quinta-feira, fevereiro 05, 2009
LETICIA CESARIO
Imagem: sem título de Nuri.
OS VERSOS NUS E SOLITÁRIOS DE LETICIA CESARIO
TUA MERETRIZ
Deixa-me ser tua meretriz
Tua escrava, sem pudor
Encostar meu corpo nu em ti
Deixar banhar-me com o teu calor
Domina-me com prazer
Ordena-me!
Provoca-me!
Coloca-me em tua frente
Ajoelhada a te olhar
Segura em meu cabelo com força
Puxa-me, para que com minha boca, eu te sugue
Aperta com força tua dama de encontro à ti
Sinta o calor de meus lábios a envolver-te
Com minha língua passeando por teus recantos
Forte...quente...sedutor
Ao mesmo tempo em que te olho
E me faço serva, sem pudor
Tens o gosto do melhor vinho apreciado
Bebo de ti, até o fim
Sorvo teu néctar sagrado
Absorvo de teu prazer, enfim
Com minhas mãos toco-me insana
Na busca do prazer gritante
Num instante chego ao clímax
Explodindo meu gozo, pulsante...
UMA NOITE DE AMOR
Jogo-te na cama
Lençóis desfeitos
Cabelos bagunçados
Perdidos, do avesso
Num impulso quase febril
Desejo beirando o insano
Deito meu corpo sobre o teu
Coloco-te dentro de mim, inflamo!
Ritmo marcado, pulsante
Tento com minha boca tocar teu peito
Sinto teu coração vibrante
Como se nunca antes assim, tivesse feito
Penetra por caminhos meus
Apropria-se do que já é teu
Puxa-me com força de encontro à ti
Acorda esse vulcão que um dia adormeceu
VOLÚPIA
Corpo nú
Fúria desnuda
Mãos úmidas...
Pensamento veloz
Respiração ofegante
Desejo lancinante
Braços trêmulos
Mãos ágeis
Apnéia
Gozo
Denso
Solitário
Pleno..!
AMOR E DESEJO
Uma noite linda com a lua a nos inspirar
Toco seu corpo quente...macio
Nossa pele arrepia-se pelo simples olhar
Beijo sua boca úmida...seus olhos fecham-se ao meu toque
E suas mãos estremecem em meu corpo
Tento manter meus pensamentos organizados
Mas em mim, tudo já está acelerado
Joga-me na relva molhada pelo sereno da noite
Como tivessem se amado o céu e o mato
Beija todo o meu corpo sedento de amor
Penetra-me com sua mão...ouve meu gemido de prazer
Conhece-me pelo tato...pelo paladar...pelo cheiro...
Caminha forte com seus dedos pelo meu corpo
Aperta-me de encontro à você,
Num desejo insano de me possuir!
E no auge do tesão
Penetra-me sem pudor
Olhando em meus olhos
Que feito chama, estão a te olhar
Marca forte seu ritmo
Levanta-me com seu corpo a bater no meu
Segura-me pelos cabelos
Qual animal sedento
Deita em meu pescoço sua língua
Em busca de gotas do meu suor
Urra de prazer
E deixa em mim, seu néctar sem igual
Beija-me ao final...
Tendo somente a Natureza a testemunhar
Tal ato de amor e desejo carnal
CASA VAZIA
Dormir sem você é ruim.
Mas não é pior do que acordar sem a sua presença.
Não ao meu lado. Isso eu não sinto. Ainda sou capaz de sentir seu corpo junto ao meu.
Mas o calor...Ah! O calor! Esse já não existe mais. Já não há mais o calor dos corpos que se amam, nem a loucura de estarmos colados um ao outro.
Nunca mais tive a deliciosa sensação de estar com você...em você!
Não a sensação mecânica de dois corpos num ato de “frenesi”, mas sim sentir-me plena em contato com seu sexo...sentir que o amor multiplica-se pelo simples toque...a face ruboriza-se, o corpo estremece, todas as veias parecem querer saltar! Ah...que saudade de sentir-me em descompasso cardíaco!
Não há mais a conversa matinal sobre as manchetes de jornal...nem há mais o jornal. Ele ficou amontoando-se na porta a espera de um dono fiel que o lesse, que o segurasse por entre os dedos e manusease-o como a um companheiro. Ah...quanta falta sinto das letras regadas ao cheiro impregnante de café...
A casa silenciou-se...não ecoam mais as gargalhadas....a TV nunca mais fora ligada...os móveis tão vistosos escolhidos ‘a dedo’, agora jazem cobertos por uma fina névoa de desilusão...
Mas o pior de tudo....a maior de todas as dores...é quando silenciam-se as palavras...
Não porque resolveu-se calar o que está prestes a ser dito. Mas por um motivo maior e mais agravante: não há mais o quê falar...não há mais nada...Nossa história fica limitada a retratos semi desbotados, guardados dentro de uma caixa....Dentro dela também ficaram os sorrisos estampados numa face juvenil, com olhos brilhantes e corações esperançosos... tudo esvaiu-se pouco a pouco... findou-se... caíram os cabelos... embranqueceram-se os fios... o sorriso deixou de ser uma marca...e as palavras...ah...as palavras...elas me fazem tanta falta!
ONDE ESTOU?
Aqui...
Sofrendo por esperar uma resposta
Questionando se falei algo que não devia
Querendo que tudo mude na rapidez de um raio
Mordendo o cantinho da boca - meu calmante
Precisando dormir, mas com o peito em ebulição...
Tentando lembrar de me esquecer...
E a história é sempre a mesma...
Desejando virar a mesa, mas com medo de pisar nos cacos que sobrarão dela...cansada de ser boazinha e querendo respirar ar puro, desinfetado de você...’nao te quero mais’...palavras caladas em minha garganta mas transbordadas em meu olhar....um olhar cansado de ver a vida, corpo latejando a vontade de vivê-la...ansiando pelos horizontes e meus pés aqui, estagnados! Não posso mais deixar de sentir a brisa bater em meu rosto...não quero mais sentir culpa pela sua culpa... Quero voar, sem direção! Sem asas, até! Me deixar levar pelo fluxo incerto da minha emoção...
....E quando estou só [não raro] olho pra você...
Seu sorriso me encanta, seu cheiro me embriaga...até seus problemas são interessantes...uma conversa marcada de cumplicidade, de saberes implícitos [ entrelinhas poderosas] rumos novos [sem rumo]...ultrapassar aquilo que sei para alcançar o que desejo....ardente...queimando....cheio de motivos para ser...cheio de razões para não acontecer...deixo a razão [antiga companheira], para ficar à mercê de você...serva, submissa, amante...[sou, enfim, amada]
...Se eu sumir, me procure nas estrelas...
Cansei de suportar o peso do mundo!
POETA DA DOR
Não sou poeta da dor
Apenas falo de amor
Ainda que não seja em forma de flor...
Não quero fazer sangrar a ferida
Quero apenas achar uma saída
Para esse peito, maculado na dor
Deixo que saiam as palavras
Quero extravasar minha mágoa
Quando em versos, desenhar minha tristeza
Tenho confesso minha amargura
Minh’alma em dor se contorce
Quando a realidade, do avesso, perdura
Tristeza, és linda e pura!
Ainda que de mim, vertam lágrimas obscuras
Desenho-te como a uma partitura..!
LETICIA CESARIO – a poeta Leticia Cesário é de São Paulo e diz dela mesma: Sou mulher, amiga, profissional e sentimento. Tenho-os à flor da pele. Amo escrever. Meus cadernos, meus lápis e as palavras que neles cabem são o meu Divã... Seus poemas estão no Recanto das Letras.
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