DOAÇÃO
Luiz Alberto Machado
Para todos sou pedaços que
me dou e me doo como o riso da criança no meio dia sem ter nem pra quê.
Pra você sou pedaços, os
melhores de mim e os que me restam: aquela fatia de bolo com gosto de quero
mais. É só o que tenho, nada mais.
Tivesse a vida, eu daria
pra você como o sol todas as manhãs.
Do nada que sou e tenho
faço os presentes de quem só tem aquilo pra dar: mas são como se fossem a maior
das posses que qualquer ser humano tivesse na maior das farturas.
Sou apenas o que tenho -
posse alguma, o mundo de cabeça pra baixo, sem ter onde cair morto -, mas
o pedaço inteiro que sou é seu.