A
MULHER ASSÍRIA-BABILÔNIA
ASSUR
E NÍNIVE – Assur era a sede sagrada do deus epônimo Assur, senhor de Ebih, deus do tempo,
deidade semítica ocidental, de origem hurrita. Tanto o culto quanto a cidade
foram destruídas quando revivesceu o períoro Parta. O deus Assus é
representadono disco solar alado, como um varão de barbas empunhando arco
e flechas. Depois ele tornou-se deus do império, tornando-se o foco de
identidade assíria. O seu nome causava medo à população de terras distantes da
Mesopotâmia. Nos tempos atuais, os cristãos nestorianos remanescentes
localizados no Norte da Síria e do Iraque se identificam como assírios,
simbolizados oficialmente pelo deus dentro do disco solar, guardião da
identidade assumida.
Nínive
era a sede sagrada
da deusa do amor e da guerra Ishtar.
Assur
e Nínive foram cidades assírias construídas por reis poderosos, localizadas no
altiplano de pedra calcária da Mesopotâmia setentrional. Ambas tiveram
histórias particularmente longas de ocupação e se tornaram lugares sagrados, enquanto
que Nimrud ou Gala, outras das capitais assíriasforam habitadas pelo rei por
apenas breves períodos de menos de um século.
OS
ASSÍRIOS - Praticavam também o comércio das mulheres. A respeito disto,
Heródoto nos diz mais ou menos o que se segue: "Em cada aldeia, uma vez
por ano, logo que as moças estão maduras para casamento, são reunidas e levadas
a um determinado lugar, onde estão muitos homens, e então o pregoeiro as faz
levantar umas após outras, a começar pelas mais belas. Logo que a mais bela
tenha achado comprador, então fazem com que se levante outra, e assim por
diante. Os caldeus ricos que desejam casar rivalizam entre si, para comprar as
mulheres mais formosas. Depois o pregoeiro põe à venda as mais feias, e oferece-as
aos homens que têm menos dinheiro. Finalmente, os que ficarem com as mais feias
são pagos para isto. O dinheiro obtido com a venda das mais formosas é
destinado ao dote das mais feias”. Ninguém podia levar uma mulher, sem se
comprometer a casar-se com ela. O indivíduo que recebia dinheiro para ficar com
uma mulher feia era obrigado a casar-se com ela, e se não o fizesse, era
obrigado a devolver o mesmo dinheiro.
A
MULHER ASSÍRIA – A
pena de talião que constava do código de Hamurabi, rei dos babilônios e o
primeiro a coligir as leis, não foi adotada pelos assírios. Não há provas de
que outras leis do código tivessem prevalecido entre eles. Mas a influência que
exerceu sobre o direito assírio foi enorme. Algumas leis assírias determinavam
a inteira sujeição da mulher; a esposa era tida como objeto de uso do marido.
Só ele tinha direito ao divórcio e a poligamia. Enfim, a mulher era totalmente
denegrida, e ai daquela que não cobrisse o rosto com véus.
BABILÔNIA, A
GRANDE PROSTITUTA – A Babilônia exerceu forte influência sobre Assur no período do final do terceiro milênio, quando a
cidade era parte do estado de Ur III. O primeiro império babilônio data de
2.500 a 1.500 a.C. e o segundo império de 625 a 536 a.C. A queda da Babilônia é
anunciada no Apocalipse Bíblico onde era representada como a Grande Prostituta:
“Vem cá e te mostrarei a sentença contra a
grande prostituta, a que está sentada sobre muitas águas. Com ela fornicaram os
reis da terra, e os habitantes da terra se têm embriagado com o vinho de sua
fornicação [...] Levou-me no Espírito ao deserto, e vi a uma mulher sentada
sobre uma besta escarlata cheia de nomes de blasfemia, que tinha sete cabeças e
dez chifres. A mulher estava vestida de púrpura e escarlata, enfeitada de ouro,
pedras preciosas e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio de
abominações e da imundicie de sua fornicação. Em sua fronte tinha um nome
escrito, mistério: Babilonia a grande, a mãe das prostitutas e das abominações
da terra. Vi à mulher embriagada com o sangue dos santos e do sangue dos
mártires de Jesús. Quando a vi fiquei assombrado com grande assombro"
(Apocalipse 17:1-6). E mais adiante: "Com ela prostituiram os reis da terra, e os habitantes da
terra se têm embriagado com o vinho de sua prostituição" (Apocalipse
17:2). O historiador Heródoto (490 – 429 a.C) escreveu acerca de um costume
horrendo na Babilônia: a prática disseminada da prostituição no
Templo de Ishtar. Uma vez durante suas vidas, todas as mulheres do país eram
obrigadas a sentar-se no templo e entregar-se a um estranho por dinheiro. Nessa
época as mulheres ricas e esnobes chegavam em carruagens cobertas. As
filhas virgens, por volta dos 12 anos, eram dedicadas ao culto da
prostituição. Elas tratavam seus amantes com tamanha cordialidade
que até mesmo os entretêm. Tais atos eram considerados hábitos religiosos
perversos, costume esse que se propagou entre os persas e o judeus qadeshes que
praticavam a prostituição sagrada, tanto do sexo masculino quanto
feminino. Na Babilônia, as crianças eram levadas pelos pais para o casamento
sagrado com o deus Marduk.
