sábado, novembro 05, 2011

INCÓGNITA

Imagem: Acervo Ísis Nefelibata.

INCÓGNITA




Não sei se é noite, dia ou tarde. Eu só sei que arde. E com açoite faz alarde na minha temperança. É que não descansa, bole e atordoa. Ah, que coisa boa debaixo do chuveiro, quando sou seu ex-seresteiro e ela emerge dos confins gerais, sensual demais com sua tropical altitude. E vem largando as virtudes na sua nudez. Com completa mudez, tez luminescente, com seu corpo fervente pra me incendiar. Eu me deixo levar por sua boca safada que se diz preparada toda para mim. E se confessa assim com seu sexo molhado. E nele me farto aos bocados até a raiz -  do cóccix ao seu túmido veio, pelo entremeio de sua entrega donairosa, seu cheiro de rosa, sua ebulição.

Faço na praça festa de peão, sou língua devassa de eterno freguês. E vou pelo vale dos seus ipês, correndo a sua serra do paraíso, todo seu córrego diviso com toda ganância. Eu bebo a sua fragrância com sede medonha, chega ela sonha de olhos virados, gemendo recados de que vai me pegar. E vendo seu esgar, mais me aproveito, sugando seu jeito inquieto a gozar. E a se esbaldar se derrete bem louca, ela vulva inteira na minha boca, chega a gemer e gritar. E me manda parar, depois diz que não, na sua alucinação nem sabe o que quer. Ela é toda mulher que mais se demora com seu gosto de amora no meu paladar. Ela quer mais se fartar e remexe agonia, se espremendo todinha, preu mais me ousar, até alcançar sua intimidade mais escondida, que ela me entrega rendida para eu me apossar.

Não sei se sou dono, ou desbravador, se sou o patrono, ou o seu feitor. Sou só dominador da sua volúpia, só vou com argúcia asumir seu poder e todo seu querer, sua identidade, destronar sua majestade e roubá-la de si.

No seu frenesi será dominada, submissa encantada que irá me servir. E como um grão vizir, lavrarei minha lei pra que ela faça a grei e cumpra à risca, minha servil odalisca, minha serva querida, minha fêmea homicida, minha escrava cortesã, que me dispõe sua chã, sua carne e beleza, que se digna ser presa para que dela eu me aposse, tomando total posse de tudo que é de seu.

E ao me dar o apogeu e todo seu trono, sua alma por abono e tudo que se tem. E como me convém, ela fraqueja e ajoelha feito obediente ovelha, a me adorar. E procura seu maná, meu membro saliente, seu moquém requerente que quer abarcar. E a se lambuzar com minha seiva leitosa, a lamber tão jeitosa, chega a me enlouquecer. Não pára de mexer, tenaz felatriz a sugar tão feliz meu mais louco gozar. E não quer mais parar, feito faminta gulosa na minha pêia preciosa, que me toma à mão como um frágil Sansão rendido ao prazer.

Ela mais manda ver e mais me explorar, até que eu chegue a esborrar toda força da vida. E retoma as lambidas de forma inclemente como quem inadimplente está pronta a pagar toda dívida que há, pra ser conivente que deve sucubente de se ver eternamente na condição de me amar.