domingo, dezembro 07, 2008

CRÔNICA DE AMOR POR ELA



Imagem: Estella, de Tuta.

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“(...) E por entre as coxas da noiva envolvente, a mulher com seus seios e o pássaro de crista celestial, foi ele enfim derrubado ardendo no leito nupcial do amor, no torvelinho do centro desejado, nas dobras do paraíso, no botão rodopiante do universo”. (Dylan Thomas, Conto de inverno).

“(...) Debaixo de ti e de mim, tu e eu, sinceramente, teu cadeado afogando-se de chaves, eu, subindo e suando e criando o infinito entre tuas coxas”. (César Vallejo, Doçura por doçura).

Luiz Alberto Machado

Saibam todos quantos virem esta canção entoada que eu amo esta mulher nua e linda como a terra que me faz abrigo e me reparte toda a felicidade universal de sua beleza ruidosa no meu coração.

Saibam. E que este poema exaltado seja o testemunho do quanto vivo e me sou dado à propícia magia da boca fresca de uma mulher com o seu riso refulgente espalhando o prazer perpétuo, onde fecho os olhos para imergir no beijo e seja lá o que deus quiser.

Por isso eu canto toda canção para ela nua e linda, porque eu conheço todas as astúcias de quem cavalga na minha carne onde o seu nome é o sexo úmido a pulsar exsudando gozo aos grandes goles.

Por isso eu declamo aos quatro ventos todos os versos viscerais do meu poema imperfeito, porque conheço a fundura do paladar de quem se debruça oferecendo a maçã com um verso na mão estendida e uma poesia na carne de todos os molhos para que eu faça festa impudente e reine com açoites para ocultar-me no porão de sua alma.

Por isso vou vociferando com meu coração barulhento todas as rezas da maior adoração de quem na lonjura conhece o abraço do jeito irrigado que tece a luz do sol e vou decidido a transpor além das margens e colunas do seu jeito crepuscular à maneira de quem soterra quente rajada do que sou por todos os lados até levar-me tapete mágico por todos os seus dons ao alcance do meu canto.

Por isso sou terno eternamente grato porque conheço o perfume de quem me espera nua em cada esquina, porque conheço o aguaceiro que nos lava o íntimo envolto em névoas oníricas até sermos alagados de suspiros na luz rubra do archote que empunhamos em nome da paixão.

Por isso sou reiteradamente grato porque conheço o namoro do olhar que não repara de nada e reata amorante as distâncias por todos os ângulos de espera e se arrasta até pôr-se de pé pedinte e acossada que eu seja infindável na minha poesia rústica até a fronteira que nos divide quando somos na total comunhão.

Por isso me faço cantor para envolver os braços de cisne jurado de amar que não medem um palmo sequer, nem se demora um triz e prevalece na altura estelar adivinhando a vigília de quem é capaz de empreender a mais inescrutável loucura na voz que trespassa tudo a me dizer que amar é costume gostoso que dá na gente e faz da vida a festança de partilhar do amor.

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