A NOSSA SENHORA BABALON E DA BESTA QUE MONTA - Babalon ou Babylon, também conhecida como
Mulher Escarlate, Grande Mãe e Mãe das
Abominações, é descrita portando uma espada à cintura e montando a Besta. É
tratada como a Prostituta Sagrada, simboliada pelo Graal ou Cálice, símbolo do
útero gerado, sendo uma das deusas centrais da filosofia religiosa conhecida
como Thelema, estabelecida em 1904 por
Aleister Crowley no Liber AL vel Legis. Em sua
forma mais abstrata, representa o impulso sexual feminino e a liberdade da
mulher. Contudo pode também ser identificada com a Mãe Terra, no sentido
simbólico da fertilidade, possuindo, além disso, uma contraparte masculina
denominada To Mega Therion (A Grande
Besta). O seu consorte simbólico é Caos, o Pai da Vida, princípio criador
masculino. É também definida como Shakti, a negativa corrente da natureza e se
assemelha a Kali, a destruidora deusa da morte para os tugues. É reconhecida
como a amante de Shiva, o cadáver que copula a deusa. É também identificada
como a terceira Sephirah da Arvore da Vida, Binah, a Esfera, representando
todas as mães da terra.
TRÍADES
- A religião babilônica conhecia duas tríades, ou seja, conjunto de três
deuses, segundo o esquema familial, pai, mãe e filho. A primeira tríade
babilónica é composta de Anu, Enlil e Ea; a segunda é formada por Sin, Sarnas e
Istar.
ISHTAR – Deusa
da fecundidade e da guerra. É representada com seu leão ou com a pomba. Na
segunda tríade, também era a deusa que despertava o impulso sexual nos animais e nos homens.
A MULHER, OS
CULTOS FEMININOS E O CASAMENTO BABILÔNICO - A família babilônica tinha o casamento monogâmico como base, mas era permitido o concubinato ou
poligamia. Pelo Hamurabi, um cidadão livre casado com uma sacerdotisa, pode
ser oferecido a uma escrava para procriação. Este poderia legitimar o
concubinato, tornando a escrava sua esposa. Há também registros de situações
incestuosas. Quanto ao adultério: "A mulher
adúltera deve ser atirada ao rio, mas se o marido perdoar o adultério, os dois
devem ser atirados ao rio. A mulher do prisioneiro, se não tem com que se
sustentar, pode casar-se com outro; mas se o marido puder voltar para o lar,
ela é obrigada a voltar para o marido". Podia a mulher casar com outro
homem, se não tivesse com que se manter; se o marido voltava, ela tinha de
voltar para o primeiro marido. "Se a mulher repudiada pelo marido é
leviana, não pode exigir indenização, e o marido pode reduzi-la a sua escrava.
A mulher que abandona o marido é atirada ao rio". Também: "Não é
lícito ao marido repudiar a mulher enferma. Mas pode tomar outra mulher para
si".
