“Sempre que liberamos uma mulher, libertamos um
homem”
“Uma das mais antigas necessidades humanas é ter
alguém para imaginar onde nós estamos, quando não chegamos em casa à noite”.
"Em 1920, ridicularizávamos a
ideia de ser uma mulher considerada uma solteirona aos 25 anos. O que então
sabíamos de obstetrícia era suficiente para demonstrar que, mesmo depois dessa
idade, uma mulher pode ter com segurança o seu primeiro filho. Mas, ao
chegarmos a 1950, as mulheres já eram consideradas solteironas aos 23 anos...”
“A existência numa dada
sociedade de uma dicotomia de personalidade determinada pelo sexo, limitada
pelo sexo, pune em maior ou menor grau todo o indivíduo que nasce em seu
âmbito. Aqueles indivíduos cujos temperamentos são indubitavelmente anômalos
não conseguem ajustar-se aos padrões aceitos, e pela sua própria presença, pela
anormalidade de suas respostas, confundem aqueles cujos temperamentos são os
esperados para o seu sexo. Dessa forma, é plantado, em praticamente todo o
espírito, um germe de dúvida, de ansiedade, que interfere com o curso normal da
vida”.
“As padronizadas
diferenças de personalidade entre os sexos são desta ordem, criações culturais
às quais cada geração, masculina e feminina, é treinada a conformar-se.
Persiste, entretanto o problema da origem dessas diferenças socialmente padronizadas”.
"Quando estudamos as sociedades mais simples, não podem deixar de
nos impressionar as muitas maneiras como o homem tomou umas poucas sugestões e
as traçou em belas e imaginosas texturas sociais que denominamos civilizações.
Seu ambiente natural muniu-o de alguns contrastes e periodicidades notáveis: o
dia e a noite, a mudança das estações, o incansável crescer e minguar da lua, a
desova dos peixes e as épocas de migração dos animais e pássaros. Sua própria
natureza física forneceu-lhe outros pontos importantes: idade e sexo, ritmo de
nascimento, maturação e velhice e a estrutura do parentesco consanguíneo.
Diferenças entre um e outro animal, entre um e outro indivíduo, diferenças em
ferocidade ou em mansidão, em coragem ou em esperteza, em riqueza de imaginação
ou em perseverante obtusidade - todas proporcionaram sugestões a partir das
quais foi possível desenvolver as idéias de categoria e casta, de sacerdócios
especiais, do artista e do oráculo."
"Um dos problemas da ciência é que ela nos adverte para certas
coisas negativas e isso não é popular. Então os próprios cientistas e até os
professores tentam evitar a reflexão oferecendo respostas simplistas, curtas e
grosseiras”.
MARGARET MEAD – Antropóloga, pensadora e
psicóloga norte-americana, autora de 23 livros abordando os mais diversos
temas: poluição, sexo, serviço militar, planejamento urbano, arte, costumes
tribais, devastação da Amazônia, entre outros. Aos 20 anos se viu envolvida
numas aventuras pelos Mares do Sul, onde realizou uma pesquisa descrevendo forma como as jovens mulheres samoanas
tinham o hábito de adiar o casamento por muitos anos, desfrutando do sexo
ocasional e que, só depois de se casarem é que assentavam e tinham filhos. Aos
30 estava à margem do rio Sepik e na região hostil de Mundugumor, enfrentando a
malária. Casou-se três vezes, divorciou-se de todos e teve casos amorosos
com mulheres. Ensinou antropologia na Universidade de
Columbia e trabalhou no American Museum
of Natural History. Foi
pioneira ao propor que as características masculinas e femininas refletiam as
influências culturais e sociais, não se limitando às diferenças biológicas. Era
a favor da liberação do aborto e do uso da maconha. Criticou
o pensamento científico que decretava a inferioridade feminina como algo da
natureza, biológica e fisiologicamente determinado como um fato universal e
perene, explicando as condicionantes históricas e socioculturais que definiam
pela contingência da subalternidade da mulher. Em suas observações etnográficas,
mostrou que grupos culturais em que as mulheres experimentavam a liberdade
diferiam do padrão cultural "civilizado" embasado no etnocentrismo do
mundo ocidental. A sua opinião em favor da liberação sexual foi
alvo de vasta polêmica, publicado em "Coming
of Age in Samoa" em 1928, oriundo de sua tese de doutoramento e
trazendo a preocupação com a crise da adolescência. Segundo seus estudos, em
Samoa, onde ela passou seis meses estudando a realidade local, não existia
nenhuma crise, pois também não havia nada parecido com repressão sexual. Ao
divulgar sua teoria do comportamento adolescente e sexual, cujos problemas se
originam na forma de educação ocidental. Ela faleceu aos 77 anos, em 18 de
novembro de 1978.
REFERÊNCIAS:
MEAD, Margaret. Macho e fêmea.
Petrópolis: Vozes, 1971.
______. Sexo e temperamento.
São Paulo: Perspectiva, 1969.
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