apaixonada se fortaleça e o que for do amor se concretize em nós. E juro por seu olhar de titânio com toda atração do meio dia de místicos fulgores dos que dão tudo à vida debaixo da chuva do edredom onde a tempestade demorada inflama o paiol de todos os gozos desgovernados até o derradeiro pousar da voz de zis luxúrias do seu doce-de-leite coração.

Por isso e só por isso eu canto inteiro com toda paixão a nossa eucaristia.

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