AS
SACERDOTISAS – o corpo das sacerdotisas não tinha menor importância. A grande
sacerdotisa, entu, possuía autoridade sobre todas elas: a maioria está
relacionada ao culto de Ishtar, deusa da fecundidade, que, sob o nome de
Ishara, preside à consumação das uniões. Algumas dessas sacerdotisas parecem
ter por função permitir aos fieis praticarem com elas o ato que, por magia simpática,
deve provocar o crescimento das famílias e dos rebanhos. Diversas categorias de
sacerdotisas não podem ter filhos, tais como a naditu, a sinnsihat zikrum, a
gadishtu (a que passa bem) e a zer mashtu (aquela que apaga a samente). As
sacerdotisas que formam a corte de Ishtar constituem a classe das Ishtarati que
são as kishreti (as encerradas), as shambati e harimati (as prostituídas).
Embora ligadas ao culto, as harimati são julgadas severamente, tendo,
inclusive, um provérbio recomendando não toma-las por esposas. Contudo, é uma
shamatu, digado hieródula, que, no poema de Gilgamesh, deve domar Enkidu, o
homem selvagem, para conduzi-lo à santa morada de Anu e de Ishtar. Essa deusa,
de resto, conta entre seus epítetos o de cortesã dos deuses.
HARIMTUM – eram as prostitutas profissionais com
conexões cultistas,
que ofereciam um serviço sexual em prol do templo. Os sacerdotes atuavam
como cafetões e coletavam parte dos lucros. Eram os bordéis sagrados.
O CULTO À
GRANDE DEUSA NUA– Deusa da fertilidade e da fecundidade. Oferenda de frutas, de
laticínios, de animais domésticos. Uma das figuras mais populares desse culto é
a multidão de representações da deusa nua, plaquetas de terracota às vezes
rudimentares, às vezes mais aprimoradas, que figuram uma mulher nua sustentando
os seios com as mãos. Todas essas figuras não são propriamente deusas, são
talsmãs que te por finalidade assegurar na morada da multiplicação desse bem
precioso que é a família. A grande deusa escoltada por divindidades das cidades
principaos do império, que vai se encontrar com o grande deus para celebração
da união.
DEUSA GULA –
também incorporada por Babu ou Baba, deusa da medicina, que havia sido
companheira de Ningirsu, esposa de Ninurta. Também assumia as designações de Nintinugga ou Ninisinna. Ela era a mais invocada porque conhecia as
plantas, tratada como a ressuscitadora de mortos, pPresidia à saúde e curava as doenças dos homens; mas podia,
também, infligir grandes danos aos mortais. O cão, companheiro de Gula,
tornou-se, entre os gregos, o de Esculápio.
ERESKIGAL –
irmã de Ishtar e Sarnas, rainha do mundo subterrâneo. Nergal, um dia, invadiu os infernos, país do qual não se
retorna, e maltratou Eresquigal; esta ofereceu-se-lhe em casamento. Nergal
aceitou e tornou-se o rei dos infernos.
DEUSA NISABA –
também conhecida como Nidaba, deusa da fertilidade e esposa de Ningirsu. Era, propriamente, uma divindade-grão, deusa dos caniços e
dos juncos, tão abundantes nos terrenos paludosos junto aos rios e aos canais.
Como o caniço servisse para fazer cálamos, os estiletes com os quais se
escrevia sobre a argila, Nidaba tornou-se a deusa dos números e dos presságios.
Além disso se qualificava como a deusa das plantas, em geral.
OUTRAS DEUSAS – Outras deusas são identificadas como
Nana, outro
aspecto de Ishtar. Também Zarpanitum, deusa da gravidez, esposa de Marduk, criadora
da vida, humana e vegetal, chamada ainda de Erua. Shala era esposa do deus
Adad, de natureza pacífica, conhecida pelo nome de Dama da Espiga, e uma espiga
de cevada a representa nos kuduru.
SEMÍRAMIS, A SEDUTORA RAÍNHA – Semíramis, ou Sammu-ramat, segundo Heródoto
e Didorus Siculus, era uma rainha lendária da Assíria, filha da
deusa Dérceto ou Dércetis; abandonada pela mãe, tornou-se escrava. Um general
de Nino, pressentindo seu génio e fascinado pela beleza da escrava, tomou-a por
esposa; o próprio Nino por ela se apaixonou, o qual, antes ficara impressionado
com a coragem que a jovem demonstrara por ocasião do ataque dos bactros. Nino,
então, fez com que o general a cedesse, e a tomou por esposa. Semíramis de
imediato conseguiu poder sem limites sobre seu novo marido; dessa união nasceu
um filho, Nínias. Segundo antiga tradição, Semíramis, um dia, pediu ao esposo
que lhe confiasse, por um momento, o poder real absoluto; este cedeu aos rogos
da esposa e foi logo massacrado. Ela sucedeu a Nino no trono. Engrandeceu,
fortificou e embelezou a Babilônia; cercou-a de muros tão largos que dois
carros podiam cruzar por cima deles tranquilamente, e construiu os Jardins
suspensos da Babilônia, sobre o Eufrates. Submeteu a Arábia, o Egito, uma parte
da Etiópia e da Líbia e só não teve sucesso na expedição que dirigiu contra a Índia.
Morreu depois de ter reinado 42 anos; sucedeu-lhe Ninias, seu filho, que,
talvez, tenha lhe abreviado os dias. Ela foi adorada pelos assírios sob a forma
de pomba, por isso contava-se que ela tinha sido criada por pombas e que ao
morrer subira aos céus sob a forma de uma dessas aves. Outras tradições referem
que ela matou o marido e todos os filhos, com exceção de Nínias. Contam Heródoto, Diodoro da Sicilia e Valério Máximo que a rainha da
beleza e da elegância, nasceu dos amores furtivos de uma deusa de Ascalon, na
costa mediterrânea, e de um simples mortal. Na ocasião foi milagrosamente
assistida por pombas e depois foi cuidada por pastoras. Era tão bela que um
dia, quando uma revolta irrompeu em sua capital no momento em que fazia sua
toalete, foi só se mostrar seminua e com os cabelos soltos que tudo entrou em
ordem. Isso porque ela inventou um traje ao mesmo tempo cômodo e elegante, com
o qual podia tanto se mostrar nos atos ordinários da vida, como montar a cavalo
e combater. Um alto funcionário assírio, que passava por esta região longínqua,
apaixona-se por ela e, impressionado com sua beleza, casa-se com ela, levando-a
para Nínive. O rei da Assiria, que naquela ocasião empreendia a conquista da
Bactriana, defrontava-se com a grande resistência. Semíramis é pressionada para
intervir e vestida com elegante traje masculino, assume a responsabilidade e
torna idade que resistia ao rei. O marido,
funcionário, é afastado. Maravilhado com as façanhas e com a beleza dessa
mulher, o rei toma-a para si e depois morre. Ela sobe ao trono com vinte anos
de idade, edifica construções magníficas, funda Babilonia, partindo para
conquistar o Egito, até a Etiopia e a India. O seu epitáfio: "A natureza deu-me
um corpo de mulher, mas meus atos me igualaram ao mais valente dos homens. Antes
de mim, nenhum assírio havia visto os mares. Já vi quatro, onde ninguém chega. Fiz
com que os rios corressem onde eu queria. Com o ferro construi estradas através
dos rochedos intransitáveis. Abri, para meus carros, caminhos que nem os a
animais ferozes haviam, percorrido. E, entre minhas preocupações, encontrei
tempo para satisfazer meus prazeres e meus amores”. Ela foi cantada por Paul
Valery, Voltaire e Rossini.
O MITO DE
TAMMUZ – Tamuz é uma deidade babilônica, também chamado de Dumuzi ou
Dumuzid, o filho verdadeiro ou filho fiel. A Bíblia contém uma referência à sua
adoração por parte de mulheres de Yehudá (Judá). Tamuz originalmente era um
governante, que posteriormente foi deificado. Ele aparece na lista de
governantes babilônios como um rei anti-diluviano. É mencionado tambem no Épico
de Gilgamesh. Ele passa
seis dias com cada uma das irmãs deusas, Ishtar e Ereskigal. Só mais tarde
Ishtar buscará pessoalmente nos infernos para de lá trazer seu esposo. Essa
festa naturista era celebrada em várias cidades sumérias e diversos hinos
cantandos nessa circunstância faem alusão ao citado Mito. Existe um texto
antigo chamado Paixão do Deus Lilly, do qual se traz o episódio do deus que
lamenta e com ele sua companheira, de ser retido nos infernos. O deus está
prisioneiro subtraído à terra e pode exalar seus queixumes.
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